terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A cura do envelhecimento (texto)

Acabei de passar por um banca de revistas e de ler essa texto da capa, aí ao lado, da Revista Galileu
Fiquei pensando aqui com os meus botões*: desde quando envelhecimento é uma doença que precisa ser curada? 
Quando eu era criança a velhice ainda não era uma doença. Não se falava em vida eterna (digo, com a conotação de beleza for ever) e nem mesmo em ser jovem aos 60 e poucos anos.
Não havia, pelo menos que eu me lembre, essa ditadura da juventude. A minha avó já era uma senhora com comportamento, vida e pele de uma senhora, sem que isso fosse infelicidade, desgraça, coisa ruim.
Todo mundo precisa estar inteiro, não por saúde, mas porque é necessário, porque o mercado exige, porque a gente se exige e sofre quando não consegue, e não se consegue, naturalmente, atingir o padrão de beleza e juventude estampados em todas os lugares. 
Basta ser jovem para ser feliz! Compramos essa ideia e acho que é tarde para envelhecer, naturalmente.

*pensar com os botões não é nada jovem.

Da Série Contos Mínimos

Como um velho disco de vinil arranhado, pulando sempre na mesma faixa e na mesma frase: repetindo, repetindo, repetindo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Não faz parte do meu show (comentário)

Não sou um consumidor de livros espíritas, ou seja, não costumo comprar nem mesmo ler livros psicografados por médiuns. O máximo de intimidade que tive com uma obra espírita foi com O Evangelho segundo Allan Kardec que pertenceu a minha avó. Li algumas páginas, depois reli alguns capítulos.
No entanto, ontem à tarde uma amiga comprou o livro Faz parte do meu show, psicografado pelo médium Robson Pinheiro Santos e aí antes de dormir peguei emprestado o tal livro e o li.
Primeiro por curiosidade, depois para saber até onde ia o mal gosto do autor do romance. Fiquei impressionado com a falta de seriedade (desculpem-me os que gostaram ou os que acreditam que seja mesmo a vida-após-a-morte do cantor Cazuza descrita naquelas páginas) com a qual é tratada uma questão tão cara para o Kardecismo: a vida após a morte.
De cara, o que mais me impressionou negativamente foi a forma como os artistas (as pessoas públicas) são apresentados pelo autor depois de mortos. Continuam sendo tratados como celebridades independentemente da vida que levaram por aqui. 
Não estou de forma nenhuma produzindo juízo de valor sobre a vida de quem quer que seja, mas, sejamos honestos, o fato de alguém ser ator, poeta, apresentador, cantor, ex-BBB, modelo ou manequim não seria suficiente para ser tratado de forma diferenciada no plano espiritual, acho que isso iria de encontro com a doutrina espírita. E  mais, seria um desrespeito com os demais desencarnados.
Além disso, no decorrer do livro o cantor encontra-se com várias figuras conhecidas, como se elas continuassem sendo exatamente o que foram aqui entre nós.
O encontro com Chacrinha realmente me fez prosseguir com a leitura. Este continuava, além de usar o bordão Teresinha, apresentando um programa de música com a participação de Elis Regina, Clara Nunes etc. E a explicação dada pelo autor seria a importância dessas "pessoas" no acolhimento de espíritos desencarnados com alguma dificuldade para compreender essa nova etapa de sua vida.
A primeira figura pública com a qual o cantor esbarra é o poeta Drummond e o diálogo entre eles, e na sequência, a forma com o este poeta descreve o seu encontro com um mentor espiritual é de péssimo gosto literário.
Sem falar no vocabulário usado pelo cantor durante toda a obra. Para ressaltar que Cazuza fora um rebelde ou para reforçar essa imagem o autor o tempo todo faz uso de palavras de uma juventude fora do tempo. Seria como se o tipo assim fosse o bordão do Fiuk desencarnado.
Não vou dizer que perdi meu tempo, porque a explicação sobre desejos sexuais de encarnados e desencarnados foi interessante. Ponto.
Não recomendo. Mas gostaria muito de ler aqui outros comentários a respeito do livro, sobretudo positivos para que eu não ficasse com tamanha má impressão.

Da Série Contos Mínimos

Ela devia ter aproximadamente 3 anos. Eu conhecia apenas a sua voz que invadia o meu quarto nos finais de semana. Brincava quase todo o tempo. Cantava, contava histórias. Teimava com a mãe que lhe ameaça bater. Pedia doces, quebrava seus brinquedos. Corria. Sua vida era (para mim) uma diversão.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Todo trabalhado no embromation (texto)

Estar em Cascavel tem tb as suas desvantagens (quais são as vantagens mesmo? devem estar no post anterior). A maior delas é não ter o que fazer sem o trabalho. Digo, sem aquele trabalho que cumpre horas na universidade e que durante o expediente sempre aparecem muitas coisas por fazer (sobretudo se vc tem como chefes o João, a Cida e a Sanimar. Gente, não é muito cacique pra pouco índio?).
Acabei de ler a dissertação de uma aluna. Fiz meu plano de ensino. Preparei as primeiras aulas e ainda me resta muito tempo pela frente. Não dá pra fazer mais sem conhecer os alunos que estão chegando.
Fui ao cinema ver O turista por falta de opção, mesmo.  Não fiquei afim de pagar pra ver. O filme não é bom, ainda que Angelina Jolie esteja (mesmo magérrima) linda e apareça quase sempre numa superprodução, ainda que o filme se passe numa Veneza impecável...
Almocei com uma amiga durante esses dias. Rimos bastante, mas acabo ficando sozinho a maior parte do tempo inventando o inventável. Pena que não exista ainda um teletransporte, daqueles que vc entra (sem uma mosca, é claro) e ressurja num lugar qualquer por alguns dias ou horas. Isso seria uma mão na roda, ainda que mão na roda não combine muito com teletransportes.
Eu iria encontrar a Aline, na Escócia, para um almoço. Depois o João em Londres para o jantar ou um pub. Na sequência dormiria em NY e encontraria o Pedro. E tomaria o caminha da roça.
Tá vendo a vida bem mais fácil. Fico indignado com essa tecnologia de ipad, iphone. Besteiras que não servem pra quase nada.
Esse texto tb não serve para quase nada, mas é o que tenho pra hoje. Fico me perguntando, como é que se consegue escrever tanto sobre coisa alguma? Tô todo trabalhado na enrolação no Embromation.
Obs.: mas tenho certeza de que não sou o único.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Estou de volta (texto)

Ainda tenho alguns dias de férias, elas acabam dia 03, mas já voltei pra casa (TRIP - viagem nota 10!). Hoje acordei às 11h, sem culpa, sem compromisso, sem ter o que fazer além de colocar em ordem a vida que ficou parada aqui em Cascavel (ah, e ler a dissertação da Ju).
É claro que estar no Rio sempre é bom: cinema, samba, praia, amigos, paqueras, Lapa, Circo Voador, Preta Gil , TV Bar (não nessa ordem, é claro). Por outro lado, aquele calor insuportável da Cidade Maravilhosa e eu num ventilador assassino. Sem falar no Juscelino que é silencioso como um filhote de labrador (rs).
Aqui, Seu Jorge não para de cantar. Vai ver meus vizinhos querem  minha cabeça, mas não consigo parar de ouvir Burguesinha.
Ah, Nanci, te amo muito! Como é bom estar por aí. Na próxima quero vir como vc, só que homem, é claro; Vanise, se comporte! Vera, é na esquina da Santa Lusia que vc trabalha (eu apontando para a papelaria)?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Vagou durante dias de biquini pelas ruas do centro da cidade: Avenida Mén de Sá, Largo da Carioca, Praça da República, Central do Brasil. 
Percebia-se, a primeira vista, que era uma jovem senhora de fina o trato, nos seus 50 anos, pelas intervenções no corpo: silicone, plásticas, botox, peeling. Um corpo balzaquiano. No entanto, notava-se também que havia muita confusão mental. Supúnhamos, diante de todo esse quadro, que se tratava de uma velha senhora num corpo que há muito não mais lhe pertencia.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...