terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Não é preciso ser diferente para ser gay (Alexandre Vidal Porto)


Os homossexuais podem se tornar invisíveis. É só saberem dissimular ou mentir. Quando a primeira Parada Gay de São Paulo surgiu, um de seus objetivos era, justamente, dar visibilidade à parcela da comunidade LGBT que queria afirmar sua existência e entabular um diálogo com a sociedade.
O viés era político. O slogan da parada, "Somos muitos e estamos em todas as profissões", equivalia a uma apresentação. Os manifestantes queriam mostrar quem eram e o que faziam. Reclamavam participação no processo jurídico-social e pediam proteção contra o preconceito e a discriminação. Eram 2.000 pessoas, e o ano era 1997.
Desde sua primeira edição, no entanto, o aspecto político do evento foi cedendo espaço ao carnavalesco. A Parada Gay de São Paulo transformou-se em uma grande festa. A maior de seu gênero no mundo. Atrai número de pessoas equivalente à população do Uruguai.
Movimenta centenas de milhões de reais. A expectativa é de que traga mais de 400 mil turistas à cidade.
Explica-se o fenômeno da carnavalização da Parada com o argumento de que os gays são "divertidos". A utilização desse estereótipo, contudo, contribui para mascarar a irresponsabilidade cívica e a alienação política de parte da comunidade LGBT.
Carnavalizar é fácil e agradável, mas é contraproducente.
O estilo exagerado que alguns participantes preferem adotar é legítimo e respeitável. Mas presta um desserviço para o avanço dos direitos à igualdade. O caráter festivo e a irreverência tiveram valor simbólico em um tempo em que a rejeição social contra a homossexualidade era incontornável. Acontece que as coisas mudaram.
Os milhões de pessoas que comparecerão ao evento na avenida Paulista deveriam ter presente a responsabilidade cívica de conquistar corações e mentes para a sua causa. O aspecto político da Parada exige certa sobriedade, ao menos em respeito às vítimas cotidianas da homofobia, no Brasil e no mundo. Hoje, o peso do discurso político tem de ser maior que a vontade de dançar.
A aceitação da homossexualidade pela opinião pública está vinculada à convivência com pessoas abertamente gays. Mostrar-se é importante. Nessa batalha, é mais estratégico exibir a semelhança. É mais difícil para o mundo identificar-se com o ultrajante.
Não se trata de exibir a orientação sexual, mas de garantir o direito pleno à liberdade de exercê-la. Associar o conceito da homossexualidade à transgressão e ao excesso pode ter valor estético, mas tem efeito negativo sobre o ritmo do processo político.
Para gente que cresceu com uma escala de valores antagônica aos direitos humanos dos LGBT, o comportamento escandaloso exibido tradicionalmente nas paradas equivale à retórica raivosa de um Jair Bolsonaro. O papel da Parada é mostrar que os homossexuais são serem humanos comuns, que têm direito a proteção e respeito, como qualquer outro cidadão.
Ninguém precisa ser diferente para ser gay. Não é necessário transformar-se na caricatura de si mesmo.

ALEXANDRE VIDAL PORTO, mestre em direito pela Universidade Harvard (EUA), é diplomata de carreira e escritor.

Da Série Contos Mínimos

Ele pensava que era só por hoje. Que ia passar. Que estaria melhor na próxima semana. Os planos foram se estendendo para o próximo mês, para o próximo ano, para a próxima encarnação.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Transexuais poderão usar uniforme feminino, na Argentina

As forças policiais da Argentina deverão respeitar a identidade de gênero adotada por travestis e transexuais, que poderão usar o uniforme de acordo com sua percepção de gênero, informou nesta quarta-feira (30) o Ministério da Segurança, através da resolução 1.181/11.
Com o objetivo de se respeitar o "direito a ser o que se é", a ministra da Segurança, Nilda Garré, instruiu os comandantes da Polícia Federal, Guarda Nacional, Prefeitura Naval e Polícia Aeroportuária "a dar o devido tratamento à identidade de gênero percebida pelos integrantes" dos efetivos.
"Quando um integrante das forças policiais desejar a readequação de seu gênero, deverá solicitá-lo ao Centro Integral de Gênero da instituição que integra, e serão estipuladas as condições de trabalho adequadas", destaca a resolução. "Será levado em conta seu uniforme, a utilização de instalações diferenciadas por sexo e a designação de tarefas que correspondam a sua identidade. Em nenhum caso se exigirá cirurgia, reorientação sexual ou tratamento hormonal para a concessão das prerrogativas".
Presos
A mesma resolução se aplica aos presos, que deverão ser alojados em celas de acordo com sua identidade sexual.

Lei de Identidade de Gênero
A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta quarta, por ampla maioria, a lei de Identidade de Gênero, que autoriza travestis e transexuais a registrar seus dados com o sexo escolhido. O projeto agora será analisado no Senado.
O projeto estabelece que não é necessário mais do que uma solicitação para registrar a mudança de sexo, e não serão exigidos diagnósticos médicos, psiquiátricos ou cirurgias, como ocorre agora.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Nan Goldin Censurada pelo OI Futuro (ex-posição)

Nan Goldin é uma fotógrafa americana que cresceu em uma familia judia de classe média alta em Boston, Massachusetts. Sua primeira mostra solo, realizada em Boston em 1973, foi baseada em suas jornadas fotográficas através das comunidades gays e transexuais da cidade. Goldin graduou-se na School of the Museum of Fine Arts, Boston/Tufts University em 1977/1978.
Depois de se formar, Goldin mudou-se para Nova York. Começou então a documentar o cenário new-wave pós-punk, simultaneamente à subcultura gay no final da década de 1970 e começo da década de 1980.
Uma exposição com o trabalho da artista tinha previsão para inaugurar no Rio de Janeiro, no dia 09 de janeiro, no OI Futuro, mas fui suspensa pela direção e pela curadoria do instituto, sem maiores explicações. A artista foi censurada pelo OI Futuro.



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

Era tanta saudade que (texto)

Hoje, entre as minhas visitas recentes aqui do blog, vi o nome de um grande e velho amigo, Ricardo Damasceno. Foi como se o tivesse encontrado para uma conversa. Faz tempo que a gente não se vê, faz muito tempo que a gente sequer senta para um bate-papo.
Fiquei me lembrando, aqui, do tanto de tempo que somos amigos, do quanto nos conhecemos. 
Estudamos juntos na primeira série do ensino fundamental (dia desses tentei me lembrar do nome de nossa professora e não consegui), depois nos encontramos em outras tantas séries.
Continuamos amigos na adolescência, e seguimos com nossa amizade tb na vida adulta. Cara, que saudade de vc! Saudade das conversas jogadas fora, dos encontros lá em casa para ouvir música, rir, falar sobre qualquer coisa. Quanto tempo, hein?! Muito tempo mesmo. Ainda que a saudade tenha transbordado em mim, não fico triste por isso. Ao contrário, apenas me orgulho do tanto que gosto de vc
Os cariocas têm fama de marcar encontros que nunca acontecem, mas não é por falta de vontade, acho que por falta de oportunidade. E falamos, vamos nos ver?! Vamos tomar uma cerveja dia desses! Me liga. E, não nos falamos, não tomamos a tal cerveja e não nos ligamos (muitas das vezes nem temos o telefone do amigo). Mas temos a vontade. Eu sei disso.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Por mil palavras (fotografia)

Sei que fotografias não valem por mil palavras, sei que valem, como dizem por aí, por tantas quantas uma Formação Discursiva suportar. Né, Alê? De qualquer forma, essa aí do Redentor deve transbordar aquela que afirma ser o RJ uma Cidade Maravilhosa.

Da Série: Contos mínimos

Tenho morrido um pouco nesses dias. É uma morte discreta. Feita de silêncios, promessas quebradas, olhares desviados e muito desânimo. Num d...