terça-feira, 24 de janeiro de 2012

3 anos de vida (texto)

Como eu disse, aqui, pelo menos duas vezes, o blog já fazia parte dos meus planos há algum tempo, mas todos os outros compromissos (sobretudo, o trabalho) não permitiam dedicação a qualquer outra atividade (assim eu pensava). Aí, depois de uma viagem a Buenos Aires e a vontade de compartilhar as minhas impressões sobre a cidade com os amigos, que não estavam por perto, resolvi, finalmente, iniciar com as postagens daquelas fotos feitas em terras argentinas.
Assim surgia Do Avesso, meio ao acaso, e como o nome, pra mim, sugeria, correndo contra a ordem natural. Eu imaginava que, ao voltar às atividades na universidade, não teria tempo para escrever com frequência. Mas descobri com o tempo (e 3 anos pra mim é tempo pra burro) que tê-lo muitas vezes, muitas mesmo, me aliviava a tensão de um dia pesado no trabalho (e foram muitos dias tensos).
Hoje, 24 de janeiro de 2012, completo 3 anos no ar. E quero agradecer aos parceiros, amigos, visitantes (hoje conto com mais ou menos 41721 passantes), transeuntes virtuais de 97 países, que por aqui passaram para comentar (concordando ou não com as minhas impressões), para dar uma olhadinha, para ler alguma postagem.
Obrigado.
Alexandre S. Ferrari Soares.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Nara online (texto)

Ontem, descobri um site inteirinho dedicado à grande cantora e musa da Bossa nova, Nara Leão. No site www.naraleao.com.br é possível encontrar TUDO sobre a cantora: sua história, discografia, fotografias, documentos, bibliografia, vídeos, enfim, tudo que possa interessar aos seus fãs.
O mais bacana (não sei se dá para escolher o que há de mais bacana) são as músicas de todos os discos disponibilizadas para audição. Fiquei doido com tanta informação e com a possibilidade de ouvir tantas quantas forem as vezes que eu tiver vontade de fazê-lo. Só não enlouqueci porque poderia perder a novidade.
Os discos vão de 1964 (Nara) até 1989 (My Foolish Heart). Não deu ainda para ouvir tudo, mas já ouvi com atenção E que tudo mais vá para o inferno (1978) e Romance popular (1981), uns dos meus preferidos.
Pra quem gosta de Música Brasileira (assim mesmo com maiúscula) e tb de internet não pode perder a oportunidade. É bom demais! Bacana o desprendimento do filho da cantora que nos presenteou com tanta música.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

GLOBO.COM E BBB (texto)

Sou assinante da Globo.com, meu e-mail pessoal é desse provedor e, por conta disso (e para facilitar a minha vida, é claro) o meu navegador abre no G1. E já que estou na página de um "grande" meio de divulgação de notícias, aproveito para ler alguma coisa que me interessa.
No entanto, para chegar ao que me interessa, sou bombardeado com um excesso de informação sobre a nova edição do BBB. Não tenho nenhum interesse, nenhum mesmo, em relação aos participantes desse programa, não quero saber nada sobre as festas das quais eles participam, não tenho curiosidade alguma em relação às opiniões emitidas por eles, sequer deixo a TV ligada na Globo quando as chamadas do programa invadem a minha casa (não inventaram o controle remoto para outra finalidade).
Acho, sinceramente, que um ícone seria suficiente para quem quer se inteirar das novidades do programa, mas não acho que eu (e quem não quer saber dessa porcaria) deva ser obrigado a dar uma espiadinha nessa bosta.
Alguém poderia argumentar que eu não precisaria ler o que não me interessa. E eu concordaria, mas experimentem abrir a página da GLOBO.COM para ver a quantidade de propagandas do programa e ver tb se é possível não ler alguma coisa, mesmo sem vontade.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Calunga, Jussara Silveira (Música)

Já postei aqui, não faz muito tempo, uma pequena apresentação do CD Ame ou se mande de Jussara Silveira. Hoje, a cantora disponibilizou Calunga (música de Capiba). Não vou escrever nada sobre a música ou sobre a sua interpretação, mas indico que ouçam para, sozinhos, entenderem o porquê dessa postagem.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A relação entre Literatura e Identidade na ficção contemporânea, principalmente nos países de recente passado colonial (texto)

Escritores de sociedades pós-coloniais tiveram em geral uma educação muito mais internacional e cosmopolita, se comparado com sistemas educacionais mais restritos e nacionais. Em Bombaim, eu estudava numa escola jesuíta espanhola. Tínhamos manuais que vinham da Inglaterra e dos EUA. Aprendíamos não somente a geografia da Índia, mas tb da Grã-Betenha, por causa do colonialismo braitânico - embora eu tenha frequentado a escola depois da independência. Estudávamos a América Latina, aprendíamos a literatura de diferentes partes do mundo. Nós sabíamos que os abusos do nacionalismo se referem ao fechamento, a estreitar a janela. Mas as pessoas em sociedades pós-coloniais experimentaram a ampla e aberta janela do mundo, embora fossem muitas vezes os desgraçados da terra. Vc vê o paradoxo? Um dos primeiros líderes políticos dos intocáveis na Índia escreveu um livro sobre a escravidão de sua casta. Ele dedicou a obra aos negros americanos. Era alguém que nunca tinha saído da Índia àquela época, a sua base era uma aldeia do interior. Para ele, a fronteira nacional não possuía a metade da importância, em sua própria língua vernacular, da extensão cosmopolita  do mundo. Por  isso chamo de cosmopolitismo vernacular. A literatura sempre rompeu com os limites nacionais. São muito poucas obras da literatura que seguem uma perspectiva estritamente patriótica. Não nego que existam algumas. Mas as obras mais interessantes, mesmo com perspectiva nacional, têm a ver com contradições e disjunções da nação. As obras literárias que só recitam um credo nacional não têm nenhum interesse. Só interessam a políticos tiranos. Ditadores adoram obras assim.

Homi Bhabha, entrevista concedida ao Jornal O Globo, caderno Prosa e Verso em 14 de janeiro de 2012.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Bebendo água da privada (texto)

Acabei de sair do Facebook, não faz um minuto. Talvez faça mais quando eu, finalmente, concluir este pequeno texto. Foi uma passada bem rapidinha, daquelas para mandar um abraço para quem está fazendo aniversário hoje. Às vezes, fico bem mais por lá. Dessa vez, não.
Entre um abraço e outro, li pequenas frases postadas por amigos ou por amigos de amigos e percebi, mais uma vez, que elas têm muito em comum. 
São informações absurdamente necessárias sobre atividades que estão sendo realizadas (ou foram) por faceparticipantes: estou assistindo TV. Fui ao mercado. Estou dormindo. Estou com sono. Vou almoçar. Minha TV estragou. Estou jogando. Dor de barriga. Penteando os cabelos. Lavando roupa. Limpando a casa. Minha bolsa estourou. Prendi meu pinto no fecho éclair. Dor de dente. Minhá avó tá maluca. Quero vê-la sorrir. Quero vê-la cantar. Me depilando. Hoje é domingo. Acordei tarde. Batendo um bolo.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Marcelo Serrado, o equivocado (Alexandre Vidal porto)

Na década de 1920, a cidade de Berlim conheceu um dos períodos mais tolerantes da história em relação à homossexualidade.
Casais do mesmo sexo eram tratados com respeito, e a cultura homossexual era aceita sem constrangimentos. Essa situação propícia se manteve até a emergência de Adolf Hitler, que mandou dezenas de milhares de homossexuais para campos de extermínio, todos com um triângulo rosa no peito.
No Brasil, ocorre situação análoga. Lentamente, a conquista pela igualdade de tratamento para os homossexuais avança. Mas a luta é inglória. Quando se pensa que os avanços estão consolidados, surge um Silas Malafaia, um Jair Bolsonaro ou um Ives Gandra Martins para lembrar que a questão está longe de ser resolvida.
O último nessa linhagem de homofóbicos é o ator Marcelo Serrado, que interpreta o personagem homossexual Crô, na novela "Fina Estampa". Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, publicada na edição do último domingo deste jornal ("Arrasa, bii!"), Serrado expôs seu preconceito abertamente ao declarar que não gostaria de que a sua filha de sete anos visse um beijo gay na televisão.
Em sua conta no Twitter, o ator negou que fosse preconceituoso. Como se não querer que uma criança assista a um beijo gay nada tivesse de discriminatório. Exatamente como a senhora que diz que não é racista, mas que preferiria que a filha não se casasse com um negro.
A maneira como Serrado educa a sua filha é problema dele. Não se condena o teor de suas declarações preconceituosas, porque a homofobia ainda não é crime no Brasil.
O condenável em sua atitude é a negação do óbvio. Ele tem o direito de educar a sua filha como quiser, mas não pode enganar a população tentando descaracterizar a natureza do seu preconceito. Ou seja, Serrado é um homofóbico no armário. Precisa sair dele.
Serrado terá alcançado o auge da sua fama às custas da ridicularização dos homossexuais. Para ele, explorar a homofobia da sociedade brasileira deu certo. Para a Rede Globo, também, porque os índices de audiência da novela são altos. É triste, porém, que uma emissora de televisão preste tal desserviço à consolidação da cidadania.
A imagem desrespeitosa que a televisão brasileira difunde dos homossexuais pode dar lucro às emissoras e aos atores. No entanto, causa prejuízo ao Brasil como um todo, porque solapa os esforços do governo e da sociedade no combate ao ódio e à intolerância.
A caricatura homossexual que Aguinaldo Silva compôs e que Marcelo Serrado se presta a interpretar, por exemplo, levará anos para ser desmantelada no imaginário da nação. Produzirá discriminação e gerará violência.
Em defesa da novela, poder-se-ia falar em liberdade de criação artística. No ataque, porém, é necessário recordar a noção de responsabilidade social, que as redes de televisão têm o dever de preservar.
Homossexuais caricatos sempre existiram. Não temos de negá-los. Pergunto-me, no entanto, em que novela ou reality show estarão os homossexuais comuns, que têm relações estáveis, acordam cedo para ir trabalhar e levam uma vida convencional. Eles também existem. São muitos. Pagam impostos e exigem respeito.
Ah, e beijam-se também, Marcelo Serrado, como qualquer ser humano normal. Querer ocultar esse fato de sua filha ou de quem quer que seja constitui homofobia, quer você queira, quer não.

ALEXANDRE VIDAL PORTO, 46, mestre em direito pela Universidade Harvard, é diplomata e escritor.
Artigo  publicado na Folha de São Paulo de hoje, 13/01.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...