Cheguei ao Brasil depois de quase um ano em Portugal. Chegar foi emocionante. Fazia tempo que eu sonhava literalmente com o céu do Rio de Janeiro, com o cheiro da cidade, com a paisagem, com as ruas, com a conversa das pessoas, com essa mistura de caras, idades, cores.
Cheguei muito cansado, primeiro porque na véspera da viagem, dormi apenas uma hora, aquela tensão pré-viagem que me toma sempre, mesmo que eu vá para São Paulo ou em Cascavel, para Rondon. Sou assim e pronto. Depois, porque a TAP não é definitivamente uma boa empresa de aviação: espaço pequeno demais, gente demais nesse pequeno espaço, comissários mal-humorados e atraso. O pior é sempre o atraso.
E foram quase 11 horas de viagem. Sentado numa poltrona (se é que se pode chamar aquilo de poltrona), numa mesma posição sem espaço para mexer os braços. Isso tudo fez com que eu ficasse podre, morto de cansado.
Depois, demora para passar na imigração (apenas dois funcionários atendendo e uma infinidade de pessoas. Ainda que eles fossem rápidos e educados não conseguiam ser suficientemente a ponto de fazer com que a fila andasse depressa), demora para pegar a bagagem.
Depois disso, chego em casa salvo. E aí mala para todos os lados. Mas em minha casa. Eu estava doido para isso acontecer. Coloquei tudo no lugar, já que viajo para Cascavel com o mínimo necessário e possível para uma viagem nacional.
Tomo um banho e a fome bate desesperadamente, e o cansaço ali sem dar trégua. Claro que não há nada para comer. Uma casa não produz uma comida sozinha. Bem, fui comprar porque se eu não fizesse, morria de fome. Aproveitei para dar uma volta na quadra enquanto a comida, no restaurante, ficava pronta. Voltei com o cansaço ainda me acompanhando, comi um pouco daquela comida que daria para 5 Alexandres. E dormi o sono dos justos, das 20h30 até às 5h30 de hoje. Fazia muito tempo que eu não dormia, sem acordar, durante tanto tempo. Acordei renovado e feliz por estar de volta ao Rio.
Lembrei-me que ainda precisava finalizar a leitura de um texto para enviar um parecer ainda hoje. E o passeio de domingo pela manhã ficou para um outro dia, quando eu estiver de volta, nas férias. Tô feliz. Fazia tempo que eu não me sentia assim.