quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Para nunca esquecer, de outubro de 2009.

"Alexandre: as mães não morrem. Elas ficam por  aí, piscando o olho pra gente - "cuidado, menino"; "ponha o casaco"; "vai mais um café, meu filho?", iluminando de memória o que a vida nos reservaDe memória e de ternurapode crer.

Um abraço, com carinho, Bea."


domingo, 29 de dezembro de 2019

2019 (em desconstrução)

Resultado de imagem para 20192019 foi o ano da estupidez. Ano que ouvimos de pessoas próximas e de outras, nem tão próximas assim, absurdos que sequer pensávamos poder ouvir no séc. XXI. Melhor não repeti-los para preservarmos a nossa sanidade.
Retrocedemos. Não tenho dúvida! Retrocedemos na forma de olhar para o outro, voltamos para tempos obscuros em termos de humanidade, de solidariedade, de afetos.
Valorizaram a violência em todos os sentidos: o discurso da exclusão, do racismo, da homofobia, da intolerância religiosa estiveram presentes nesses tristes 360 e poucos dias deste ano. 
Foi o ano da mentira institucionalizada. De mentiras tão sem propósitos que me senti num filme de ficção: mamadeira de piroca! socialismo! comunismo! meninos vestem azul e meninas rosa! o peixe é inteligente! balbúrdia nas universidades! E por aí vai...
2019 foi um ano marcado pela presença e destaque de imbecis na vida pública e na privada (de onde eles nunca deveriam ter saído). Pautaram o nosso pensamento e aquilo que circulou nas redes sociais e nos jornais diários. 
Era tanta pequenez, tanta estultice, tanta falta de noção que uma montanha de estrume não seria suficiente para comparar com tudo aquilo que foi dito e escrito.
O fundamentalismo religioso se meteu na educação e na saúde e, é claro, impediu que professores falassem sobre sexualidade, sobre violência, sobre equidade, sobre diversidade, sobre diferenças. Impediu também que crianças fossem vacinadas e que as doenças há muito controladas se fizessem outra vez presentes. A laicidade do Estado foi esquecida por parte da sociedade. 
Não foi um ano fácil para quem pensa na inclusão com necessidade, na diferença como patrimônio, na raça como orgulho e como inscrição e marca da nossa história. 
Como tudo, o ano de 2019 está acabando e vai passar.
Senti-me enfraquecido em muitos momentos, mas fui confortado  (e confortei) pelos amigos, pelos companheiros de trabalho e não soltamos as mãos uns dos outros. Nos abraçamos e resistimos e sobrevivemos aos 2019.
A luta continuará. Não tenho dúvida! Vamos resistir a todo atraso que nos impuseram este ano. E quando o dia raiar, porque o dia vai raiar, nós vamos sair pelas ruas mais fortes.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Retro-Perspectiva 2019

Resultado de imagem para olhando o passado
Olhar para 2019 no final do ano sempre é ficção. Bem, vamos lá. Comecei o ano apaixonado e mais velho (5.4) e termino o ano com o coração vazio. 
Foi uma paixão descabida, sem eira nem beira. Daquelas que a gente não sabe bem o porquê de ter acontecido. Acontece e pronto.
Entre janeiro e dezembro me apaixonei mais uma vez. Não foi uma paixão como tantas outras. Achei, de verdade, que seria dessa vez.  Não foi. Descobri que o que nos liga ao outro é a vontade de estar juntos. Nada além disso. Se não há reciprocidade, não há nada que possa fazer dar certo. 
Conheci de cara umas cinquenta pessoas. 1º ano de Letras de 2019 foi uma turma boa: divertida, bons alunos. Fiz amigos e estabeleci laços. Acho isso importantíssimo. Sem amizades e laços, ser professor não faz sentido. 
O trabalho foi intenso. Muitos orientandos concluindo seus trabalhos. Outros tantos chegando. Outros ainda no meio do caminho. Participei de muitas bancas de defesa (e qualificação) de mestrado ou doutorado. Orientei Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), outros de Iniciação científica (IC). Comecei novas orientações de IC e já fechei as orientações de TCC para o próximo ano. Publicamos artigos, capítulos de livros e livros. Apresentei trabalhos em eventos. Dei um curso em Pelotas no fim do ano. Tenho ótimas parcerias na Unioeste. Parece que sou mais nessa área.
A política foi um lixo. Aquela divisão de 2014 se intensificou durante este ano. Desfiz laços, mas fiz outros tantos em virtude desse lixo-político. Foi um ano de perplexidade, mas também de resistência. Na resistência encontrei muita gente bacana. No dia a dia muita gente que não valia a pena. 
A saúde me assustou um pouco. Mas termino o ano com a perna  e o pé esquerdos doloridos e a outra com um galo enorme abaixo do joelho porque acabei de canelar a mesa de centro.
Termino o ano com um pouquinho de medo do que vem pela frente. É estranho porque normalmente não tenho esse sentimento em relação ao ano que inicia.
Daqui a pouco faço 55. É bom já começar com a nova idade. Não tem aquela de acontecer no meio do caminho. Bem, isso sempre foi assim.
Passei o natal sozinho. Na passagem do ano estarei com amigos. Hoje, dia 27, última sexta-feira do ano, estou em casa escrevendo este texto e ouvindo Deixe Estar de Marina Lima. A letra de Marina Lima e Antonio Cícero diz:
Porque nós dois nos cruzamos com pressa demais 
E foi tudo intenso e veloz
Nos amamos, meu bem, só que em pistas opostas e 
Tão sós...

Não desanimo, uma hora acontece. Se não acontecer, pelo menos acreditei. Foi um ano bom, apesar do palhaço que nos governa, do ministro da educação, do meio ambiente, dos direitos humanos, da justiça. Mas é o que temos para o momento.

domingo, 3 de novembro de 2019

Como encontrar os óculos perdidos sem enxergar?

Resultado de imagem para perdi os óculosColoquei, assim que acordei, meus óculos sobre a bancada da cozinha. A bancada é preta e a armação dos óculos escura. Fiz o que tinha para fazer e nunca mais achei meus óculos. 
Fiz uma varredura em todos os cômodos da casa: cada canto, cada gaveta, cada prateleira e nada. 
Não enxergo de longe e descobri hoje que tb não enxergo de perto. Saí para almoçar sem saber para onde ia, sem reconhercer quem eu encontrava pelo caminho, sem saber o que estava comendo. Exageros a parte, fiquei mesmo bastante preocupado.
Pensei até que eu tivesse colocado os óculos junto com a roupa de cama na máquina de lavar.
Voltei do almoço com um amigo para um cafezinho. Assim que ele entrou na cozinha avistopu sobre a bancada os óculos. Não acreditei! Procurei com tanta atenção e eles ali na minha cara!

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Num buraco sem fundo...

Hoje, me deparei com um foto de 2014. Na verdade, não foi assim um sobressalto, mas uma memória "presenteada" pelo Face para eu pudesse recordar um momento da minha vida. Nessa foto, estou no Rio de Janeiro, mas especificamente na enseada de Botafogo, ali no  caminho do Aterro do Flamengo. 
Eu havia chegado neste mesmo dia de Portugal depois de um ano por lá. Fui muito feliz estudar  em Coimbra, mas não segurei a barra por muito tempo.
Lembro-me dessa foto como se fosse hoje e sinto uma angústia enorme porque eu não estava nada bem emocionalmente: os últimos meses em Portugal não foram fáceis. Eu entrei num buraco sem fundo e não iria sair dele sozinho. Não mesmo!
Voltar para o Brasil me fez bem de cara e já me colocou na atenção de que eu precisava de ajuda profissional: não tive dúvidas e procurei um psicanalista.
Nem sempre temos lucidez ao passarmos por momentos difíceis: a gente quer se livrar da dor, mas não sabe como. E não tem mesmo que saber e é por isso/para isso que um psicanalista existe.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Apesar de

Não ando muito bem: um pouco desanimado com muita coisa. Sabe
Resultado de imagem para apesar de tudoaquela vontade de preencher um vazio que vc não sabe muito bem o que é? Onde fica? O que fazer? Para onde ir? É assim que ando me sentido.
Há épocas em que isso fica mais evidente: esta, por exemplo. E aí um monte de coisas ruins vão acontecendo ao mesmo tempo e vai minando o humor, a resistência, a alegria. Às vezes a gente não vê luz no fim do túnel. Às vezes essa luz não existe mesmo a curto prazo.
Não sei muito o que fazer para sair desse lugar. Vou vivendo para ver o que acontece. Não perco a esperança de, apesar de tudo, conseguir estar bem.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...