quarta-feira, 26 de março de 2025

Há um esgotamento que atravessa o corpo



Este mês tem sido especialmente exaustivo. Finalizei um relatório que me consumiu quase três meses de dedicação intensa — um trabalho denso, exigente, que não se esgota em seu término, pois ainda reverbera em mim como uma sobrecarga emocional e física. E além disso, que é demais, haverá uma avaliação em relação a ele.

E quando imaginei que poderia respirar, veio esta semana com uma avalanche: quatro bancas de TCC que já aconteceram e ainda tenho mais duas amanhã, incluindo uma de doutorado, que por si só já exige uma escuta atenta, um gesto ético e uma disposição analítica que não se improvisa.

Hoje, além disso, apliquei e corrigi provas. Não há tempo de reacomodar o corpo ou reorganizar os pensamentos: tudo se sucede sem pausa. A ansiedade tem invadido minhas noites, comprometendo o sono e criando uma espécie de vigília forçada, em que o descanso não descansa. As reuniões, que parecem se multiplicar espontaneamente, tomam espaço e tempo; e os e-mails e mensagens de WhatsApp não cessam, como se houvesse uma expectativa permanente de disponibilidade total, como se meu corpo e minha atenção estivessem sempre ali, prontos, sem intervalo.

Sinto-me desgastado. Há um cansaço que não se resolve com uma boa noite de sono, porque é um esgotamento que atravessa o corpo, mas também o simbólico — é o sujeito implicado em tudo isso que se vê desbordado. Tento seguir, mas percebo que preciso reconhecer os limites, nomear o peso, deixar que ele diga algo de mim, para que não me cale. Talvez seja hora de proteger um pouco meu tempo, ainda que simbolicamente, de fazer silêncio onde tudo grita, para que eu possa me ouvir de novo.

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