Há quem chame a atenção com um argumento bem colocado, com um gesto discreto, com uma ideia que se impõe pela inteligência. E há quem prefira gritar, causar e criar tumulto como método de governo. O atual presidente dos Estados Unidos parece ter optado por essa segunda forma: ocupar o noticiário à base do barulho. Sua gestão se pauta menos por políticas públicas concretas e mais por uma performance contínua de polêmicas, declarações estúpidas e medidas inflamáveis. O objetivo? Estar em todas as manchetes. De Nova York a Nova Délhi, passando por Brasília e Berlim, seu nome circula como se fosse um verbo: ora é conjugado com indignação, ora com ironia, mas nunca com silêncio. E é aqui que mora a astúcia do método: até mesmo este texto — que tenta rir um pouco da situação — acaba, ironicamente, contribuindo para a engrenagem de sua visibilidade. É como tentar apagar um incêndio com gasolina só porque a gente queria fazer um ponto.
Não se trata apenas de vaidade ou de um narcisismo presidencial em alta voltagem — embora isso também esteja no pacote. Trata-se de um modo de fazer política que entende a atenção como capital. Se antes os políticos buscavam a aprovação do eleitorado com promessas, hoje há quem prefira a lógica do engajamento: quanto mais se fala, mais se compartilha; quanto mais se compartilha, mais se consolida uma imagem (mesmo que seja a do vilão da história). E o melhor — para ele — é que a oposição, ao criticá-lo diariamente, contribui para mantê-lo em evidência. É como brigar com alguém que só quer ser notado.
Essa presença onipresente nas manchetes não distingue espectros ideológicos. Jornais progressistas o atacam, canais conservadores o defendem, os do centro o relativizam — mas todos o mencionam. A imprensa internacional acompanha com perplexidade, como quem assiste a uma série de drama político de gosto duvidoso. E enquanto isso, ele segue no palco, como um animador de auditório que aprendeu que o escândalo dá mais audiência que o conteúdo.
No fundo, talvez ele tenha entendido algo perverso sobre o tempo em que vivemos: mais do que governar, é preciso performar. Não é a realização que sustenta o poder, mas a visibilidade. E ele, convenhamos, tem feito isso com maestria. Como um maestro do ruído, rege a orquestra do caos com uma batuta de fake news, provocações e táticas de distração. E o mundo, entre atônito e viciado, continua assistindo — de olhos arregalados e dedos frenéticos no teclado.
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