sábado, 15 de agosto de 2009

Coração Vagabundo (documentário)

Gosto demais de Caetano Veloso, até de seus ataques contra algum comentário sobre ele. Quero dizer, então, que gosto tanto de ouvi-lo cantar quanto de sua maneira, às vezes polêmica, de enxergar o mundo. E olha que o cara fala sobre quase tudo.
Neste documentário do paulistano Fernando Grostein Andrade, além do compositor, do intérprete, do homem que fala (muito), conhecemos o Caetano na turnê do CD A Foreign Sound por São Paulo, Nova York, Tóquio, Osaka e Kyoto.
É tudo bom demais.
Até a Paula Lavigne. Não há o que dizer da trilha sonora...como sempre, impecável.
Filmado entre os anos de 2003 e 2005, o longa conta com participações do cineasta Michelangelo Antonioni, David Byrne, uma tímida participação de Regina Casé, Pedro Almodóvar e muitos elogios de Gisele Bündchen.
Eu destacaria o momento em que um monge diz a ele que ouve a música Coração Vagabundo muitas vezes por dia e a sua reação. Eu tb fiquei emocionado e, não que eu já não soubesse, ali vi a importância desse nosso músico no cenário mundial.
Vale pela música, pelo homem, por sua interpretação, pelos depoimentos. É de um super-bom astral. Eu vejo mais 3 vezes.

À deriva (filme)

Ontem depois de assistir ao filme Brüno e voltar pra casa achando que finalmente iria dormir, fui ao cinema com o meu melhor amigo, Juscelino, assistir ao filme À deriva do diretor Heitor Dhalia, com Vicent Cassel, Débora Bloch e Laura Neiva. Fiquei durante toda a projeção esperando que alguma coisa fosse acontecer, mas nada acontecia. Não sabia se era a visão de uma pré-adolescente sobre o mundo, se era a história de um escritor, se era a história de um casamento que em algum momento ia se romper. Fiquei à deriva do roteiro.
As filmagens foram feitas em Búzios, no Rio de Janeiro, e por isso a fotografia é sensacional. Cassel aprendeu português com uma amiga, Vanise, e por isso ele deu um show de língua portuguesa (rs), mas o filme, tsc tsc tsc...não voltaria para ver outra vez.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Brüno (filme)

Acabei de chegar do cinema. Assisti a Brüno. Ele é über fake. Ele não é Borat, mas, sejamos honestos, é quando o filme fica bem divertido. Brüno que ser famoso e faz de tudo (às avessas) para atingir o seu objetivo.
Depois que caiu em desgraça no mundinho fashion europeu, ele parte para Los Angeles, onde tenta ser uma celebridade a todo custo. Sua primeira mancada é um macacão todo no velcro e nem precisa dizer o que isso provocou num desfile de modas.
Tem piadas de todos os tipos, diga-se de passagem, humor negro. Com pastores que convertem homossexuais, com afros-americanos, com héretos num ring, com políticos, com modelos. Tiros para todos os lados. Confesso que fiquei em alguns momentos meio chocado, acho que aderi a onde do politicamente correto e não percebi.
De qualquer forma, vale à pena ver e rir um bocado.

Nome social deve ser respeitado (texto)

Em uma lista de professores da internet, com o título “professor público” um rapaz colocou a notícia de um pedido à Justiça, feito no Estado de Minas Gerais, para que travestis (ou qualquer outra pessoa em condição similar) possam ser tratados na escola pelos seus “nomes sociais”, e não pelos nomes de registro. A ideia é simples e justa: ninguém que é conhecido por “Valéria” quer ser chamado de “Francisco”, ninguém que é visto como “João” gosta de ser tratado por “Maria”.
O “nome social” é o nome adotado por uma pessoa, e deve ser respeitado. É como o caso do Presidente da República que, para não ser confundido na cédula, alterou seu nome, colocando o “Lula” no interior do “Luis Ignácio da Silva”. O Presidente fez isso de maneira legal. Mas, no caso de travestis e pessoas em condições similares, muitas vezes a possibilidade de trocar de nome não se faz presente, e a situação escolar já os constrange antes disso.
O triste da história foi ver que na mesma lista, uma pessoa que se autodenominou professor, avaliou o pedido à Justiça (ao qual me referi) como “pura sem-vergonhice”, afirmando que “homem tem que ser homem e mulher tem que ser mulher”.
Não perguntei para a tal pessoa o que era “ser homem” e o que era “ser mulher”, pois o que viria dela, tenho certeza, não seria útil para ninguém. No entanto, a forma com que tal pessoa se comportou, trazendo à tona um jargão que só ouço na boca de extremistas de direita (não raro, sempre querendo se passar por liberais), trouxe minha digitação para um campo que, agora, no mês de agosto, é um tema da mídia: dia dos pais.
O que tem a ver uma coisa com outra? Ah! Muito! Fruto da escola pública dos anos 50 que, enfim, chegou viva até meados dos anos 60, eu nunca passei pela experiência de olhar para o lado e, então, encontrar um coleguinha chamado Mário maquiado com o batom da Valquíria. Todavia, quem disse que isso não é a realidade de hoje? Tiramos a homossexualidade da condição de “doença”. Fizemos da preferência sexual e, junto com ela, a opção pela identidade social geral, uma questão de decisão individual. Chegamos, inclusive, a promover leis de proteção a tais opções, como extensão básica de direitos liberais em uma sociedade democrática. Temos caminhado duramente nisso tudo. Ao mesmo tempo, temos contado com o apoio de toda a plêiade de grupos que se encaixam no guarda-chuva do título das paradas do “Gay Proud”, no sentido de não deixar com que essa luta se torne algo vingativo e “sem espírito”. Assim, em termos apropriados, quando do tempo do filme “Filadélfia” tínhamos de nos conter e não usar a expressão “bicha louca”. Mas, já nos tempos em que estamos vivendo, o do “Breakfast in Pluto”, qualquer amigo homossexual com quem converso usa a expressão “bicha louca” sem achar ofensivo.
O movimento gay fez mais que outros movimentos sociais neste aspecto semântico: conseguiu vitórias sem precisar, com isso, vestir terno e gravata, perder o “espírito”. Nesse sentido, o movimento gay tem muito a ensinar ao movimento negro e ao movimento feminista, com certeza! O que tem a ensinar? Simples: é preciso ser inteligente, para tudo, e por isso mesmo, antes de qualquer decisão é necessário não deixar de lado a observação dos detalhes. Nem toda expressão é, por si mesma, pejorativa ou elogiosa. A língua se faz no contexto. Ela é contexto, nada além. Por isso, a questão do “nome social”, uma vez tendo estabelecido o contexto, é uma questão válida.
Ora, mas a questão desse nome social ser algo que foi pedido para ser adotado na escola trouxe aqui o meu tema, o da questão dos pais. Os gays não são gays adultos. O grande drama de quem tem identidade social de minoria não é confeccionado na vida adulta e sim quando essa identidade não se configurou plenamente. É nessa hora que o problema realmente é um problema. É nessa hora que o massacre da maioria atinge a minoria.
Caso nosso desejo seja o de viver na democracia, temos de entender que democracia não é o regime da vontade da maioria. A democracia é o regime das decisões da maioria e do respeito aos direitos básicos – de expressão, de ir e vir, de moradia, de identidade etc. – das minorias.
Então, é na hora do início da construção da identidade social de cada indivíduo que a situação é difícil – para todos nós. Ora, para quem vai assumir identidade de minoria, mais difícil ainda. Uma boa parte dos gays que conheço tentou alguma forma de suicídio na adolescência. Uma parte dos que levaram adiante isso, o fizeram já na idade adulta. O que determinou isso? Na maioria dos casos, a gota d’água foi a relação endurecida com o pai. No mês de agosto, em que comemoramos o Dia dos Pais, deveríamos de começar a pensar em uma revolução quanto ao que é ser pai ou não. O que é necessário para ser pai? Ser pai é, antes de tudo, ser alguém aberto ao cosmos. Para ser pai é fundamental ter a consciência de que não se é um deus. O que um pai mais deseja? A felicidade do filho? Não, infelizmente, os pais são poços de egoísmo disfarçados de boas intenções e de capas e capas de altruísmo.
O que os pais querem é plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho, contanto que a árvore seja regada pelo filho, o livro seja a história de quanto o filho é a cara do pai e, por fim, que o filho seja tudo que o pai não foi, mas que gostaria de ter sido. Essa projeção mata a sociedade. A pessoa que quer ser pai deveria, antes de ter filhos, olhar para o espelho e falar: não sou deus, portanto, o que vier como filho, não poderá ser alterado por mim, e terei de não só aceitar, mas amar. Quem não está preparado para tal, não deve ter filhos.
Infelizmente, ninguém olha para esse espelho. Boa parte dos pais se modifica no decorrer dos anos. Aos poucos, vários percebem que o “Édipo” era um brincadeira séria do Freud, que o filho é uma pessoa singular, que precisa seguir um caminho único, dele próprio. Ninguém quer um filho no caminho do crime. Dizem alguns que nem mesmo os criminosos que se orgulham do crime querem isso. Mas, até nessa situação extrema, uma boa parte dos pais aprende a amar os filhos. Uma parte dos pais começa a perceber, às vezes tardiamente, que na diferença dos filhos, eles são muito iguais aos pais. O filho ou a filha “gay” não deveria ser amado ou amada “apesar de gay”. Está na hora de invertermos a seta e amarmos os filhos pelo desempenho social que eles prometem em favor de nossa utopia de uma sociedade em que seremos “versões melhores de nós mesmos”.
Veja, não estou pedindo amor incondicional. Estou pedindo bem menos! Sendo assim, imagino que na hora em que um filho ou filha se põe na defesa de sua identidade social, isso pode e deve ser um orgulho para o pai. O verdadeiro pai é aquele que consegue dar um passo além de sua própria pele semântica e, então, ver que seu filho, ao “sair do armário” e se redescrever como gay, antes de tudo, é uma pessoa de coragem.
Mesmo nos tempos atuais, uma pessoa assim ainda é uma pessoa de coragem – e muito! Pois, por mais que existam leis contra a homofobia, quando alguém se redescreve como gay e, então, põe no jogo social uma nova semântica em relação a si mesma, o que se está dizendo ao mundo é um recado filosófico: eu sou suficientemente inteligente e corajoso para abraçar a contingência. Nos termos de Nietzsche: eu sou aquele que vive o amor fati.
A noção de amor fati, em Nietzsche, está longe de ser a “resignação” de Max Weber. Amor fati é amor aos fatos, amor ao destino. Não se ama o destino aceitando-o. Não se ama os fatos tomando-os como pedras na cabeça atiradas por Saturno. O amor, neste caso, é o amor de poder viver e, então, passar pelas experiências que só os vivos passam. Uma vez gay, viver isso é uma experiência fantástica. Mas, é algo de coragem, pois se o desconhecido se abre: o que acontecerá comigo? Serei menosprezado? Terei dificuldades na escola e no emprego? E meu pai? Sim, são essas as questões que o adolescente enfrenta. Principalmente esta: e meu pai? Diferente de outro adolescente, que vai cumprir seu “Édipo” em “em CNPT”, o adolescente gay sabe, muito bem, que ele pode sucumbir. Ela sabe que poderá não suportar e, então, em dado momento, terminar como outros seus colegas, no suicídio. O pai deveria ser o primeiro a jamais deixar isso ocorrer.
O pai dá a vida através do espermatozóide, deveria, então, mantê-la. Não deveria tirá-la. Vi pais vindos da zona rural, completamente brutalizados pela vida, terem orgulho de seus filhos gays. Vi pais urbanos, escolarizados, colocar sob tortura e morte um filho gay. Está na hora de uma revolução na idéia de ser pai, para além da conversa de “pagar pensão”. Deveríamos, a partir deste agosto de 2009, ver o quanto temos a coragem de participar da revolução semântica de um filho nosso que adotou uma nova identidade social. Deveríamos começar a entender aquilo que Stan Lee tentou ensinar com “X Men”. Será que nem histórias em quadrinhos conseguimos entender? Será que sempre seremos pais pouco inteligentes – e covardes?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Globo x Record (texto)

É impressionante como a Rede Globo de Televisão está empenhada nas denúncias contra o Todo Poderoso (não estou falando de Deus) da Igreja Universal do Reino de Deus, pastor Edir Macedo. Templo é dinheiro!
20 minutos de Jornal Hoje e em todas as chamadas do Jornal Nacional. O negócio do Bispo deve ser sério mesmo!
Para quem ainda duvidava, primeira matéria na pauta do Jornal mais assistido da TV brasileira.
E pra mim que achava que já tinha visto tudo, acabo de assistir ao primeiro bloco inteirinho dedicado ao desvio de verba.

CascaNews (texto)

Extra! Extra! Gripe Suína reconfigura verbete de dicionário: "aglomeração" em Cascavel, Paraná, significa encontro de 2 ou mais pessoas. Casais devem manter distância de pelo menos 100m, filhos devem se mudar, independentemente, da idade. Tem criança de 2 meses se virando sozinha. A cidade parou: Mercado fechado, cinema nem pensar, consultas estão de alta, aulas? Imagine!, tudo parado em nome do porco.

Moscou (Documenfilme)

Eduardo Coutinho é figura única no cinema brasileiro. É mais do que um documentarista, como se isso fosse pouco. Seus longas, como "Cabra Marcado Para Morrer" (1984), "Santo Forte" (1999), "Edifício Master" (2002) e "Peões" (2004), nada mais são do que conversas ou, como diz o cineasta, pessoas contando histórias.
Em seu novo trabalho, "Moscou", Coutinho vai além nessa sua investigação e rompe qualquer linha que possa existir entre o real e o encenado. Trilha iniciada no seu trabalho anterior: Jogo de cena (2007).
Ele propôs ao grupo mineiro de teatro Galpão documentar o ensaio de uma peça de sua escolha, no caso "As Três Irmãs", clássico russo de Tchecov. O ensaio foi escolhido pela trupe: Enrique Diaz, com quem eles nunca haviam trabalhado.
O resultado que se vê na tela é formidável. O filme é uma investigação sobre a relação entre arte e realidade. Numa leitura mais profunda, busca explorar a importância da memória na vida do indivíduo.
Logo no começo do filme, numa de suas poucas intervenções, Coutinho deixa claro para os atores do Galpão e para o público do filme que o objetivo não é montar "As Três Irmãs", mas trabalhar o processo de montagem de uma peça que nunca será encenada.
É bom demais! É emocionante! O Galpão dá um show de palco, para não variar.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...