Outro ponto preocupante é a superficialidade que o uso da IA pode introduzir em trabalhos acadêmicos. Ferramentas de IA são eficientes em organizar e sintetizar informações, mas frequentemente carecem de capacidade para interpretar dados de maneira crítica ou contextualizada. Isso pode resultar em análises simplistas ou em interpretações equivocadas de fenômenos complexos, especialmente em áreas como as ciências humanas, onde o sentido é historicamente construído e influenciado por aspectos ideológicos e culturais. Assim, a IA pode gerar trabalhos que aparentam rigor técnico, mas carecem de profundidade teórica.
A questão ética também é um desafio significativo no uso da IA em contextos acadêmicos. Ferramentas de IA que produzem textos automaticamente podem levar ao uso indevido, como a elaboração de trabalhos sem o envolvimento efetivo do autor, o que levanta questões sobre autoria e originalidade. Além disso, os sistemas de IA dependem de bases de dados que nem sempre são transparentes, podendo reproduzir vieses existentes ou até mesmo fornecer informações imprecisas. A falta de crítica a essas limitações pode comprometer a qualidade e a confiabilidade dos trabalhos acadêmicos.
Por fim, a utilização da IA pode agravar desigualdades no meio acadêmico. Instituições e pesquisadores com menos acesso a essas tecnologias podem ser colocados em desvantagem em relação a colegas que dispõem de recursos mais avançados. Além disso, a valorização de ferramentas tecnológicas em detrimento da experiência humana pode marginalizar abordagens mais tradicionais de pesquisa, especialmente em contextos onde o uso da tecnologia não é viável ou apropriado. Assim, o uso desenfreado da inteligência artificial pode ameaçar a diversidade de metodologias e perspectivas que enriquecem o campo acadêmico.