sábado, 28 de dezembro de 2024

A esperança que se renova no ano que chega


O Ano Novo, mais do que um evento marcado pelo calendário, é um espaço discursivo onde se inscrevem expectativas, desejos e projeções de um futuro melhor. No movimento materialista da análise do discurso, compreendemos que a esperança que se manifesta nesse momento não é um sentimento do sujeito (ainda que se menifeste nele como se nele surgisse), mas um sentido sustentado por relações históricas, sociais e ideológicas. Ao dizer "Feliz Ano Novo", carregamos sentidos que ultrapassam a literalidade, ecoando uma memória (em nossa formação social) de recomeços e transformações possíveis, mesmo em meio às contradições do cotidiano.

Essa esperança, no entanto, não surge como algo autônomo ou natural, mas como um efeito de sentido que articula as condições materiais de produção da vida. Ela é atravessada por ideologias que interpelam os sujeitos, fazendo-nos desejar o novo enquanto lidamos com marcas do passado e do presente. O Ano Novo torna-se, assim, um lugar onde o sujeito se projeta para além das limitações impostas, buscando no simbólico e no imaginário a possibilidade de mudança. É um tempo em que os discursos sobre superação e renovação ganham força, configurando-se como práticas que reafirmam a dimensão histórica da luta por dias melhores.

Na materialidade discursiva, a esperança do Ano Novo pode ser lida como resistência. Resistência às adversidades, às desigualdades, às imposições de um tempo que muitas vezes nos parece rígido e imutável. Esse gesto de desejar e projetar o "novo" é, em si, um ato político e simbólico que interpela os sujeitos a não apenas esperar, mas a agir. Que este Ano Novo seja um espaço de inscrição para novos sentidos, onde a palavra "esperança" não seja apenas a repetição do já-dito, mas a afirmação de que, ao produzir novos discursos, também somos capazes de produzir novas realidades.

2025: O ano da Serpente de Madeira




O ano Serpente de Madeira faz parte do calendário chinês, que segue o zodíaco baseado em ciclos de 12 anos, cada um associado a um animal, combinado com os cinco elementos da filosofia chinesa: MadeiraFogoTerraMetal Água. Cada combinação ocorre uma vez a cada 60 anos.

Simbologia da Serpente

Na cultura chinesa, a Serpente é um símbolo de sabedoria, intuição, mistério e transformação. Pessoas nascidas em anos regidos pela Serpente são vistas como analíticas, perspicazes e inteligentes. Elas têm uma forte capacidade de introspecção e muitas vezes são associadas à elegância e ao charme.

O elemento Madeira

A Madeira é um elemento que representa crescimento, criatividade e adaptabilidade. É também associada à vitalidade, compaixão e ao impulso de construir e expandir. Quando combinada com a Serpente, esse elemento adiciona uma energia mais gentil e equilibrada às características geralmente reservadas e estratégicas da Serpente.

Características do ano Serpente de Madeira

  • Personalidade do ano: É um período marcado por sabedoria prática, criatividade e busca por harmonia. Pode ser um ano de transformações sutis e profundas, onde as pessoas são incentivadas a planejar cuidadosamente e a confiar em sua intuição.
  • Energia coletiva: O ano Serpente de Madeira favorece estratégias bem pensadas, decisões calculadas e crescimento pessoal. É ideal para aprender, crescer e explorar aspectos mais profundos de si mesmo e dos outros.
  • Relacionamentos e trabalho: O elemento Madeira suaviza o caráter estratégico da Serpente, promovendo maior cooperação e compaixão nos relacionamentos e ambientes profissionais.

Um ano de transformação

O ano Serpente de Madeira convida as pessoas a olharem para dentro, valorizando o crescimento pessoal e a renovação. É um tempo de construir com paciência e sabedoria, deixando que as sementes plantadas se desenvolvam de maneira sólida e duradoura. É uma energia que mistura inteligência, criatividade e intuição para transformar desafios em oportunidades.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Por que choramos?


Chorar é um ato profundamente humano, uma entrega que transcende palavras e nos conecta com o que há de mais íntimo em nós. Cada lágrima que escorre carrega um peso que às vezes nem sabemos nomear — uma dor guardada, uma saudade que aperta, ou mesmo uma felicidade tão intensa que explode em líquido. O choro é o idioma das emoções quando o coração, incapaz de silenciar, encontra seu próprio jeito de falar. Ele revela nossa fragilidade, mas também nossa força, porque só quem sente profundamente é capaz de derramar-se assim, por inteiro.

Há algo de belo na vulnerabilidade que o choro expõe. Ele abre um portal para o outro, permitindo que quem nos vê, nos sinta, nos alcance. Ao chorar, dizemos sem dizer: “estou aqui, humano como você, com as mesmas dores e esperanças”. E nesse momento, é como se as barreiras do mundo se desmanchassem. Um choro não precisa de tradução; é universal, compreendido por todos, de qualquer lugar ou cultura. Ele nos lembra que, no fundo, compartilhamos a mesma essência, essa necessidade de sentir, de amar, de pertencer.

E depois de chorar, vem o alívio, como uma chuva que limpa o céu para que o sol brilhe novamente. Chorar nos esvazia do que pesa, nos renova. É como se a alma, ao derramar-se, encontrasse espaço para respirar de novo. É um ritual silencioso de cura, um reencontro consigo mesmo. Então, da próxima vez que o coração pedir para chorar, permita-se. É um gesto de coragem, de aceitação, de amor por si mesmo. Porque é no ato de chorar que, paradoxalmente, encontramos força para seguir em frente.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Retrospectiva

Mais um ano está terminando. Já são 59 anos por aqui. Caramba!!!! É isso: quando se vê já é sexta, quando se vê já é o fim de semana, o fim do mês, quando se vê acabou o semestre e quando se vê passaram 60 anos. Quando tudo dá certo... é assim que acontece.

Claro que dá um medinho, mas já foram tantos medinhos ao longo dessa vida que mais um não vai fazer nenhuma diferença.

É tempo de retrospectiva por aqui.

Este ano, diferente do fim do ano passado, não estou apaixonado. Foi um ano turbulento em se tratando de relacionamento. Termina, volta, termina, volta (um ad eternum). Até que, finalmente, depois de tanta dor de cabeça, chateação (e tantas outras coisinhas), o copo transbordou de vez.

Financeiramente estou na mesma. Nem melhor e nem pior. Isso não é uma boa notícia. Ah, mas, como no ano passado, joguei na mega-sena da Virada e, tb como  no ano passado, já estou fazendo os planos caso eu ganhe os 600 milhões (vai ser assim porque eu sequer sei quanto zeros tem esse valor). Acho que são 6 zeros além dos 3 = algo assim: 600.000.000.

Nesta retrospectiva vou registrar aqui o que farei de cara. Pagar todas as dívidas. Reformar os apartamentos do Rio e de Cascavel. Vender os dois. Comprar um ap. para mim, para Nanci e o Erik no mesmo prédio (o bairro decidimos depois). Ah, lagar meu trabalho no fim do ano letivo de 2024 (vou esperar sim fechar o ano letivo. Sei o quanto dá trabalho e é problemático perder um professor no final de um ano letivo.

Profissionalmente não aconteceu nada de novo. Ah, sim...nasceu a filha de uma grande amiga e eu assumi a coordenação da pós-graduação. Já está acabando. Ufa!!!! Não gosto de cargos. Gosto de dar aula, fazer pesquisa, orientar...

A saúde não anda muito boa. Será um sinal? Sinal dos tempos? É bem possível. Uma dor insistente no pé esquerdo e no braço direito. No braço sei que é devido ao excesso de uso do celular e do mouse. Vamos consertando isso aos poucos. Agora do pé esquedo...não faço ideia...tb não foi ver o que é...

Entre mortos e feridos me salvei. Estou na perspectiva de um ano melhor...Sei que o ano muda e a vida segue o seu curso. Sei que o fim de um ano e o início de outro é uma invenção maravilhosa porque nos dá a sensação de que é possível recomeçar...de que será diferente, que é possível dar uma nova direção para qualquer que seja a questão: amor, trabalho, quilos, amizade...

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

19 de novembro

Ontem, no dia em que seria o aniversário do meu pai, me peguei pensando no tempo que não vivemos juntos. Ele se foi quando eu tinha 18 anos, e a nossa relação foi marcada pela distância, pela ausência física e emocional. Meus pais se separaram quando eu tinha sete meses. Descobri recentemente a certidão de nascimento dele, uma lembrança tardia, mas significativa, de alguém que, embora ausente, deixou uma marca na minha vida. Os pais sempre deixam marcas na vida dos filhos. O tempo que não compartilhei com ele pesa, mas, ao mesmo tempo, é uma oportunidade de refletir sobre a vida, as escolhas e os caminhos que nos moldam. Hoje, recordo não só o que não foi, mas também o que me ensinou indiretamente. Feliz aniversário, Edenyr.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Comentário Interpretativo Crítico (CIC)

Um comentário interpretativo crítico é uma análise escrita que busca interpretar e avaliar de forma reflexiva e criteriosa um texto, uma obra ou uma ideia. Esse tipo de comentário combina interpretação (análise do significado) com crítica (avaliação fundamentada), partindo de uma leitura aprofundada e considerando o contexto, as intenções do autor e os efeitos produzidos no leitor.

Características de um comentário interpretativo crítico

  1. Base em evidências: Todas as interpretações e críticas são sustentadas por elementos presentes no texto ou obra analisada.
  2. Consciência do contexto: Leva em conta o contexto histórico, social, cultural ou teórico em que o texto foi produzido.
  3. Argumentação clara: Os pontos de vista apresentados são organizados de forma lógica e coerente.
  4. Dialética: Envolve tanto a escuta ao texto (compreensão) quanto a resposta ao texto (crítica), construindo um diálogo reflexivo.
  5. Reflexividade: Inclui questionamentos, comparações e aprofundamento das implicações do que está sendo analisado.
  6. Objetividade e subjetividade equilibradas: Equilibra a objetividade (baseada no texto) com a subjetividade (posição do crítico) para evitar interpretações descontextualizadas.

Etapas para realizar um comentário interpretativo crítico

1. Leitura atenta e contextualização

  • Leia o texto com atenção, buscando entender o tema principal, os argumentos centrais e os recursos expressivos utilizados.
  • Identifique o gênero textual e o contexto em que foi produzido.

2. Identificação de elementos relevantes

  • Estrutura do texto: Como o texto se organiza? Quais são as partes principais?
  • Conteúdo: Qual é a mensagem central ou ideia defendida?
  • Recursos linguísticos e estilísticos: Há metáforas, ironia, repetições ou outras estratégias que enriquecem o sentido?
  • Ponto de vista do autor: De onde o autor fala e para quem ele fala?

3. Interpretação

  • Proponha uma leitura do significado do texto com base nos elementos observados.
  • Pergunte-se: "O que o texto diz e como diz isso? Qual é sua intenção principal?"

4. Crítica

  • Avalie os pontos fortes e fracos do texto: sua coerência, pertinência, originalidade, impacto e possíveis lacunas.
  • Posicione-se de maneira fundamentada: "Concordo ou discordo? Por quê? Que implicações têm essas ideias no contexto atual?"

5. Organização do comentário

  • Introdução: Apresente brevemente o texto ou obra analisada e sua abordagem geral.
  • Desenvolvimento:
    • Parte interpretativa: Explique o significado do texto e os elementos que o sustentam.
    • Parte crítica: Avalie o texto, com argumentos e referências claras.
  • Conclusão: Reafirme sua posição e destaque a relevância do texto e do comentário.

6. Revisão

  • Certifique-se de que sua argumentação está clara e fundamentada, e que não há contradições ou afirmações sem suporte.

Exemplo de estrutura de um comentário interpretativo crítico

Texto analisado: Poema "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto.

1. Introdução: Apresente o poema, seu autor, contexto (literatura de 2ª fase modernista) e objetivo geral do comentário.

2. Interpretação: Explique a temática central do poema (as agruras do sertanejo) e os recursos expressivos (verso livre, repetição, tom narrativo).

3. Crítica: Avalie a eficácia do texto em retratar a realidade nordestina e seu impacto social. Proponha possíveis reflexões atuais sobre a obra.

4. Conclusão: Resuma os principais pontos do comentário, destacando a relevância estética e social da obra.

Seguindo essas etapas, você poderá produzir um comentário interpretativo crítico consistente e bem fundamentado.

"Morir también es ley de vida"

A música Sanar , de Jorge Drexler, é um delicado exercício de poesia sonora que atravessa afetos com rara sensibilidade. A melodia suave e a...