sábado, 1 de fevereiro de 2025

L’Attente d’Arriver à Paris



Paris. Une ville qui habite l’imaginaire de tant de personnes, qui peuple les images du désir et se laisse inscrire dans des discours sur le beau, le sophistiqué, l’historique. Une ville qui s’annonce avant même d’être atteinte, déjà dite et répétée dans les films, les livres, les photographies.

Mais qu’est-ce qu’attendre Paris ? Il y a la promesse des cafés en terrasse, le murmure de la Seine glissant sous des ponts chargés d’histoire, la Tour Eiffel qui se dresse comme une icône et qui, en réalité, peut surprendre ou décevoir, selon le regard. La ville arrive avant d’être vue, imprégnée de significations et façonnée par des représentations.

L’attente d’arriver à Paris est avant tout un jeu d’anticipation. L’odeur de la baguette croustillante et du café corsé semble presque présente avant même l’atterrissage. Les pas résonnent imaginairement dans les ruelles de Montmartre, comme si le temps pouvait y être suspendu. Mais que se passe-t-il lorsque les pieds touchent enfin le sol de Charles de Gaulle, lorsque le métro résonne de voix et d’annonces en français, lorsque la ville réelle s’impose à la ville espérée ?

Toute attente crée un intervalle de projection et de déplacement. Paris, chargée de mythes, d’une certaine "aura européenne", d’un sentiment d’appartenance et d’exclusion, se donne et se refuse à la fois. Ce n’est pas seulement la ville de l’amour ou de l’art, mais aussi une ville de contrastes, d’inégalités, de touristes et de quotidiens qui échappent aux cartes postales.

Et ainsi, l’attente se défait et se refait. Entre la réalité et la fiction, entre ce que l’on imaginait et ce que l’on voit, entre ce que l’on veut retenir et ce qui échappe. Paris, au fond, n’est peut-être pas tant la ville elle-même, mais le regard qui la traverse.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Narrativas apocalípticas e a apropriação de textos bíblicos fora de seus contextos históricos para justificar posições extremistas



Os cristãos de extrema-direita representam um segmento específico dentro das comunidades religiosas que, embora compartilhe princípios de fé cristã, articula sua prática e discurso a partir de uma forte aliança com valores conservadores e um projeto político marcado por autoritarismo. Essa vertente, ao reivindicar a defesa de uma suposta moral cristã, frequentemente instrumentaliza a religião como base de legitimação para pautas como a rejeição de direitos LGBTQIA+, a oposição ao feminismo e a limitação de políticas progressistas. Ao fazer isso, não apenas desconsideram a diversidade interna das comunidades cristãs, mas também tornam invisíveis outras leituras do cristianismo que se orientam pela inclusão, acolhimento e justiça social.

A atuação política dos cristãos de extrema-direita tem se ampliado em muitos contextos ao adotar um discurso polarizador, que constrói "inimigos" da fé, sejam eles políticos, sociais ou culturais. É comum que esses grupos se posicionem contra o secularismo e defendam uma fusão entre Estado e religião, buscando impor suas visões como normas para toda a sociedade. Em muitos casos, o discurso deles apoia líderes carismáticos que se apresentam como defensores da "moral e dos bons costumes", mas que, paradoxalmente, promovem políticas de exclusão e discursos de ódio, em nome de uma suposta guerra cultural contra o que chamam de "ameaças à família tradicional".

Uma característica central desse grupo é o uso de narrativas apocalípticas e a apropriação de textos bíblicos fora de seus contextos históricos para justificar posições extremistas. Essas leituras, ao serem simplificadas e usadas como ferramentas políticas, distanciam-se da complexidade da teologia cristã e ignoram o caráter simbólico de muitos textos sagrados. Essa abordagem promove uma fé baseada no medo e na intolerância, em oposição a princípios fundamentais do cristianismo, como o amor ao próximo, o perdão e a empatia.

É importante lembrar que a associação entre o cristianismo e a extrema-direita não representa o todo das comunidades cristãs, muitas das quais trabalham ativamente em prol da justiça social, da igualdade e do diálogo inter-religioso. A crítica aos cristãos de extrema-direita, portanto, não é uma rejeição à fé cristã em si, mas sim à manipulação dessa fé para fins ideológicos que contradizem os próprios valores que ela afirma defender. Em um mundo cada vez mais polarizado, é essencial distinguir entre as diversas vozes cristãs e reconhecer que o cristianismo, como toda tradição religiosa, é plural e multifacetado.

sábado, 25 de janeiro de 2025

O ódio e a intolerância se consolidam como linguagem política


O Brasil, assim como outras partes do mundo, tem se tornado palco de um crescente clima de ódio, agressões e disputas que parecem impregnar as relações sociais e políticas. Essas tensões têm um forte componente ideológico, com a polarização entre a esquerda e a extrema direita servindo como combustível para uma sociedade cada vez mais dividida. O debate político ultrapassa os limites da esfera institucional e invade o cotidiano das pessoas, transformando até mesmo temas humanitários em arenas de embates ferozes. O resultado é um cenário em que nada parece fazer sentido, onde valores são constantemente contraditos por aqueles que os defendem.

Exemplos dessa contradição aparecem na postura de grupos cristãos que, em nome de Deus, praticam a exclusão, defendem a violência e agridem outras religiões, especialmente as de matriz africana. Essa visão deturpada da fé cristã é agravada por discursos que justificam a intolerância como forma de proteção de valores supostamente ameaçados. Nos Estados Unidos, o governo de Donald Trump está marcado por medidas controversas que exacerbaram divisões sociais. Entre elas, destaca-se a decisão de obrigar apenados transgêneros a cumprir suas penas de acordo com o sexo atribuído ao nascimento, uma medida que ignora direitos humanos básicos e reforça a marginalização desse grupo.

Outra política de destaque foi a deportação em massa de imigrantes ilegais, baseada em uma narrativa que associa imigração à criminalidade. Essa associação fortaleceu o preconceito contra comunidades imigrantes, alimentando um ciclo de estigmatização e exclusão social. Nos Estados Unidos, o imigrante passou a ser, cada vez mais, percebido como uma ameaça, o que contribuiu para a disseminação de discursos xenófobos e a criação de barreiras para a integração dessas pessoas. Tais medidas não apenas prejudicam indivíduos e famílias, mas também enfraquecem os laços sociais necessários para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

No Brasil, o quadro não é menos alarmante. A divisão entre os partidários do PL e do PT tem reduzido o debate público a um embate dicotômico, como se todas as questões sociais e políticas girassem em torno dessas duas forças. Essa polarização extrema tem impedido a construção de pontes e diálogos, alimentando um ambiente de hostilidade e desconfiança mútua. Enquanto o ódio e a intolerância se consolidam como linguagem política, o espaço para reflexões mais profundas sobre os problemas do país se torna cada vez mais escasso, deixando um vácuo onde deveriam existir propostas para um futuro mais solidário e democrático.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

TRUMP: gestos nazistas, postura excludente, supremacistas, discurso de ódio contra as minorias etc etc etc.


A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 2017, foi marcada por declarações controversas que mostram uma postura polarizadora e beligerante. Durante seu discurso, Trump apresentou uma visão de um país supostamente em ruínas, empregando termos como "carnificina americana" para descrever a situação econômica e social dos Estados Unidos. Essa narrativa, carregada de alarmismo, ignorava dados que mostravam avanços em diversas áreas nos anos anteriores, reforçando uma perspectiva de crise para justificar suas políticas futuras.

Entre as medidas mais impactantes do governo Trump nos primeiros dias estava a assinatura de ordens executivas voltadas contra imigrantes. A medida, sob a justificativa de segurança nacional, atingiu milhares de famílias e já está sendo alvo de denúncias judiciais, que aumentam as tensões entre a administração Trump e grupos de defesa dos direitos civis.

Além das restrições à imigração, o discurso e as ações de Trump frequentemente deslegitimam a diversidade cultural e racial dos Estados Unidos. Sua retórica é marcada por ataques a comunidades latinas, especialmente imigrantes mexicanos, retratados como criminosos e traficantes. Essa visão burra, simplista e xenófoba, amplificada por promessas como a construção de um muro na fronteira com o México, alimenta divisões internas e enfraquece o caráter multicultural que historicamente constitui a identidade americana.

Por fim, as políticas e discursos de Trump na presidência revelam um projeto político que mina valores fundamentais de inclusão e respeito à diversidade. Suas ações polarizam ainda mais uma sociedade já marcada por desigualdades, promovendo um nacionalismo excludente que desconsidera o papel crucial dos imigrantes e das minorias na construção dos Estados Unidos. O legado de sua posse e do início de seu mandato ecoa como um alerta sobre os perigos de narrativas que promovem a exclusão e o medo como instrumentos de poder.

A sua retórica foi direcionada a um público específico: a base conservadora americana, predominantemente formada por eleitores brancos das áreas rurais e trabalhadores desiludidos com o sistema político tradicional. Trump explorou o ressentimento de uma parcela da população que se sente ignorada pelas elites políticas e culturais, construindo uma narrativa de "nós contra eles". Ele prometeu restaurar um suposto passado glorioso, apelando para sentimentos nacionalistas e para a insatisfação econômica e social desses grupos, especialmente aqueles afetados pela desindustrialização.

Os apoiadores de Trump, por sua vez, não apenas aderem a essa visão como frequentemente a ampliam, seja em discursos públicos, seja em redes sociais. Grupos ultraconservadores e nacionalistas brancos, como os supremacistas e movimentos como os "Proud Boys", encontraram no discurso de Trump uma validação de suas ideologias. O respaldo presidencial a teorias conspiratórias e o incentivo indireto a discursos de ódio reforçam um ambiente em que preconceitos se normalizaram. Essa aliança entre Trump e seus seguidores consolida uma base fiel que não apenas corrobora suas ideias, mas também as defende com fervor, legitimando políticas discriminatórias e xenófobas como parte de um suposto esforço para proteger a "identidade americana".

E como se tudo isso já não fosse suficiente, durante a cerimônia de posse, gestos simbólicos também chamaram a atenção e alimentaram controvérsias. Um exemplo disso foi a presença de figuras públicas, como Elon Musk, que realizou gestos associados a simbologias nazistas, gerando ampla condenação nas redes sociais e por parte de especialistas em movimentos extremistas. Esse episódio, somado às primeiras ações de Trump reforçou a percepção de que sua administração não apenas tolerava, mas por vezes legitimava discursos e práticas alinhadas ao autoritarismo e à intolerância. Essa postura fica ainda mais evidente com os perdões concedidos a figuras controversas, como traficantes de drogas e indivíduos envolvidos na invasão do Capitólio, mostrando uma estratégia de fortalecer alianças políticas à custa de valores democráticos e do respeito ao Estado de Direito.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

16 anos: Um lugar para ser e dizer



Há 16 anos, o Blog Do Avesso nasceu despretensiosamente, como um espaço para compartilhar as impressões de uma viagem inesquecível a Buenos Aires. O que começou como um relato de momentos vividos, compartilhamento de fotos na capital portenha se transformou em um refúgio de palavras, um espaço onde cada texto reflete o meu olhar sobre o mundo, sobre mim e sobre os entrelaces da vida. Aqui, entre linhas e entrelinhas, deixo transbordar o que gosto e o que não gosto, o que me inquieta e o que me conforta.

Ao longo desses anos, o blog não seguiu um padrão nem se prendeu a rótulos. Não é científico, jornalístico ou informativo. É pessoal, íntimo, pulsante. É minha voz escrita, ecoando pensamentos, sentimentos e vivências. Tem momentos de maior intensidade, em que escrevo mais, como se o teclado pudesse dar conta de tudo o que transborda de mim. Em outros períodos, as palavras chegam mais devagar, como quem espera o momento certo para se manifestar.

Neste último ano, as postagens têm sido mais frequentes, refletindo sobre a minha vida, minhas experiências e os encontros – e desencontros – que me moldam. Escrever aqui tem sido um diálogo constante comigo mesmo, um espelho de emoções e inquietações. O Blog Do Avesso não é apenas um lugar para escrever; é um lugar para ser, para me reconhecer e, às vezes, até para me perder entre as tantas possibilidades de dizer.

Celebrar os 16 anos deste espaço é, acima de tudo, celebrar a liberdade de escrever sem amarras, de falar do que importa para mim e de encontrar, na escrita, uma forma de existir. Que venham mais anos, mais textos e mais momentos de entrega, porque, no fundo, este blog não é apenas meu – ele é também um convite para que cada leitor encontre, aqui, um pouco de si.

domingo, 19 de janeiro de 2025

Soixante

Hoje, completo sessenta anos de existência. Uma trajetória que se desenrolou em meio às mudanças do tempo, aos aprendizados constantes e às marcas que a vida me permitiu deixar e receber. Cada ano vivido é uma peça única no conjunto que forma quem sou, com suas luzes e sombras, encontros e despedidas, conquistas e recomeços. É impossível olhar para trás sem reconhecer a importância de cada instante, até mesmo daqueles que, no momento, pareciam apenas desafiadores.

Seis décadas significam mais do que tempo. Representam histórias partilhadas, momentos de superação e o simples fato de estar aqui. É uma alegria imensa saber que, apesar das adversidades, a vida continua a me abraçar, oferecendo a chance de renovar sentidos e de caminhar com a alma aberta ao que está por vir. Celebrar não é sobre grandes alardes, mas sobre reconhecer, em silêncio, a profundidade e o privilégio de estar vivo.

Hoje, escolho celebrar a vida com gratidão, por tudo o que me trouxe até aqui. Pelos afetos, pelas trocas e pela possibilidade de continuar aprendendo e me transformando. Este dia é um marco, mas também é um convite para seguir adiante com a coragem de quem sabe que viver é, acima de tudo, um ato de esperança.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

BBB: A tv (Globo, mas não apenas ela) aberta força uma relevância e molda as conversas públicas



A imposição do Big Brother Brasil (BBB) na programação da TV aberta, especialmente na Rede Globo (mas não apenas, porque outras emissoras tb se alimentam desse programa), levanta questões sobre a falta de alternativas para quem não tem acesso à TV por assinatura ou plataformas de streaming. Com uma antena interna, a Globo muitas vezes é a única opção de entretenimento para milhões de brasileiros, consolidando o BBB como o centro das discussões televisivas e sociais durante sua exibição. Isso cria um cenário em que aqueles que não apreciam o programa se veem sem alternativas atraentes, tornando-se reféns de uma grade de programação limitada e massificada.

Essa hegemonia do BBB não se limita à exibição do programa em si, mas se estende ao jornalismo e às outras atrações da emissora, que frequentemente incorporam pautas e debates relacionados ao reality show. Sem falar (e já falando) das inserções durante a programação. A narrativa dominante transforma o programa em um fenômeno inevitável, forçando sua relevância e moldando as conversas públicas. Para quem não se interessa pelo formato ou pelo conteúdo apresentado, essa insistência pode ser percebida como um excesso, uma vez que se restringe o acesso a outras formas de entretenimento ou informação na televisão aberta.

A questão central, portanto, é como equilibrar o poder de atração de um programa de sucesso com a responsabilidade de oferecer uma programação mais diversa e inclusiva para os telespectadores. Enquanto o BBB conquista grande audiência e engajamento, a ausência de opções alternativas reforça a sensação de que o espectador sem acesso a outros meios está preso a um modelo de consumo único e monopolizador. Esse cenário reflete não apenas uma limitação na pluralidade da oferta televisiva, mas também um desafio maior para a democratização da mídia e do entretenimento no Brasil.

Caber no outro como quem encontra um lugar seguro

Há um amor que nos atravessa feito uma saudade que aperta o peito como se faltasse ar. É um amor que não se satisfaz com o som da voz, nem c...