sábado, 23 de janeiro de 2010

Era uma vez (texto)

Era uma vez uma Tristeza bem grande. Ela morava pertinho, bem ao lado da Solidão. Sempre que podiam (e sempre podiam!) tomavam o café da manhã juntas. Parece até que combinavam. O dia, então, ficava repleto de melancolia. Elas se compreendiam e eram tão íntimas que mesmo em silêncio, mesmo sem uma única palavra que fosse, se sabiam.
Certo dia a Tristeza resolveu convidar a Saudade também para esse encontro, ela não morava tão longe, na verdade, morava na mesma quadra. Bem ali na outra esquina. E a Tristeza apostava que a Saudade e a Solidão se dariam bem.
Foi uma grande descoberta porque perceberam que eram partes umas das outras. Daquelas amizades que não se pode explicar: era como se se conhecessem há muito tempo. Nunca mais se deixaram. Elas mal podiam, diante de tamanha afinidade, descobrir quem era uma e quem era a outra.
Não sei dizer se viveram felizes para sempre, mas posso afirmar que viveram juntas por muitos anos.

Os outros (texto)

Ontem estive na casa de grandes amigas, fazia tempo que eu não aparecia por lá. Fiquei muito feliz em reencontrá-las. Primeiro porque o papo sempre é muito agradável e divertido, tudo, ou melhor, tu-do passa pelo engraçado, pelas piadas. Até o mais complicado relato, em termos de desgastes pessoais, tem um fundo de humor, é leve (a vida é bem melhor assim, quando a gente consegue rir, claro que é necessário um certo distanciamento, de nós mesmos). Depois pelo jeito que me recebem sempre: um carinho enorme.
O almoço um delícia. Os risos frouxos e presentes o tempo todo. A conversa sem intervalos. Os abraços apertados e saudosos. Estava em casa, mas não na minha casa e isso faz toda a diferença. Já explico.
A família cresceu: agora tem a Júlia (uma peste) e o Murilinho (no mesmo caminho). Ela eu já conhecia meio de passagem, ele apenas por ouvir falar. Lindos! Dá até vontade de ter um filho.
As relações extrafamiliares são, normalmente, desprovidas de julgamento e isso faz delas uma relação quase que ideal. Estamos ali por puro prazer e não nos achamos senhores da lei, donos da verdade.
As relações familiares são, quase sempre, produzidas por meio de julgamento. E aí a coisa fica realmente complicada porque outro "bebe por isso e por aquilo," o outro "é assim e assada tb por aquilo", "toma certas decisões porque tem algo por detrás" etc. Não relaxamos, quase sempre tb, para perceber que pouco temos ou nada temos com o que o outro faz de sua vida. E isso não tem nada a ver com ser indiferente, superficial ou raso, bem ao contrário, tem a ver com respeito pela vida do Outro.
E não é fácil se livrar desse tipo de intimidade, talvez porque ela faça parte da relação familiar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Reivindicação é legal (texto)

Soube ainda agora do tumulto em São Paulo depois da chuva e 9 mortos. Acompanhei no JN (Jornal Nacional) a forma como os moradores do Grajaú (zona sul de São Paulo) manifestaram a sua indignação: ônibus queimado, violência, revolta, cólera com as observações do prefeiro Gilberto Kassab (DEM) sobre a área atingida e as responsabilidades.
Não sou favorável a nenhum tipo de violência, mas não posso ficar indiferente quando essas situações acontecem e os políticos sobrevoam ou vão até o local para nada (não sei como é a prefeitura de São Paulo, mas não deve ser muito diferente da do resto do país.).
É violenta a indiferença dos políticos com a população. É violenta tb a nossa indiferença diante do descaso dos governantes (devíamos nos organizar mais e protestar mais. Se é que há alguma organização e protesto se comparado à quantidade de desgraça, e indiferença das autoridades, que assola o país.).

Moradores cercam o carro do prefeito Gilberto Kassab em área que sofreu deslizamento de terra (Foto: Paulo Toledo Piza/G1).

Renovando a pele (texto)

Gosto muito de tatuagem (não me refiro apenas à música do Chico). Acho, além de bonito, interessante o ritual de escolher um desenho e reproduzi-lo na pela para se enfeitar. Tenho algumas bem antigas e que estavam, não só por isso, feias. Aí resolvi de duas fazer uma.
Será finalizada em três sessões: duas já se foram. Estou no processo de pintura.
Primeiro o tatuador traçou o desenho (acima), hoje ele fez as sombras e o que deve ficar em preto (abaixo) e na próxima terminamos.
Essas duas sessões foram bastante doloridas, mas como o resultado vai estar de acordo com o desejo, vale à pena sofrer um pouquinho. Não dizem por aí que sem dor não tem aprendizado? Apelei, né?
Eu tinha umas flores bem pequenas no braço e um mago nas costas. Agora terei, no fim desse trabalho, apenas flores.
Já estou gostando do que ando vendo.

A Lapa às traças (texto)

Nem um posto móvel da Polícia Militar nem 2 carros e um micro-ônibus da Guarda Municipal de plantão na Lapa, ontem à noite, foram capazes de inibir a ação de um bando de crianças e adolescentes (mais ou menos 15) que assaltavam ou ameaçavam algumas mulheres que passavam pelos Arcos.
Fui ao posto móvel e pedi que algum policial fizesse o favor de dar uma volta no local. Sequer se levantaram para me atender. Estavam de papo com uma mulher e lá ficaram. As crianças continuaram a atacar.
Os guardas municipais conversavam entre si.
Meia hora e algumas bolsas roubadas liguei para o 190 e pedi uma patrulha. 20 minutos depois eles apareceram, ainda que os Arcos fiquem a 200 metros de um batalhão da PM. Não fiquei para ver o desfecho porque já estava indignado com a indiferença de quem devia manter a ordem pública.
O que fazem esses policias se não podem impedir que um bando de crianças roubem? Qual a função desse posto móvel se não inibe a ação de bandidos na Lapa? Tentei ligar agora para a ouvidoria tanto da Guarda Municipal quanto da PM e não consegui prestar queixa porque a sistema está, naquele, lento, e neste em reparo. Pode? Pode!!!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Tamanho e documento (texto)

Faz algum tempo queria postar aqui um pequeno texto sobre o grande problema que é para muitos homens o tamanho do pênis. Não é nenhum texto científico ou baseado em algum estudo do gênero, bem ao contrário, são impressões, bastante pessoais, sobre o tema.
Tamanho não é documento (será clichê?), mas não posso, por isso, negligenciar a dimensão da pulga atrás da orelha quando o assunto gira em torno dele (com vida própria e independente). Nornalmente o homem não se preocupa quando ele é grande (acho), mas se ele desconfia que o próprio pênis não tem o tamanho "ideal" (e isso muitas vezes acontece porque o parâmetro é o pênis do outro ou suas representações), isso pode significar o fracasso de uma vida. Sem exageros.
Mulheres podem (no sentido de ser possível), com a ajuda de um cirurgião plástico, adequar o tamanho dos seios e bumbuns ao gosto pessoal, mas o tamanho do pênis nem milagre, nem com muita oração e reza forte, trabalho em encruzilhada, não resolve. Os tratamentos oferecidos não fazem, segundo médicos, efeitos (existem cirurgias para o aumento do pênis, mas elas têm um efeito muito limitado e podem, no máximo, aumentar uns 2 ou 3 cm.).
O motivo é que o pênis por ser visível e palpável, desencadeia na infância o complicado processo de construção da identidade masculina. E a confusão está, normalmente, porque é o único órgão do corpo que varia de tamanho (de acordo com a fantasia, imaginação, imagens, palavras ou lembranças). O que o torna responsável pelo prestígio viril, oscilando entre a magalomania e a baixa auto-estima.
Diversos livros nos traz a informação de que o tamanho médio do pênis varia entre 13,8 a 17,5 (veja a importância dos milímetros), mas nenhum estudo afirma que a performance tenha alguma relação com o tamanho. O prazer está muito mais relacionadas à cabeça e às emoções que rolam durante a transa. As mulheres (somente impressões) quase nunca referem ao tamanho do pênis como sendo um fator importante na transa, o tamanho é mais significativo para os gays. Achar que não vai satisfazer a parceira ou parceiro porque o pênis não é grande é muito mais uma encanação do que a realidade.

4.5

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...