O Trabalho de Conclusão de Curso (doravante, TCC), normalmente, é uma das primeiras produções acadêmicas dos estudantes de graduação. Claro que eles vão experimentando a escrita científica ao longo do curso de graduação: nas provas, nos trabalhos, na iniciação científica, no PIBID, entre outras atividades.
No entanto, o TCC é realmente o trabalho que encerra o período da graduação. E para ter sucesso no seu fechamento, é importante que o aluno esteja atento às etapas desse processo:
O primeiro a se fazer é encontrar um tema que realmente seja de interesse. Não dá mesmo para ficar no último ano da graduação com todas as disciplinas que ainda precisam ser concluídas e ainda ter que escrever, ler sobre um assunto que não seja de seu interesse pessoal. Essa decisão tb pode ser tomada juntamente com um professor com o qual o aluno queira trabalhar. Às vezes o aluno fica meio perdido e pensar com outro sempre é melhor: pensar junto sempre é mais produtivo.
Tema decidido, tem que procurar agora um orientador. E, de repente, o tema pode passar por alguns ajustes, porque tb não dá para um professor orientar um tema sobre o qual não tem qualquer interesse, domínio ou leitura, mesmo que seja apenas um trabalho de conclusão de curso. Para o professor é um TCC, mas para o aluno não é tão simples assim.
Superada essa etapa, não se pode mais perder tempo. O ideal é que o aluno já vá pensando no tema no final do penúltimo ano, porque aí no início do último ele já passou por essa fase de indecisão.
O próximo passo é o cronograma, ie., o aluno precisa organizar um passo a passo para realizar todas as tarefas de modo que a data final para a apresentação do trabalho não seja prejudicada por alguma etapa não cumprida.
Em geral, é bom pensar que o texto final precisará passar por uma revisão, realizada por outra pessoa. E isso demanda tempo e disponibilidade do revisor. Seria bom que o revisor tivesse, pelo menos, uns 15 dias para realizar essa tarefa, e ainda o aluno tivesse uma semana para corrigir possíveis problemas.
Isso quer dizer que o aluno precisa, entre a data de fechamento (revisão, impressão, encadernação) e a data para protocolar as cópias uns 30 dias. Tudo isso deve ser pensado quando da elaboração do cronograma. Este deve ser cumprido rigorosamente para que nada possa atrapalhar o andamento de cada etapa.
Em geral, o primeiro passo é a elaboração do projeto:
1. Escolha do tema;
1.1 Delimitação do tema;
2. Problematização;
3. Justificativa;
4. Objetivos;
4.1 Objetivo geral;
4.2 Objetivo específico;
5. Fundamentação teórica;
6. Metodologia;
7. Cronograma
O item 1 já foi falado.
Vamos agora para o item 1.1 É importante que o aluno saiba que um TCC tem que ser feito juntamente com, como já foi falado, as disciplinas do último ano, com as provas dessas disciplinas, com os trabalhos para essas disciplinas, por vezes, ainda, com estágios. Por isso, delimitar o tema é fundamental. Ninguém vai mudar o mundo com um TCC. E nem vai conseguir fazê-lo pensando em diversos objetivos. Não dá tempo. Tem que ser prático, objetivo, racional nessa delimitação. O aluno, e tb o professor, precisa saber que tem que haver foco. Ou seja, apenas um objeto de investigação e mesmo assim um recorte bastante significativo sobre ele.
Por exemplo, vc vai estudar um tema que lhe interessa nos jornais OU revistas de grande circulação. Não dá para pensar que vai conseguir fazer isso em todos os exemplares do jornal ou revista da última década ou ano. Não dá tempo. Vc precisará definir uma quantidade mínima de material para ser analisado de forma que consiga dar conta de toda essa leitura. O senso de realismo é fundamental. Por isso tb que existe a figura do orientador para mostrar isso ao estudando, que, em geral, tem pouco experiência.
2. A problematização: todo trabalho científico se inicia com a formulação de um problema e tem como meta procurar uma solução para ele. A visão clara do tema (veja como é importante a definição do tema) se completa com a sua formulação em termos de problema. Ou seja, o tema escolhido deve ser “problematizado”. A colocação clara do problema desencadeia a formulação de hipóteses a serem comprovadas no decorrer do trabalho.
A problematização é a formulação de uma questão que se buscará responder por meio da pesquisa, ie., o problema é a pergunta que a pesquisa pretende resolver.
Por exemplo, qual a influência dos meios de comunicação de massa na produção escrita dos alunos do ensino médio sobre tal assunto? Uma ex-aluna pesquisou o tema "Casamento entre pessoas do mesmo sexo" e resolveu verificar de que forma o texto de um jornal influenciaria ou não da produção escrita de alunos no último ano do ensino fundamental. Ela pediu que os alunos produzissem um texto sobre esse tema (sem qualquer discussão sobre ele, apenas a partir do que eles já sabiam, tinham ouvido etc.), depois trabalhou com esses alunos 2 textos de diferentes jornais, a partir do mesmo ponto de vista sobre o casamento entre pessoas do mesmos sexo e depois ela pediu que os alunos (re)fizessem a produção textual sobre o tema lido e debatido em sala de aula. A hipótese dela era a de que o texto jornalístico iria influenciar na produção desses alunos.
3. Justificativa:
Como o próprio nome indica, a justificativa é dizer o porquê da importância de produzir tal pesquisa. Por que vc acha que desenvolver o seu tema é importante? Em que ele pode contribuir para melhorar alguma coisa? Para se pensar mais sobre algum assunto etc.? Não é o lugar para ficar exaltando de forma enlouquecida o tema por vc escolhido. Não é isso. Pode-se justificar o tema pela importância social de se discutir aquele assunto. Ou de saber o funcionamento daquele assunto junto aos alunos, numa comunidade etc.
4. Objetivos:
Eles constituem a finalidade do trabalho, ie., a meta que se pretende atingir com a elaboração da pesquisa.
São eles que indicam o que um pesquisador realmente deseja fazer. Sua definição clara ajuda em muito na tomada de decisões quanto aos aspectos metodológicos da pesquisa.
Podemos distinguir dois tipos de objetivos em um trabalho científico: 4. Os objetivos gerais e os 4.1 Os objetivos específicos.
Como o próprio nome diz, os objetivos gerais são aqueles mais amplos. São os de longo alcance. Em geral, o primeiro e maior objetivo do pesquisador é o de obter uma resposta satisfatória ao seu problema de pesquisa.
Para se cumprir os objetivos gerais é preciso delimitar metas mais específicas dentro do trabalho. São elas que, somadas, conduzirão ao desfecho do objetivo geral. Essa metas mais específicas são os objetivos específicos. Se faz mediante o emprego de verbos no infinitivo: contribuir, analisar, descrever, investigar, comparar...
5. Fundamentação teórica:
Opções teóricas só podem nascer das exigências internas que o problema da pesquisa cria. Para optar, precisamos conhecer as alternativas que se apresentam. Isso implica conhecimento da bibliografia existente.
As escolhas teóricas, que somos necessariamente levados a fazer, não podem ser frutos de um impulso, ainda menos de uma imposição, ou para estar de acordo com a especialidade do orientador de uma pesquisa, ou, o que é ainda pior, simplesmente para agradá-lo.
A fundamentação é também chamada de "embasamento teórico" ou de "teoria de base", o quadro teórico de referência é algo que brota diretamente do levantamento bibliográfico para a elaboração do estado da arte de um problema de pesquisa. Tendo brotado do estado da arte, a fundamentação teórica implica um avanço em relação àquele, na medida em que resulta de uma escolha consciente, crítica e avaliativa da teoria ou compósito teórico que está melhor equipado para fundamentar o desenvolvimento da pesquisa, em consonância com a metodologia que designa.
O quadro de referência teórico consiste no corpo teórico no qual a pesquisa encontrará seus fundamentos. Todo projeto deve conter os pressupostos teóricos aos quais as interpretações irão se conformar. Eles são inevitáveis simplesmente porque não podemos evitar os pressupostos, sob pena de ficarmos imersos tão somente no senso comum.
6. Metodologia:
Para começar a falar sobre método científico e sua história, uma boa dica é exibir o filme sobre a vida de Galileu Galilei, que empreendeu uma verdadeira revolução no pensamento científico, desenvolvendo as bases do que ficou conhecido como método experimental.
As aplicações do método científico e seus procedimentos também podem ser analisadas a partir dos filmes Fim dos Tempos e Óleo de Lorenzo. Este último, dirigido por um médico e que trata de um empreendimento de descoberta científica levada adiante pelos pais do menino Lorenzo, portador de leucodistrofia.
Evidentemente, o cinema reinterpreta a ciência em todos esses filmes. Por isso mesmo, nos ajudam a pensar sobre ciência (não de maneira fria, como em um manual científico), mas a partir de suas questões éticas e os dilemas humanos.
É no momento da indicação dos procedimentos metodológicos que o pesquisador deve localizar o tipo de pesquisa que está realizando, teórica ou aplicada, histórica ou tipológica, crítica ou sistêmica, empírica com trabalho de campo ou de laboratório etc. A metodologia está SEMPRE estreitamente ligada a essa tipologia.
Além disso, os métodos devem estar perfeitamente afinados com o problema proposto e com as hipóteses. Tendo o problema em mente, o pesquisador deve se perguntar: "como e com que meios" poderei resolvê-lo? Este "como e com que meios" entrelaça as hipóteses e o método.
As hipóteses funcionam como sinalizações para o caminho a ser percorrido. Por isso, o método deve estar sintonizado nessas sinalizações. Além disso, não pode haver contradição entre o método e a fundamentação teórica, pois, muitas vezes, o método advém diretamente do quadro teórico.
7. Cronograma:
O cronograma da pesquisa deve ser estabelecido com indicação das etapas da pesquisa que serão cumpridas em cada período mencionado.