quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Do avesso


 

Para 2025



Chega um novo ano, e com ele, o desejo de ajustar os ponteiros internos. Para 2025, minha maior meta é simples, mas profunda: viver um dia de cada vez. Sem ficar preso ao passado, que já não posso mudar, e sem alimentar a ansiedade sobre um futuro que ainda não chegou. Quero estar presente, aproveitar o tempo que tenho, porque é no aqui e agora que a vida realmente acontece. Parece óbvio, mas não é fácil – exige atenção, escolhas conscientes e, sobretudo, paciência comigo mesmo.

Também quero cuidar mais do corpo e da mente. Comer de forma mais saudável, retomar os exercícios e me lembrar de que meu bem-estar não é algo que posso adiar. No trabalho, minha meta é buscar o equilíbrio: nem me sobrecarregar, nem me acomodar. Fazer o necessário com dedicação, mas sem perder de vista que a vida não pode ser resumida a metas de produtividade. Quero ser mais contido com o dinheiro, planejar melhor e evitar gastos desnecessários, mas sem transformar isso em um peso.

Por fim, 2025 será o ano de me abrir mais para o mundo. Aceitar convites, sair mais de casa, ouvir mais e falar menos – porque ouvir é um ato de generosidade e aprendizado. Quero ser menos irritado com a burocracia da vida, afinal, nem tudo precisa ser perfeito para funcionar. E, acima de tudo, quero seguir em frente com leveza, encarando as imperfeições como parte do caminho. Não são metas grandiosas, mas são as que, para mim, fazem sentido agora. Que venha 2025, um dia de cada vez!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Autohomofobia que se alimenta de rejeitar o outro



A autohomofobia é um fenômeno que carrega em si a violência de um sistema opressor introjetado no sujeito. É o resultado de uma sociedade que constrói o desejo como algo normativo e punível quando escapa às regras impostas. O sujeito, interpelado por discursos homofóbicos, internaliza a rejeição à sua própria sexualidade, gerando um conflito profundo entre o que sente e o que acredita que deveria ser. Essa rejeição não apenas fere sua relação consigo mesmo, mas também mina a possibilidade de viver um amor pleno e sincero com o outro. Amar, nessas condições, torna-se um campo de batalha onde o desejo é ao mesmo tempo força vital e terreno de culpa.

Quando o amor do outro é sabotado, ele alimenta a narrativa interna da autohomofobia. Na tentativa de se proteger de julgamentos externos, o sujeito projeta sua própria rejeição no parceiro, na relação ou até na ideia de amar. O outro passa a ser um espelho do desejo que não se pode assumir, um lembrete doloroso do que a sociedade condena. O amor, que poderia ser espaço de encontro e cura, é transformado em mais uma arena de negação e autoagressão. O sujeito fere o outro na tentativa de sufocar em si mesmo aquilo que acredita não ter o direito de existir.

Romper esse ciclo exige um enfrentamento das ideologias que sustentam a autohomofobia e uma reconstrução discursiva do desejo. Reconhecer que o amor é possível, legítimo e humano é o primeiro passo para quebrar as correntes do ódio internalizado. Não se trata de uma mudança simples, mas de um processo de desconstrução de um sistema de sentidos que organiza o sujeito contra si mesmo. Amar o outro sem destruir o que ele representa só será possível quando o sujeito começar a amar a si mesmo como é, reescrevendo sua história e resistindo aos discursos que o interpelam como alguém que deve negar sua própria existência.

Mudando de sala






Chega o fim do ano, e com ele a sensação de que tudo passou rápido demais — ou devagar demais, dependendo de como foi sua jornada. É o momento em que olhamos para trás e enxergamos uma mistura de conquistas, tropeços e aquele tanto de coisa que prometemos fazer, mas ficou pelo caminho. E aquele outro tanto que não prometemos, mas as condições nos impuseram fazer.

Não foi fácil: teve gente que nos decepcionou, gente que se decepciou conosco, teve dias que pareciam intermináveis, e momentos em que o cansaço parecia maior do que a nossa vontade de seguir em frente. Teve semana que passou num piscar de olhos. Segunda-feira que chegou sem que a gente tenha descansado. Mas, de algum jeito, estamos aqui, inteiros (ou remendados), mas aqui.

No meio de toda a correria, certamente aprendemos algumas coisas. Aprendemos que nem sempre a vida vai nos entregar o que queremos, mas que ainda assim temos a força para buscar o que precisamos. Que não importa quantas vezes nos sentimos pequenos, frágeis, sozinhos ou perdidos, sempre há uma faísca que nos faz recomeçar. Talvez tenha sido um sorriso inesperado, um abraço silencioso, um olhar ou até uma palavra dita na hora certa. Entre as agruras, descobrimos que mesmo os dias difíceis deixam marcas que, mais tarde, se tornam histórias de superação.

E agora, enquanto o calendário se prepara para finalizar, não se trata apenas de esperar que o próximo ano seja melhor. Trata-se de reconhecer o tanto que já fizemos, o tanto que resistimos. De nos permitirmos acreditar, mais uma vez, que o que vem pela frente pode não ser novo, mas, visto com uma certa distância, menos dolorido. 

sábado, 28 de dezembro de 2024

A esperança que se renova no ano que chega


O Ano Novo, mais do que um evento marcado pelo calendário, é um espaço discursivo onde se inscrevem expectativas, desejos e projeções de um futuro melhor. No movimento materialista da análise do discurso, compreendemos que a esperança que se manifesta nesse momento não é um sentimento do sujeito (ainda que se menifeste nele como se nele surgisse), mas um sentido sustentado por relações históricas, sociais e ideológicas. Ao dizer "Feliz Ano Novo", carregamos sentidos que ultrapassam a literalidade, ecoando uma memória (em nossa formação social) de recomeços e transformações possíveis, mesmo em meio às contradições do cotidiano.

Essa esperança, no entanto, não surge como algo autônomo ou natural, mas como um efeito de sentido que articula as condições materiais de produção da vida. Ela é atravessada por ideologias que interpelam os sujeitos, fazendo-nos desejar o novo enquanto lidamos com marcas do passado e do presente. O Ano Novo torna-se, assim, um lugar onde o sujeito se projeta para além das limitações impostas, buscando no simbólico e no imaginário a possibilidade de mudança. É um tempo em que os discursos sobre superação e renovação ganham força, configurando-se como práticas que reafirmam a dimensão histórica da luta por dias melhores.

Na materialidade discursiva, a esperança do Ano Novo pode ser lida como resistência. Resistência às adversidades, às desigualdades, às imposições de um tempo que muitas vezes nos parece rígido e imutável. Esse gesto de desejar e projetar o "novo" é, em si, um ato político e simbólico que interpela os sujeitos a não apenas esperar, mas a agir. Que este Ano Novo seja um espaço de inscrição para novos sentidos, onde a palavra "esperança" não seja apenas a repetição do já-dito, mas a afirmação de que, ao produzir novos discursos, também somos capazes de produzir novas realidades.

2025: O ano da Serpente de Madeira




O ano Serpente de Madeira faz parte do calendário chinês, que segue o zodíaco baseado em ciclos de 12 anos, cada um associado a um animal, combinado com os cinco elementos da filosofia chinesa: MadeiraFogoTerraMetal Água. Cada combinação ocorre uma vez a cada 60 anos.

Simbologia da Serpente

Na cultura chinesa, a Serpente é um símbolo de sabedoria, intuição, mistério e transformação. Pessoas nascidas em anos regidos pela Serpente são vistas como analíticas, perspicazes e inteligentes. Elas têm uma forte capacidade de introspecção e muitas vezes são associadas à elegância e ao charme.

O elemento Madeira

A Madeira é um elemento que representa crescimento, criatividade e adaptabilidade. É também associada à vitalidade, compaixão e ao impulso de construir e expandir. Quando combinada com a Serpente, esse elemento adiciona uma energia mais gentil e equilibrada às características geralmente reservadas e estratégicas da Serpente.

Características do ano Serpente de Madeira

  • Personalidade do ano: É um período marcado por sabedoria prática, criatividade e busca por harmonia. Pode ser um ano de transformações sutis e profundas, onde as pessoas são incentivadas a planejar cuidadosamente e a confiar em sua intuição.
  • Energia coletiva: O ano Serpente de Madeira favorece estratégias bem pensadas, decisões calculadas e crescimento pessoal. É ideal para aprender, crescer e explorar aspectos mais profundos de si mesmo e dos outros.
  • Relacionamentos e trabalho: O elemento Madeira suaviza o caráter estratégico da Serpente, promovendo maior cooperação e compaixão nos relacionamentos e ambientes profissionais.

Um ano de transformação

O ano Serpente de Madeira convida as pessoas a olharem para dentro, valorizando o crescimento pessoal e a renovação. É um tempo de construir com paciência e sabedoria, deixando que as sementes plantadas se desenvolvam de maneira sólida e duradoura. É uma energia que mistura inteligência, criatividade e intuição para transformar desafios em oportunidades.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Por que choramos?


Chorar é um ato profundamente humano, uma entrega que transcende palavras e nos conecta com o que há de mais íntimo em nós. Cada lágrima que escorre carrega um peso que às vezes nem sabemos nomear — uma dor guardada, uma saudade que aperta, ou mesmo uma felicidade tão intensa que explode em líquido. O choro é o idioma das emoções quando o coração, incapaz de silenciar, encontra seu próprio jeito de falar. Ele revela nossa fragilidade, mas também nossa força, porque só quem sente profundamente é capaz de derramar-se assim, por inteiro.

Há algo de belo na vulnerabilidade que o choro expõe. Ele abre um portal para o outro, permitindo que quem nos vê, nos sinta, nos alcance. Ao chorar, dizemos sem dizer: “estou aqui, humano como você, com as mesmas dores e esperanças”. E nesse momento, é como se as barreiras do mundo se desmanchassem. Um choro não precisa de tradução; é universal, compreendido por todos, de qualquer lugar ou cultura. Ele nos lembra que, no fundo, compartilhamos a mesma essência, essa necessidade de sentir, de amar, de pertencer.

E depois de chorar, vem o alívio, como uma chuva que limpa o céu para que o sol brilhe novamente. Chorar nos esvazia do que pesa, nos renova. É como se a alma, ao derramar-se, encontrasse espaço para respirar de novo. É um ritual silencioso de cura, um reencontro consigo mesmo. Então, da próxima vez que o coração pedir para chorar, permita-se. É um gesto de coragem, de aceitação, de amor por si mesmo. Porque é no ato de chorar que, paradoxalmente, encontramos força para seguir em frente.

A arte de apagar o outro

No mundo acadêmico (mas não apenas nele), há uma habilidade que alguns dominam com maestria: a arte de se apropriar do que não lhes pertence...