Eu sigo um perfil no Instagram (aliás, eu sigo muitos perfis) que postam frases, comentários, pequenos poemas que dizem muito sobre o comportamento humano. Esse especificamente (@soureciproco) posta mensagens sobre os sentimentos, sobre solidão, sobre os amores que sentimos, que perdemos etc.
Esta semana recebi a postagem acima (que compartilhei no meu perfil (@asferraris) e que me fez pensar muito sobre ela. Desses pensamentos, surgiu esta postagem aqui. Vejam o que acham deles (do texto e da postagem). Ah, sigam os perfis!!!
Há um momento em que a gente percebe: insistir no que não é para nós é como tentar forçar um sapato apertado só porque ele parece bonito. Dói, incomoda, limita os passos. Mas, ainda assim, quantas vezes nos pegamos alimentando situações, relações ou ideias que não nos cabem mais? A força que investimos em manter o que não é para ser acaba nos distanciando daquilo que, de fato, poderia nos fazer florescer. E é nesse tempo gasto com o que não corresponde que adiamos o encontro com o que realmente importa.
Há algo de cruel em nutrir o que não nos serve: a gente vai se moldando para caber, se afastando de si mesmo aos poucos. O medo da perda, da solidão ou do fracasso sustenta laços frouxos, caminhos tortos, projetos que não dizem mais nada. Alimentar o que não é para nós é como regar uma planta de plástico — exige esforço, mas nunca floresce. E enquanto isso, o que é genuíno, aquilo que poderia nos alcançar de verdade, permanece à margem, esperando uma chance de ser visto, reconhecido, acolhido.
Adiar o que realmente é tem seu custo. Porque o tempo não pausa. Aquilo que poderia estar sendo construído, vivido, experimentado se retrai diante da ausência de espaço. E quando, enfim, nos damos conta, levamos junto o cansaço do que sustentamos e a frustração do que deixamos escapar. Desapegar do que não é fácil, mas é também o primeiro gesto para abrir lugar para o novo, para o que nos convoca com verdade — mesmo que venha com medo, com incerteza, com recomeço.
O mais curioso é que, muitas vezes, sabemos o que não é para nós. Sabemos — ainda que abafado — o que nos fere, o que nos aprisiona, o que já perdeu o sentido. Mas vamos adiando o enfrentamento, alimentando o engano, como quem teme o vazio que vem depois. Só que o vazio é também semente. E quando paramos de alimentar o que nos esvazia, o que é de verdade começa, enfim, a germinar.