sábado, 20 de setembro de 2014

Da Série Contos Mínimos

Encontraram-se uma, duas, 3 vezes. De repente, a vontade de se ver foi crescendo. Dias sim, dias não. Nos dias "não" uma saudade incontrolável foi tomando conta deles dois. Até que.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Da Série Contos Mínimos

"Num tempo suspenso" era esta a sua impressão sobre os últimos anos. Tudo lhe parecia ter se passado num outro plano. As peças não se encaixavam. As palavras não lhe faziam sentido. Tudo meio fora do lugar. Desconfiava até que não estava no seu melhor estado de saúde mental. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Fiquei perdido em um episódio de Arquivo X

Aos poucos vou tomando conta do meu dia a dia. Eu sabia que o retorno seria mais fácil do que a ida. E está sendo. Gosto de estar por aqui. Gosto de estar perto de mim mesmo. 
A sensação é a de que saí de mim por um tempo e a de que fiquei perdido em algum lugar, talvez num episódio de Arquivo X, sei lá. Esses primeiros dias estão sendo usados ainda para colocar em ordem a minha casa e a minha vida pessoal e profissional: quase tudo ficou suspenso.
Estranho ter que reaprender coisas mínimas. Nem vou contar aqui porque beira o ridículo. Não encontro alguns objetos e outros me deixam surpresos ao encontrá-los.
Os alunos estão dispersos demais. Não os vejo. Os amigos estão mais presentes. Isso é bom. Gosto dessa rotina meio atrapalhada de (re)início. 
Encontro pessoas que não sabiam que eu estava fora, mas que sentiram a minha ausência. Como isso é estranho! Sumi e pronto. Voltei e pronto tb. 

sábado, 13 de setembro de 2014

Dá Série Contos Mínimos

dos poços. Qualquer visitante que chegasse, enxergaria somente poços ...De repente, a gente acorda dentro de um poço. E fica por um tempo tentando descobri como/quando foi parar ali. Aquele buraco tão fundo, úmido, escuro, escorregadio e sem ninguém por perto. 
Não é que não se saibam os motivos, todo mundo sabe deles. Mas é que se vai empurrando com a barriga, fingindo que consegue dar conta dele, pensando que é fácil sair dali sem arranhões. 

domingo, 7 de setembro de 2014

Ácaros gigantes

A minha casa é uma ilha rodeado por ácaros gigantes, feios e assustadores. Tão assustadores que não consigo respirar, dormir, ficar em casa sem achar que estou me esvaindo em espirros.
A casa deveria ter sido limpa, pelo menos, uma vez por mês, mas pelo visto a limpeza se deu apenas alguns dias antes de eu chegar. 
Estou mergulhado nesse mar de poeira e infectado por esse cheiro de coisas guardadas.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Criancinha mimada e emburrada depois dos 45 é ridículo

Voltar está sendo muito bom, mas a volta significa tb retornar ao trabalho o que nem sempre é divertido, sobretudo, porque a gente precisa lidar com o ego dos amigos: e uns são muito sensíveis, a ponto de se comportarem como criancinhas mimadas. 
Ou vc faz exatamente o que ele quer ou ele se ofende, fica de cara feia e te manda recadinhos malcriados. Haja saco para aturar gente velha se comportando como menininha que não ganhou da mãe o brinquedo que queria na ida ao supermercado.
Faz pirraça: se joga no chão, como se isso fizesse mesmo algum sentido para um adulto, profissional. Tô cansado disso. Muito cansado mesmo e não tenho mais paciência para ficar concorrendo com ninguém. 
Não participo de concursos de miss. Não tenho jeito para isso. Quase aos 50 se vc não aprende o mínimo devia pedir licença para cagar e dar um tempo de pelo menos 3 anos para reaparecer.
Ou se conversa para resolver a questão como os adultos devem fazer ou não tem outra alternativa. O que não dá é para ficar emburrado achando que o mundo está contra vc e que se vc se sacrificou pelo outro como pode ele não reconhecer a minha dedicação (?).
Bem, escrever não resolve, mas pelo menos, a gente vai organizando um pouco a nossa impressão.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Da Série Contos Mínimos

Ela gostava muito de dinheiro e fazia qualquer coisa para consegui-lo. Não importava se era preciso vender a mãe ou rifar o pai. Nada disso era importante diante do vil metal. A "saudosa" mãe que se salvasse sozinha se a impedisse de ganhar um pouco mais de grana. Na verdade, nada mudaria sua vida, porque era pobre de espírito, mas contentava-se com migalhas como todos os miseráveis espirituais o fazem.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Da Série Contos Mínimos

Tudo estava e-xa-ta-men-te no mesmo lugar, apenas o meu olhar tinha se deslocado. Fiquei impressionado como tudo havia ficado congelado. Parado. Sem som. Sem vida. Tudo esperava. O CD da Jussara Silveira ainda estava no aparelho pronto para ser ouvido, mas não o fiz, porque eu precisava arejar o ambiente.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Da Série Contos Mínimos

Foi tomado por uma sensação de felicidade. Fazia muito tempo que não se sentia assim. Nem as dores do coração foram suficientemente capazes de impedir aquele sentimento. Só lhe chamava a atenção o céu azul, as ruas abarrotadas de gente e o sotaque familiar das pessoas falando alto por todos os lados. Teve muito medo de não conseguir viver isso outra vez.

domingo, 24 de agosto de 2014

De volta pro aconchego

Cheguei ao Brasil depois de quase um ano em Portugal. Chegar foi emocionante. Fazia tempo que eu sonhava literalmente com o céu do Rio de Janeiro, com o cheiro da cidade, com a paisagem, com as ruas, com a conversa das pessoas, com essa mistura de caras, idades, cores.
Cheguei muito cansado, primeiro porque na véspera da viagem, dormi apenas uma hora, aquela tensão pré-viagem que me toma sempre, mesmo que eu vá para São Paulo ou em Cascavel, para Rondon. Sou assim e pronto. Depois, porque a TAP não é definitivamente uma boa empresa de aviação: espaço pequeno demais, gente demais nesse pequeno espaço, comissários mal-humorados e atraso. O pior é sempre o atraso.
E foram quase 11 horas de viagem. Sentado numa poltrona (se é que se pode chamar aquilo de poltrona), numa mesma posição sem espaço para mexer os braços. Isso tudo fez com que eu ficasse podre, morto de cansado.
Depois, demora para passar na imigração (apenas dois funcionários atendendo e uma infinidade de pessoas. Ainda que eles fossem rápidos e educados não conseguiam ser suficientemente a ponto de fazer com que a fila andasse depressa), demora para pegar a bagagem.
Depois disso, chego em casa salvo. E aí mala para todos os lados. Mas em minha casa. Eu estava doido para isso acontecer. Coloquei tudo no lugar, já que viajo para Cascavel com o mínimo necessário e possível para uma viagem nacional.
Tomo um banho e a fome bate desesperadamente, e o cansaço ali sem dar trégua. Claro que não há nada para comer. Uma casa não produz uma comida sozinha. Bem, fui comprar porque se eu não fizesse, morria de fome. Aproveitei para dar uma volta na quadra enquanto a comida, no restaurante, ficava pronta. Voltei com o cansaço ainda me acompanhando, comi um pouco daquela comida que daria para 5 Alexandres. E dormi o sono dos justos, das 20h30 até às 5h30 de hoje. Fazia muito tempo que eu não dormia, sem acordar, durante tanto tempo. Acordei renovado e feliz por estar de volta ao Rio.
Lembrei-me que ainda precisava finalizar a leitura de um texto para enviar um parecer ainda hoje. E o passeio de domingo pela manhã ficou para um outro dia, quando eu estiver de volta, nas férias. Tô feliz. Fazia tempo que eu não me sentia assim.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Põe pra fora, Portugal!

Sexta-feira, véspera da minha viagem de volta. Adrenalina correndo solta. Faz uns dias que não consigo dormir direito. Acho que ando no horário do Brasil.
Ontem, à noite, a despedida dos amigos mais próximos que ainda ficaram por aqui e que puderam aparecer. Foi uma noite divertida e cheia de boas surpresas. Depois ainda uma esticada no Bairro Alto porque nas últimas horas dá vontade de rever tudo, fazer tudo outra vez porque fico com a sensação de que Portugal vai ficando no passado.
Bem, aqui nesta foto, em sentido horário: Milton, Giuliano, Giorgia, Manuel, Marco, Rogério, eu, Karen, Katiele e a fotógrafa amiga de graduação (que não aparece), Andrea.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

A gente ouve e fala de um lugar, não há neutralidade em nenhum desses momentos

Sinto muito, mas quem ainda não entendeu que se ouve tb de um determinado lugar da mesma forma que se fala de um lugar determinado vai ficar a vida inteira discutindo ponto de vista com quem está em uma outra posição.
Acabei de (re)ver a entrevista que a presidenta deu ao JN, ontem à noite, e não acho que os jornalistas da Globo tenham sido mais agressivos com ela do que foram com os outros dois candidatos entrevistados na semana passada.
Acho que as perguntas foram, inclusive, óbvias demais e que qualquer coordenador de campanha poderia prever quais seriam as perguntas dessa entrevista.
Acho tb que tanto Dilma, quanto Aécio e Eduardo Campos se saíram bem em suas respostas. Não vi nenhum deles acuado, não percebi que algum deles ficou sem dar alguma resposta ou que alguma pergunta tenha encontrado a/o candidata(o) despreparada(o).
Quem não sabia que os jornalistas iriam perguntar sobre as denúncias de corrupção envolvendo o Partido dos Trabalhadores (PT)? Quem não sabia que a resposta seria a que a presidenta deu? Bem, não fiquei surpreendido nem por um lado e muito menos pelo outro. Acho que a Dilma deu conta de responder tudo o que lhe foi perguntado de forma clara. 
Claro que haveria muito mais para ser dito, mas, por outro lado, havia uma necessidade de fazer mais perguntas para que a candidata entrasse, ao meu ver (é óbvio tb), por alguma contramão. Mas ela não se apressou e respondeu o que podia da forma como quis. 
Acho mais, acho que ELA deu o tom da entrevista de forma a fazer com que os jornalistas ficassem numa ansiedade, ela não. Ela respondeu como quis, no tempo que acho necessário.
Bem, eu continuo votando em Dilma e isso não quer dizer que eu não tenha minhas queixas em relação ao governo. Tenho muitas, sobretudo em relação às coligações que são feitas com determinados partidos. Tenho tb ressalvas em relação às políticas de inclusão, ao crescimento de uma bancada evangélica dando o tom para discussões que não tem nada a ver com religião. Tenho restrições ao silêncio do governo em relação às provocações da oposição etc.
No entanto, tenho ainda mais ressalvas ao PSDB de Aécio e ao "PSB" de Marina Silva. Um e outro não teriam o meu voto nem que fossem apenas os dois os candidatos à presidência.
Sei o que foram os 8 anos de PSDB com o ex-presidente Fernando Henrique e, no Paraná, com o Jaime Lerner. Lembro-me muito bem como ficaram as universidades Federais durante aquele governo e as estaduais do Paraná durante a gestão deste. E, como disse no início do texto, eu falo/ouço do lugar que eu ocupo.

domingo, 17 de agosto de 2014

Re-sentindo

A gente sai de um jeito e volta de outro. O nosso mundo tb se transforma. E tudo que era pode não ser mais. Tudo aquilo pode não fazer mais nenhum sentido, ou fazer um outro sentido. E a gente vai assim se re-sentindo.
Dizem que a linguagem é  apenas significante e o sentido sempre pode ser outro: sentindo outra vez se ressentindo.

E mais uma vez chegando sozinho em outro lugar

Não gosto de despedidas. Pior, não sei lidar com elas como se eu estivesse apenas dizendo um "até logo". Sou tomado por uma sensação de tristeza que se transborda. Minha voz vai enfraquecendo e os olhos ficam nublados.
Não importa se estou me despedindo do garçon que encontrei muitas vezes no restaurante que frequentei por algum tempo ou se estou abraçando um amigo que fiz tb nessa estadia aqui em Portugal. Tudo me toca de uma forma inexplicável: acho que é um saudosismo, uma certa angústia de ir embora. Um frio na barriga. Sei lá.
Odeio despedidas! Elas me incomodam a ponto de eu ficar sem saber o que dizer ou de não conseguir dizer o que deveria. Bem, sei que posso voltar, um dia. E isso já é, de certa forma, um alívio, mas sei tb que nessas voltas a gente vai se perdendo, o que a gente sente tb vai se perdendo, vai se transformando a ponto de apenas esbarrar naquilo que se sentiu antes: é um mesmo revisitado.
Fiquei me lembrando agora da minha primeira despedida geográfica: quando saí do Rio, em junho de 1993, para morar no interior do Paraná. Minha amiga Cristina, grávida, e meu amigo Robson me levaram à rodoviária Novo Rio e de lá parti para Marechal Cândido Rondon. 
Ninguém me esperava na rodoviária na minha nova cidade. E eu nem sabia ao certo o que iria encontrar. Encontrei amigos, uma nova paisagem, alegrias e tristezas. 
Foram tantas chegadas e partidas que já não me lembro bem de todas elas. 
Deixei tantas pessoas e encontrei tantas outras para outra vez deixar tudo para trás e começar de novo em um outro canto. Fiz isso muitas vezes. E mais uma vez chegando sozinho em outro lugar, deixando amigos, paisagens, uma cidade, uma casa, uma praça, uma rua por onde andei todos os dias desse último ano.
Acho que algum dia mais adiante eu poderei saber o que ganhei desse tempo. Agora não sou capaz de entender com clareza. Esse texto não é uma despedida de Portugal, farei isso quando não estiver aqui.

sábado, 16 de agosto de 2014

Tarde em Belém

Hoje foi um dia muito bom! "Bom" é suavizar o quanto o dia foi gostoso, divertido, cheio de alegria. 
Começou a semana da minha despedida e já com saudade dos amigos que vou deixar por aqui. Foram dois meses de alegrias intensas perto dessas pessoas. Elas estiveram presentes sempre que precisei, e precisei muito de suas companhias. Mesmo quando não era para ser alegre (por conta de questões pessoais), foi alegre.






























terça-feira, 12 de agosto de 2014

Da Série Contos Mínimos

Por vezes, ela atrapalhava-se com o passado e o presente. Tinha alguma dificuldade de saber se já fazia algum tempo ou se aquilo tinha acontecido ontem ou hoje pela manhã. Confundia a tristeza de agora com a alegria de meses, o que não era de todo ruim. Vivia num outro tempo verbal. 

domingo, 10 de agosto de 2014

Era essa a minha intenção.

Minha mãe foi excelente: trabalhava muito porque sozinha precisava dar conta de todas as obrigações. Era carinhosa, educada, ética. Me ensinou a incluir as pessoas. Bem. Ela foi uma mãe maravilhosa, mas não soube ser pai e mãe, como ouço muita gente falar por aí quando tem apenas um dos dois presentes.
Certa vez, numa sessão de análise, o psicanalista me perguntou, não me lembro qual era a situação... o que eu achava que seria a função de um pai? Eu não soube responder e é claro que aquele silêncio dizia muito sobre mim: não sabia o que era ser pai. Não sabia qual a função de um pai numa família.
Aí, conversei com um grande amigo, o Erik, e pergunte para ele como era essa história de ter um pai presente. Ele me respondeu que o pai dele estava presente quando a mãe não estava e que o pai o ensinou muitas coisas. Era função do pai dele, por exemplo, conversar sobre alguns assuntos. O seu pai foi quem lhe ensinou a andar de bicicleta. Era função dele cobrar-lhe algumas decisões. Ele o incentivava diante de algumas situações, aconselhava diante de outras, colocava dúvidas para que ele pensasse a respeito de algumas outras.
Passei toda a minha infância sem uma presença masculina em casa. Minha mãe tinha amigos e acho que eles se alternavam para dar uma força. Ah, tinham os meus tios, irmãos da minha mãe. Alguns eram muito presentes: as tios Carlinhos, Eduardo e Jorge estavam sempre por perto ou eu por perto deles.
Até que minha mãe se casou outra vez. Não foi fácil ter um padrasto. Eu achava sempre que minha mãe estava me deixando de lado por conta do namorado. Infernizei a vida dele por um bom tempo e ele a minha, mas acabamos por nos entender: nunca tivemos uma relação de pai e filho, mas posso dizer que somos amigos. Aprendi a conviver com ele e ele comigo. Ela é camarada. 
Hoje, liguei, já que é o dia dos pais e ele foi muito atencioso. Não lhe disse feliz dia dos pais! Mas era essa a minha intenção.

sábado, 9 de agosto de 2014

Dentro das palavras



Dentro das palavras há a possibilidade do universo.
E por isso, elas não são nada. Sozinhas, não dizem nada.
Estão apenas por aí, vagando em torno delas mesmas.
Voam como moscas sobre qualquer sentido: um qualquer que lhe dê vida.

Travessia - MIlton Nascimento


Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho pra falar


Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar


Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver


Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Da Série Contos Mínimos

Depois de muitos anos se reencontraram. Alguma mudança física dificultou, pelo menos para um deles, essa identificação imediata. Não havia mais dor, mágoas, sofrimento, tudo havia ficado em algum canto. Sentaram-se confortavelmente e construíram um novo passado.

domingo, 3 de agosto de 2014

Da Série Contos Mínimos


Varri, lavei, troquei de lugar, tirei o pó: a maior limpeza talvez deva ser feita em outro lugar.

Um grande espaço vazio

Bem, hoje o Alcemar (meu companheiro de apartamento nesse ano em Portugal) foi embora. Bem cedinho nos despedimos e nos falamos logo em seguida para eu saber se tudo estava certinho com as bagagens e com a viagem de volta. Depois disso, voltei para a cama.
Assim que (re)acordei, achei o apartamento muito grande, foi a primeira vez que senti isso em relação a esta casa: grande demais, muito espaço para pouca gente. Estou outra vez sozinho.
Não que isso já não tivesse acontecido por aqui, mas ele sempre voltava, né? Ou eram as férias, ou alguma viagem que ele fazia, para um dia estar de volta. Dessa vez não. Dessa vez nos encontraremos apenas em Cascavel quando eu tb retornar para o Brasil.
Aí, resolvi preencher este espaço com alguma atividade que me ocupasse por algum tempo. Desci um andar, mudei mais uma vez de quarto, reorganizei as minhas coisas (aproveitei para mais uma vez retirar o excesso) e a tarde foi embora como um passe de mágica: minha cabeça centrada apenas nessa mudança para o mesmo apartamento.
Varri, lavei, troquei de lugar, tirei o pó: a maior limpeza talvez deva ser feita em outro lugar. Por hora, não estou pronto.
Bem, por hoje acho que o trabalho braçal terminou. Vi que há ainda algumas coisas para colocar no lugar, mas fiquei muito cansado de tanto subir e descer. Bem, a limpeza de domingo está finalizada.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Saudade desse meu canto

Meu último mês em Portugal: a contagem é regressiva e em algumas semanas estarei de volto ao Brasil. Ando tão ansioso que estou com quase tudo pronto. E não é exagero, tenho apenas algumas roupas fora de malas porque não dá para andar nu por aqui. 
Hoje, fiz mais uma pequena arrumação para descartar as coisas que não serão mais úteis, além de mais uma revisão geral na papelada para encontrar coisas descartáveis que foram ficando por aqui por acreditar que eu iria usar, precisar, consertar etc.
Sei que a volta tb não vai ser muito fácil porque ela significa necessariamente retornar ao trabalho e encarar coisas as quais praticamente deixei de lado durante este ano: principalmente os problemas e gente que não faz falta alguma. Por outro lado, voltar à universidade tb significa encontrar muitos amigos e isso é sem qualquer dúvida importantíssimo porque a saudade é grande demais.
Vou sentir saudades daqui: seu Manuel, a Ana e D. Almerinda, a comidinha saborosa de todos os dias e aquele tratamento carinhoso de quem foi adotado por esses novos amigos portugueses. Além deles, um montão de gente que entrou na minha vida pela porta da frente do meu coração e que vou sentir falta: Irene, Manuel, Giorgia, Milton, Priscila (que ficam por aqui), Giuliano, Ismael, Ana, Roberta, Karen, Cacau (que terei mais chances de reencontrar num futuro próximo, no Brasil). Meu coração vai cheio de saudades de todos vocês.
E tb cheio de vontade de chegar para rever meus amigos, meu padrasto, meu cachorro, minha cidade, minha casa. Que saudade desse meu canto.

terça-feira, 29 de julho de 2014

terça-feira, 22 de julho de 2014

Grupo de Trabalho 9 - Discurso de Diversidade



GT 9 - DISCURSO E DIVERSIDADE

Este GT se propõe apresentar e debater questões afetas aos discursos sobre a diversidade sexual, diversidade de gênero e diversidade étnica. Como o discurso contemporâneo nomeia a alteridade? Se todas as práticas sociais e todas as práticas pedagógicas são interpeladas por discursos produzidos e produtores de significados que animam a cultura e o imaginário social, muito mais do que saber quem é o sujeito discursivo, torna-se imprescindível discutir qual a correlação de forças que o discurso circulante constrói. Nesse sentido, os discursos e as sua representações imaginárias acerca da diversidade sexual, diversidade de gênero e diversidade étnica, expõem as correlações de forças da luta de classe, ou apenas recobrem com uma retórica elegante e bem comportada velhas formas de opressão e de exclusão?

Existe tarde que deveria virar logo noite.


domingo, 20 de julho de 2014

Planeta dos Macacos - A Revolta

Bem, pra falar de A Revolta, falo da Série de TV dos anos 1970:  O Planeta dos macacos, cujos episódios eu acompanhava atentamente. Gostava demais apesar de já entender, aos nove anos, que aquilo não podia ser verdade. Era diversão e ficção.
Era fã da cientista Zira (quem não seria?) que se apaixonava pelo humano que acabou pousando num planeta dominado por macacos. Zira era um humano, apesar de sua aparência, e reproduzia todo estereótipo da mulher sensível e apaixonada.
Não há nada em comum entre os filmes dos anos 2000 e a Série. A tecnologia transformou não apenas as aparências mas as atitudes dos primatas quase humanos. Tinha naqueles idos anos um romantismo pairando sobre eles. E mesmo o assustador (seria hoje?) general Urko, o anti-herói, não era capaz das maldades tão humanas atribuídas aos macacos nos filmes posteriores. Além disso, os filmes não deram continuidade às ideias apresentadas pela Série: teriam sempre os macacos dominado o mundo?
Eu vi A Revolta ontem e achei divertido apesar de óbvio: sabe-se desde o início o passo a passo usado para produzir tb este longa.

sábado, 19 de julho de 2014

Da Série se encontra aonde não se busca

Hoje, mais uma vez, ouvi de alguém que conheço tão pouco e tão pouca intimidade tenho conselhos que vou levar para a minha vida. Não vou aqui, por motivos pessoais, escrever sobre eles (os conselhos), mas preciso documentar já que esse blog tb funciona como um diário que: 1) a vida é mesmo surpreendente; 2) a gente não ouve com clareza mesmo sabendo que precisa ouvir o que a gente já sabe; 3) nem sempre idade tem a ver com experiência; 4) sabedoria não tem nada a ver com escolarização; 5) o mundo é verdadeiramente pequeno; 6) estamos todos conectados, i.e., um dia a gente se esbarra. O ponto final é apenas para marcar uma pausa.
Tem uma poesia de Quintana que me é muito cara porque me remete aos tempos de adolescência, quando ganhei de um amigo um livro desse autor:

Uma alegria para sempre 

As coisas que não conseguem ser 
olvidadas continuam acontecendo. 
Sentimo-las como da primeira vez, 
sentimo-las fora do tempo, 
nesse mundo do sempre onde as 
datas não datam. Só no mundo do nunca 
existem lápides... Que importa se – 
depois de tudo – tenha "ela" partido, 
casado, mudado, sumido, esquecido, 
enganado, ou que quer que te haja 
feito, em suma? Tiveste uma parte da 
sua vida que foi só tua e, esta, ela 
jamais a poderá passar de ti para ninguém. 
Há bens inalienáveis, há certos momentos que, 
ao contrário do que pensas, 
fazem parte da tua vida presente 
e não do teu passado. E abrem-se no teu 
sorriso mesmo quando, deslembrado deles, 
estiveres sorrindo a outras coisas. 
Ah, nem queiras saber o quanto 
deves à ingrata criatura... 
A thing of beauty is a joy for ever 
disse, há cento e muitos anos, um poeta 
inglês que não conseguiu morrer."

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas...

Aí vc se pergunta, por quê? Pra quê? Qual o motivo disso e daquilo? E pensa muito sobre isso, pensa tanto que lá se vão quase 50 anos. Vai buscando respostas nos caminhos mais tortuosos porque supõe que elas só poderão estar lá. Onde mais poderiam estar As respostas para as suas dúvidas sobre todos os porquês?
Bem, aí, um novo grande amigo comenta uma foto sua e diz assim: "Vamos sentir muita saudade, espero ver amanhã você para tomar alguma coisa." E aí vc (re)pensa assim que isso tudo vale muito porque não estamos sozinhos.
E é isso: não são as respostas que movem o mundo

Não faz dez minutos e...

Não faz dez minutos que mudei a minha fotografia no Facebook, na verdade, não foi uma troca, acrescentei apenas uma barra, na qual aparece, em letras brancas numa faixa vermelha, Dilma 13, e já recebi alguns inbox de amigos comentando a troca: o mais engraçado foi - "Só podia mesmo estar morando no exterior, sabe nada sobre o que está acontecendo por aqui." 
Todos, me pareceu, são favoráveis à campanha do PSDB, atual oposição a esta candidata. Mas nenhum deles assume estar apoiando o candidato desse partido. Não vi ninguém com fotos, nenhuma barra com o nome do candidato etc.
Acho que, em geral, quem apoia o PSDB tem um pouco de vergonha de dar a sua cara a tapa, de mostrar quem é verdadeiramente o seu candidato. Ficam sempre inbox, quase sempre vivem nas sombras vigiando quem assume uma posição.
As únicas declarações que eles dão são para criticar o atual governo, mas não apresentam quaisquer motivos que justifiquem seus votos: o motivo sempre é o mesmo ou gira em torno do  lugar comum "Fora PT!". Tentam relacionar o PT com o comunismo, com Cuba, com corrupção: nem se envergonham de tamanha ignorância.
Não estou dizendo que não tenho críticas ao governo Dilma. Tenho muitas, tantas que não caberiam aqui neste post. Mas sei o que é ser governado pelo PSDB, conheço o atual candidato e sei do que ele é (in)capaz, por isso não voto, sem amarrado. 
Sei por isso como foi a transição do PSDB para o PT no governo do país, sei o que foi feito e, por enquanto, aposto nessa transformação.
Bem, a foto é gerenciada por mim, pertence ao meu perfil. Eu decido qual coloco, quando uso, porque uso esta e não outra. Não preciso de autorização de ninguém e muito menos de aprovação dos meus amigos da rede social. Cada um sabe (a)onde o sapato aperta.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Mistérios (Joyce)



Um fogo queimou dentro de mim
Que não tem mais jeito de se apagar
Nem mesmo com toda água do mar
Preciso aprender os mistérios do fogo pra te incendiar
Um rio passou dentro de mim
Que eu não tive jeito de atravessar
Preciso um navio pra me levar
Preciso aprender os mistérios do rio pra te navegar
Vida breve, natureza
Quem mandou, coração?
Um vento bateu dentro de mim
Que eu não tive jeito de segurar
A vida passou pra me carregar
Preciso aprender os mistérios do mundo pra te ensinar

Quanta saudade.

Hoje eu precisava ligar para D. Helô para conversar um pouquinho que fosse, dizer a ela apenas que não ando lá muito bem e ela, certamente, me diria qualquer coisa para me fazer rir. Depois, diria que anda tb com saudades e que não vê a hora de estarmos juntos. Não vejo a hora de estarmos juntos outra vez.

Da Série Contos Mínimos

Desde cedo ele soube que chega o instante em que a emoção vai tomando conta de tudo: é como o leite que ferve. E a gente transborda.

Onde a gente menos espera...

Quase sempre é assim, a gente encontra onde não procura e onde procura quase nunca acha. Eu ando ansioso com a volta, com um tanto de coisas que preciso fazer aqui e no retorno ao Brasil:  além das coisas pessoais, os relatório do Programa de Licenciaturas Internacionais, prestação de contas deste projeto, relatório para a Capes, além de dar conta dos alunos que precisam terminar a dissertação tão logo eu chegue em Cascavel, etc. e etc. e etc.
Aí, inda agora, enquanto eu almoçava, a Ana, uma amiga que fiz aqui e que trabalha no tal restaurante, "percebeu" que eu não andava muito alegre e começou a me dizer coisas que, em geral, ela não diria, nunca disse, pelo menos. Não me aguentei. Tentei me controlar mas fiquei muito emocionado.
A vida é desse jeito, a gente quando está indo embora de algum lugar vai deixando um rastro de carinho, de amizade, de portas abertas, de vontade de carregar todo mundo junto na mala (e carrega, de algum modo). Foi assim quando saí do Brasil e pelo jeito vai ser assim quando eu voltar para casa.
Eu sei que tudo tem prazo de validade: mesmo a gente não é pra sempre, mas eu sei que existe algum lugar em que tudo isso fica guardado: a gratidão, esse carinho que se recebe, o abraço dos amigos, o olhar, uma mão que desliza no nosso braço nos dizendo "não fique assim não... isso tb vai passar..."
Esse reservatório anda cheio, muito cheio porque já fui embora tantas vezes e tantas vezes recomecei. Não é medo de recomeçar: não tenho medo dessa vida, já encarei tanta coisa sozinho. É só a sensação de que tudo é um círculo.
Sou feito de água e ela transborda sempre.

Dois amigos e uma vida inteira de histórias

O Dia dos Amigos é aquele lembrete meio piegas, meio necessário, de que ninguém caminha sozinho – e, se caminha, provavelmente está perdido...