sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pensamento do dia

Viajar é mudar o cenário da solidão. (Mário Quintana)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A morte de um amigo (texto)

O que nos resta diante da morte brutal de um amigo? Impotência, sobretudo. Certeza de que nada que se faça poderia fazer com que o tempo não apenas parasse, mas voltasse atrás e nos desse mais uma vez. 
Só que o tempo é daqui pra frente e o máximo que ele nos permite é nos pensar diante desse real que transformamos sob o olhar desse nosso tempo: não há justificativa que possa fazer sentido quando se pensa que a vida não vale nada ou que ela vale um tênis, uma calça jeans, uma carona, um carro. Como é que chegamos aqui? O que faremos daqui pra frente ao nos deparamos com esse limite? Que valores são esses que nos dominam sempre em detrimento do outro?
Não valemos nada quando somos vistos (e também quando nos vemos) apenas como aquilo ali, aquele ali, aquele dono daquilo, aquele que tem aquilo, aquele mais um. 
As nossas vozes não alcançam os ouvidos mais próximos. Sinto, agora, que não adianta gritar. E fico aqui esperando a próxima notícia: quem será o próximo?
Não sei se é a impunidade que provoca atitudes monstruosas (como por exemplo, a morte do Ezequiel). Preciso pensar sobre isso. O que sei, porque estou vivo (ainda) é que nós (re)produzimos valores e não damos conta de compreender como eles são absorvidos.
A vida não tem valor nenhum (só me resta pensar dessa maneira), ou o valor da vida é uma ida ao mercado. Não importa se eu sou um cara legal, se trato as pessoas com educação, se sou amoroso, se sou tranquilo, se sou alegre, divertido, se conto piada, se rio de mim mesmo. Nada disso conta mais do que a vontade de ter alguma coisa. Que besteira eu pensar que esses valores tivessem a força para impedir um tiro, um chute, umas facadas. Não têm.
Fica a sensação de impotência apenas. E a ela soma-se um vazio (e talvez seja isso sem nome) pálido. Fica também muito medo. Não fica nada que não seja tristeza.

domingo, 3 de outubro de 2010

Violência (texto)

A violência nos é familiar. Deparo-me com ela todos os dias. Basta entrar na internet, ler o jornal ou ouvir o noticiário da manhã. Portanto, ela não surpreende. Ela nos chega pelos quatro cantos com muita naturalidade.
No entanto, quando a violência aproxima-se muito de nós é que nos percebemos expostos, frágeis e sem saber exatamente (se é que isso seria possível) como se defender.
Acabei de receber a notícia da morte de um amigo. Ex aluno, 28 anos. Um cara divertido, inteligente, amigo e tudo aquilo que a gente acha dos próximos. Foi assassinado nessa madrugada em Marechal Cândido Rondon, oeste do Paraná. Não se sabe ao certo o que motivou o crime. Fala-se demais nesses momentos. 
É claro que a motivação não é importante (se isso ou aquilo não faz diferença porque o fato é fato), mas sempre é difícil compreender (não que uma explicação bastasse), acreditar, fazer sentido, quando não há um motivo aparente. Fala-se em assalto, mas não levaram o carro.
Estou aqui desde quando me chegou a notícia sem saber direito no que pensar, entrando e saíndo da internet tentando compreender o incompreensível. Atônito, absorto, arrebatado.

Verde de esperança de dias melhores (texto)

Justifiquei a minha ausência nas eleições, mas, sinceramente, não era isso que eu gostaria de ter feito. Queria ter dado o meu voto. Brigou-se tanto por democracia política e justifico meu voto? Uma pena!
Mas fazer o quê? O Rio de Janeiro não é logo ali e como, mais uma vez, achei que iria viajar para votar, não transferi meu título.
A justificativa começou bem cedo. Como sou um cara bem organizado eu sabia com toda a certeza capricorniana onde estava o título de eleitor. Não precisava  buscá-lo ontem à noite, justamente porque ele só podia estar num único lugar: no arquivo de documentos. Não estava! Como assim, não estava? Revira, retira, sacode, despeja, folheia, nada de título.
Encontrei justificativas antigas, fotos de amigos, documentos da minha mãe, caderneta da 6 série, cartão de vacina, vacina do cachorro, cpf (o bege), dispensa de incorporação (com uma foto impressionante e irreconhecível: tinha até cabelo, um bigode safado e uns pelos onde devia ter barba), certificados diversos, declarações seculares. Mas e o título? Na-da dele aparecer.
Apelei para quem? São Longuinho! Exatamente isso! O Padroeiro dos Desorganizados ou Esquecidos. Prometi, já que o assunto era sério, 15 pulinhos (veja bem, 15 pulinhos aos 45 (de idade e do segundo tempo) só poderia mesmo ser um assunto sério).
E, milagrosamente, eis que me lembro de um arquivo morto e enterrado. Finalmente encontro aquele documento verde de esperaça de dias melhores. Voto justificado. Dever mais ou menos cumprido.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Redes sociais (texto)

Redes sociais são importantes. Não, são fundamentais! Acabo, depois de 8 anos sem nenhum contato, encontrar, através de uma outra amiga (Eleonor), A minha amiga da graduação: Rosilda.
Éramos tão grudados que encontrar um e não encontrar o outro era, praticamente, impossível. Mantivemos contato por muitos anos depois de nossa colação de grau, mas aí saí do Rio, ela se casou, ela começou num outro emprego, eu me mudei mais umas vezes e nos perdemos. 
Distantes apenas dos olhos, não do coração.
Hoje, a primeira coisa que fiz depois de acordar, foi legar o telefone e ligar para falar com ela. Impressionante, como o tempo não passou, parecia que eu estava ligando para contar da minha semana. E ela para contar o que a sua filha aprendeu na escola na aula da semana passada.
É claro que muita coisa mudou nas nossas vidas, foram oito anos sem nenhuma notícia. Queríamos dar conta disso nessa ligação. Impossível! Atropelamos informações, rimos enquanto falávamos de coisas sérias das nossas vidas, lembranças misturávam-se com promessas de encontro, parecia que não queríamos nos desligar. E não nos desligamos e não vamos mais nos desligar.
Felicidade é reencontrar amigos, ainda que seja assim, depois de muitos anos e via Embratel.

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...