quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

SIM E NÃO (texto)

Aprendi a dizer Não não faz muito tempo. E sou bastante honesto ao afirmar que ao dizê-lo, mais do que uns podem crer, é libertador. Digo Não para respeitar os meus limites e, sobretudo, a minha vontade. E, sinceramente, pouco tenho me importando com as expectativas dos outros.
"Dizer não é dizer sim", cantou o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens nos anos 80 e percebi com o passar dos anos o quanto podemos nos tornar reféns do sim. Dizer Sim sem vontade é uma das grandes agressões a que nos submetemos, porque queremos agradar ao outro, principalmente. Esquecendo-nos.
Tenho percebido que, em geral, as pessoas convivem muito bem com a falsidade, com a dissimulação,  com tudo aquilo que não é mais do que aparentar ser, mas nada bem com as pequenas verdades.
Sei tb que às vezes ela, a verdade, doi (muito), mas ainda assim, prefiro ouvi-la ou dizê-la a ter que conviver com a dissimulação ou com comentários feitos às costas ou à ausência.
No entanto sei tb que tudo isso tem um preço e pagá-lo não é nada fácil, mas diante de liquidar essa dívida ou de fazer alguma concessão, ainda acho mais tranquilo sacar o talão de cheques.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

PAPAI NOEL DOS CORREIOS 2010

Realizada há mais de 20 anos, o Papai Noel dos Correios é uma das maiores campanhas sociais natalinas do Brasil. Distribuir presentes não é meta institucional da campanha, a principal preocupação é responder aos remetentes das cartinhas endereçadas ao Papai Noel e promover a mobilização dos Correios e da sociedade em torno dos sonhos das crianças brasileiras. 
A disseminação, em todo país, de valores natalinos como amor ao próximo, solidariedade e felicidade é o principal benefício conquistado graças à vontade dos mais de 108 mil empregados e à solidariedade da sociedade brasileira.
Em 2010, foram estabelecidas parcerias com escolas públicas, creches e/ou abrigos que atendem crianças em situação de vulnerabilidade social. Desta forma, a campanha alinha-se a um dos Objetivos do Milênio estabelecidos pela Organização.

Da série Poemas de Dezembro

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Texto extraído do Jornal do Brasil, Dezembro/1997.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poemas de Dezembro (Drummond)

Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é voo de um pássaro
é uma canção.
(Dezembro de 1968)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Dias em que a porca torce o rabo! (texto)

Período pós-vestibular não é dos melhores para muitos lados.  Mais trabalho  a cada 5min. Pelo menos agora encaro como parte do trabalho. Eles chegam e eles vão.

domingo, 28 de novembro de 2010

Cláudia Wonder (texto)

A primeira vez que ouvi falar de Cláudia Wonder foi em 1986 numa coluna do escritor Caio Fernando Abreu no Estadão. Ele publicou em sua coluna no jornal o artigo “Meu amigo Claudia”, no qual rendeu uma afetuosa homenagem àquela que no palco e na vida era bem assim: uma maravilha, um espanto.
Depois dessa coluna, sempre ouvi histórias sobre a Cláudia. Ela era irreverente acima de qualquer coisa. Não era óbvia, a começar pela escolha do nome. Ela era Marco Antonio Abrão, mas virou Wonder
Se esperavam dela o amor pelos musicais à Judy Garland, ela apresentava Lou Reed com sua banda Jardins das Delícias. Se a queriam fazendo lipsinck na boate, ela preferia integrar a trupe do lendário diretor de teatro Zé Celso na peça O Homem e o Cavalo. Se a queriam alienada e fútil, ela se mostrava politizada, a favor da democracia no fim da ditatura e ativista dos direitos civis para gays, lésbicas e trans.
Claudia começou sua carreira artística fazendo shows em boates e no teatro. Com participação em mais de dez montagens (algumas delas com o Teatro Oficina), 13 filmes – entre eles, Carandiru – um álbum solo FunkyDiscoFashion (2007), gravado com Edson Cordeiro, além do livro Olhares de Claudia Wonder – Crônicas e Outras Histórias (2008).
Marcou época no lendário clube paulistano Madame Satã, e toda sua irreverência ficou conhecida na noite underground paulistana da década de 80. Entre as concorridas performances apresentadas no “Satã”, não há como esquecer o banho de Claudia, numa banheira de groselha, de onde “espirravam” atitudes e protestos. Tanta ousadia conquistou não só Caio F., como Cazuza, Zé Celso e tantos outros amigos – famosos e não famosos – que se tornaram fãs da artista. “Ela tinha uma voz tênue, rouca, uma roqueira quase sem voz. Mas ela tem a voz e a voz da alma dela é fortíssima”, disse o diretor Zé Celso no documentário de Dácio Pinheiro.
Claudia deixa não só uma herança cultural formidável, mas, sobretudo exemplo de dignidade como bem registrou Caio Fernando Abreu. E esse tipo de herança não se perde. “Esbarraremos” com Claudia pelas esquinas de São Paulo – e em tantas outras por aí – cada vez que a arte prevalecer e a intolerância sucumbir. Disse Zé Celso: “Claudia Wonder não foi, Claudia Wonder é a história dessa cidade ainda”. Divas não morrem.

Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo

Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um...