sábado, 24 de dezembro de 2011

Sobrevivi (texto)


E eu que havia pensado em um prazo de uma semana mais ou menos de amor declarado ao Rio antes de não suportar o calor que faz por aqui, me enganei, muito. Hoje às 6h da manhã já não conseguia ficar no quarto de tão quente. Não, não estava tão quente, quente estava em Cascavel, estava uma sauna seca. Saí do quarto e pensei em terminar o sono na sala (Estou de férias, gente, posso me levantar às 9h ou às 10h ou nem me levantar!), mas nem na sala era possível.
Não há condições de ficar em canto algum desse pequeno apartamento sem um condicionador de ar, vivi-se sem geladeira (tô na dúvida), sem fogão, sem mesa, cadeiras, copos, mas sem ar condicionado não se vive, no Rio de Janeiro. Definitivamente, não se sobrevive por aqui sem um desses aparelhos, digamos, de primeiríssima necessidade.
Para se ter uma ideia do calor que jaz aqui: depois de me levantar, tomar banho, precisei retornar (e o verbo é retornar porque dá uma ideia de aventura) ao quarto para pegar uma cueca. Não dava. Comecei a arremessar cubos de gelo numa tentativa desesperada de me defender do calor, eles viravam, antes mesmo de sair das minhas mãos, como num passe de mágica, vapor. Dei duas cambalhotas, dois mortais e duas estrelas, e quando saí, finalmente, com a cueca na mão, precisava de outro banho (e um banco para descansar, além de compressa de gelo na nuca. Praticamente uma luta de UFC, só que contra o calor).
Se essas eram as férias que eu merecia, devo ser uma pessoa muito ruim mesmo (como dizem Sandra Balbo e os dois outros bocós: Maria Lúcia e Alexandre).
To me sentindo num daqueles programas do Netgeo: Sobrevivi.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Botequim da Esquina + Protetor auricular (Restaurante, Cascavel)

Fomos, Maria Lúcia, Alexandre, Clodis, Reginaldo e eu, ao novo Botequim da Esquina, em Cascavel, por volta das 20h de quarta-feira. Fomos bem recebidos. Garçons atenciosos. Cerveja gelada. Comida boa. Até que o som ao vivo reiniciou em uma altura insuportável. Não conseguíamos mais nos ouvir. Gritávamos para nos fazer entender. Estávamos a menos de 20cm do outro, mas apenas por gestos para nos fazer entender.
Pedimos para um garçon para abaixar o som. Não fomos atendidos. Pedimos ao gerente que abaixasse o som porque estava ensurdecedor. Ele nos disse que iria resolver, mas não nos deu a mínima bola. Nos levantamos, pagamos a conta e nunca mais voltaremos a esta Esquina.
Pronto, estou de férias. Amanhã pela manhã vou à universidade e viajo no fim da tarde rumo ao descanso. Merecidíssmo, eu acho. Não vou fazer balanço, restrospectivas, melhores momentos, fechar o caixa, porque não acredito em fim e recomeço e não é sobre isso que estou falando. Refiro-me às férias.
Sei que ao chegar ainda terei coisas para fazer: a casa deve tá uma poeira só, preciso urgentemente de um fogão e de um presente para o meu padrasto. Fora isso, que provavelmente vai me ocupar o dia 23 (todo), apenas descansar e curtir a cidade. Ver os amigos, ir à praia, à feira no sábado, andar sem compromisso algum, sem horários, sem pressa. 
Não quero pensar agora no calor, no tumulto, no trânsito, nas lojas atoladas de gente, isso fica para a segunda semana. Quando aquela sensação de estar_e_não_estar_mais me tomar por inteiro.
Acabei de fazer a mala. Pouca roupa porque odeio peso, mas, como fico por um mês, ela não deve tá tão leve assim.
Por hora, penso apenas nos fins de tarde no Aterro durante os fins de semana, na praia bem cedinho ou quando o sol está caindo fora, no silêncio da minha casa, ainda que no burburinho do centro da cidade.
Final de ano sempre uma correria, nunca dá tempo de fazer tudo aquilo que se pensou, a programação vai por ralo abaixo. Quero nem saber, tô nem aí pra ela. Ai, como é bom pensar em não pensar em nada, quero dizer, não ter que pensar em nada com compromisso.
Fui.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Tempo (Carlos Drummond de Andrade)

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um individuo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez, com outro número
e outra vontade de acreditar
que daqui para diante vai ser diferente...

A Prefeitura do Rio não quer que vc veja este vídeo...mas vc não precisa acatar


Eu voltei - Ângela Maria (CD)

Já nasci ouvindo músicas que não eram sequer da geração da minha mãe. Cresci ouvindo essas canções e gostando muito delas. E a partir disso, busquei compositores, cantores e cantoras além do que a mídia me permitia conhecer. Por isso, acredito que música não tenha época, ou nos parecem agradáveis, inteligentes, harmoniosas e nos falam direto ao coração, cabeça, tronco e membros ou não nos dizem nada.
Essa pequena introdução para dizer que Ângela Maria acaba de lançar mais um CD em comemoração aos seus 60 anos de carreira: Eu voltei, pela Lua Music.
A voz uma pouco diferente do que foi, mas a voz que ela tem e diante disso, não preciso dizer nada mais. Todo o repertório é de regravações, e não poderia ser diferente já que em comemoração aos longos anos de profissão.
O CD está disponível para ser ouvido na Rádio Uol, basta clicar no link acima para ouvi-lo. Eu destacaria, Muito estranho (de Dalton), Olhos nos olhos (de Chico), Esse cara (de Caetano), Os amantes (de Luiz Ayrao) e Pra você (Silvio César). Ah, tem uma participação mais do que especial de Cauby Peixoto (com uma voz inacreditável). Vale à pena comprar e recordar.

Sobre o tempo (texto)

Segunda-feira, quase véspera de viajar. Tenho sonhado nesses últimos dias com sombra e água fresca, mas o trabalho tem me assombrado diariamente, me atormentando em forma de sustos, irrompendo como um balde de água fria nas costas. Sombra versus assombro e água fresca versus água fria.
Em contagem regressiva, mas os emails cobrando revisão, notas, conceitos, bibliografias, não cessam. 
Não há quem cale o vizinho que insiste na música alta. 
E todas as lojas me lembrando que é natal, todas as vitrines reforçando que Papai Noel está chegando. 
No entanto, o calendário emperrado na mesma data, na mesma hora. Sempre véspera da véspera da véspera de natal. Olho, ameaço riscar mais um dia, a caneta falha, a ponta quebra. Calendário insensível.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...