quinta-feira, 17 de julho de 2014

Não faz dez minutos e...

Não faz dez minutos que mudei a minha fotografia no Facebook, na verdade, não foi uma troca, acrescentei apenas uma barra, na qual aparece, em letras brancas numa faixa vermelha, Dilma 13, e já recebi alguns inbox de amigos comentando a troca: o mais engraçado foi - "Só podia mesmo estar morando no exterior, sabe nada sobre o que está acontecendo por aqui." 
Todos, me pareceu, são favoráveis à campanha do PSDB, atual oposição a esta candidata. Mas nenhum deles assume estar apoiando o candidato desse partido. Não vi ninguém com fotos, nenhuma barra com o nome do candidato etc.
Acho que, em geral, quem apoia o PSDB tem um pouco de vergonha de dar a sua cara a tapa, de mostrar quem é verdadeiramente o seu candidato. Ficam sempre inbox, quase sempre vivem nas sombras vigiando quem assume uma posição.
As únicas declarações que eles dão são para criticar o atual governo, mas não apresentam quaisquer motivos que justifiquem seus votos: o motivo sempre é o mesmo ou gira em torno do  lugar comum "Fora PT!". Tentam relacionar o PT com o comunismo, com Cuba, com corrupção: nem se envergonham de tamanha ignorância.
Não estou dizendo que não tenho críticas ao governo Dilma. Tenho muitas, tantas que não caberiam aqui neste post. Mas sei o que é ser governado pelo PSDB, conheço o atual candidato e sei do que ele é (in)capaz, por isso não voto, sem amarrado. 
Sei por isso como foi a transição do PSDB para o PT no governo do país, sei o que foi feito e, por enquanto, aposto nessa transformação.
Bem, a foto é gerenciada por mim, pertence ao meu perfil. Eu decido qual coloco, quando uso, porque uso esta e não outra. Não preciso de autorização de ninguém e muito menos de aprovação dos meus amigos da rede social. Cada um sabe (a)onde o sapato aperta.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Mistérios (Joyce)



Um fogo queimou dentro de mim
Que não tem mais jeito de se apagar
Nem mesmo com toda água do mar
Preciso aprender os mistérios do fogo pra te incendiar
Um rio passou dentro de mim
Que eu não tive jeito de atravessar
Preciso um navio pra me levar
Preciso aprender os mistérios do rio pra te navegar
Vida breve, natureza
Quem mandou, coração?
Um vento bateu dentro de mim
Que eu não tive jeito de segurar
A vida passou pra me carregar
Preciso aprender os mistérios do mundo pra te ensinar

Quanta saudade.

Hoje eu precisava ligar para D. Helô para conversar um pouquinho que fosse, dizer a ela apenas que não ando lá muito bem e ela, certamente, me diria qualquer coisa para me fazer rir. Depois, diria que anda tb com saudades e que não vê a hora de estarmos juntos. Não vejo a hora de estarmos juntos outra vez.

Da Série Contos Mínimos

Desde cedo ele soube que chega o instante em que a emoção vai tomando conta de tudo: é como o leite que ferve. E a gente transborda.

Onde a gente menos espera...

Quase sempre é assim, a gente encontra onde não procura e onde procura quase nunca acha. Eu ando ansioso com a volta, com um tanto de coisas que preciso fazer aqui e no retorno ao Brasil:  além das coisas pessoais, os relatório do Programa de Licenciaturas Internacionais, prestação de contas deste projeto, relatório para a Capes, além de dar conta dos alunos que precisam terminar a dissertação tão logo eu chegue em Cascavel, etc. e etc. e etc.
Aí, inda agora, enquanto eu almoçava, a Ana, uma amiga que fiz aqui e que trabalha no tal restaurante, "percebeu" que eu não andava muito alegre e começou a me dizer coisas que, em geral, ela não diria, nunca disse, pelo menos. Não me aguentei. Tentei me controlar mas fiquei muito emocionado.
A vida é desse jeito, a gente quando está indo embora de algum lugar vai deixando um rastro de carinho, de amizade, de portas abertas, de vontade de carregar todo mundo junto na mala (e carrega, de algum modo). Foi assim quando saí do Brasil e pelo jeito vai ser assim quando eu voltar para casa.
Eu sei que tudo tem prazo de validade: mesmo a gente não é pra sempre, mas eu sei que existe algum lugar em que tudo isso fica guardado: a gratidão, esse carinho que se recebe, o abraço dos amigos, o olhar, uma mão que desliza no nosso braço nos dizendo "não fique assim não... isso tb vai passar..."
Esse reservatório anda cheio, muito cheio porque já fui embora tantas vezes e tantas vezes recomecei. Não é medo de recomeçar: não tenho medo dessa vida, já encarei tanta coisa sozinho. É só a sensação de que tudo é um círculo.
Sou feito de água e ela transborda sempre.

Vange Leonel (São Paulo, 4 de maio de 1963 — 14 de julho de 2014)


“Não gosto de despedidas. Ainda que me alivie pensar que os ciclos se fecham, e realmente desejo e espero que seja assim, despedidas formais me deixam constrangida. Adoraria escrever um texto de encerramento como se fosse uma simples coluna de meio de temporada. Mas é impossível: tenho que fechar o ciclo”. (Vange Leonel)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Tarde (Francis Hime)



Quando estou sozinha no meu canto,
Penso muito nas pessoas,
Penso muito nos seus cantos,
Penso quanto foi difícil para cada um falar,
E sinto o coração se confortar,
E fico por um tempo meio assim,
E penso em sentimentos meus,
E penso em sentimentos

Quantos edifícios,
Tantas casas,
Tanta gente dentro,
Como será?
Que sonhos terão?
Será tudo em vão?
Eu juro que não...
E os morros vão ficando azuis
Sobre essa cidade

Sobre essa cidade,
Eu já estou pronta
Pra viver a minha idade,
Pra entender a liberdade,
Pra contar pros nossos filhos
Uma história de amor...
E até quem sabe pra fazer amor,
E é bem capaz de gente ser assim...
E a tarde vai caindo em mim,
Sobre essa cidade,
E eu fico pensando assim

E a tarde vai caindo em mim,
Sobre essa cidade,
E eu fico pensando assim

No galho do manacá (Vinícius Cantuária)


Ludo real (Chico Buarque e Vinícius Cantuária)



Que nobreza você tem
Que seus lábios são reais
Que seus olhos vão além
Que uma noite faz o bem
E nunca mais

Que salta de sonho em sonho
E não quebra telha
Que passa através do amor
E não se atrapalha
Que cruza o rio
E não se molha

Ê, ê, ê andaia
A lua ê, a lua ê
andaia

Contato Imediato (Arnaldo Antunes)



Peço por favor
Se alguém de longe me escutar
Que venha aqui pra me buscar
Me leve para passear

No seu disco voador
Como um enorme carrossel
Atravessando o azul do céu
Até pousar no meu quintal

Se o pensamento duvidar
Todos os meus poros vão dizer
Estou pronto para embarcar
Sem me preocupar e sem temer

Vem me levar
Para um lugar
Longe daqui
Livre para navegar
No espaço sideral
Porque sei que sou

Semelhante de você
Diferente de você
Passageiro de você
À espera de você

No seu balão de são joão
Que caia bem na minha mão
Ou numa pipa de papel
Me leve para além do céu

Se o coração disparar
Quando eu levantar os pés do chão
A imensidão vai me abraçar
E acalmar a minha pulsação

Longe de mim
Solto no ar
Dentro do amor
Livre para navegar
Indo para onde for
O seu disco voador

Tenho dó das Estrelas (Fernando Pessoa)


Tenho Dó das Estrelas

Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo…
Tenho dó delas.

Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas
Como das pernas ou de um braço?

Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir…

Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão –
Qualquer coisa assim
Como um perdão?

Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo

Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um...