segunda-feira, 23 de junho de 2014

Pra rua me levar

Já sei olhar o rio por onde a vida passa

sem me precipitar, e nem perder a hora

Escuto no silêncio que há em mim e basta

Outro tempo começou pra mim agora

(Ana Carolina)



Não sei quantas vezes aqui eu falei sobre a música na minha vida. Acho que tantas pela importância que ela tem no meu dia a dia, sobre o meu humor. Um mundo sem música teria uma falta enorme. Vivo dela, mesmo. Vivo para prestar atenção nas músicas que ouço o dia inteiro por todos os lugares. Estou sempre atento aos sons ao meu redor.
Se estou assistindo a um filme, a trilha sonora me chama muito atenção. Se estou em silêncio, tem uma música tocando na minha cabeça. Anúncios. Cantoras. Letras. Sons em geral. Meus momentos mais intensos tem uma música qualquer que o representa. Sou um homem musical.
A música sempre esteve presente na minha vida. Sempre. Minha mãe escutava muita música em casa. Ouvíamos o tempo todo alguma música. Meus tios, homens, eram/são músicos: faziam parte de uma banda, na década de 60 (Os forasteiros). Ensaiavam em casa, e eu, é claro, não ficava fora disso. Era o mascote da banda: com direito a roupa igual a deles (hoje pode parecer meio cafona, e é mesmo bastante cafona, mas à época eu, criança, pouco me importava com cafonices. Pra ser sincero, cafonice é ser mal caráter, aproveitador, sanguessuga, sonso, interesseiro...). Bem, deixemos isso de lado, porque o que vale a pena é quem somos de verdade, quem acreditamos ser.
Em casa, não tinha essa de não ouvir isso porque era assim ou assado. Nunca. Eu tinha a liberdade de ouvir o que eu quisesse, acho que por isso sou tão eclético em termos musicais: ouço tudo e gosto de quase tudo um pouco. Em geral, o que não gosto é mesmo por falta de conhecimento ou qualquer implicância babaca. 
A música me alegra. E mesmo se estou triste a música não me coloca pra baixo. Ao contrário, ela me tira desse lugar. Lembro-me de uma vez em que duas amigas estiveram em minha casa, no Rio, e eu estava ouvindo Maria Bethania. Uma delas me disse: "tá na fossa!" E eu, verdadeiramente, não estava, ouvia Bethania porque aquilo me fazia bem.
Dia desses, à noite com alguns amigos, estávamos num bar de um brasileiro aqui em Lisboa e ele colocou Ana Carolina: "Pra rua me levar" e eu fechei os olhos para cantar o refrão. Meus amigos, na hora, me disseram que eu estava triste. E eu não estava, mesmo. Essa música me coloca em um lugar tão especial: me coloca de volta próximo de amigos, de momentos especiais que vivi. A música me salva. Não consigo me lembrar de nenhuma situação em que ela tenha me colocado em algum lugar incômodo: ao contrário, ela me conforta.

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