quarta-feira, 24 de julho de 2024

O tempo é um sopro: as pessoas nos escapam


Muito provavelmente, já escrevi aqui sobre um amigo que, infelizmente, e por vontade (já explico) já morreu. Jiovan. Um caro lindo! Inteligente, divertido, alto, estiloso, a frente do seu tempo. Não me lembro bem quando nos conhecemos, mas me recordo que ficamos muito próximos. Fomos apresentados por um amigo comum (este não me lembro mais o nome).

Ele vivia com hiv e carregava um peso enorme por isso. Teve problemas com a família por conta da sua sexualidade. Isso era por volta de 1990, se não me engano. Havia apenas o AZT que não era muito eficaz (a resposta não era nada boa e ainda tinham muitos efeitos colaterais). Era uma loucura estar contaminado nessa época: praticamente um atestado de morte (apenas na metade da década de 1990 surgiu a terapia antirretroviral).

Meu amigo não quis se tratar. Começou a beber muito, dormir pouco, virar noite. Eu às vezes o encontrava pelos bares. Trocávamos algumas palavras...normalmente, eu estava de passagem. Ele sumia. Como à época não existia ainda celular era bem complicado manter contato. 

Acho que eu tinha o número de telefone da casa dele, mas não me sentia muito à vontade para ligar diante do que ele me dizia sobre os seus pais.

Por que estou escrevendo sobre ele? Porque hoje ouvi uma música Por querer (Marina Lima) que sempre me faz lembrar dele. E aí bateu uma saudade enorme desses nossos encontros fugazes.

Quando se é muito jovem, a gente não pensa que as pessoas nos escapam. Parece que tudo estará ali a nossa disposição até não tá mais.

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