domingo, 12 de dezembro de 2010

Na reta final (texto)

Um pouco mais de uma semana para eu entrar de férias. Esperei muuuuuito pelo dia 12 de dezembro. Hoje aconteceu o nosso vestibular, tudo bem tranquilo, ou melhor, nenhuma ocorrência fora da normalidade.
Na quarta, acontece a prova final para alguns alunos do primeiro ano. Aí é corrigi-las, multiplicar, somar e dividir as notas, preencher o diário (odeio preencher diário!), publicar as notas, entregá-las na secretaria acadêmica e pronto.
Viajo para Curitiba no dia 22 à noite e para o Rio no outro dia e aí é encontrar os amigos, ver meu padrasto, ir à praia, dormir muito, sair sem pensar que tenho compromissos pela manhã, ir ao cinema, boate. Não vejo a hora.
O balanço de 2010 faço mais para frente. Posso adiantar apenas que o ano foi de muito trabalho, outras tantas viagens, congressos, seminários, muita saudade da minha mãe, amigos novos, noites em claro, muito riso, abraços.
Em dezembro, dia 24, são dois anos de blog, em janeiro mais um ano de vida e a esperança de que o próximo ano seja sempre melhor do que o ano que acaba.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Violência contra homossexuais (Drauzio Varella)


Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição que vai contra princípios elementares de justiça



A HOMOSSEXUALIDADE é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.
Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.
Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

SIM E NÃO (texto)

Aprendi a dizer Não não faz muito tempo. E sou bastante honesto ao afirmar que ao dizê-lo, mais do que uns podem crer, é libertador. Digo Não para respeitar os meus limites e, sobretudo, a minha vontade. E, sinceramente, pouco tenho me importando com as expectativas dos outros.
"Dizer não é dizer sim", cantou o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens nos anos 80 e percebi com o passar dos anos o quanto podemos nos tornar reféns do sim. Dizer Sim sem vontade é uma das grandes agressões a que nos submetemos, porque queremos agradar ao outro, principalmente. Esquecendo-nos.
Tenho percebido que, em geral, as pessoas convivem muito bem com a falsidade, com a dissimulação,  com tudo aquilo que não é mais do que aparentar ser, mas nada bem com as pequenas verdades.
Sei tb que às vezes ela, a verdade, doi (muito), mas ainda assim, prefiro ouvi-la ou dizê-la a ter que conviver com a dissimulação ou com comentários feitos às costas ou à ausência.
No entanto sei tb que tudo isso tem um preço e pagá-lo não é nada fácil, mas diante de liquidar essa dívida ou de fazer alguma concessão, ainda acho mais tranquilo sacar o talão de cheques.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

PAPAI NOEL DOS CORREIOS 2010

Realizada há mais de 20 anos, o Papai Noel dos Correios é uma das maiores campanhas sociais natalinas do Brasil. Distribuir presentes não é meta institucional da campanha, a principal preocupação é responder aos remetentes das cartinhas endereçadas ao Papai Noel e promover a mobilização dos Correios e da sociedade em torno dos sonhos das crianças brasileiras. 
A disseminação, em todo país, de valores natalinos como amor ao próximo, solidariedade e felicidade é o principal benefício conquistado graças à vontade dos mais de 108 mil empregados e à solidariedade da sociedade brasileira.
Em 2010, foram estabelecidas parcerias com escolas públicas, creches e/ou abrigos que atendem crianças em situação de vulnerabilidade social. Desta forma, a campanha alinha-se a um dos Objetivos do Milênio estabelecidos pela Organização.

Da série Poemas de Dezembro

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Texto extraído do Jornal do Brasil, Dezembro/1997.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poemas de Dezembro (Drummond)

Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é voo de um pássaro
é uma canção.
(Dezembro de 1968)

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...