segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Pensando bem, é um tiro em cada pé (texto)

Nem sempre a competição é saudável. Pensando bem, quase nunca ser competitivo é legal. Pra ser sincero, gente que vive disputando qualquer coisa é chata pra cacete.
Como alguns sabem, sou professor. Estou nessa de sala de aula faz muitos anos. Pra ser bem específico, são exatamente 26 anos de entra e sai de sala de aula, bom dia, boa tarde e boa noite. Em virtude disso, desses tantos anos de escola (ensino fundamental, médio e universitário), experimentei muitas faces de alunos e colegas de profissão.
É interessante como turmas de alunos (e professores) comportam-se mais ou menos de forma homogênea em se tratando de competição. Já tive turmas muito competitivas e turmas nada competitivas, tive, infelizmente, poucas turmas equilibradas em relação à competição. Não sou do tipo, acho, que estimula a competição em sala de aula. Bem ao contrário, penso. Acho que o mais importante é compartilhar conhecimento para que a maioria se saia bem...
*Alunos competitivos são chatos. Alunos que comparam notas são insuportáveis. Alunos que disputam lattes então, melhor não comentar. Acho que fica faltando um sei lá o quê de interessante em pós-adolescentes que se tornam técnicos demais.
Sou das letras, ainda que eu dê aulas de linguística, sou das artes, da literatura (e não pense que professores de literatura sejam mais artistas, não mesmo! Alguns são tão ou mais técnicos do que os que trabalham com a linguística dura), da música, da poesia, do bate-papo e da filosofia. A linguística dura é da porta da sala de aula para a prova, não me ocupa mais do que nesses espaços.
A competição nos torna insensíveis (e nem me venham com essa de que competição tem lá suas vantagens...nunca soube de nenhuma que fosse saudável.), não se vê, ao ser tomado por ela, o fim do túnel, porque ela passa ser um buraco negro. Nossas visões ficam turvas diante dela, e, somos, portanto, tomados pela vontade de ser mais, ter mais, conseguir juntar a maior quantidade de todas as coisas.
É claro que a maneira como funciona a universidade, por exemplo, estimula a competição. O nosso espaço é dimensionado pela produção, mas nem sempre uma produção de qualidade. Até porque não se tem um meio para avaliar tanto trabalho (mesmo que estejamos falando de Qualis), no fim das contas o que conta é a quantidade. Mesmo que seja medíocre. Por outro lado, esse funcionamento (o da quantidade) é uma imposição a qual nos submetemos sem sequer questioná-la, somos prisioneiros e carcereiros, escravos e senhor.
A competição nos torna vítima e algoz.

*alunos e professores.

domingo, 31 de julho de 2011

Um pouco de poesia para iluminar a vida

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Manoel de Barros

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Da Série Contos Mínimos

Comemorariam três décadas juntos se não fossem surpreendidos por novidades desagradáveis. A vida nunca espera data, hora certa, dia da semana, mês mais propício para se anunciar. Chega como a dona do pedaço, não escolhe palavras, atravessa o nosso dia como se o dia fosse apenas seu.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Pesquisa mostra que filhos de pais gays não sofrem prejuízos psicológicos (texto)

A função psíquica materna e paterna pode ser exercida por pessoas do mesmo sexo.
Um estudo realizado pelo Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) revela que a criação e educação de crianças por casais gays não causa perda psicológica nos filhos – a função psíquica materna e paterna pode ser exercida por duas pessoas do mesmo sexo. As informações são da Agência USP de Notícias.
De acordo com o autor do estudo, o pesquisador Ricardo de Souza Vieira, a estrutura familiar e o desenvolvimento da criança não estão vinculados com a orientação sexual do casal, mas, sim, com o desejo de ser responsável por uma criança.
- As relações de responsabilidade dos pais e da criança com os adultos, que definem a estrutura familiar, não sofrem alterações. As funções psíquicas são o que realmente importam para o desenvolvimento de uma criança, e elas estão descoladas do aspecto anátomo-fisiológico do corpo.
Segundo ele, em um casal formado por homossexuais, tanto a função psíquica materna — mais próxima da criança e responsável por ensinar a linguagem e por cuidar e proteger com mais intensidade — quanto a paterna — que limita a proximidade da criança com a mãe e tem a função de determinar limites e leis – podem estar ou não presentes. Mas isso também ocorre dentro das famílias de casais heterosseuxais.
- As funções de parentesco são mais simbólicas do que biológicas.
Segundo o pesquisador, as crianças não sentem a necessidade de possuir uma mãe, do sexo feminino, e um pai, do sexo masculino, pois as funções psíquicas desses “entes” já estão sendo exercidas por duas pessoas do mesmo sexo.
- Não há regra geral, a criança costuma criar diferentes formas de nomear os pais, como: pai X e pai Y ou mãe X e mãe Y. Raramente uma criança chama um de “pai” e outro de “mãe”.
Segundo o pesquisador, a maneira como a criança percebe, valoriza e qualifica a realidade depende de como os pais transmitem sua própria maneira de entender essa realidade.

Aspecto jurídico
No Brasil, não há leis que regulamentem a adoção de crianças por casais homossexuais. Todas as decisões, nesse âmbito, são tomadas por meio da jurisprudência, ou seja, as decisões são baseadas em um conjunto anterior de decisões e interpretações da legislação por outros juízes.
Atualmente, não é permitido que um casal homossexual registre qualquer criança como filha ou filho. Apenas um dos companheiros ou companheiras homossexual, pelo menos 16 anos mais velho que a criança, pode assinar a adoção.
No entanto, em 2006, a Justiça emitiu uma certidão de nascimento em que um casal de homens gays, de Catanduva, interior de São Paulo, são os responsáveis pela paternidade de uma criança adotada. Decisão semelhante já havia beneficiado dois casais formados por mulheres - um em Bagé (RS) e outro no Rio de Janeiro (RJ).
Segundo Vieira, o principal empecilho para a regulamentação da adoção de crianças por casais homossexuais está no próprio Congresso Nacional.
- Alas do Congresso, como as conservadora e religiosa, em geral, comprometem a aprovação de leis que se referem à ampliação dos direitos dos homossexuais.

Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo

Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um...