domingo, 11 de dezembro de 2011

Rodolfo Bottino.

O ator Rodolfo Bottino em foto de 2009 Foto: Camilla Maia / Ag O Globo

Morreu na manhã deste domingo, aos 52 anos, o ator e chef de cozinha Rodolfo Bottino. Ele faleceu em um hospital em Salvador, onde tinha parentes, em decorrência de uma embolia durante um exame para a realização de uma cirurgia no quadril. Ainda não há informações sobre o sepultamento.

Galã da televisão nos anos 1980, Bottino ficou conhecido do grande público como o Lauro da minissérie “Anos dourados”, exibida na TV Globo em 1986, mas atuou em novelas, filmes e espetáculos teatrais.
Em 2006, o ator venceu um câncer no pulmão. Dois anos depois, ao completar 50 anos, revelou, em uma entrevista ao GLOBO, ser portador do vírus da Aids desde a década de 90, mas sempre encarou a vida com otimismo. Sobre a doença, ele disse: "Ninguém falou que viver é fácil. Todo dia pode ter uma porrada. Mas também pode ter uma realização. Nenhum HIV, câncer, hepatite ou diabete impede essa realização diária. O que impede é a cuca."
Os palcos surgiram na vida de Rodolfo em 1979, quando ele ainda estava na faculdade. Por influência do pai, tinha ido estudar engenharia na UFF e, nas horas vagas, vivia enfiado no DCE. Ali, descobriu o teatro universitário e, em pouco tempo, encenava seu primeiro espetáculo, "Cordão umbilical", de Mário Prata. Depois, vieram "Menino maluquinho" e vários outros. Em 1984, descoberto num curso de interpretação, Rodolfo fez sua primeira novela na Globo, "Livre para voar".
Além das artes cênicas, sua paixão também era a culinária. Aos cinco anos, aprendeu a cozinhar e tornou-se chef de cozinha, tendo feito um curso no Le Cordon Bleu, na França. Em 1986, enquanto brilhava em novelas e minisséries como "Anos dourados", abriu o restaurante Madrugada, endereço que fez sucesso por oito anos, em Botafogo. Em 2000, levou sua cozinha para os palcos na peça “Risotto”, que circulou pelo Brasil.
Seu último trabalho foi o espetáculo “Homens, santos e desertores”, que estreou em julho deste ano no Rio, com texto do dramaturgo Mario Bortolotto e direção de Ernesto Piccolo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Quem somos e o que fazemos?


Duas situações recentes me motivaram escrever este pequeno post (texto): a primeira, foi uma pergunta que me fez uma amiga, psicanalista e pesquisadora do Rio de Janeiro depois da apresentação do meu trabalho sobre a Construção de identidades homossexuais na mídia, Maria Cláudia Maia, na II Jornada do E-l@dis – Conceitos e(m) Rede, organizado pela professora e amiga, da USP de Ribeirão Preto, Lucília Maria Sousa Romão. Este evento aconteceu nos dias 1º e 2 de dezembro deste ano. A pergunta foi a seguinte: Quem são os homossexuais?
A segunda situação, um texto do diplomata e escritor Alexandre Vidal Porto para a Folha de São Paulo sobre A Parada Gay (texto reproduzido aqui neste blog).
Sobre a pergunta da professora Maria Cláudia e também sobre a resposta que lhe dei, ou sobre a tentativa de resposta, para ser mais sincero: disse-lhe que não sabia quem eram os homossexuais. Ou melhor, eu disse que os homossexuais com os quais nos relacionamos no nosso dia a dia são (somos) ou podem (podemos) ser quaisquer um. Não se pode saber exatamente quem são, já que a sexualidade não define a existência de ninguém.
Quanto ao texto publicado pelo diplomata, posso adiantar que fiquei impressionado com a sua exposição (e clareza) sobre a função, em seu ponto de vista, da Parada Gay. Segundo Alexandre, as Paradas deveriam ter um caráter mais político e menos carnavalizante, carnavalesco, festivo ou coisa parecida.
Ainda, segundo ele, ir à Avenida Paulista para se divertir, beijar, se fantasiar etc. é fácil ou mais fácil do que reivindicar direitos e tratamento respeitoso por parte da população, por parte dos políticos (já que estes são os representantes legais também dos homossexuais ou dos LGBTs).
Ele escreve que não há do que se orgulhar em se tratando da forma como os homossexuais (vou me referir assim a sigla LGBT) vivem aqui no país ou como são tratados.
A ideia seria se mostrar, não usando plataforma de salto 18, perucas azuis, sungas, peitos e braços de fora, fantasias diversas, mas a forma como somos nos 364 dias que restam do ano. Ou seja, quem são os homossexuais, o que fazem?
Sou o bombeiro que apagou o fogo da sua residência ontem, o médico que amparou o seu filho que nasceu, o guarda de trânsito, o cirurgião que fez o seu transplante de coração, o caixa do supermercado, o atendente do telemarketing, o professor do seu filho, a enfermeira que lhe deu os primeiros socorros, o homem no ônibus que lhe cedeu o lugar para se sentar, o dentista que cuidou do seu dente e acabou com a sua dor. Eu sou qualquer coisa e o fato de eu ser homossexual não define a minha existência assim como o fato de você não ser, não define a sua.
Eu tenho as mesmas necessidades que você tem, exijo o mesmo tratamento que você tem, tenho os mesmos direitos e deveres que quaisquer pessoas têm. Nós somos todos iguais. A minha sexualidade não define o meu caráter, a minha capacidade. A minha sexualidade define apenas o meu desejo sexual e isso, se comparado ao tanto que sou, não representa muito mais do que isso representa ou importa.
Não estou, no entanto, pedindo a sua compreensão, a sua tolerância, estou exigindo respeito. Não estou pedindo nada que lhe pertença, não quero nada que seja seu, mas não posso deixar de querer o que é meu: o direito de eu ser o que sou.

Não é preciso ser diferente para ser gay (Alexandre Vidal Porto)


Os homossexuais podem se tornar invisíveis. É só saberem dissimular ou mentir. Quando a primeira Parada Gay de São Paulo surgiu, um de seus objetivos era, justamente, dar visibilidade à parcela da comunidade LGBT que queria afirmar sua existência e entabular um diálogo com a sociedade.
O viés era político. O slogan da parada, "Somos muitos e estamos em todas as profissões", equivalia a uma apresentação. Os manifestantes queriam mostrar quem eram e o que faziam. Reclamavam participação no processo jurídico-social e pediam proteção contra o preconceito e a discriminação. Eram 2.000 pessoas, e o ano era 1997.
Desde sua primeira edição, no entanto, o aspecto político do evento foi cedendo espaço ao carnavalesco. A Parada Gay de São Paulo transformou-se em uma grande festa. A maior de seu gênero no mundo. Atrai número de pessoas equivalente à população do Uruguai.
Movimenta centenas de milhões de reais. A expectativa é de que traga mais de 400 mil turistas à cidade.
Explica-se o fenômeno da carnavalização da Parada com o argumento de que os gays são "divertidos". A utilização desse estereótipo, contudo, contribui para mascarar a irresponsabilidade cívica e a alienação política de parte da comunidade LGBT.
Carnavalizar é fácil e agradável, mas é contraproducente.
O estilo exagerado que alguns participantes preferem adotar é legítimo e respeitável. Mas presta um desserviço para o avanço dos direitos à igualdade. O caráter festivo e a irreverência tiveram valor simbólico em um tempo em que a rejeição social contra a homossexualidade era incontornável. Acontece que as coisas mudaram.
Os milhões de pessoas que comparecerão ao evento na avenida Paulista deveriam ter presente a responsabilidade cívica de conquistar corações e mentes para a sua causa. O aspecto político da Parada exige certa sobriedade, ao menos em respeito às vítimas cotidianas da homofobia, no Brasil e no mundo. Hoje, o peso do discurso político tem de ser maior que a vontade de dançar.
A aceitação da homossexualidade pela opinião pública está vinculada à convivência com pessoas abertamente gays. Mostrar-se é importante. Nessa batalha, é mais estratégico exibir a semelhança. É mais difícil para o mundo identificar-se com o ultrajante.
Não se trata de exibir a orientação sexual, mas de garantir o direito pleno à liberdade de exercê-la. Associar o conceito da homossexualidade à transgressão e ao excesso pode ter valor estético, mas tem efeito negativo sobre o ritmo do processo político.
Para gente que cresceu com uma escala de valores antagônica aos direitos humanos dos LGBT, o comportamento escandaloso exibido tradicionalmente nas paradas equivale à retórica raivosa de um Jair Bolsonaro. O papel da Parada é mostrar que os homossexuais são serem humanos comuns, que têm direito a proteção e respeito, como qualquer outro cidadão.
Ninguém precisa ser diferente para ser gay. Não é necessário transformar-se na caricatura de si mesmo.

ALEXANDRE VIDAL PORTO, mestre em direito pela Universidade Harvard (EUA), é diplomata de carreira e escritor.

Da Série Contos Mínimos

Ele pensava que era só por hoje. Que ia passar. Que estaria melhor na próxima semana. Os planos foram se estendendo para o próximo mês, para o próximo ano, para a próxima encarnação.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Transexuais poderão usar uniforme feminino, na Argentina

As forças policiais da Argentina deverão respeitar a identidade de gênero adotada por travestis e transexuais, que poderão usar o uniforme de acordo com sua percepção de gênero, informou nesta quarta-feira (30) o Ministério da Segurança, através da resolução 1.181/11.
Com o objetivo de se respeitar o "direito a ser o que se é", a ministra da Segurança, Nilda Garré, instruiu os comandantes da Polícia Federal, Guarda Nacional, Prefeitura Naval e Polícia Aeroportuária "a dar o devido tratamento à identidade de gênero percebida pelos integrantes" dos efetivos.
"Quando um integrante das forças policiais desejar a readequação de seu gênero, deverá solicitá-lo ao Centro Integral de Gênero da instituição que integra, e serão estipuladas as condições de trabalho adequadas", destaca a resolução. "Será levado em conta seu uniforme, a utilização de instalações diferenciadas por sexo e a designação de tarefas que correspondam a sua identidade. Em nenhum caso se exigirá cirurgia, reorientação sexual ou tratamento hormonal para a concessão das prerrogativas".
Presos
A mesma resolução se aplica aos presos, que deverão ser alojados em celas de acordo com sua identidade sexual.

Lei de Identidade de Gênero
A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta quarta, por ampla maioria, a lei de Identidade de Gênero, que autoriza travestis e transexuais a registrar seus dados com o sexo escolhido. O projeto agora será analisado no Senado.
O projeto estabelece que não é necessário mais do que uma solicitação para registrar a mudança de sexo, e não serão exigidos diagnósticos médicos, psiquiátricos ou cirurgias, como ocorre agora.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Nan Goldin Censurada pelo OI Futuro (ex-posição)

Nan Goldin é uma fotógrafa americana que cresceu em uma familia judia de classe média alta em Boston, Massachusetts. Sua primeira mostra solo, realizada em Boston em 1973, foi baseada em suas jornadas fotográficas através das comunidades gays e transexuais da cidade. Goldin graduou-se na School of the Museum of Fine Arts, Boston/Tufts University em 1977/1978.
Depois de se formar, Goldin mudou-se para Nova York. Começou então a documentar o cenário new-wave pós-punk, simultaneamente à subcultura gay no final da década de 1970 e começo da década de 1980.
Uma exposição com o trabalho da artista tinha previsão para inaugurar no Rio de Janeiro, no dia 09 de janeiro, no OI Futuro, mas fui suspensa pela direção e pela curadoria do instituto, sem maiores explicações. A artista foi censurada pelo OI Futuro.



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Dessa vez, pensava ele com alguma convicção, alguma coisa havia se quebrado.

sábado, 26 de novembro de 2011

Era tanta saudade que (texto)

Hoje, entre as minhas visitas recentes aqui do blog, vi o nome de um grande e velho amigo, Ricardo Damasceno. Foi como se o tivesse encontrado para uma conversa. Faz tempo que a gente não se vê, faz muito tempo que a gente sequer senta para um bate-papo.
Fiquei me lembrando, aqui, do tanto de tempo que somos amigos, do quanto nos conhecemos. 
Estudamos juntos na primeira série do ensino fundamental (dia desses tentei me lembrar do nome de nossa professora e não consegui), depois nos encontramos em outras tantas séries.
Continuamos amigos na adolescência, e seguimos com nossa amizade tb na vida adulta. Cara, que saudade de vc! Saudade das conversas jogadas fora, dos encontros lá em casa para ouvir música, rir, falar sobre qualquer coisa. Quanto tempo, hein?! Muito tempo mesmo. Ainda que a saudade tenha transbordado em mim, não fico triste por isso. Ao contrário, apenas me orgulho do tanto que gosto de vc
Os cariocas têm fama de marcar encontros que nunca acontecem, mas não é por falta de vontade, acho que por falta de oportunidade. E falamos, vamos nos ver?! Vamos tomar uma cerveja dia desses! Me liga. E, não nos falamos, não tomamos a tal cerveja e não nos ligamos (muitas das vezes nem temos o telefone do amigo). Mas temos a vontade. Eu sei disso.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Por mil palavras (fotografia)

Sei que fotografias não valem por mil palavras, sei que valem, como dizem por aí, por tantas quantas uma Formação Discursiva suportar. Né, Alê? De qualquer forma, essa aí do Redentor deve transbordar aquela que afirma ser o RJ uma Cidade Maravilhosa.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

São Paulo, quem diria, se mancha de sangue: Mais agressões motivadas por homofobia (texto)

Rapaz sofre fraturas no rosto ao ser espancado na Rua Augusta, em SP
Rapaz de 21 anos agredido na Rua Augusta (Foto: Marcelo Mora/G1)

Ele acredita que foi confundido com gay por agressores.
Irmão e um amigo dele, que é gay, também foram agredidos no sábado.
(Foto: Marcelo Mora/G1)

 Um jovem de 21 anos sofreu três fraturas em ossos da face e ficou com um coágulo no cérebro ao ser agredido por um grupo de ao menos dez pessoas na manhã de sábado (19), em frente a um bar localizado na esquina das ruas Augusta e Fernando de Albuquerque, na Consolação, região central de São Paulo. O irmão dele, de 24 anos, e um amigo de 24 anos que afirma ser gay, também foram agredidos pelo grupo, segundo ocorrência registrada na polícia.
As vítimas conversaram com a equipe de reportagem do G1 sob a condição de que não tivessem os nomes divulgados. A agressão ocorreu quando o trio deixou uma casa noturna próxima à Praça Roosevelt e se dirigia à residência do jornalista, que mora em um apartamento na Avenida Nove de Julho.
Para o amigo de 24 anos, tratou-se de um ataque homofóbico, versão que deverá sustentar quando prestar depoimento à polícia. Ele diz que em momento algum o grupo recorreu a palavras homofóbicas ou a xingamentos durante o ataque ao trio.
Mas afirma que estava com uma roupa justa e foi visto dando um abraço em um dos amigos, fatos que, na sua visão, poderiam ser interpretados como sinal de sua sexualidade. Também diz que os agressores repetiam a frase "Vocês vão morrer"."Um deles chegou a pegar uma pedra enorme para jogar na cabeça do meu amigo que já estava no chão desmaiado", disse.
A ocorrência da agressão foi registrada no 4º Distrito Policial, da Consolação, como lesão corporal. Por enquanto, nenhum dos três agredidos prestou depoimento, o que deverá acontecer nos próximos dias.
Segundo a polícia, após os depoimentos, será analisado se o caso tem conotação homofóbica.
A agressão
Segundo o amigo dos irmãos, ao entrar no bar na Rua Augusta, ele estava abraçado ao jovem de 21 anos que posteriormente foi agredido. "Estávamos abraçados como costumamos fazer algumas vezes quando conversamos. Inclusive ele estava triste porque havia reencontrado uma ex-namorada. Com certeza, eles acharam que nós éramos gays. O meu amigo não é gay; eu sou. Namoro com o irmão deles há quatro anos", contou.
Irmão da vítima teve cortes no braço após garrafada (Foto: Marcelo Mora/G1) Ele diz que, quando os três entraram no bar, um dos agressores ficou encarando de forma sistemática o amigo dele, que permaneceu do lado de fora, enquanto os outros dois foram ao banheiro. O jovem de 21 anos que apanhou questionou por que o outro estava olhando para ele e, depois disso, foi agredido com um soco no rosto e partiu para o revide.
Outros jovens que acompanhavam o primeiro agressor entraram na briga e passaram a espancar o rapaz. O irmão dele levou uma garrafada no braço esquerdo e também foi agredido com socos e pontapés.
Após cessar as agressões, o trio se dirigiu a outro bar, nas proximidades. Eles entraram no banheiro para limpar o sangue dos ferimentos. Ao saírem, mais uma vez foram atacados, desta vez por dois agressores. "Quando estendi o braço para chamar um táxi, um cara me deu um murro na cabeça e me agarrou pelo pescoço. Depois, ele meu deu uma cadeirada. Sofri cortes dentro da boca e fiquei com o joelho machucado", contou o amigo de 24 anos.
Irmão da vítima teve cortes no braço após garrafada (Foto: Marcelo Mora/G1)
O rapaz de 21 anos também foi agredido na cabeça logo após deixar o a bar e desmaiou. Em seguida, passou a receber chutes no rosto dos agressores. O irmão tentou proteger a vítima e também levou pontapés. O jovem permaneceu desmaiado na rua e foi levado por policiais militares para a Santa Casa de Misericórdia, em Santa Cecília, na região central.
Depois de receber os primeiros socorros, ele foi transferido na noite de sábado para um hospital do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo, onde permanecia internado em observação na tarde de segunda-feira (21). Ele deverá ser submetido a pelo menos três cirurgias na face devido às fraturas em ossos da bochecha, nariz e maxilar. Ao G1, o jovem disse que não se lembra de quase nada da agressão. “Depois que tomei a pancada na cabeça não vi mais nada. Quando acordei, horas mais tarde, já estava no hospital e a cabeça ainda rodando”, relatou.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...