terça-feira, 15 de julho de 2014

Quanta saudade.

Hoje eu precisava ligar para D. Helô para conversar um pouquinho que fosse, dizer a ela apenas que não ando lá muito bem e ela, certamente, me diria qualquer coisa para me fazer rir. Depois, diria que anda tb com saudades e que não vê a hora de estarmos juntos. Não vejo a hora de estarmos juntos outra vez.

Da Série Contos Mínimos

Desde cedo ele soube que chega o instante em que a emoção vai tomando conta de tudo: é como o leite que ferve. E a gente transborda.

Onde a gente menos espera...

Quase sempre é assim, a gente encontra onde não procura e onde procura quase nunca acha. Eu ando ansioso com a volta, com um tanto de coisas que preciso fazer aqui e no retorno ao Brasil:  além das coisas pessoais, os relatório do Programa de Licenciaturas Internacionais, prestação de contas deste projeto, relatório para a Capes, além de dar conta dos alunos que precisam terminar a dissertação tão logo eu chegue em Cascavel, etc. e etc. e etc.
Aí, inda agora, enquanto eu almoçava, a Ana, uma amiga que fiz aqui e que trabalha no tal restaurante, "percebeu" que eu não andava muito alegre e começou a me dizer coisas que, em geral, ela não diria, nunca disse, pelo menos. Não me aguentei. Tentei me controlar mas fiquei muito emocionado.
A vida é desse jeito, a gente quando está indo embora de algum lugar vai deixando um rastro de carinho, de amizade, de portas abertas, de vontade de carregar todo mundo junto na mala (e carrega, de algum modo). Foi assim quando saí do Brasil e pelo jeito vai ser assim quando eu voltar para casa.
Eu sei que tudo tem prazo de validade: mesmo a gente não é pra sempre, mas eu sei que existe algum lugar em que tudo isso fica guardado: a gratidão, esse carinho que se recebe, o abraço dos amigos, o olhar, uma mão que desliza no nosso braço nos dizendo "não fique assim não... isso tb vai passar..."
Esse reservatório anda cheio, muito cheio porque já fui embora tantas vezes e tantas vezes recomecei. Não é medo de recomeçar: não tenho medo dessa vida, já encarei tanta coisa sozinho. É só a sensação de que tudo é um círculo.
Sou feito de água e ela transborda sempre.

Vange Leonel (São Paulo, 4 de maio de 1963 — 14 de julho de 2014)


“Não gosto de despedidas. Ainda que me alivie pensar que os ciclos se fecham, e realmente desejo e espero que seja assim, despedidas formais me deixam constrangida. Adoraria escrever um texto de encerramento como se fosse uma simples coluna de meio de temporada. Mas é impossível: tenho que fechar o ciclo”. (Vange Leonel)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Tarde (Francis Hime)



Quando estou sozinha no meu canto,
Penso muito nas pessoas,
Penso muito nos seus cantos,
Penso quanto foi difícil para cada um falar,
E sinto o coração se confortar,
E fico por um tempo meio assim,
E penso em sentimentos meus,
E penso em sentimentos

Quantos edifícios,
Tantas casas,
Tanta gente dentro,
Como será?
Que sonhos terão?
Será tudo em vão?
Eu juro que não...
E os morros vão ficando azuis
Sobre essa cidade

Sobre essa cidade,
Eu já estou pronta
Pra viver a minha idade,
Pra entender a liberdade,
Pra contar pros nossos filhos
Uma história de amor...
E até quem sabe pra fazer amor,
E é bem capaz de gente ser assim...
E a tarde vai caindo em mim,
Sobre essa cidade,
E eu fico pensando assim

E a tarde vai caindo em mim,
Sobre essa cidade,
E eu fico pensando assim

No galho do manacá (Vinícius Cantuária)


Ludo real (Chico Buarque e Vinícius Cantuária)



Que nobreza você tem
Que seus lábios são reais
Que seus olhos vão além
Que uma noite faz o bem
E nunca mais

Que salta de sonho em sonho
E não quebra telha
Que passa através do amor
E não se atrapalha
Que cruza o rio
E não se molha

Ê, ê, ê andaia
A lua ê, a lua ê
andaia

Contato Imediato (Arnaldo Antunes)



Peço por favor
Se alguém de longe me escutar
Que venha aqui pra me buscar
Me leve para passear

No seu disco voador
Como um enorme carrossel
Atravessando o azul do céu
Até pousar no meu quintal

Se o pensamento duvidar
Todos os meus poros vão dizer
Estou pronto para embarcar
Sem me preocupar e sem temer

Vem me levar
Para um lugar
Longe daqui
Livre para navegar
No espaço sideral
Porque sei que sou

Semelhante de você
Diferente de você
Passageiro de você
À espera de você

No seu balão de são joão
Que caia bem na minha mão
Ou numa pipa de papel
Me leve para além do céu

Se o coração disparar
Quando eu levantar os pés do chão
A imensidão vai me abraçar
E acalmar a minha pulsação

Longe de mim
Solto no ar
Dentro do amor
Livre para navegar
Indo para onde for
O seu disco voador

Tenho dó das Estrelas (Fernando Pessoa)


Tenho Dó das Estrelas

Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo…
Tenho dó delas.

Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas
Como das pernas ou de um braço?

Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir…

Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão –
Qualquer coisa assim
Como um perdão?

É realmente Fantástico!

Bem, que eu assisto a programação da Rede Globo aqui em Portugal não é nenhuma novidade: assisto as séries Pé na cova e Tapas e Beijos, além do Jornal Nacional e, vezinquando, o Fantástico
Hoje, pela manhã, vi este programa pela internet e constatei mais uma vez que a qualidade, a criatividade, as inovações jornalísticas, as notícias veiculadas merecem nota -345. (ISSO MESMO = MENOS TREZENTOS E QUARENTA E CINCO).
Primeiro, o que me incomodou foi a insistência no placar de 7 x 1 do jogo da Alemanha contra o Brasil. Os jornalistas diziam o tempo todo que "os brasileiros não conseguiam se esquecer desse placar".
Se depender do Fantástico, os brasileiros não vão se esquecer mesmo porque isso foi dito, pelo menos, 9 vezes durante todo o programa. Fiquei exausto de tanto ser obrigado a relembrar este episódio. Tínhamos passado pela Holanda, MAS os brasileiros não podiam se esquecer do 7 x 1 contra a Alemanha. Pelo amor de deus!
Aí quando eu pensei que eles iam passar para outro assunto, outra vez fizeram uma retrospectiva dos jogos do Brasil para...mais uma vez falar do 7 x 1 contra a Alemanha.
Depois disso, mais algumas vezes o 7 x 1 contra a Alemanha: brincadeiras na internet, comentários dos torcedores, comentário de comentaristas esportivos, outra vez os apresentadores, algumas imagens. #PQP
O que restou do programa de ontem, apenas a matéria do médico brasileiro que ajudou o menino africano: gostei demais dele, da sua família, da sua emoção, da sua atitude. Pronto.
E aí, para finalizar, que tal mais uma vez o 7x 1 contra a Alemanha?

domingo, 13 de julho de 2014

Da Série Contos Mínimos

Sem saber direito para onde ir, resolveu arriscar: colocou três nomes em um pequeno pedaço de papel, embrulhou cuidadosamente cada um, segurou-os na palma da mão, fechou os olhos e definiu assim a sua última viagem.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...