domingo, 10 de janeiro de 2010

Tua (CD)

Maria Bethânia gravou dois CD´s em 2009 (Encanteria e Tua). Eu podia comprar apenas um. Não tinha qualquer critério. Os dois estavam ali, à disposição. Escolhi Tua, assim como se escolhe uma camiseta, pela estampa. Apenas pela cara. Ouvi dizer que quem vê cara, não vê coração. Não funcionou dessa vez. A não ser que Encanteria seja o top do top, o creme do creme.
Já no primeiro acorde do CD (É o amor outra vez), me apaixonei: voz, música, letra, enfim, impecável. A cada música (são 11 faixas - todas inéditas) me surpreendia com a qualidade das composições.
O cuidado com o CD é marca registrada da maior intérprete (na minha opinião, é claro) da música brasileira. Não sei se a indústria da música está mesmo em baixa (acabei de ler no Globo que nos E.U.A. as músicas, em 2009, venderam menos que no ano anterior), sei apenas que música é um grande investimento: alegra o dia, nos leva para lugares outros, ameniza as dores, afaga a saudade.
Tua é composição de Adriana Calcanhotto, mas tem Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro, Roque ferreira, Jorge Vercilo e J. velosso, César Mendes e Arnaldo Antunes, Moacyr Luz e Aldir Blanc, Saul Barbosa e Jorge Portugal, Bill Farr, Márcio Valverde e Nélio Rosa, Chico César e Paulinho Moska, Mauro Duarte, Roberto Mendes e Capinam. Não precisa mais nada.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Caras & Bocas - Cássio e André (texto)

Ontem, último capítulo da novela Caras & Bocas (já postei alguns comentários sobre ela), bastantante satisfatório! Como sempre, casamentos. Muitos casamentos. E praqueles que não se casam, um par, em potencial, para que não se sintam sozinhos e infelizes. É claro que isso não tem nada a ver com a novela, mas com o nosso imaginário em torno do que seja felicidade ("É impossível ser feliz sozinho", cantamos muitas vezes esse verso): até os macacos casaram-se.
Mas um casal (?) me interessa, particularmente, na trama: Cássio e André. Aquele era gay assumido, encontrou uma mulher e se apaixonou. Tranquilo. Este, hétero assumido e aos poucos foi nos dando pistas de que estava interessado no Cássio.
O tema, a homossexualidade, é tão caro para a sociedade que sequer se pode falar sobre ele em alguns horários na TV aberta. A cena em que, supostamente, André conta para a sua família sobre a sua orientação sexual é cortada depois que ele diz que precisa dizer algo sério para todos (quando alguém precisa contar algo sério, pode acreditar, aí tem.). Quando a cena volta, ele já contou e recebe da irmã e cunhado abraços acompanhados da frase: "Parabéns pela sua coragem!". Sua mãe (a mais arredia em torno da sexualidade de André) tb o abraça, mas foge um pouco do assunto convidando-o para um sorvete (estratégia bem bolada e divertida para reforçar e suavizar a questão. Gostei! Estamos num horário das 19h.)
Pode parecer fixação eu abordar tanto esse tema aqui, e é mesmo! É uma maneira de tentar entender o porquê de ainda (e eu sei bem os motivos) em 2010 estarmos tão presos a (pré)conceitos tão século XIX. É claro que as mudanças tb fazem parte dessa observação: imagine uma relação (?) homossexual com final feliz numa novela desse horário?
Mas um silêncio bastante presente insiste em ecoar sentidos por aí.
Num comentário de um post, a Fátima, amiga do Blog Viver é afinar os instrumentos, escreveu sobre uma nova geração que anda surgindo aí, a de sua filha. Menos preocupada, pelo menos em tese, com a vida privada, com os desejos dos outros, com a orientação sexual de cada um. Bom sinal, tb em tese, para as possíveis mudanças em torno do tema. Que venha a próxima geração!!!!


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Portugal fazendo História (texto)

Deu no Globo.com: O Parlamento de Portugal aprovou nesta sexta-feira (8) uma proposição de lei do governo socialista para permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, mas descartou a possibilidade de que estes casais possam adotar crianças.
Após a votação, que contou com o apoio de toda a esquerda parlamentar, o primeiro-ministro português, José Sócrates, qualificou este dia como "um momento histórico" para Portugal no "combate contra a discriminação e a injustiça que existia na sociedade portuguesa".
"Fizemos o que qualquer humanista deve fazer, combater as injustiças dos outros como se fossem injustiças contra nós, combater as normas legais que impedem a igualdade como se afetasse a nós mesmos", disse Sócrates.
A proposta do governo foi aprovada com os votos favoráveis do Partido Socialista (PS), que governa em minoria com 97 das 230 cadeiras da Assembleia; o Partido Comunista de Portugal (PCP), com 13 assentos; o Bloco de Esquerda, com 16, e os Verdes, com dois.
As duas deputadas do Movimento Humanismo e Democracia, independentes, mas escolhidas nas listas do PS, foram as únicas representantes da esquerda parlamentar que votaram contra.
Os deputados da principal força da oposição, o Partido Social Democrata (PSD), foram contra a proposição, exceto sete que se abstiveram, e também houve a rejeição dos parlamentares do conservador Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP).
O Parlamento não aprovou as proposições realizadas pelo Bloco de Esquerda e os Verdes, nas quais pediam a legalização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e nas quais estava incluída a adoção.
A Assembleia da República também votou contra o projeto do PSD para a criação de uma união civil registrada que conferia, com alguns limites patrimoniais e parentais, os mesmos direitos que o casamento homossexual.
As propostas do Bloco de Esquerda e dos Verdes tiveram os votos contrários o CDS-PP, do PSD e da maioria dos socialistas.
Para que a lei entre em vigor, é necessário que esta seja promulgada nos próximos 40 dias pelo presidente português, o conservador Aníbal Cavaco Silva, com direito a veto. O veto pode ser derrubado pelo Parlamento. Se não houver veto, os primeiros casamentos podem ser celebrados já em abril.
Cavaco Silva, líder histórico do opositor Partido Social Democrata, não quis se pronunciar sobre a lei de casamento homossexual, mas destacou diversas vezes que sua atenção está em "outros problemas do país", e que não fará nada "que provoque fraturas" na sociedade.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Los Hermanos outra vez!!!! (texto)

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, assinou um decreto no qual ordena a abertura dos arquivos relacionados à atuação das Forças Armadas durante a ditadura militar que governou o país de 1973 a 1983.
Por meio do decreto, o governo retirou a classificação "de segurança" das informações que dizem respeito ao período. Assim, o decreto determina a abertura de "toda aquela informação e documentação vinculada à atuação das Forças Armadas" de 1976 e 1983, salvo aquela relacionada ao "conflito bélico do Atlântico Sul [Guerra das Malvinas] e a qualquer outro conflito de caráter interestatal".
A iniciativa também se vincula à retomada de processos por violações dos direitos humanos cometidas durante a ditadura, o que se tornou possível após a anulação das chamadas leis de impunidade - Obediência Devida e Ponto Final -, durante a Presidência de Néstor Kirchner (2003-2007).
O secretário de Direitos Humanos da Argentina, Eduardo Luis Duhalde, disse que "a medida agiliza a remissão das informações ao Poder Judiciário". A ditadura argentina foi uma das mais violentas da região. Em apenas sete anos de regime, estima-se que cerca de 30 mil pessoas tenham desaparecido nas mãos de agentes da repressão, segundo entidades defensoras dos direitos humanos. Nos últimos anos, comandantes das Forças Armadas, autoridades e agentes da repressão foram ao banco dos réus.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Transexual indicada por Obama para cargo no Departamento de Comércio (texto)

Há alguns posts eu escrevi sobre o primeiro casamento gay na América Latina (Argentina). Vale à pena ler sobre esse fato (histórico) , o reconhecimento civil entre pessoas do mesmo sexo. Agora, tenho um grande prazer em escrever sobre a nomeação de um transexual, Amanda Simpson, 46 anos, para cargo no Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Nomeação feita pelo presidente dos E.U.A.
Quando ainda era candidato, Barack Obama prometia “mudança” para o país. Após um ano no cargo, conseguiu alguns sucessos, como a reforma do sistema de saúde, mas ainda enfrenta os mesmos problemas de seus antecessores em outras áreas.
No recrutamento de funcionários públicos
, entretanto, Obama é mesmo um inovador, e se tornou o primeiro presidente da história do país a indicar um transexual assumido para um cargo de confiança.
A nova empregada do Estado americano é Amanda Simpson, de 46 anos, que até os 39 vivia como Mitch Simpson, filho mais velho de um casal de judeus de Chicago. Segundo o site da televisão americana Fox News, citando o jornal Arizona Daily Star, Mitch se tornou Amanda em 2002, quando gastou US$ 70 mil em seis cirurgias para se tornar mulher.
Esse ato simboliza muito para a comunidade LGBT, porque reforça a teoria de que capacidade, competência, seriedade etc. não tem nenhuma relação com a sexualidade e talvez possa significar muito mais se as pessoas compreenderem que a sexualidade efetiva apenas desejos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

São três pulinhos (texto)

Não sei se você costumar perder objetos. Eu, vezinquando, perco algum importante: provas, livros, documentos, chave de fenda, tesoura etc. E depois de procurar por um tempo sem sucesso, o que você faz? Eu apelo para São Longuinho. A tradição manda que, quando o objeto reaparecer feito mágica, se agradeça dando três pulinhos - de preferência acompanhados de três gritinhos (Achei, São Longuinho!).
Pode parecer estranho eu estar escrevendo sobre isso, mas um amigo perdeu o parafuso do piercing dia desses e, por mais que procurássemos, não encontrávamos o minúsculo objeto. Até que, silenciosamente, eu prometi que o Tiago daria dez pulos se encontrasse a peça. Batata! Ele encontrou e eu falei da promessa. E sem alternativa, ou poderia nunca mais encontrar nada em sua vida, deu os dez pulinhos sob a outra promessa de eu não ri. Cumprimos.
Mas a pergunta que não tem resposta: de onde nasceu essa tradição popular de prometer os pulos seguidos de gritos em torno do Santo depois de encontrar o objeto perdido?
Estou aqui vasculhando a internet e não encontro nenhuma explicação para essa história. Alguém conhece alguma explicação?
Encontrei, apenas, a história do santo: São Longuinho, santo celebrado em 15 de março, é especialmente popular na Espanha e no Brasil - mas aqui só existe uma igreja com sua imagem, em Guararema, interior de São Paulo.
"Longuinho vem de Longinus, nome comum aos mártires", afirma o teólogo Décio Passos, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Longinus, por sua vez, vem do grego lonkhe, que quer dizer lança. Segundo os historiadores da religião, Longinus chamava-se Cássio e era um dos centuriões romanos escalados para vigiar Cristo na cruz. "Na Sexta-Feira Santa, Cássio espetou sua lança no coração de Jesus e acabou levando um jato de sangue em seus olhos", diz o padre Aparecido Pereira, estudioso de hagiografias (biografias de santos) e editor do jornal O São Paulo, da Cúria Metropolitana. Cássio sofria de um problema de vista - ou "cegueira espiritual", de acordo com alguns relatos - e, naquele momento, foi curado instantaneamente.
Converteu-se ao Cristianismo e refugiou-se na Cesaréia, onde virou monge. Descoberto, foi decapitado, como tantos outros mártires cristãos.
A história de São Longuinho é citada no Novo Testamento por Mateus (27:54), Marcos (15:39) e Lucas (23:47).

Abraços partidos (filme)

Acostumado com um Almodóvar que escreve e filma mulheres, me deparei com uma história masculina: Mateo Blanco (Lluís Homar), cineasta e roteirista, sofre um acidente de automóvel que lhe deixa cego e sem o amor da sua vida. Ele decide, então, que Mateo deveria morrer junto com sua amada Lena (Penélope Cruz). Assim, apaga uma parte de si, passando a encarnar a persona que tinha escolhido no reino literário, o pseudônimo com o qual assinava seus livros: Harry Caine. Harry usa a cegueira para apurar os outros sentidos.
Catorze anos mais tarde - o momento em que o filme começa -, Mateo/Harry reconta sua história a Diego (seu filho, o que ele ignora). Trata-se de uma saga dilacerante de amor louco, fatalidade, ciúme e traição, na qual o escritor cego exuma e ressuscita a sua identidade "póstuma".
Não sei bem se gostei do filme. Acho que estou acostumado com um outro Almodóvar, com as suas mulheres e as histórias em torno delas. Talvez eu precise rever o filme (noutra oportunidade) para poder afirmar com mais certeza se gostei ou não.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...