domingo, 31 de julho de 2011

Um pouco de poesia para iluminar a vida

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Manoel de Barros

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Da Série Contos Mínimos

Comemorariam três décadas juntos se não fossem surpreendidos por novidades desagradáveis. A vida nunca espera data, hora certa, dia da semana, mês mais propício para se anunciar. Chega como a dona do pedaço, não escolhe palavras, atravessa o nosso dia como se o dia fosse apenas seu.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Pesquisa mostra que filhos de pais gays não sofrem prejuízos psicológicos (texto)

A função psíquica materna e paterna pode ser exercida por pessoas do mesmo sexo.
Um estudo realizado pelo Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) revela que a criação e educação de crianças por casais gays não causa perda psicológica nos filhos – a função psíquica materna e paterna pode ser exercida por duas pessoas do mesmo sexo. As informações são da Agência USP de Notícias.
De acordo com o autor do estudo, o pesquisador Ricardo de Souza Vieira, a estrutura familiar e o desenvolvimento da criança não estão vinculados com a orientação sexual do casal, mas, sim, com o desejo de ser responsável por uma criança.
- As relações de responsabilidade dos pais e da criança com os adultos, que definem a estrutura familiar, não sofrem alterações. As funções psíquicas são o que realmente importam para o desenvolvimento de uma criança, e elas estão descoladas do aspecto anátomo-fisiológico do corpo.
Segundo ele, em um casal formado por homossexuais, tanto a função psíquica materna — mais próxima da criança e responsável por ensinar a linguagem e por cuidar e proteger com mais intensidade — quanto a paterna — que limita a proximidade da criança com a mãe e tem a função de determinar limites e leis – podem estar ou não presentes. Mas isso também ocorre dentro das famílias de casais heterosseuxais.
- As funções de parentesco são mais simbólicas do que biológicas.
Segundo o pesquisador, as crianças não sentem a necessidade de possuir uma mãe, do sexo feminino, e um pai, do sexo masculino, pois as funções psíquicas desses “entes” já estão sendo exercidas por duas pessoas do mesmo sexo.
- Não há regra geral, a criança costuma criar diferentes formas de nomear os pais, como: pai X e pai Y ou mãe X e mãe Y. Raramente uma criança chama um de “pai” e outro de “mãe”.
Segundo o pesquisador, a maneira como a criança percebe, valoriza e qualifica a realidade depende de como os pais transmitem sua própria maneira de entender essa realidade.

Aspecto jurídico
No Brasil, não há leis que regulamentem a adoção de crianças por casais homossexuais. Todas as decisões, nesse âmbito, são tomadas por meio da jurisprudência, ou seja, as decisões são baseadas em um conjunto anterior de decisões e interpretações da legislação por outros juízes.
Atualmente, não é permitido que um casal homossexual registre qualquer criança como filha ou filho. Apenas um dos companheiros ou companheiras homossexual, pelo menos 16 anos mais velho que a criança, pode assinar a adoção.
No entanto, em 2006, a Justiça emitiu uma certidão de nascimento em que um casal de homens gays, de Catanduva, interior de São Paulo, são os responsáveis pela paternidade de uma criança adotada. Decisão semelhante já havia beneficiado dois casais formados por mulheres - um em Bagé (RS) e outro no Rio de Janeiro (RJ).
Segundo Vieira, o principal empecilho para a regulamentação da adoção de crianças por casais homossexuais está no próprio Congresso Nacional.
- Alas do Congresso, como as conservadora e religiosa, em geral, comprometem a aprovação de leis que se referem à ampliação dos direitos dos homossexuais.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Duas ou três palavras sobre a morte de Amy (texto)

Tudo bem que a morte da cantora Amy Winehouse era uma questão tempo. E qual não seria? É claro tb que pelo que se via nos meios de comunicação, ela não levava uma vida, digamos, muito religiosa.
Tudo isso era sabido. Tudo dito. Tudo previsto etc. & tal, mas não posso dizer que não me surpreendi (ou me conformei) com a notícia de sua morte. De jeito nenhum.
Gostava muito do repertório, me divertia com o seu jeito meio foda-se de ser, ouvi sem parar, durante meses, "Back to black", revi, diversas vezes, o DVD desse disco. Me emocionei muito com as suas letras. Fiquei triste quando, por sms, o namorado me escreveu sobre a sua morte.
Quem sou eu para julgar o seu comportamento. Nos matamos de outras formas. Vivemos um dia de cada vez na esperança de estarmos bem psico_fisicamente. E nem sempre estamos. Às vezes nos atolamos, até o pescoço, de açúcar, de gordura, de cigarro, de bebida, de alimentos agrotoxicados, como se isso não nos fizesse mal algum. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...