domingo, 8 de julho de 2012

Um "ao vivo" mais para morto (Texto)

Faz mais de um mês a TV Globo anuncia a transmissão ao vivo da luta entre Anderson Silva e Chael Sonnen (UFC 148). Se fosse apenas o anúncio não seria tão grave/sério, se nos avisassem, por exemplo, que não tinha sido possível a tal transmissão por conta disso ou daquilo, mas o cúmulo do desrespeito é transmitir uma luta duas horas depois de acontecida em Las Vegas como se fosse ao vivo.
Galvão Bueno tem o descaramento (é claro que a imoralidade faz parte de toda a mutretagem da emissora) de a cada volta do intervalo de anunciar um "voltamos ao vivo". Eles sabem que não se trata de uma transmissão em tempo real, mas comportam-se como se fosse.
Sei que alguns podem dizer: Por que não se vê a luta em outra emissora? Porque a Rede Globo comprou os direitos de exclusividade das transmissões do UFC e assim impede que outra emissora possa transmitir essas imagens.

sábado, 7 de julho de 2012

Ausência (Vinícius de Moraes e Marília Medalha)


Ausência

Vinicius de Moraes , Marília Medalha

Deixa secar no meu rosto
Esse pranto de amor que a presença desatou
Deixa passar o desgosto
Esse gosto da ausência que me restou
Eu tinha feito da saudade
A minha amiga mais constante
E ela a cada instante
Me pedia pra esperar

E foi tudo o que eu fiz, te esperei tanto
Tão sozinha no meu canto
Tendo apenas o meu canto pra cantar
Por isso deixa que o meu pensamento
Ainda lembre um momento a saudade que eu vivi
A tua imagem fiel
Que hoje volta ao meu lado
E que eu sinto que perdi

sábado, 30 de junho de 2012

Da Série - Contos Mínimos

Chegadas, abraços, beijos e saudades. Vontade de nunca ter saído: tanto acolhimento. Um copo de água no meu deserto. O que fazer para retribuir? Nada seria suficiente. Nenhuma palavra diria tanto.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O sonho de Vitório (livro - Veridiana Scarpelli)

Recomendo o livro de Veridiana Scarpelli. Em primeiro lugar, o traço dela é elegante e vai ajudar a educar os olhos das crianças que o lerem. Afinal, aprende-se a ter bom gosto vendo-se coisas bonitas.
Mas Veridiana não fica só nisso, não. Além de bom gosto, seu livro ensina algo muito mais importante: sentido de possibilidade e auto-determinação. Mostra, basicamente, que a história de cada um de nós é feita por nós mesmos.
Ela escreve sobre um porquinho chamado Vitório. Seja vestido de super-herói mascarado, fantasiado de coelho ou em sua camisa listrada, Vitório é a prova de que o imaginário e o real são mais próximos do que parecem.
Em outras palavras, o porquinho Vitório que Veridiana nos apresenta ensina algo que toda criança pressente e que deve sempre ser confirmado: a imaginação pode tornar-se realidade. Vitório mostra que qualquer coisa é possível para as crianças, porque elas têm toda uma vida pela frente.
O nome do livro é “O Sonho de Vitório“, mas poderia também chamar-se “A vitória do sonho“.  E todas as crianças o deveriam ler.
O sonho de Vitório
autor: Veridiana Scarpelli
editora: Cosac Naify
Formato: 21×21 cm Páginas: 32 páginas Ilustrações: 16
Tiragem: 1500
Preço: R$ 35,00
ISBN 978-85-405-0179-9

 Ilustração de "O sonho de Vitório", o belo livro de Veridiana Scarpelli lançado pela Cosac Naify..

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Alunos da Unioeste vão estudar em Portugal


Sete acadêmicos do 2º ano do curso de graduação em Letras do Campus de Cascavel da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) foram selecionados para estudar na Universidade de Lisboa, em Portugal.
A classificação dos alunos se deu após inscrição em edital do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação (MEC).
O projeto da Unioeste aprovado pela Capes tem como título “Programa de Licenciaturas Internacionais: Desenvolvimento e formação de professores de língua portuguesa na Unioeste – Melhoria do ensino e da qualidade na formação inicial” e é coordenado pelo professor Alexandre Sebastião Ferrari Soares, do curso de Letras.
O Programa de Licenciaturas Internacionais visa elevar a qualidade da graduação, com prioridade para a melhoria do ensino dos cursos de licenciatura e a formação de professores por meio da ampliação e da dinamização de ações voltadas para a formação inicial e para a implementação de novas diretrizes curriculares – com ênfase na educação básica.
Em todo o País 64 instituições foram selecionadas e suas propostas tiveram avaliação da Capes/MEC e atenderam aos requisitos do PLI. Além de Lisboa, são oferecidas vagas nas universidades de Coimbra, Porto, Aveiro, Évora, e Universidade de Trás-os-Montes, entre outras.

Dois anos 
Os sete acadêmicos da Unioeste, selecionados a partir de análise de currículo e entrevista, seguirão para a Universidade de Lisboa no mês de setembro próximo, onde deverão permanecer por período de 24 meses, até concluírem a graduação. Os selecionados irão receber bolsa no valor de 1,1 mil euros, oferecida pela Capes.  
De acordo com o professor Alexandre Soares, os alunos inscritos no programa terão até o dia 17 de julho para preencher formulário específico e apresentar, para efetivar inscrição, o histórico da graduação, histórico do ensino médio e histórico do ensino fundamental, juntamente com o atestado médico/psicológico e declaração de bolsista integral.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Eu conto horas pra poder te ver


Vc e eu (foto)


Namorado ( tem gente que ainda diz que eu não sou romântico, pode?)

 E pra quem acha que eu não sou romântico, fica a dica. Gosto muito de Namorado, esse aí entre o Cherne e o Vermelho.
Não viu? Posto uma posta ampliada aí abaixo, mas namorado mesmo é o que vem em seguida, Filé de namorado:
Ingredientes:
200g de filé de namorado fumet/caldo de peixe (ver receita básica abaixo)
1 tomate vermelho, sem pele
½ colher de sopa de azeite extra virgem
1 colher de café de salsa de trufa
sal e pimenta do reino moída na hora (à gosto)Ingredientes do Viennoise:

1 colher de sopa de tapenade de azeitona preta (ver receita básica abaixo)
½ colher de sopa de farinha de rosca

Modo de preparo do Viennoise:
Misture a tapenade de azeitonas com a farinha de rosca até obter uma mistura homogênea e consistente. Reserve.

Modo de preparo do filet de namorado:
Tempere os filés de peixe com sal e pimenta e acomode-os em uma travessa (própria para forno). Em cima de cada filé, passe uma fina camada de Viennoise e, por cima, despeje o fumet de peixe até os filés ficarem cobertos totalmente. O fumet deve atingir 1/3 da altura da travessa. Asse em forno médio à 180ºC por 10 minutos para que a Viennoise fique crocante. Reserve.
Corte os tomates em fatias finas de mais ou menos 1cm. Coloque o azeite em uma frigideira, deixe esquentar e passe as fatias de tomate rapidamente até elas ficarem bem fritas. Escorra em papel absorvente e reserve.
Ingredientes para o molho:
250ml de suco de laranja 25ml de azeite extra virgem
sal e pimenta do reino moída na hora (a gosto)

Modo de preparo do molho:
Em uma panela, coloque o suco de laranja e leve ao fogo. Deixe o caldo reduzir até que o mesmo adquira a consistência de um xarope (80ml).
Montagem do prato:
Distribua as fatias de tomate em um prato e por cima acomode o filé de peixe em tapenade de azeitonas. Regue o molho em volta e decore com a salsa de trufa.



Aulas práticas sobre diversidade e respeito (Revista Nova Escola)

Marina instiga a turma a refletir e a perguntar abertamente sobre tudo. Foto: Tamires Kopp

Transexual, a professora Marina Reidel coloca sua história pessoal a favor do ensino de ética em uma escola de Porto Alegre.
Diálogo franco Marina instiga a turma a refletir e a perguntar abertamente sobre tudo.
A professora Marina Reidel distribui papéis com termos como sexo e igualdade. Dentre essas palavras, pede que os alunos do 9º ano, divididos em grupo, escolham quais serão discutidas na aula de Ética e Cidadania da EEEF Rio de Janeiro, em Porto Alegre.
Até 2006, ela era o professor Mario. Primeiro lecionou em sua cidade natal, a pequena Montenegro, a 55 quilômetros da capital gaúcha. Era gay, mas não assumia publicamente. "Alguns pais desconfiavam e não gostavam", lamenta.
A situação começou a mudar em 2003, quando se transferiu para Porto Alegre. "Gradualmente, deixei o cabelo crescer, coloquei brincos e passei a pintar as unhas", relembra. Até que, em 2006, avisou a direção da escola que se ausentaria por cerca de um mês para se tornar transexual. Ainda não conseguiu bancar a operação de mudança de sexo, mas fez cirurgias plásticas, colocou próteses e retornou às aulas como uma mulher. Os alunos foram preparados pela diretoria para que entendessem a mudança. "Fui bem recebida e em pouco tempo eu já era Marina para todos", diz. Até hoje, nenhum pai reclamou, mas, caso aconteça, a escola deixa a legislação sobre discriminação a postos.
A história dela perpassa toda a aula, marcada pelo diálogo aberto. Quando um dos grupos escolhe a palavra gênero, por exemplo, discutem se ele é definido no nascimento da pessoa ou por suas escolhas. Os alunos dizem que alguém nasce de um gênero, mas pode desejar ser de outro. A professora confirma que o sexo é biológico, e o gênero, não, está ligado à identidade. É comum os estudantes fazerem muitas perguntas sobre sexualidade para Marina e ela sempre responde. "É mais fácil falar essas coisas para ela", admite Valentine Rodrigues, 15 anos. Temas como doenças sexualmente transmissíveis e gravidez vão sendo introduzidos pela docente e debatidos abertamente pelos adolescentes.
Marina também dá aulas de Arte e faz mestrado. Pesquisa as professoras transexuais. Estimadas em 40 no país, elas se reúnem neste mês em Belo Horizonte para seu primeiro encontro nacional. "Muitos não se assumem", lamenta. "Para mim, foi uma vitória. Fui aceita pela escola e pela família."
A aula do 9º ano é prova disso. O grupo de Valentine escolheu a palavra igualdade e definiu: "É quando a gente trata todas as pessoas como iguais". A turma concordou. Claro, Marina já ensinou bem o conceito, e na prática.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O mundo não é preto e branco, e sim colorido. Vamos falar de sexo? (Leonardo Sakamoto)

Na época da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo sempre aumenta a minha percepção do quanto nós somos desinformados sobre a nossa própria sexualidade. E terreno sem informação é fértil para o brotar o preconceito e a discriminação, principalmente entre aqueles que acham que a vida é um preto e branco maniqueísta, homem e mulher, macho e fêmea e o resto é doença. Ignoram que há outras cores no meio do caminho que, por sua vez, podem ser tão específicas que apresentem tonalidades únicas e individuais. Sim, na prática, cada um tem sua própria cor. Assustador e maravilhoso isso, não?
Por isso, pedi para Claudio Picazio, psicólogo especialista em sexualidade, um texto que fosse didático para ajudar aos leitores deste blog a entenderem a questão. Ele não encerra o tema, claro. Muito pelo contrário, é um bom ponto de partida.
Para entendermos a sexualidade e por uma questão didática, vamos analisá-la sobre quatro aspectos diferentes e interligados: Sexo Biológico, Identidade Sexual, Papeis Sexuais e Orientação Sexual do Desejo. Repito essa divisão é didática, pois todos os aspectos se entremeiam, formando dentro de nós aquilo que chamamos identidade de gênero.
Sexo Biológico: Biologicamente falando quantos sexos existem? Dois, masculino ou feminino. Quando nascemos pelas características que nosso corpo possui, somos registrados como macho ou fêmea. Essa afirmação parece simplista e óbvia, mas não é bem assim, quando falamos de sexo masculino ou feminino estamos nos referindo às características dos órgãos sexuais e a predominância que este tem no nosso corpo.
Muitas pessoas nos anos 70, por uma questão de distinção ou até modismo, começou a chamar a homossexualidade de terceiro sexo. Isto não é verdade, só confundiu. Biologicamente falando, homens hetero, bi e homossexuais não têm a menor diferença, assim como as mulheres hetero, bi e homossexuais. Portanto, quando uma pessoa fala popularmente que um gay não é homem, esta incorreto, o gay é tão homem quanto qualquer outro, a única variação é por quem o seu desejo sexual se orienta. Há exceções, é claro. Por exemplo, uma pessoa hermafrodita nasce com uma dupla formação de características dos seus órgãos sexuais masculinos e femininos.
Identidade Sexual: Vamos definir como sendo o aspecto de onde guardamos a nossa certeza do que somos. Quando nascemos, somos registrados como menino ou menina. A partir daí somos tratados como tal e incoporamos a sensação de pertencemos a um gênero. Acreditamos que somos menina ou menino: a forma de como somos tratados é tão importante como o nosso sexo biológico para a formação da nossa identidade sexual. Mas a nossa identidade sexual não depende tanto do nosso corpo para se manter. Ele é importante para seu desenvolvimento, mas a sensação de quem somos é muito maior, e muito mais profunda do que o nosso corpo pode dizer.
Papeis Sexuais: Vamos entender como papeis sexuais, todos os comportamentos definidos como maneirismos, atitudes e expressões daquilo que chamamos de masculino e feminino. Papeis sexuais são variados de cultura para cultura de sociedade para sociedade e estão em constante transformação. Aquilo que era considerado há 20 anos como exclusivamente ao papel feminino, hoje também pode ser considerado do masculino. As mudanças sociais e econômicas, o movimento feminista permitiu uma flexibilidade e mudança das posturas rígidas de ser masculino ou feminino. Um exemplo: o uso de brincos por homens.
Ainda temos muito enraizado em nós os papeis sexuais e a analise que fazemos destes para julgar o outro. Uma mulher que não se identifique muito com os papeis femininos típicos, tenderá a ser “diagnosticada” pelos outros como lésbica. Mas papeis sexuais não determinam desejo erótico e sim ações e atitudes que incorporamos. Um garoto que não goste de futebol e de nenhum esporte violento, será interpretado como “mulherzinha, gay”. Pensando nesse exemplo, estamos dizendo que um homem heterossexual de verdade tem que ser violento assim como uma mulher heterossexual de verdade tem que ser passiva e meiga. Já estamos estabelecendo uma divisão entre os gêneros complicada, porque incentivamos um comportamento na criança que mais tarde brigaremos muito para retirar. Na verdade encontramos homens heterossexuais e gays violentos, assim como encontramos homens heterossexuais e homossexuais que não são violentos e nem se adaptam a essa postura.
Orientação Sexual do Desejo: Muita gente utiliza “opção sexual”, o que não é nada correto quando falamos da sexualidade. Quando falo em “opção” estamos falando em escolha e para ser considerada uma escolha teríamos que ter duas ou mais coisas de igual significado ou valor para quem escolhe. Se desejo erótico fosse opção teríamos que sentir desejos tanto por homens quanto por mulheres da mesma forma. Isso não acontece por ninguém. Nenhum de nós parou um certo dia, para pensar quem desejaria. Acredito que muitos gostariam que assim o fosse, por que isso o permitiria flexibilizar, variar, e não sofrer julgamentos e preconceitos tão doídos de serem combatidos. Dizemos Orientação Sexual do Desejo pois nosso desejo se orienta para um determinado objeto amoroso. Não optamos e sim percebemos o nosso desejo erótico, descobrimos algo que já parece instalado em nós.
O desejo erótico não é influenciável como se imagina ser. Se o fosse não existiram gays e lésbicas. A nossa sociedade é heteronormativa. Tudo que existe nela é feito pensando na heterossexualidade. Pais e mães educam seus filhos para a heterossexualidade. O preconceito social, a homofobia e as religiões ainda são muitos fortes na sua postura contra a homossexualidade. E mesmo com tudo isso os homossexuais não se influenciam pela heterossexualidade.
“Desejo sexual” é parte fundamental da orientação afetivo sexual, ao passo que uma “atitude sexual” pode existir interdependentemente da orientação do desejo. Por exemplo, na época da Segunda Grande Guerra muitas mulheres tinham relações sexuais entre si, assim como muitos homens, no campo de batalha. Estas mulheres sentiam falta de seus companheiros, a orientação de seu desejo era claramente voltada para homens, mas relacionavam-se sexualmente com outras mulheres. As mulheres motivadas por um desejo de descarregar a sua energia sexual. Com a volta de seus companheiros, essa atitude automaticamente deixava de existir.
Em muitos casos, homossexuais que não querem viver a sua orientação, vão à procura de igrejas, e/ou profissionais que estimulam atitude sexual desses homossexuais. Esses gays tentam viver anulando o seu desejo erótico e tendo somente atitudes sexuais heterossexuais. A dor psíquica é muito grande.
Muitos meninos têm uma relação que se chama “troca-troca” que está longe de ser considerada homossexualidade. Um dos motivos é porque para a maioria o objeto desejado internamente é uma pessoa do outro sexo. O que há é um exercício de sexualidade, um descarrego de energia que está vibrando nos corpos com toda a sua força e é vivido com um(a) colega. Em suma, todo ser humano pode ter uma atitude sexual com qualquer dos sexos, mas seu desejo interno, a libido, é o determinante de uma conduta homo, hetero ou bissexual.
O que seria então a bissexualidade? A bissexualidade não é termos uma atitude sexual por uma pessoa e um desejo erótico por outra. A bissexualidade é um fenômeno que algumas pessoas têm de desejar afetiva e sexualmente tanto homens como mulheres. Não podemos falar que um bissexual optou por homens ou por mulheres. Não escolhemos, conscientemente, por quem nos apaixonamos, assim como não escolhemos por que vamos desejar eroticamente.
Concluindo: podemos dizer que o desejo erótico, ou ele é homo, por uma pessoa do mesmo sexo que o nosso, hetero por uma pessoa do sexo diferente do nosso, ou bissexual que é o desejo erótico pela pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto.
E a Travestilidade e a Transexualidade, como se comportam? Uma pessoa hetero ou homossexual tem a sua identidade sexual correspondente ao seu sexo biológico. Uma travesti tem a sua identidade dupla, ou seja, ela se sente homem e mulher ao mesmo tempo. O leitor deve se lembrar quando falamos de identidade sexual? A sensação de pertencimento à identidade sexual feminina e masculina da travesti é o que lhe garante mais do que o desejo, a necessidade de adequar o seu corpo aos dois sexos que sente pertencer.
A Travestilidade também não é opção, muitas pessoas crêem erroneamente que a travesti é um gay muito afeminado que resolveu virar mulher. Além de simplista esta afirmação esta recheada de equívocos. Uma travesti diferente do gay tem uma identidade dupla: masculina e feminina. Uma travesti pode ter papeis sexuais tanto masculino como feminino, pois como já dissemos anteriormente esse é um processo de identificação com valores e costumes da sociedade. Quanto ao desejo erótico, uma travesti pode ser homo, hetero, ou bissexual.
A maioria delas se intitula homossexuais, mas não é bem assim. Quase a unanimidade dessas travestis sente-se mulher. Na grande maioria do tempo, elas não desejam eroticamente o seu amigo gay, elas desejam um homem típico heterossexual. Portanto se uma pessoa se identifica, sente-se mulher e sente atração por um homem, o seu desejo é heterossexual. Portanto a maioria das travestis tem o desejo heterossexual. Uma relação homossexual de uma travesti seria com uma outra travesti.
A Transexualidade, caracteriza se pela identidade sexual ser oposta ao sexo biológico é como se a sua “alma” fosse do sexo oposto do que o seu corpo a condena. A necessidade de correção do corpo para a identidade sentida se faz urgente. Muitos Transexuais se mutilam para poder fazer a cirurgia de adaptação genital. A força da identidade sexual é a tônica na construção da nossa identidade de gênero. Uma transexual também pode ser homo, hetero ou bissexual.
Para quiser se aprofundar, sugiro o livro “Uma outra verdade – Perguntas e respostas para pais e educadores sobre homossexualidade na adolescência”, de Claudio Picazio pela Editora Summus. A leitura é fundamental. Talvez com informação possamos inverter uma lógica perversa. Quando alguns pais “descobrem” que o filho é gay ou a filha lésbica, recebem suporte emocional de parentes e amigos. Mas deixam sozinhos seus filhos, que têm que passar sozinhos pela fase de sua própria descoberta. Isso é justo?
* Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Professor de Jornalismo na PUC-SP, é coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...