ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Silas Malafaia e a Teologia da Estupidez: Homossexuais e Bandidos? (Alyson Freire)
Não há surpresas ou novidades quando o pastor Silas Malafaia fala.
Cada vez em que é entrevistado ou empresta sua voz para algum programa
de natureza política ou religiosa, assistimos e ouvimos o mesmo desfile
de preconceitos, inverdades e sofismas. Bem sabemos que os disparates e
infâmias habituais de sua retórica convicta e fundamentalista enojam e
irritam. Entretanto, convém não perder a capacidade, e a paciência, de
nos chocarmos e nem “acomodar com o que incomoda”, como diz a letra de
uma bela canção.
E por que não devemos nos calar ou tão simplesmente dar de ombros,
ignorar a ignorância? Porque o silêncio nos torna cúmplices da
ignorância. Aliás, se é verdadeiro que em certas circunstâncias o
silêncio pode ser mais eloquente do que a palavra, em outras o silêncio é
o adubo fértil para o crescimento da ignorância e da barbárie. Por
isso, cabe não calar. Falar a verdade ao poder e criticar os
preconceitos é combater incansavelmente contra o silêncio que naturaliza
ambos.
Voltemos, pois, a Malafaia, este paladino e missionário do ódio. Coube a jornalista Marília Gabriela a hercúlea tarefa de suportar o discurso de Malafaia, entrevistando-o em seu programa “De Frente com Gabi”. E se a jornalista por vezes se exaltou com as afirmações do pastor ou por este a atropelá-la em suas perguntas e raciocínios, penso que ela aguentou em nome de um compromisso com a verdade e com a sensatez; afinal, a mentira para ser desmascarada deve ser antes exposta.
Voltemos, pois, a Malafaia, este paladino e missionário do ódio. Coube a jornalista Marília Gabriela a hercúlea tarefa de suportar o discurso de Malafaia, entrevistando-o em seu programa “De Frente com Gabi”. E se a jornalista por vezes se exaltou com as afirmações do pastor ou por este a atropelá-la em suas perguntas e raciocínios, penso que ela aguentou em nome de um compromisso com a verdade e com a sensatez; afinal, a mentira para ser desmascarada deve ser antes exposta.
O que disse o pastor desta vez? Num exemplo cristalino de homofobia
cordial, disse que amava os homossexuais da mesma forma como ama os
bandidos: “Eu amo os homossexuais como amo os bandidos”. Este amor
misericordioso que Malafaia afirma cultivar não passa de um ardil
ideológico que finge aceitar e acolher mas apenas para tentar
“corrigir”, “reorientar”, “ajustar”. Em outras palavras, domesticar e
“curar” a homossexualidade segundo os “meus valores” e “minha verdade”.
Não creio que os homossexuais precisem deste amor denegador da liberdade
e da autonomia individual. O amor de Malafaia é um amor tutelar, de
correção moral e interesseiro.
A correlação valorativa entre “homossexuais” e “bandidos” é odiosa.
Ela objetiva reforçar o vínculo entre homossexualidade e desvio,
sustentando, sorrateiramente, a ideia de que a homossexualidade assim
como o fenômeno da delinquência atenta e prejudica a sociedade. Em
outros termos, a analogia diz o seguinte: os bandidos existem, são um
fato social, mas precisamos mudá-los, puni-los e “ressocializá-los” para
que não lesem a sociedade. Sem afirmar diretamente, Malafaia pensa o
mesmo sobre os homossexuais; eles são um fato social, existem, mas
precisamos corrigi-los para que não lesem à família, os bons costumes,
etc..
A piedade e a compreensão amorosa do pastor são, com efeito,
estratégias retóricas para a normalização pastoral e sexual. Nesse
ponto, Malafaia se serve abundantemente de preconceitos e concepções de
gênero, família e sexualidade que não se sustentam, nem do ponto de
vista do conhecimento científico nem socialmente – haja vista todas as
transformações culturais, sociais e jurídicas das últimas décadas.
Tentando atenuar os aspectos mais, digamos, etnocêntricos e
interessados de suas opiniões, o pastor recorre a ciência em vez da
religião pura e simplesmente; refugia-se em argumentos
pseudo-científicos e pesquisas que nunca cita a fonte, Malafaia busca,
com isso, preencher de autoridade, poder de verdade e neutralidade os
seus preconceitos e sua intolerância. À bem da verdade, Malafaia
achincalha a ciência – mais uma razão para não nos calarmos.
Quando prenuncia, num claro julgamento moral e especulativo, que a
formação de famílias homoparentais ou a criação de filhos por casais
homossexuais terá consequências sociais e psicológicas nefastas e
nocivas, Malafaia esquece que, segundo Freud, a família
independentemente das orientações sexuais do casal é a origem e o palco
da maior parte dos problemas emocionais e psíquicos por conta dos
conflitos subjetivos que envolvem a constituição do eu nas relações e
identificações familiares. Aliás, a grande maioria das psicoses
estudadas por Freud era produto das dinâmicas emocionais, repressivas e
traumáticas da família vitoriana.
O artigo “Desconstruindo preconceitos sobre a homoparentalidade” dos
psicólogos Jorge Gato e Anne Maria Fontaine cita diversos estudos
psiquiátricos, psicológicos, sociológicos e antropológicos que desmentem
as pré-noções estigmatizantes de que a criança em famílias
homoparentais sofreria danos em seu desenvolvimento psicológico. Todos
os estudos mencionados pelos autores foram unânimes na constatação da
não-existência de uma excepcionalidade ou de diferenças substanciais que
tornem a homoparentalidade especialmente danosa para o desenvolvimento
emocional, cognitivo e sexual da criança em comparação às famílias
heteroparentais. Inclusive, em algumas casos, de mães lésbicas, por
exemplo, estudiosos verificaram um ambiente familiar no qual as crianças
sentiam-se mais a vontade, livres e confiantes em discutir temáticas de
caráter emocional e sexual, ocasionando um efeito positivo no
desempenho escolar.
Em contrapartida, as dificuldades das crianças criadas em famílias
homoparentais aparecem exatamente no plano das relações sociais, ou
seja, obstáculos na aceitação e reconhecimento social por conta de
contextos sociais discriminatórios como a escola. Mas, ainda assim, os
estudos mostraram variações importantes nesse ponto a depender do país e
região.
O que podemos concluir com os resultados das pesquisas científicas é
que os problemas que estas crianças enfrentarão no futuro se devem
precisamente de pessoas como Malafaia. Quer dizer, do preconceito, da
intolerância e da ignorância que Malafaia pratica, semeia e propaga.
Portanto, o que atrapalha e lese o desenvolvimento psicológico e
social é o preconceito e a intolerância, os quais Malafaia transforma em
bandeira. As religiões se tornam nocivas à humanidade quando são
eivadas de ódio e ignorância por profetas fundamentalistas e
intolerantes que alimentam incompreensões.
Por mais que canse, devemos continuar a combater e criticar os
absurdos odiosos do pastor Malafaia, pois ele, por sua retórica e
status, goza de um poder de interferência na vida social capaz de
favorecer violências simbólicas e físicas contra grupos e minorias
sexuais que já tem de enfrentar práticas homofóbicas em seu cotidiano.
Se não quisermos cair presas da retórica do preconceito e sua violência
simbólica, devemos sempre exercitar a crítica pública. É com ela que
podemos cultivar uma cultura de direitos humanos e de reconhecimento
capaz de transformar uma esfera pública refratária ao debate racional
dos direitos e das violências sofridas por minorias e grupos vulneráveis
em uma esfera pública refratária a estupidez, a barbárie e ao
preconceito. Para essa transformação ocorrer, então, é preciso jamais se
cansar de se contrapor ao preconceito.
Da Carta Potiguar
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Da Série Contos Mínimos
Ele mesmo contruiu em torno de si uma parede de tijolos. Firme. Rígida. A prova de quase tudo. A curiosidade dos outros não lhe incomodava, mas ele não tinha tempo para essas coisas menores. Como um lendário cawboy ele vivia sozinho e silencioso.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Mas tb me diverti (texto)
Dia 4 de fevereiro, retorno à universidade. Pense em alguém desanimado. Pois é assim que me sinto só de pensar em voltar para tanta coisa (sempre) por fazer.
O trabalho é um buraco sem fundo, não se consegue dar conta dele. Ah, doce ilusão ... a de poder estar mais livre, ou a de, pelo menos, poder fazer apenas aquilo de que se gosta. Missão impossível esta.
Na verdade, mesmo de férias, consegui escrever um projeto e mandar um resumo para um evento. Isso foi um trabalho e tanto, mas tb me diverti: cinema de montão, praia quando deu (janeiro no Rio é tanta chuva que não dá para acreditar), shows da Fátima Guedes, Tulipa Ruiz, Gal Costa (tudo a preço camarada e justo), teatro, amigos por perto (nem todos, é claro). Acordei sem compromisso, descansei muito.
Estou sim com saudades de dar aula, afinal é o que gosto de fazer. Conhecer os novos alunos. Rever alguns alunos antigos. Voltar a uma certa rotina. Isso eu gosto, muito! Saudades tb da minha outra casa, do silêncio da outra casa e dos amigos de Cascavel (alguns são tb da universidade). Pelo visto, voltar não é de todo ruim ... o que me preocupa mesmo são as chatices do trabalho (mas qual não tem um lado ruim?): aquilo que chega, normalmente, hoje mas é para ontem. Êta trem ruim!!!!
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
É tanto sentimento, deve ter algum que sirva
É praticamente impossível digerir uma desgraça da proporção da que atingiu a cidade de Santa Maria, RS. Desde domingo, quando acordei e liguei o meu computador e soube da tragédia (naquele momento ainda não sabia do número de jovens mortos), ando meio sem saber direito o sentimento que mais me afeta diante disso.
Fico aqui pensando o quanto de tristeza pela morte injustificada de tantas pessoas. O tanto de desespero pelo que aconteceu na madrugada de domingo dentro da boate. E a revolta pela descaso que nos acompanha desde sempre em relação ao poder público (o privado quase sempre o descaso é escancarado).
Ouvi o prefeito da cidade tentar justificar a falta de licença da boate, continuei ouvindo-o nas evasivas em relação à responsabilidade da prefeitura no controle das casas que funcionam sem a menor condição.
Tudo isso como se o seu cargo não tivesse nada a ver com o caso, a indiferença de sempre dos governantes diante das catástrofes (sou do Rio e faz tempo, os prefeitos, governadores desta cidade, a cada verão, repetem, como um disco furado, a mesma frase, "estamos trabalhando para resolver", mas no verão seguinte, na-da foi feito). Ou os donos dos estabelecimentos que falam de uma "fatalidade" ou de um "acidente".
Li nas redes sociais sobre o excesso dos meios de comunicação, sobre a insensibilidade de alguns jornalistas, li até que a presidenta da república estaria fazendo média ao sair do Chile e prestar solidariedade aos familiares das vítimas.
Aí, minha preocupação, diante disso tudo: E quando isso acontecer em outro lugar? E quando isso acontecer com os nossos alunos, amigos, em nossas cidades? Porque isso acontece sempre (também como um disco furado, que insiste em permanecer na mesma frase), repetindo, repetindo as mesmas desgraças.
Por que as autoridades que são pagas para supervisionar, fiscalizar, cobrar não fazem nada? Por que nos esquecemos logo desses fatos?
Não seria o caso desse prefeito nunca mais ocupar nenhum cargo público, além, é claro, de responder judicialmente pelas centenas de mortes? E o Corpo-de-bombeiros que não fez a fiscalização devida e não interditou a tal boate? E tantas outras boates que continuam funcionando nas mesmas condições em todas as partes do país?
Não seria a hora de não nos esquecermos nunca mais disso e cobrarmos mudanças imediatas em relação às leis que regem o funcionamento do comércio?
Não seria o momento de sairmos às ruas para cobrar dos prefeitos eleitos, dos vereadores, dos deputados, enfim, dos políticos que são eleitos por nós e que, portanto, nos devem satisfação dos seus atos?
Gente, são mais de 200 mortos, são filhos, alunos, mães, irmãos e irmãs, namorados e namoradas de todos nós que estavam em uma boate na noite de sábado apenas para se divertir.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
4 anos (texto)
4 anos de blogue. 1193 postagens (incluindo aí, fotos, charges, músicas, textos de outros autores, poesia, conto etc.). Não é fácil manter um padrão de escrita. O fôlego foi diminuindo a cada ano, mas o prazer de estar aqui permanece o mesmo.
Não sei mais quem passa por aqui porque os comentários quase que desapareceram, sei que tem gente online, mas apenas identifico o país, a cidade, se estão ou não por aqui e por quanto tempo. O tempo urge ... pra todo mundo, eu sei...
De toda a forma, agradeço muito quem por aqui passa nem que seja para uma olhadinha. Comemorar os 4 anos é, para mim, agradecer também aos colaboradores: Cris, Fátima, Luiz, Tânia Aires, Luiz Hick, Orvalho do ceu, Mayumi, Fabrício Viana, Edhi Pheqheno, Joanir e tantos outros amigos que por aqui passaram nesses 4 anos.
Espero que a mudança no designer do blogue para comemorar o aniversário tenha agradado a todos. Eu, pelo menos, gostei.
Obrigado a todos!!!!
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