terça-feira, 7 de abril de 2009

FOZ DO IGUAÇU-MACAPÁ (TEXTO)

A forma como a Gol (linhas aéreas) se vende é se autodenominando Linhas Aéreas Inteligentes. Talvez porque ela tenha mudado, de certa forma, o mercado interno de transporte aéreo em termos de preço, de agilidade para a relização do check-in etc. No entanto para ser uma empresa inteligente ainda há um longo caminho para ser percorrido.
Voamos de Foz do Iguaçu em direção ao Rio de Janeiro com uma escala em São Paulo. Assim que o avião decolou iniciou-se o serviço de bordo. Um parêntese: se a empresa é mesmo inteligente deveria chamar de uma outra forma o que chama de Serviço de Bordo. Nos serviram um biscoito com recheio de chocolate e meio copo de suco de laranja de caixinha. Chegamos, depois de quase hora e meia, a São Paulo, trocamos de aeronave e tudo (re)iniciou-se da mesma maneira como se estivéssemos pela primeira vez no voo da Gol. Nos serviram o mesmo suco com duas pedras de gelo, só que dessa vez, sem o biscoito. Pra quê? Mais cinquenta minutos até o Rio. Fiquei pensando, depois de me livrar desse serviço inteligente, como seriam tratados os passageiros com destino a Macapá. Será que a cada decolagem o mesmo suco ora acompanhado de um biscoito ora sozinho seria servido aos passageiros até o destino final do voo 1997, como se eles estivessem voando a primeira vez? Será que não passa pela cabeça que ninguém aguenta o mesmo suco durante horas de viagem com uma bolacha doce? É claro que sei que um avião não pode ser um restaurante de cinco estrelas, que não há condições para que exista uma cozinha funcionando na aeronave, mas, sejamos honestos, o preço que se paga para voar pela empresa é o mesmo que se pagaria em outra, mas o (des)serviço de bordo faz diferença. A intelligentsia das Linhas Aéreas.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Vale do Paraíba (texto)

Respondo aos amigos quando me perguntam se tudo está bem, que está sim, mas que poderia ficar melhor. Alguns me dizem, tb brincando, que eu deveria me conformar com o fato de "já estar bem" porque, em geral, as coisas semprem podem piorar. Aí recebi de uma amiga essa notinha ai à direita com uma resposta de um vestibulando sobre a Importância do Vale do Paraíba. Cliquem na imagem para que ela aumente de tamanho e leiam o conteúdo, vejam se esses meus amigos não têm razão quando afirmam que TUDO PODE FICAR BEM PIOR DO QUE ESTÁ.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Transexual é impedida de dirigir ambulância em Itu (texto)

Logo em Itu?! Cidade conhecida pelo tamanho exagerado de todas as coisas? Em Itu tudo é grande: o telefone público, o lápis, a borracha, o poste, o chapeu, e, pelo visto, tb o preconceito. Nilce, nasceu Nilson, e se sente mulher. Para mim isso seria o bastante. Eu me sinto assim ou assado e pronto, ninguém tem o direito de achar que deveria ser de outra maneira. Nilce é motorista concursada da prefeitura de ITU há 13 anos: responsável por dirigir a ambulâmbia da cidade, mas desde que resolveu assumir a sua transexualidade tem sido impedida de exercer a sua profissão. Passa as nove horas sentada numa poltrona na sala dos motoristas, ainda que outros colegas estejam sobrecarregados de trabalho.
Ela só quer ser quem realmente é (isso é muito?) e poder levar os pacientes para os seus destinos. Não me parece muito. Me parece até pouco! Nilce quer ser livre: poder ir e vir da forma como se sente bem. Segundo ela “O problema é que você vê às vezes os motoristas no sufoco, pinta uma emergência, um acidente, não tem um motorista ali e você sentada porque não pode pegar a ambulância para socorrer aquela pessoa.”
A prefeitura de Itu alegou que não há discriminação. De acordo com a chefia do setor, a motorista não tem sido escalada para viagens porque a ambulância que dirige sofreu avaria mecânica e está na oficina.
Estranha coincidência: a sua ambulância sofreu avaria e continua na oficina justamente quando Nilce resolveu ser quem ela sempre foi.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Para o 1 de abril (texto)

Reza a lenda que o fato do dia 1 de abril ser (re)conhecido em muitos países como o dia internacional da mintchura (só para não esquecer Neuzinha Brizola) reporta à Mitologia Nórdica: dia consagrado ao deus Loki, deus do fogo, das travessuras, das trapaças, do sexo e dos ladrões, culto que teria posteriormente gerado o Dia da Mentira.
Para comemorar esse dia eu poderia muito bem inventar alguma história qui, como por exemplo, eu ter acordado com uma juba hercúlea, mas creio que essa farsa seria tão escandalosa que nem os mais ingênuos cairiam nesta pegadinha. Pensei, então, numa outra estratégia, relembrar um grande mentiroso presente em minha memória: Pantaleão, um dos tantos personagem do humorista Chico Anysio, surgido no programa humorístico Chico City de 1973, era um típico contador de histórias do interior. Ao contar seus "causos", o personagem buscava cumplicidade na esposa, Terta, quando pedia que ela confirmasse as histórias ao perguntar: "É mentira, Terta?" E ela prontamente respondia: "Verdade". Ainda que fosse o mais dos absurdos relatos.
Saudades do Pantaleão!
Proponho a quem quiser (e puder) que poste (como comentário) qual a maior mentira já contada nos últimos tempos?

domingo, 29 de março de 2009

E!-rritação (texto)

É lamentável a falta de cuidado com que o canal "E! entertainment" trata as legendas de sua programação. Estou, neste momento, assistindo ao documentário sobre as filmagens de O Tubarão de Steven Spielberg (1975) e raras são as vezes em que as frases, as palavras estão completas ou que tudo o que é dito pelos atores, produtores e diretor é transcrito.
Não há entretenimento algum em assistir ao canal dessa forma! É desrespeitoso com quem paga! É um deserviço!

A Hora do Planeta (texto)

Ainda que seja apenas simbólico, ainda que apagar as luzes por uma hora não represente qualquer economia significativa e mesmo que seja uma pequena sinalização contra o aquecimento global, À Hora do Planeta, movimento mundial que alerta sobre os efeitos da mudança climática, aderiram quase 4 mil cidades de 88 países, um número bastante representativo em se tratando de pensar a saúde da Terra. No Brasil, cartões postais tradicionais, como o Cristo Redentor, a Orla de Copacabana, o Parque do Flamengo e o Pão de Açúcar, apagaram suas luzes numa rede mundial em defesa do Planeta.
Seguindo o espírito da campanha, organizada pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e com o apoio da ONU, durante uma hora construções da Europa se apagaram, assim como ocorreu nas ilhas neozelandesas de Chatham, o primeiro lugar do mundo a ficar às escuras contra a mudança climática.
Dos países que integram o G20, apenas Japão e Arábia Saudita não apoiaram a iniciativa da WWF, cujo objetivo é pressionar os líderes mundiais que participarão da conferência sobre mudança climática que acontecerá em dezembro em Copenhague (Dinamarca).
A campanha também busca incentivar a população a trocar suas lâmpadas por outras de baixo consumo e a economizar energia diminuindo seu ar condicionado ou seu aquecedor.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Na mídia, o índio quer apito (texto)

A forma como o índio é fotografado na mídia brasileira beira a imbecilidade. Pior do que essas fotografias, se é que algo pode ser pior do que as imagens veiculadas na imprensa e as suas produções de sentidos (lê-se a partir delas incivlidade, ignorância, violência, atraso etc.), são os comentários que as acompanham. Dia desses, somente para ilustrar o que quero dizer e aonde chegar, no Blog do jornalista Ancelmo Gois uma fotografia de um índio lendo um jornal foi acompanhada do seguinte comentário: "Veja o flagrante da coleguinha Raquel Novaes, repórter da Globo News, esta semana no aeroporto de Brasília. Houve um tempo que índio queria apito. Hoje quer ler jornais. Melhor assim."
O índio é tratado como retardado sem que isso provoque qualquer indignação social. Isso acontece porque, de certa forma, compartilhamos, em se tratando de imaginário coletivo, já-dito, interdiscurso, da mesma compreensão em relação aos nativos: o índio é, numa escala evolutiva, sub-raça e portanto pode ser tratado com descaso e até merece certas piadinhas. É possível mesmo que não entendam a humilhação, por toda sua ignorância e primitividade.
Até onde sei, o índio quer que a sua terra, seus direitos, valores culturais, língua, vida sejam respeitados e não estão nem um pouco interessados em espelhos ou quaisquer que sejam os badulaques para entretenimentos.
E respeito vai além da óbvia constatação de que existe o "diferente". Respeito é lutar para que os velhos sentidos construídos e reforçados durante os últimos séculos desapareçam: índio não quer apito, índio não é preguiçoso, índio não é bêbado e nem imprestável, índio não é primitivo, não é ignorante e só não põe a voz no trombone porque ele foi tirado de sua boca faz tempo. Uma pena que esses sentidos estejam tão naturalizados a ponto do próprio nativo acreditar neles.
Acho que nos* falta, mesmo, capacidade para compreender que a vida que levamos, em termos evolutivos, é quase nada já que não conseguimos perceber o mínimo: que diferença é diferença e nada além disso.
Falta ao homem (estará equipado?) "pôr o pé no chão do seu coração, experimentar, colonizar, humanizar o homem, descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas a perene, insuspeitada alegria de conviver". (Drummond)

* aos quase brancos.

terça-feira, 24 de março de 2009

Velocidade Dorival Caymmi

Na Bahia tudo é tão lento que o mosquito da dengue mata 1 a cada três dias. Ôxi!Danosse!

2010 - outra vez? (texto)

Deu no Blog da Cristina Lôbo: o PMDB ainda não sabe (será?) se terá ou não candidato à presidência da república para as eleições de 2010. Ainda não sabe também se, caso não tenha candidato, penderá para o PSDB (apoiando um dos presidenciáveis Aécio Neves ou o José Serra) ou para o PT (apoiando Dilma Roussef). Vejo em todos os noticiários que o partido também não sabe o que fazer na Câmara dos Deputados e nem no Senado.
E a pergunta que não pode calar: o que sabe o PMDB? A resposta que quer ser ouvida: sabe que o bom é estar, senão no poder, bem próximo dele porque os farelos (e que farelos!!) sobram.

domingo, 22 de março de 2009

Operação Valquíria (filme)

Em julho de 1944, em nome do movimento de resistência, Stauffenberg (personagem de Tom Cruise no filme Operação Valquíria) coordenou um atentado contra Hitler, do qual faziam parte vários oficiais. O Führer saiu levemente ferido da explosão de uma bomba em seu quartel-general na Prússia Oriental. A represália veio em seguida: mais de quatro mil pessoas, simpatizantes da resistência, foram executadas nos meses seguintes.
Baseado nesse fato, o filme conta a organização e execução da Operação fracassada para matar Hitler. Foram 15 atentados contra o nazista, mas pouco se fala sobre essas resistências. Fica silenciado na história oficial, a que se sabe sem muito esforço da memória, fatos importantes sobre os alemães que eram contrários ao regime nazista.
Um bom filme, uma boa história. Vale à pena ver.

sábado, 21 de março de 2009

Quando o tamanho é documento (texto)

Dia desses ao convidar um amigo em potencial para tomar uma cerveja e me oferecer para pagá-la, já que ele havia me sinalizado estar sem grana, ouvi como resposta a seguinte frase: "Você não está me dando uma cantada não, né?" Depois do primeiro impacto dessa resposta, devolvi afirmando/perguntando se aquele comportamento não traduzia um certo, para ser educado, narcisismo da parte dele. E aí ouvi, prontamente, um outra afirmação que dizia "não acreditar numa amizade sem interesse". Não tive mais o que dizer diante desse retorno, mas fiquei, como sempre, pensando a respeito dessa conversa.
Não sei mais se a primeira frase traduz um narcismo extremo ou se ela aponta para uma inferioridade imensurável. E acho que esta primeira resposta se cola à segunda, porque, apesar de achar que a amizade também é interesse, não consigo compreender que passe primeiramente pela cabeça de alguém que ele, o interesse, tenha, necessariamente, que ser sexual. O que produz como efeito de sentido (emprestando da análise de discurso francesa) um querer dizer que "para oferecer ao outro só se tenha o próprio sexo".
Venho de uma cidade, Rio de Janeiro, onde homens podem pagar cerveja, jantar, almoço, cinema, café para uma outra pessoa (homem/mulher) sem que isso queira dizer interesse sexual apenas (ou necessariamente), mas um outro tipo de aproximação, o da companhia para um papo, uma conversa descontraída, uma noite divertida e agradável. E aí fiquei achando que em cidades menores, como em Cascavel, por exemplo, a amizade não pode se iniciar dessa maneira. Os rituais são outros, e tenho, portanto, que me aculturar.

A leveza da dança (texto)

É impressionante o que se pode fazer com um corpo tão frágil como o que temos. Nos quebramos por pouco, somos quase porcelanas, e, no entanto, o bailarino, com muita força, brinca delicadamente com o seu instrumento. Podemos muito mais do que imaginamos e imaginamos pouco em virtude do que é possível para a dança.
Parece até que o que se faz numa apresentação do corpo de baile da Escola de Balé Bolshoi, por conta de tanta técnica, leveza, concentração, ritmo, é fácil. Como se pudéssemos também subir ao palco e voarmos aos saltos ou rodopiarmos vinte e oito vezes na ponta dos pés sem uma respiração mais ofegante, sem parecer precisar de um balde de água para repor as energias, ou uma cadeira para relaxar e não ter que se levantar nunca mais depois de um mortal.
A dança, como a literatura, nos leva para lugares distantes. Somos transportados por uma brisa como pedacinhos de algodão tão impactante é cada uma das pequenas apresentações desses grandes jovens e profissionais bailarinos da companhia.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Saudades (texto)

É quase um passe de mágica. Num dia somos crianças e estamos ali protegidos pela mãe (de mãos dadas atravessando a rua, esperando que ela nos acorde para ir à escola, deitados em seu colo recebendo carinho, felizes da vida com a hora de sua chegada) e no outro estamos nos virando para sobreviver (preocupados com o final do mês, pensando na quantidade de trabalho para dar conta e nos compromissos que se acumulam para a semana seguinte).
Quando se é criança parece que todos os dias são domingo, mas não esses domingos vésperas de segundas-feiras, domingo véspera de sábado, véspera de domingo, véspera de sexta-feira. Domingo véspera de nada.
Hoje me deu uma saudade muito grande desse tempo com minha mãe. Um vontade de estar mais próximo para conversar. Temos tantos códigos que são (re)lembrados a cada encontro nosso. E como nos divertimos com isso!!! Nos encontramos menos a cada ano e nos acostumamos com essa falta. Ou pensamos que sim para que tudo seja mais fácil.
As vezes acho que os dias não têm sentido mesmo. Inventamos esse final do mês para não dar cabo desse vazio de todo esse tempo.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...