terça-feira, 8 de junho de 2010

Futebol e Carnaval (texto)

Sei que vão me massacrar (ou pelo menos, que  isso é uma possibilidade). Descobri, faz tempo, que chuva molha. E, definitivamente, não vim para agradar (por outro lado, tb não vim, exclusivamente, para desagradar, mas entre mim e o outro, me escolho).
Queria que o mundo parasse nos jogos do Brasil. Não sou daqueles que considera que o "destino do Brasil está nos pés dos jogadores" como tenho ouvindo em anúncios na televisão (de jeito nenhum!), mas, vejam vocês, adoro um jogo de futebol!!! E mais, gosto, quase sempre, de assisti-lo sozinho (tenho os meus rituais).
Minha mãe sempre foi uma boa companhia nessas horas. Ela, mais do que eu, quase morria do coração a cada bola na trave. Eu, apenas uns palavrões silenciosos.
Em 1998, até incenso de efeito moral era atirado para ver se o resultado (Brasil x França, não necessariamente nesta ordem) mudava. Um fiasco! Ricardo, Robson, eu (na sala) e Heloísa (sozinha no quarto) sofríamos com a derrota. O Canarinho descia morro abaixo.
Na casa, um silêncio mórbido. Como se um amigo acabasse de se despedir. Não sabíamos mais o que fazer diante daquilo que conseiderávamos impossível acontecer: 3 x 0 França.
Tudo outra vez, agora. Só que, como partimos do zero (nem tanto), uma esperançazinha de que nos dias 15, 20 e 25 (primeira fase) eu possa gritar: gooooooooooool (do Brasil, é mais do que claro).

domingo, 6 de junho de 2010

Minhas correspondências (texto)

Hoje, recebi três e-mails mais do que especiais (na verdade, dois e-mails e um comentário aqui no blog). O primeiro, de uma grande amiga que anda muito sumida, e, por isso, andei reclando um pouco da sua ausência. (um pouco porque a reclamção partiu de mim, né? a reclamação foi pesada!). Nele, ela me conta o porquê de não mais ter me procurado. A vida não é mesmo fácil para ninguém e supomos, às vezes, que a sorte só não bate as nossas portas
Fazemos escolhas equivocadas e elas produzem consequências. A vida é mesmo uma surpresa, ninguém sabe aonde ela vai dar em  cinco minutos.
O outro, de alguém que é muito mais do que uma amiga, é mais do que uma irmã, é um anjo da guarda. Nele, mais uma vez, encontro, um porto seguro. Descubro que a sensibilidade para perceber o mundo é química pura (rs).
O comentário veio, mais um vez, de uma outra amiga, sempre presente nesse último ano. E, sabiamente, em poucas palavras me sugere comportamentos.
Sou um homem de sorte. Tenho mulheres especiais sempre por perto. Obrigado, meninas!

Os últimos dias (texto)

Hoje enquanto esperava um amigo para almoçarmos juntos, fiquei pensando nos nossos (na verdade um "nosso" mais dos outros do que meu) últimos anos de vida. A morte sempre é certa, mas como nos afastamos cada vez mais de tudo o que diz respeito  a ela e vivemos como se fôssemos estar aqui pra sempre, não paramos muito para pensar sobre isso (agora o nós é includente).
O ano passado foi o último ano de muito momentos com a minha mãe sem que eu me desse conta de que aqueles dias, todos eles, eram os últimos da sua vida, das nossas vidas juntos.
Ela decidiu passar o seu aniversário comigo. Nunca tinha feito isso. Ficou do natal até a passagem do ano (dia do seu aniversário) em minha casa. Foram dias alegres, mas não aproveitei como devia (fico pensando nisso quase o tempo todo). Eu devia ter dito a ela muito mais do que eu disse, muito mais do que eu achava que devia dizer, porque não se tem mais nenhuma chance de voltar a atrás.
Tenho um amigo, o Erik, que sempre me dizia que essa história de que "nunca é tarde" é uma enganação total. Não há muitas vezes outra oportunidade. E mais, não se sabe se o Outro vai estar presente, disposto, perto, saudável para nos ouvir.
Tenho brigado muito no meu trabalho. Tenho cobrado de alguns colegas uma postura mais profissional. Mas não estou conseguindo fazer isso da forma como eu devia fazer: com calma, com respeito, com a tranquilidade necessária para não me arrepender. E aí se alguma coisa der errado nesse percurso, posso não conseguir refazer (me refazer tb). Preciso estar atento.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sandy, frio e dois dias para não fazer na-da (texto)

Estou feliz. Fazia tempo que não me sentia tão bem. Ainda que esteja frio, ainda que o vizinho esteja ouvindo Sandy, não desanimo. Muito bom estar perto dos amigos e saber que há história para relembrar, casos para rir, boa comida, caipirinha, música e mais dois dias para não fazer Na-da.

Savannah song (texto)

Finalmente, depois de um mês, de volta a Curitiba. Vim preparado para o polo norte, mas estava mais frio em Cascavel (podem acreditar!). De qualquer forma, sempre é bom estar aqui com os velhos amigos, longe, de certa forma, do trabalho (é claro que os livros me acompanham, e o pensamento tb).
O dia já começou divertido! Acordei com um revoada de pássaros, mas era um CD. Decidi comprar um com o som da Savana Africana e acordar os meus vizinhos (Valdeci que me aguarde!) com elefantes, leões, javalis (javali faz alguma barulho?), hienas e hipopótamos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Anágua (texto)

Interessante como as palavras só fazem sentido se existe uma história sobre elas. No entanto, essas histórias não são fixas, mudam de lugar de acordo com as suas produções.
Dia desses, jogando Imagem e ação com uns amigos, diga-se de passagem, todos mais novos do que eu, apareceu a palavra ANÁGUA para que ela fosse, em forma de mímica, repassada e adivinhada por um dos grupos. Não foi fácil descobrir o que se desejava, mesmo com tantos movimentos que indicavam alguma coisa sob um vestido ou saia.
Finalmente, depois de algum tempo, uma das meninas descobriu a palavra. Mas ninguém mais soube dizer o que era uma anágua. Hoje, do site www.aulete.com.br recebi justamente a palavra anágua como A Palavra do Dia.
E o sentido desse verbete refere-se quase totalmente ao passado. Pelo visto não se usam mais anáguas por aí.
Sinal dos tempos.

PALAVRA DO DIA

Tema da semana: peças de vestuário. 


ANÁGUA 

Anágua é uma peça da indumentária feminina que é utilizada por baixo de saias ou vestidos com dois objetivos principais: evitar transparências ou dar volume. Era uma comum na geração de nossas avós e ainda muito usada por mulheres mais velhas. A anágua nada mais é do que uma segunda saia, que originalmente deveria ser completamente coberta pela roupa vestida por cima. No entanto, hoje em dia, é comum encontrar anáguas com a barra decorada com rendas ou filó justamente para que fiquem mais compridas que a saia usada por cima. Desta forma, as anáguas podem funcionar menos como forma de evitar transparência e mais como um detalhe decorativo.
>> Definição do iDicionário Aulete:
(a..gua)

sf.
1. Vest. Saia us. sob vestido ou sob outra saia; saia de baixo
[F.: Do espn. enagua.]

terça-feira, 1 de junho de 2010

Narciso acha feio tudo o que não é espelho (texto)

ESTADOS UNIDOS – O pastor da Igreja Batista e psicólogo George Rekers, 61, que divulgava a tese de que homossexuais podem se tornar héteros, foi flagrado com um garoto de programa e pode vir a enfrentar um processo por falso testemunho. O envolvimento do pastor com o rapaz foi publicado no Miami New Times, em 13 de maio, com detalhes: Rekers contratou o garoto de programa num site de relacionamentos e o levou a um passeio pela Europa, mas exatamente por Madri e Londres.
O assunto se tornou um escândalo pelo histórico do pastor e psicólogo. Membro da Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da Homossexualidade, ele era conhecido pelo seu firme combate à homossexualidade e com um posicionamento contrário à adoção de crianças por casais do mesmo sexo.
Descoberta a farsa em que pautou a sua vida religiosa, profissional e pessoal, Rekers pode ter que se explicar na justiça. O jornal The New York Times informou que um processo por falso testemunho será aberto contra o pastor enganador e os "ex-gays" que testemunhavam, nas suas palestras, a favor de seus métodos e falsas convicções.
O garoto de programa, que se chama Jovanni Roman, tem 20 anos e faz parte do site Rentboys.com, preferiu calar-se ao ser procurado pela revista gay The Advocate. Rekers, evidentemente, nega tudo e disse, no seu site, que as denúncias têm o objetivo de lhe difamar.
"Não tive qualquer comportamento homossexual. Não sou nem nunca fui homossexual”, escreveu, com mais uma explicação: o garoto foi contratado para carregar suas bagagem na viagem pela Europa, já que acabara de passar por uma cirurgia e evitava esforços.
Desculpa tão esfarrapada quanto a do senador da Califórnia, Roy Ashburn, que, em março, foi pego dirigindo alcoolizado em direção a um motel com um belo garotão no banco do carona. Divorciado, com dois filhos e um feroz opositor aos direitos civis dos homossexuais, Ashburn admitiu ser homossexual, mas disse que agia contra os interesses dos gays para atender às expectativas dos seus eleitores.

domingo, 30 de maio de 2010

Mais do que para pensar, para viver (texto)

Recebi da Rosana e não me contive: "Milhões de pessoas que sonham com a imortalidade não sabem sequer o que fazer numa tarde chuvosa de domingo" Susan Ert.

Comendo líquido (texto)

Domingo. Frio. Chuva. Dizem que vai piorar na terça-feira. É esperar pra ver. Hoje, tem Processo Seletivo aqui na universidade. Isso mesmo, "aqui": estamos desde às 8h de plantão. Ainda bem que até agora nenhum problema para ser resolvido senão os de praxe (candidato que não sabe o número do seu CPF, RG etc.). Aproveito para preparar a aula de terça e a prova de quarta-feira.
Sinceramente, queria estar dormido. E estaria se não tivesse por aqui. O sono, é claro, já passou desde o banho, às 7h. No entanto, fico pensando na minha cama. Ah, estou com fome e para comer apenas um chá (comendo líquido).

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ainda bem que tudo tem um por outro lado (texto)

Por outro lado, ainda bem que tudo tem um  por outro lado, o meu dia foi incrível. Fomos, Maria Lúcia, Sandra e eu a um orfanato aqui em Cascavel levar uns cobertores e toalhas para as crianças. Aproveitamos que estávamos lá para brincar um pouco com elas (esse orfanato recebe crianças de 0 a 5 anos). E brincamos muitos. Essas crianças são especiais, aliás, todas elas são.
Essas se viram sozinhas, às vezes. Mas são muito carentes. Querem colo o tempo todo. E ficam brava se depois de um tempo a colocamos outra vez no chão.
Hoje, fiquei rodeado por umas cinco. Sentado no chão com um no colo, outra na carcunda, outra em pé no meu joelho, dois tentando pegar meus óculos escuros. É sempre triste ir embora, porque sabemos que a nossa vida continua e a delas tb, nunca do mesmo jeito, mas continua apesar do nosso encontro

Novas estratégias para velhos interesses (texto)

Talvez o grande problema do meu trabalho seja o meu trabalho, isto é, a forma como ele funciona. E a forma como ele funciona, não é senão, o meu trabalho. Posso parecer redundante, mas o que estou querendo dizer é que, se não estou satisfeito (e faz é tempo) como o que anda acontecendo eu tenha que ou mudar de trabalho ou me mudar.
Esta, para variar, não foi das melhores semanas. No entanto, ela tem produzindo em mim uma certeza de que não nasci para conviver com certas práticas que julgo pequenas, mesquinhas, burras, até. E mais, tem produzido tb a certeza de que o copo já transbordou e eu aqui tentando conter essa água que não para, essa água que não vai parar nunca de escapar desse copo.
A Emília, de Monteiro Lobato, tentou certa vez reformar a natureza: ela criou o passarinho-ninho; o livro comestível; o porco magro; o sei-lá-que-animal-é-esse; o bule que apita; colocaram as abóboras na  jabuticabeira e as jaboticabas no pé de abóbora; o pernilongo cantor; a gaiola de cabelo; as pulgas moles e paradas no meio do ar; moscas sem asas; a reforma na vaca mocha; reforma na personalidade das  borboletas azuis ... mas percebeu que, ainda que as coisas possam parecer estar em lugar errado, não se muda a netureza das coisas.
Não estou certo, é lógico, ainda que a minha natureza diga que sim. Sou eu quem está no lugar errado. Aqui, as pessoas já se acostumaram com esse funcionamento e ele não vai mudar, nunca.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

As diversas caras do incompetente (texto)

A incompetência tem diversas caras: às vezes ela se mostra como inocente, noutras como desentendida, às vezes se traveste de seriedade, mas um bom observador não se engana.
O serviço público está cheinho de incompetência, em todos os escalões: desde aquele que faz corpo mole até aquele que usa do próprio poder para não fazer o que deve. É incompetente tb aquele que compactua com a incompetência do outro, fingindo que não vê ou tirando algum proveito do desserviço. Prefiro a morte, a me calar diante dessa senvergonhice.
Não se muda o mundo, mas de incompetências.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Está tudo bem?

Quem não chora não mama, diz o ditado popular, mas não é sobre ditados populares que quero/vou escrever. Reclamei esta semana sobre a falta de interesse dos amigos em saber como anda a nossa vida etc. & tal. Reclamei tb, até para não perder o costume, da quantidade de trabalho que temos, a cada  novo dia, que dar conta. Sempre mais, sempre mais! E aí recebi um e-mail da Cris sobre como (não) andam as relações interpessoais. 
Neste e-mail ela me escreve, entre outras coisas, se o fato de se perguntar ao outro se tudo está bem, não é apenas um ritual ligado no piloto automático que espera como resposta sempre um "tudo bem!"? Diz a Cris:: "Se bem que  até o "tudo bem" mudou com o passar dos anos ... hoje em dia, quando a gente não está bem, fica pensando quando nos perguntam "tudo bem?" se a pessoa aguentaria ouvir a verdade das coisas que vão na cabeça e no coração ... e a gente enterra um supercial ... "tudo bem" ... conformista e frouxo só pra evitar ter que entrar em detalhes, com quem na verdade, perguntou sem ter tempo para ouvir, não é verdade?"
E continuou: "Assim, andorinhas apagando incêndio a gente vai semeando coisas boas pelo mundo um pouquinho de cada vez, e quando se olha, o tempo ajuda, e a gente vai passando ... passa-se por essa, e por aquela, e vamos sempre passando ..."
Só não sei se, algum dia, tudo isso foi de outra maneira, sei apenas que, carente dos amigos, fico querendo sempre mais: atenção, abraço, carinho, e-mails, ligações que não sejam apenas sobre trabalho e cobrança.
E, além disso, somando aqui nessa calculadora dos anos a quantidade de "essas e outras" pelas quais vamos passando, vamos passando, vamos passando até quando a pilha, a bateria, a energia não mais funcionar.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...