sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Olha quem chegou pro carnaval!!!

Hoje nasceu a filha de uma grande amiga, Marta. Faz tempo que a gente não se vê. Ela agora no Rio e eu em Cascavel, antes eu no Rio e ela em Lima. Parece a história do Chico Buarque: "O nosso amor é tão bom, O horário é que nunca combina, Eu sou funcionário, Ela é dançarina, Quando pego o ponto, Ela termina" (Ela é dançarina).
Saúde e felicidade pra toda família. Muitos beijos e muita saudades. Dia desses a gente se encontra prum bolo de laranja (se é que vc me entende).

Múmia Egípcia (texto)

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, foi para o balneário de Sharm el Sheij, no Mar Vermelho, a 400 km do Cairo, informou nesta sexta-feira (11) Mohammed Abdellah, porta-voz de seu partido, o Nacional Democrático.
Mubarak, que tem uma residência no balneário, deixou a capital em meio a mais um dia de grandes protestos de rua pedindo sua saída imediata do governo. Testemunhas viram dois helicópteros decolando do palácio pouco depois do anúncio do porta-voz.
A TV estatal anunciou que a Presidência do Egito faria um comunicado "importante e urgente" em breve, mas não adiantou o teor.
Pouco antes, o Exército soltou nota prometendo  levantar o estado de emergência sob o qual o país vive desde 1981, "assim que as circunstâncias atuais terminarem".
Os militares também prometeram garantir uma eleição presidencial "livre e justa" em setembro, além de mudanças na Constituição e da proteção da nação, que vive há 18 dias uma crise política sem precedentes, com fortes manifestações de rua pedindo a renúncia imediata do presidente, de 82 anos e há 30 no poder.
No comunicado, que foi interpretado como uma demonstração de apoio a Mubarak, o Exército disse que não vai perseguir os "honrados cidadãos que rechaçaram a corrupção e pediram as reformas".
O comunicado do Exército deixa claro que os militares querem que a população encerre os protestos de rua e volte para casa.

Clima tenso
O clima seguia tenso no Cairo, onde manifestantes antigoverno tomavam mais uma vez as ruas, um dia após o líder ter transmitido os poderes "de fato" para Suleiman. A France Presse avaliou que ao menos um milhão de pessoas participavam dos protestos.
Insatisfeitos com o discurso de Mubarak na véspera, egípcios se reuniam na frente do palácio presidencial para pedir sua saída imediata do poder e ameaçavam invadir o prédio. O Exército, que guarda o palácio, observava, mas não tentava impedir os manifestantes.
Os protestos se intensificaram depois das tradicionais orações do meio dia da sexta-feira (8h de Brasília).
Na Praça Tahrir, foco das manifestações, três soldados egípcios abandonaram os uniformes e as armas e se uniram aos manifestantes contra o regime, afirmaram testemunhas.
"Eles se uniram à multidão sorrindo e gritaram frases a favor da queda do regime", declarou à France Presse uma das testemunhas, o estudante Omar Gamal.

Discurso
Na véspera, Mubarak frustrou os manifestantes que esperavam sua renúncia imediata e confirmou, em discurso na TV, que pretende continuar no governo até setembro, à frente da transição de poder. Ele também disse que iria transferir poderes ao seu vice.
Sameh Shoukr, embaixador do Egito nos EUA, explicou que Mubarak transferiu todos os poderes da presidência para seu vice, mas permanece do chefe de Estado "de jure" (de direito).
O embaixador disse que esta versão lhe foi contada pelo próprio Suleiman.
A decisão de Mubarak de ficar durante a transição irritou ainda mais a população local. Milhares de pessoas passaram a noite na praça Tahrir.
Em um discurso de tom patriótico, Mubarak afirmou que a transição no Egito em crise vai ocorrer "dia após dia"  até as eleições presidenciais marcadas para setembro. Ele prometeu proteger a Constituição durante todo o processo.
Mubarak disse que propôs emendas aos artigos 76, 77, 88, 93 e 189, e cancelou o 179, que dava poderes extras ao governo em caso de combate ao terrorismo.
O presidente afirmou que iria transferir poderes a Suleiman, segundo a Constituição, mas não esclareceu quando, até que ponto ou de que maneira isso ocorreria.
Em discurso posterior ao de Mubarak, Suleiman, -que já vinha liderando as negociações com a oposição- se comprometeu a tentar fazer "uma transição pacífica de poder" e pediu que os manifestantes acampados no Cairo voltem para casa.
A transferência de poder ao vice, segundo o ex-general, seria uma demonstração de que as reivindicações dos manifestantes estavam sendo respondidas pelo diálogo, e que as conversas com a oposição levaram a um "consenso preliminar" para resolver a crise.
O presidente também pediu desculpas pela repressão aos protestos de rua dos últimos dias, disse que sentia muito pelas vítimas e prometeu punir os responsáveis.
Ele afirmou que compreendia e estava de acordo com as reivindicações dos jovens e também disse que "não aceitaria ordem externas", em uma referência aos constantes pedidos de líderes internacionais pela democratização do país.
Mubarak também disse que as mudanças pretendem criar condições para anunciar o fim do estado de emergência, sob o qual governa desde o início, em 1981.
Ele já havia prometido acabar com a medida, mas sem estabelecer data.
O presidente disse que o Egito permanecerá "acima dos interesses individuais" e que não deixará o país.

Oposição
O líder oposicionista Muhamed ElBaradei disse que o Egito "vai explodir", após o discurso de Mubarak. Ele pediu ao Exército que "salve o país". Já a Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor, assumiu uma postura mais cautelosa e elogiou a transferência de poder.
Desde o início das negociações, no último domingo (6), a oposição reclama de "falta de clareza" do governo ao anunciar concessões, que vem emperrando o diálogo.

Possível renúncia
O discurso de Mubarak ocorreu após um dia marcado por vários relatos, muitos deles contraditórios, de que ele iria renunciar imediatamente.
Pelo menos 300 pessoas morreram e 5.000 ficaram feridas na repressão das forças de segurança aos protestos, segundo a ONU.
O clima era antecipadamente de festa no país à medida que anoitecia, mas o discurso televisionado foi recebido negativamente nas ruas.
Os manifestantes continuaram pedindo a saída imediata do presidente, sem entender exatamente o significado concreto da sua fala.

Repercussão internacional
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que esperava que o Egito rume no caminho de uma democracia e não de uma nova ditadura. Ele foi o primeiro líder mundial a falar após o discurso de Mubarak.
A primeira reação da Casa Branca à crise foi pedir uma "transição imediata", o que significava a renúncia de Mubarak, antes aliado americano. Mas depois o governo americano atenuou seu discurso e passou a defender apenas uma transição.

Israel
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse na ONU que cabe ao povo do Egito "encontrar seu caminho", de acordo com a Constituição do país.
A crise política no Egito preocupa Israel, que considera o Cairo um fator de estabilidade na conturbada região do Oriente Médio.
O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, celebrou as revoltas populares na Tunísia e no Egito e afirmou que o Oriente Médio vai se livrar dos EUA e de Israel.

'Saída honrosa'
O deputado trabalhista israelense Benjamin Ben Eliezer afirmou nesta sexta que  Mubarak comentou com ele, em uma conversa por telefone na noite de quinta-feira, pouco antes de seu discurso à nação, que está buscando uma "saída honrosa".
"Ele sabe que acabou, que é o fim do caminho. Só me disse uma coisa pouco antes de seu discurso, que procurava uma saída", afirmou Ben Eliezer à rádio militar.
Ben Eliezer, que até recentemente foi ministro do Comércio e da Indústria, é considerado o dirigente israelense mais próximo de Mubarak, a quem visitou em várias ocasiões.

Fonte: http://g1.globo.com/crise-no-egito/noticia/2011/02/em-meio-protestos-presidente-do-egito-deixa-o-cairo.html

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Top 100

Depois de uma passadinha pelo blog Ele não, Ela sim, da Ana Carolina e do João e de ler o texto sobre a trilha sonoro de nossas vidas (Top five), fiquei aqui pensando que músicas seriam as escolhidas para compor essa tal trilha sonora. 
Diferentemente do casal, eu não conseguiria escolher apenas as cinco mais. De jeito nenhum. Talvez porque eu tenha mais do que o dobro da idade de cada um deles, ou ainda por não saber viver sem música. Se estou em casa, no trabalho, de férias, no banho, tem sempre uma musiquinha me acompanhando. Em casa, na infância e adolescência, minha mãe ouvia música e cantava o tempo todo. E é claro que isso me influenciou.
Tenho quase certeza de que não consiguiria fechar nunca essa seleção, mas posso até arriscar um top 100.
Aqui não há uma hierarquia, mas uma seleção de acordo com o  que a memória vai fornecendo. Ah, essa seleção é de uma música e de um intérprete:
1. True - Spandau Ballet
2. Fullgás - Marina Lima
3. It Doesn´t Really Matter - George Michael
4. Deixa o verão - Los Hermanos
5. Tão Bem - Lulu Santos
6. Certas Coisas - Lulu Santos
7. Um certo alguém - Lulu Santos
8. Álibi - Maria Bethania
9. Esse Cara - Maria Bethania
10.  A História de Lilly Braun - Gal Costa
11.  Casa pré-fabricada - Maria Rita
12. Desta vida, desta arte - Marina Lima
13. Este Ano - Marina Lima
14. Essas coisas que eu mal sei - Marina Lima
15. Grávida - Marina Lima
16. Acontecimentos - Marina Lima
17. O meu sim - Marina Lima
18. Não sei dançar - Marina Lima
19.  Virgem - Marina Lima
20. Charme do mundo - Marina Lima
21. It´s Not Enough - Marina Lima
22.  Deixa Estar - Marina Lima
23. Para um amor no Recife - Paulinho da Viola
24.  No escuro - Marina Lima
25. Carinhoso - Marisa Monte e Paulinho da Viola
26. Diariamente - Marisa Monte
27. Morro velho - Elis Regina
28. Atrás da Porta - Elis Regina
29. Alô, Alô, taí Carmem Miranda - Elis Regina
30. Estrela, Estrela - Gal Costa
31. Nem pensar - Kleiton e Kledir
32. Gente humilde - Ângela Maria
33. Anos dourados - Maria Bethania
34. Todo sentimento - Elizeth Cardoso
35. Faxineira das canções - Elizeth Cardoso
36. Doce de coco - Elizeth Cardoso
37. Violão - Elizeth Cardoso
38. Saudades dos aviões da Panair - Elis Regina
39. Joana Francesa - Ângela Ro Ro
40. Só nos resta viver - Ângela Ro Ro
41. Mora na filosofia - Mônica Salmaso
42. Canto de Ossanha - Elis Regina
43. Estopim - Ná Ozzetti
44. O Samba e o Tango - Carmem Miranda
45. Mil perdões - Ney Matogrosso
46. A banda - Nara Leão
47. Brasil Pandeiro - Novos baianos
48. Acabou chorare - Novos baianos
49. Sem você - Paula Morelenbaum
50. Lança Perfume - Rita Lee
51. Baila Comigo - Rita Lee
52. Shangrilla - Rita Lee
53. Caso Sério - Rita Lee
54. Além do Horizonte - Nara Leão
55. As curvas da Estrada de Santos - Elis Regina
56. Detalhes - Roberto Carlos
57. Por isso eu corro demais - Roberto Carlos
58. The Englishman In New York - Sting
59. Roxanne - Sting
60. Say It Isn´t So - Billie Holiday
61. Reconte-Moi - Stacey Kent
62.  I Still Haven´t Found What I´m Looking For - U2
63. Me deixa em Paz - Alaíde Costa
64. Tendo a lua - Paralamas do Sucesso
65. Esse brilho em seu olhar - Léo Jaime
66. Preciso dizer que eu te amo - Marina Lima
67. Outono - Djavan
68. Sete mil vezes - Caetano
69. Tola foi você - Ângela Ro Ro
70. Love is stronger than pride - Sade Adu
71. O segundo sol - Cássia Eller
72. Luz dos olhos - Cássia Eller
73. Relicário - Cássia Eller
74. Paladar - Fátima Guedes
75. Condenados - Fátima Guedes
76. Tanto que aprendi de amor - Fátima Guedes
77. Desacostumei de carinho - Fátima Guedes
78. Poema - Ney Matogrosso
79. Smoken Gets in Your Eyes - The Platters
80. Cry me a river - Ella Fitzgerald
81. Blue Skies - Wilie Nelson
82. Aracaju - Vinícius Cantuária
83. Na baixa do Sapateiro - Caetano
84. Saigon - Emílio Santiago
85. Dias de Lua - Emílio Santiago
86. Perfume Siamês - Emílio Santiago
87. Lembra de mim - Ivan Lins
88. Peter Gast - Vânia Bastos
89. Louco por você - Vânia Bastos
90. Vai saber - Marisa Monte
91. Beija eu - Marisa Monte
92. Vambora - Adriana Calcanhotto
93. Metade - Adriana Calcanhotto
94. Inverno - Adriana Calcanhotto
95. Monsieur Binot - Joyce
96. Essa Mulher - Elis Regina
97. Bolero de Satã - Elis Regina e Cauby Peixoto
98. Canção da América - Elis Regina
99. Redescobri - Elis Regina
100. Feminina - Joyce

Bonus track
1. Aprendendo a joga - Elis Regina
2. O trem azul - Elis Regina
3. Um girassol da cor do seu cabelo - Diana Pequeno
4. Se eu quiser falar com Deus - Elis Regina
5. O bêbado e a equilibrista - Elis Regina
6. Eu hein Rosa - Elis Regina
7. As aparências enganam -Elis Regina
8. Basta Um dia - Clara Nunes
9. Camarim - Elizeth Cardoso
10. Refém da solidão - Elizeth Cardoso
11. Prá rua me levar - Ana Carolina 
12. Meu vício é você - Alcione

E a lista não ia terminar nunca mais. As cem foram com muita tranquilidade. E nem consultei os meus CD´s. Vou acrescentar no bonus mais algumas depois de uma rápida consulta.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ítaca - Constantino Kavafis (poesia)

Postei aqui neste blog no dia 3 de janeiro de 2010 o poema Ítaca do poeta Constantino Kavafis. E apesar de considerá-lo, o poema, incrível ele ficou nesse recente passado.
No entanto, recebi ontem um comentário, em forma de poema, de alguém que deu uma passadinha por aqui e aí recuperou essa memória que nunca eu deveria ter esquesido. Aí vai, outra vez, Ítaca

Se partires um dia rumo à Ítaca
Faz votos de que o caminho seja longo
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem lestrigões, nem ciclopes,
nem o colérico Posidon te intimidem!
Eles no teu caminho jamais encontrarás
Se altivo for teu pensamento
Se sutil emoção o teu corpo e o teu espírito tocar
Nem lestrigões, nem ciclopes
Nem o bravio Posidon hás de ver
Se tu mesmo não os levares dentro da alma
Se tua alma não os puser dentro de ti.
Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
Nas quais com que prazer, com que alegria
Tu hás de entrar pela primeira vez um porto
Para correr as lojas dos fenícios
e belas mercadorias adquirir.
Madrepérolas, corais, âmbares, ébanos
E perfumes sensuais de toda espécie
Quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrinas
Para aprender, para aprender dos doutos.
Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas, não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
E fundeares na ilha velho enfim.
Rico de quanto ganhaste no caminho
Sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu
Se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência.
E, agora, sabes o que significam Ítacas.

Constantino Kabvafis (1863-1933)
in: O Quarteto de Alexandria - trad. José Paulo Paz.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Ficava ali parada sem reconhecer ninguém. Calada num mundo que era feito, sobretudo, de silêncio.

Biutiful e o que a gente tem com tudo isso?

Uma amiga postou no Facebook um pequeno comentário sobre o filme Biltiful de Alejandro González Iñárritu (o mesmo diretor de Babel, Amores brutos), segundo ela, o filme era um chute no estômago.
Eu me prometi não fazer mais nenhum comentário sobre filmes, porque, como eu já disse e digo sempre quando não cumpro a promessa, tem sites especializados aos montes para isso aqui na net.
Biltiful não é só um chute bem dado no boca do estômago (como ela escreveu), é muito mais do que isso (apesar de que uma pancada bem dada nessa região nos deixa mesmo sem ar, com muita dor, mas passa). Biutiful é uma dor que não passa, porque somos golpeados durante 147 min, sem dó.
Saímos do cinema (Sil, Nanci e eu) meio atordoados e, claro em uníssono, pensando em como essa nossa vidinha classe média-burguesinha-consumista é fútil. 
Não que não soubéssemos disso: preocupação com o número de fios do lençol de algodão egípcio ou a viagenzinha à Europa nas férias de final de ano.
O filme não trata da futilidade das nossas vidas, por outro lado, mostra o quanto é insuportável (o adjetivo ainda não é esse) a vida de muitas outras pessoas enquanto outras tantas não estão nem aí. Não se dão conta, na melhor das hipóteses.
Javier Bardem incrível, mas Blanca Portillo deu um show de interpretação. Não deixou nada a desejar em se tratando de atuação. Interpretações cruas, no melhor dos sentidos.
Vale à pena rever o filme e quando os cinemas aqui em Cascavel deixarem de passar apenas o mesmo, o já visto, corro para uma das salas.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A cura do envelhecimento (texto)

Acabei de passar por um banca de revistas e de ler essa texto da capa, aí ao lado, da Revista Galileu
Fiquei pensando aqui com os meus botões*: desde quando envelhecimento é uma doença que precisa ser curada? 
Quando eu era criança a velhice ainda não era uma doença. Não se falava em vida eterna (digo, com a conotação de beleza for ever) e nem mesmo em ser jovem aos 60 e poucos anos.
Não havia, pelo menos que eu me lembre, essa ditadura da juventude. A minha avó já era uma senhora com comportamento, vida e pele de uma senhora, sem que isso fosse infelicidade, desgraça, coisa ruim.
Todo mundo precisa estar inteiro, não por saúde, mas porque é necessário, porque o mercado exige, porque a gente se exige e sofre quando não consegue, e não se consegue, naturalmente, atingir o padrão de beleza e juventude estampados em todas os lugares. 
Basta ser jovem para ser feliz! Compramos essa ideia e acho que é tarde para envelhecer, naturalmente.

*pensar com os botões não é nada jovem.

Da Série Contos Mínimos

Como um velho disco de vinil arranhado, pulando sempre na mesma faixa e na mesma frase: repetindo, repetindo, repetindo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Não faz parte do meu show (comentário)

Não sou um consumidor de livros espíritas, ou seja, não costumo comprar nem mesmo ler livros psicografados por médiuns. O máximo de intimidade que tive com uma obra espírita foi com O Evangelho segundo Allan Kardec que pertenceu a minha avó. Li algumas páginas, depois reli alguns capítulos.
No entanto, ontem à tarde uma amiga comprou o livro Faz parte do meu show, psicografado pelo médium Robson Pinheiro Santos e aí antes de dormir peguei emprestado o tal livro e o li.
Primeiro por curiosidade, depois para saber até onde ia o mal gosto do autor do romance. Fiquei impressionado com a falta de seriedade (desculpem-me os que gostaram ou os que acreditam que seja mesmo a vida-após-a-morte do cantor Cazuza descrita naquelas páginas) com a qual é tratada uma questão tão cara para o Kardecismo: a vida após a morte.
De cara, o que mais me impressionou negativamente foi a forma como os artistas (as pessoas públicas) são apresentados pelo autor depois de mortos. Continuam sendo tratados como celebridades independentemente da vida que levaram por aqui. 
Não estou de forma nenhuma produzindo juízo de valor sobre a vida de quem quer que seja, mas, sejamos honestos, o fato de alguém ser ator, poeta, apresentador, cantor, ex-BBB, modelo ou manequim não seria suficiente para ser tratado de forma diferenciada no plano espiritual, acho que isso iria de encontro com a doutrina espírita. E  mais, seria um desrespeito com os demais desencarnados.
Além disso, no decorrer do livro o cantor encontra-se com várias figuras conhecidas, como se elas continuassem sendo exatamente o que foram aqui entre nós.
O encontro com Chacrinha realmente me fez prosseguir com a leitura. Este continuava, além de usar o bordão Teresinha, apresentando um programa de música com a participação de Elis Regina, Clara Nunes etc. E a explicação dada pelo autor seria a importância dessas "pessoas" no acolhimento de espíritos desencarnados com alguma dificuldade para compreender essa nova etapa de sua vida.
A primeira figura pública com a qual o cantor esbarra é o poeta Drummond e o diálogo entre eles, e na sequência, a forma com o este poeta descreve o seu encontro com um mentor espiritual é de péssimo gosto literário.
Sem falar no vocabulário usado pelo cantor durante toda a obra. Para ressaltar que Cazuza fora um rebelde ou para reforçar essa imagem o autor o tempo todo faz uso de palavras de uma juventude fora do tempo. Seria como se o tipo assim fosse o bordão do Fiuk desencarnado.
Não vou dizer que perdi meu tempo, porque a explicação sobre desejos sexuais de encarnados e desencarnados foi interessante. Ponto.
Não recomendo. Mas gostaria muito de ler aqui outros comentários a respeito do livro, sobretudo positivos para que eu não ficasse com tamanha má impressão.

Da Série Contos Mínimos

Ela devia ter aproximadamente 3 anos. Eu conhecia apenas a sua voz que invadia o meu quarto nos finais de semana. Brincava quase todo o tempo. Cantava, contava histórias. Teimava com a mãe que lhe ameaça bater. Pedia doces, quebrava seus brinquedos. Corria. Sua vida era (para mim) uma diversão.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Todo trabalhado no embromation (texto)

Estar em Cascavel tem tb as suas desvantagens (quais são as vantagens mesmo? devem estar no post anterior). A maior delas é não ter o que fazer sem o trabalho. Digo, sem aquele trabalho que cumpre horas na universidade e que durante o expediente sempre aparecem muitas coisas por fazer (sobretudo se vc tem como chefes o João, a Cida e a Sanimar. Gente, não é muito cacique pra pouco índio?).
Acabei de ler a dissertação de uma aluna. Fiz meu plano de ensino. Preparei as primeiras aulas e ainda me resta muito tempo pela frente. Não dá pra fazer mais sem conhecer os alunos que estão chegando.
Fui ao cinema ver O turista por falta de opção, mesmo.  Não fiquei afim de pagar pra ver. O filme não é bom, ainda que Angelina Jolie esteja (mesmo magérrima) linda e apareça quase sempre numa superprodução, ainda que o filme se passe numa Veneza impecável...
Almocei com uma amiga durante esses dias. Rimos bastante, mas acabo ficando sozinho a maior parte do tempo inventando o inventável. Pena que não exista ainda um teletransporte, daqueles que vc entra (sem uma mosca, é claro) e ressurja num lugar qualquer por alguns dias ou horas. Isso seria uma mão na roda, ainda que mão na roda não combine muito com teletransportes.
Eu iria encontrar a Aline, na Escócia, para um almoço. Depois o João em Londres para o jantar ou um pub. Na sequência dormiria em NY e encontraria o Pedro. E tomaria o caminha da roça.
Tá vendo a vida bem mais fácil. Fico indignado com essa tecnologia de ipad, iphone. Besteiras que não servem pra quase nada.
Esse texto tb não serve para quase nada, mas é o que tenho pra hoje. Fico me perguntando, como é que se consegue escrever tanto sobre coisa alguma? Tô todo trabalhado na enrolação no Embromation.
Obs.: mas tenho certeza de que não sou o único.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Estou de volta (texto)

Ainda tenho alguns dias de férias, elas acabam dia 03, mas já voltei pra casa (TRIP - viagem nota 10!). Hoje acordei às 11h, sem culpa, sem compromisso, sem ter o que fazer além de colocar em ordem a vida que ficou parada aqui em Cascavel (ah, e ler a dissertação da Ju).
É claro que estar no Rio sempre é bom: cinema, samba, praia, amigos, paqueras, Lapa, Circo Voador, Preta Gil , TV Bar (não nessa ordem, é claro). Por outro lado, aquele calor insuportável da Cidade Maravilhosa e eu num ventilador assassino. Sem falar no Juscelino que é silencioso como um filhote de labrador (rs).
Aqui, Seu Jorge não para de cantar. Vai ver meus vizinhos querem  minha cabeça, mas não consigo parar de ouvir Burguesinha.
Ah, Nanci, te amo muito! Como é bom estar por aí. Na próxima quero vir como vc, só que homem, é claro; Vanise, se comporte! Vera, é na esquina da Santa Lusia que vc trabalha (eu apontando para a papelaria)?

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...