sexta-feira, 11 de março de 2011

Vestígios da folia (texto)

Ainda continuo cansado dos dias de carnaval. Cheguei ontem e hoje ainda tem vestígios da festa em casa. Colocar-se em ordem não é tarefa pra um dia. Fazer ou desfazer a mala não é, definitivamente, a melhor parte das viagens. 
Não consegui entra no ritmo do trabalho funcionário-público que bate cartão e cumpre horário. O pior é que os compromissos não aguardam vc se recuperar. 
Ontem mesmo caí numa dissertação, restam 4 até final de março, ou seja, uma por semana, sem intervalo ou tempo pra respirar. E pra quem não curte trabalhar final de semana, não me restou muita alternativa.
E pra piorar essa situação, me convocaram pra 4 aulas no sábado. Ou seja, preciso, ainda hoje, preparar aula e exercícios, do contrário, os alunos morrem de tédio com tanta teoria.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Cacá, Dadvânia, sombrinha, Santo Antônio de Lisboa, carnaval, fim de festa (texto)

O carnaval acabou. Foram 5 dias de festa, praia, sol e amigos por perto. Florianópolis é uma cidade especial. Além das praias lindas, o clima  friendely, a sorte de conviver com o Cacá (ligado nos 220w  assim que acordava e nos 680w no final do dia) e tantos outros amigos numa mesma casa. 
O clima por lá não era nada familiar, quer dizer, apenas o café da manhã lembrava uma casa, digamos, mais conservadora. Os horários tb não eram nada católicos, as refeições inexistiam, mas a caipiroska batia ponto todos os dias.
Conviver com 8 pessoas num mesmo espaço tem lá as suas desvantagens, todos nós sabemos que dividir banheiro e quarto não é fácil, mas em se tratando de 9 pessoas movidas pela vontade de se divertir, o clima não esquentou em nenhum momento dentro de casa. Bem ao contrário, enquanto um comprava os pães para o café, o outro colocava a mesa. E assim fomos nos (des)organizando durante o carnaval.
O melhor de tudo é sempre o riso fácil. E isso esteve sempre presente. Dadvânia, quando aparecia, não nos deixava sem uma boa gargalhada. 
Cacá, pra variar, roubou a cena: suas tiradas filosóficas, sua sombrinha inseparável, suas filhas (Jaqueline e Comprida) levando a culpa por tudo nos divertiam o tempo todo. A Tia, a Paula Poste tb deram o ar da graça.
O bom da festa na Ilha da Magia sempre é a praia, o local de confraternização. Frequento Floripa desde 2000 (e vai é tempo) e a cada ano sempre acho o carnaval melhor.
Neste ano, conheci um pedaço especial da ilha: Santo Antônio de Lisboa. Vontade de morar por lá. Me lembrou Parati, no Rio de Janeiro, consideradas as proporções. Um bom peixe como prato principal, o camarão como entrada num restaurante na beira da praia. Alguém precisa de mais alguma coisa?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Em defesa da defesa (texto)

Não há dissertação ou tese que não tenha problemas. Futucando bem, todo mundo tem pereba, marca de bexiga ou vacina...só a bailarina que não tem*. Isso é já-dito.
Todos nós sabemos, porque isso faz parte do nosso dia a dia, que erros de digitação, concordâncias mal feitas, empregos de palavras equivocados, conceitos mal entendidos, parágrafos longos, também fazem parte de quase todos os trabalhos entregues.  Mesmo os que passam por uma revisão daquelas. Acho que não há dúvida quanto a isso. Acho.
No entanto, o que não se deve achar tão comum é uma defesa sem defesa. Vou me explicar melhor. Quando um componente da banca aponta algum engano no nosso trabalho, e esse engano é legítimo, mas não foi percebido a tempo, ele deve ser explicado. Ninguém tem a obrigação de ser perfeito, mas uma dissertação/tese deve ser explicada.
Não se pode fingir que não se tem o que dizer. Isso é vergonhoso. Não tenho dúvida. Quem faz o apontamento está aguardando uma explicação sobre a leitura feita, sobre a palavra mal empregada, sobre a bibliografia que não apareceu, sobre a conclusão a que se chegou.
Não se pode receber, nessas ocasiões, um puxão de orelha da mesma forma que se recebe um elogio. A cara para o puxão deve ser uma e para o elogio, outra. Não se engane!
O momento de uma defesa é um momento único, já dizia a minha ex-orientadora: É o tempo que nós temos para falar a respeito daquele trabalho realizado. Ou vc toma as rédeas e se torna o responsável pelo que entregou ou não vai para a defesa.
O que não dá, e isso é realmente inaceitável, é para se calar diante de equívocos, se houver, como se eles não existissem.
*Ciranda da Bailarina (Edu Lobo / Chico Buarque)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Atravessamos o deserto do Saara (texto)

Ainda que meu exílio político dure quase vinte anos e seja bem aqui no Oeste no Paraná, mais precisamente em Cascavel, minha cabeça continua no ritmo de uma cidade, relativamente mítica, acidentalmente distante, absolutamente presente na minha constituição.
Às vésperas da maior festa carioca meu coração anda batento na cadência do samba. Mas o resto do corpo, incluindo aí até as  partes que não andam muito bem, como as pernas, por exemplo, anda forçosamente no compasso do trabalho.
Por aqui não se fala em carnaval, não se respira carnaval, não se ouve carnaval. Tudo continua como se ele sequer existisse. Nem aquele batuque ao longe, como eu estaria possivelmente ouvindo, do Bloco das Quengas, meus vizinhos mais ilustres na Lapa, se materializa nos meus sonhos. Na-da.
Nem ruas interditadas para os blocos que insistem em sair antes do sábado de carnaval (Sábado de carnaval existe? Perguntariam uns.). Nem um ensaiozinho do Bloco da Preta no Circo Voador às quartas-feiras. Apenas planos intermináveis para esta semana, aula, defesa de mestrado, grupo de estudo, projetos, processo de transferência externo etc & tal.
Como é que se pode pensar tanto em trabalho num momento único como este? Carnaval acontece apenas uma vez por ano (minha gente), são 4 diazinhos que exigem concentração, preparo físico, espírito de folião. E isso não se consegue assim de véspera como um passe de mágica: amanhã é sábado de carnaval e eu acordei animado. Não! Não é assim que a banda toca. Carnaval exige força na peruca, passagens pelos brechós, encontros com Vanise, idas à Ipanema, conhecimento musical, ou seja, um amontoado de grandes detalhes que nos dão o tom da festa.
Beleza, não tem mesmo jeito. Não vai ser esse texto que vai produzir nos meus chefes: João, Sanimar, Cida, Helenita, Cascar e Alcebíades uma outra organização do trabalho em função da festa que acontece a sei lá quantos quilômetros. Conformado (nem tanto) volto à leitura de uma dissertação porque a defesa é quinta. Bom carnaval pra quem é de carnaval!

Da Série Contos Mínimos

Conectava-se a cada instante na esperança de encontrar a mensagem que insistia não chegar.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Alegre (para Caio Fernando Abreu)

Ontem, soube, através de uma mensagem pessoal no Messenger de um amigo de Porto Alegre, que fazia 15 anos da morte de Caio Fernando Abreu, autor  (contos, romances) que fez a minha cabeça nos anos 80/90 e continua fazendo a cada vez que releio algum escrito seu. 
E agora ouvindo um CD da Vânia Bastos, Belas e Feras (1999), no qual grava músicas compostas por mulheres, encontrei a música  Alegre de Adriana Calcanhotto que homenageia o escritor gaúcho.
E como forma tb de relembrar o Caio, posto a letra aqui (pena eu não ter encontrado a música na web.):

Alegre
Hoje tem uma alegria em mim
Hoje eu acordei alegre
Nem nada mudou tanto assim
mas qualquer coisa em mim
urge
arde em febre
Hoje serei enfim
quem você quiser de mim, me leve
que eu hoje vou dizer: sim
ao que quer que me espere
me espere
(Adriana Calcanhotto)

Da Série Contos Mínimos

Não havia antalhos entre nós. Ele estava no início da sua vida e eu no final da minha.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Gritos ecoaram de um distante continente: líbios, egípcios, argelinos, tunisianos, jordanianos, iraquianos e lemenitas sacudiram as bandeiras, invadiram as praças.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Entre um encontro e a postagem (texto)

Nesse fim de semana reencontrei dois grandes amigos. Bastante tempo sem contato. Um deles eu ainda "encontrava", vezinquando,  via orkut o outro já contavam 12 anos sem uma única notícia.
Eu os conheci em Curitiba quando do meu mestrado. Éramos bem próximos, mas o trabalho, a vida pessoal, a família, os novos  projetos, a nossa casa, tudo isso vai mudando um pouco a nossa rotina e quando a gente se dá conta (se se dá) estamos vivendo outra vida.
Mas essas mesmas ondas que vão nos levando para outras direções tb nos trazem de volta até a beira da praia. E se estamos com sorte, assim como estávamos, nos (re)encontramos. Colocamos quase tudo em dia. Foi muito bom!
Não é exatamente sobre esse reencontro o motivo desse post, ainda que ele me tenha inspirado, de alguma maneira. Mesmo que possa não parecer que tenha alguma relação entre o encontro e o que vou escrever.
Fiquei hoje o dia inteiro lendo textos de alunos (orientandos), textos da pós-graduação e relatórios de iniciação científica. Nos intervalos dessas leituras e observações que eu fazia nesse material (a parada para um chá, o telefone que tocava, a hora do almoço, a instalação de um novo computador, a configuração da nova impressora) eu me pegava com um pensamente recorrente: a alegria de não parecer a idade que se tem.
Não consegui me lembrar de onde surgiu essa ideia insistente, mas, creio, agora aqui pensando sobre esse pensamento, que ele tenha aparecido por conta dessa percepção in loco do tempo que se foi.
Por que tenho tanto medo de envelhecer? Talvez porque a velhice seja (é claro que estou pensando numa vida que ultrapasse todas as  suas fases canônicas) a última etapa de nossas vidas e pensar que se morre sem saber verdadeiramente o que acontece depois não é nada tranquilo, pelo menos pra mim.
Talvez (sempre há muitas possibilidades, e na ausência do Paulo Fernando para me ajudar aqui com essas preocupações, tenho que me virar sozinho mesmo) porque envelhecer seja perder algumas coisas e não lido muito bem com isso (alguém lida?) Perde-se (é esse o verbo, deixar de ter alguma coisa que se tinha, de certa forma, importante, porque se assim não o fosse, não se perdia) a juventude num mundo em que ela é extremamente valorizada. E por mais que se diga não se afetar pelo senso comum...estou eu aqui pensando que ter 40e muitos e não aparentar é um privilégio.
E fiquei pensando ainda nos recorrentes reforços dessa juventude eterna: num espírito jovem, na boa aparência, naquela alegria juvenil como se fosse uma obrigação ter 50, 60, 70 e poucos anos, mas manter-se inatingível pelo tempo.
Não tenho mais trinta. E como é difícil atravessar essa barreira. Queria muito me ver como eu sou e poder ser quem sou sem me preocupar mais do que eu devia (tá aí outro problema, a medida da preocupação) com o que eu não devia me preocupar. Não quero ter espírito jovem nenhum, quero ter o espírito que me cabe com o que eu sou e fui acumulando durante esses anos todos.
Não quero e nem preciso ser um senhor moderno daqueles que ninguém é capaz de dizer a idade que tem porque virou um intervalo entre os 30 e os 60. Quero ser um senhor_senhor que saiba aonde possa ir, o que vestir, ter uma boa saúde a medida do possível sem as obrigações de ser eternamente jovem. Não terei nunca mais 30, nem 40, nem 45 pra sempre, assim como não terei 50, 60  por um período maior do que 365 dias. E viva a idade que se tem!!!

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...