quinta-feira, 31 de março de 2011

Com a melancia no pescoço (texto)






Bolsonaro insatisfeito  com as repercussões, resolveu radicalizar: agora é no mínimo uma melancia (inteira).

quarta-feira, 30 de março de 2011

Para Lamentar (texto)

Que o Para Lamentar Jair Bolsonaro do PP/RJ é um idiota, não é novidade pra ninguém, ou pra quase ninguém. Mas tenho percebido, nesses últimos meses, que ele tem dado declarações, no mínimo, curiosas. 
Parece que o ilustre deputado tem se sentido ultrajado pela presença de homossexuais, sugiro que ele procure no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar  tanto ultraje.
Fico desconfiado que as suas noites estejam sendo atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis. Ou ele não estaria tão incomodado com a sexualidade dos outros. A foto aí acima é para contribuir com essas possíveis fantasias.
Porque até onde sei, pessoas bem resolvidas sexualmente não ficam preocupadas, por exemplo,  se a colega de trabalho é apaixonada por uma mulher, se o vizinho dorme com outro homem?
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.
(a partir do texto de Dráuzio Varella - publicado aqui neste blog no dia 10 de dezembro de 2010)

NOTA PÚBLICA

O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT), repudia com veemência as declarações racistas, sexistas e homofóbicas feitas pelo Deputado Federal Jair Bolsonaro (PP/RJ), em entrevista exibida no programa Custe o Que Custar (CQC), em 28 de março de 2011, quando foi questionado por várias pessoas, uma delas a cantora Preta Gil, sobre como reagiria se seu filho namorasse uma mulher negra.
A resposta de Bolsonaro foi: “Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu”. Após ser acusado de racista, o parlamentar lançou nota afirmando que “A resposta dada deve-se a errado entendimento da pergunta - percebida, equivocadamente, como questionamento a eventual namoro de meu filho com um gay (…). Reitero que não sou apologista do homossexualismo (sic), por entender que tal prática não seja motivo de orgulho.”. Em outro momento, na mesma entrevista, o Deputado também disse que jamais poderia ter um filho gay.
Aproveitando-se da falta de instrumento legal que criminaliza atos homofóbicos, Bolsonaro tem se notabilizado como destilador contumaz de ódio e intolerância contra a população LGBT. Agora, o referido Deputado tenta esquivar-se da acusação de racismo – crime tipificado na legislação brasileira -, agredindo e injuriando novamente a população LGBT.
Com tais posições e declarações, Bolsonaro reforça a sua faceta homofóbica, racista e sexista, agindo, de forma deliberada, com posturas incompatíveis com o decoro e a ética exigida de um representante da sociedade brasileira no Congresso Nacional, especialmente considerando os princípios da democracia e do respeito à diversidade do povo brasileiro.
O CNCD/LGBT endossa todas as representações apresentadas por Parlamentares junto a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal e requer ao Procurador Geral da República a instauração de investigação criminal para apuração do crime de racismo (Art. 20 da Lei 7.716/89) e injúria e difamação ( Art. 139 e 140 do código) contra a população de mulheres e LGBT.

terça-feira, 29 de março de 2011

José Alencar - 17 de outubro de 1931/ 29 de março de 2011(texto)

O câncer mata milhares de pessoas todos os anos. Todos os dias, sem exceção, recebemos notícia de alguma vítima da doença. Morrer de câncer não é, portanto, nenhuma novidade.
Nunca votei no Partido Republicano Brasileiro (PRB). Nem sabia, antes de conhecer o vice de Lula, da sua existência.  Nunca acompanhei a trajetória política de José Alencar, no entanto, a minha simpatia por ele foi imediata.
Acompanhamos, via mídias, a sua luta diária contra a doênça desde os primeiros anos ao lado de Luís Inácio Lula da Silva. O que mais me impressionava no homem era a forma com a qual encarava a doença: ele parecia não desistir nunca da vida. Além disso, o que não é pouco, não perdia o humor, não perdia a paciência diante das câmeras.
Não sei quem ele foi além do que eu li e acompanhei durante todos esses anos. Não sabia a sua idade, o nome da cidade natal, os partidos pelos quais passou, nada além do que me era fornecido pelos meios de comunicação. 
Não soube nunca de envolvimentos seus com desvios de verbas, licitações ilícitas, nomeação de parentes para cargos públicos, nada que manchasse a sua trajetória pública. Ou seja, uma grande exceção num cenário repleto de escândalos envolvendo parlamentares.
Fiquei triste com a notícia de sua morte. Lamento mesmo, mas sobre a morte, ele nos disse: "Não tenho medo da morte, porque não sei o que é a morte. A gente não sabe se a morte é melhor ou pior. Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho. Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele.”

segunda-feira, 28 de março de 2011

Da Série Contos Mínimos

Precisava apenas de um colo para descansar. Sem perguntas, sem maiores explicações. Apenas um colo.

O que nos revelam as palavras (texto)

Estou ainda atravessando a crise de falta do que escrever, por isso recorri aos amigos que por aqui passam para alguma sugestão sobre um tema. A Rosa da Rosa deu várias sugestões. 
Dentre elas me foi sugerido escrever sobre as  palavras que se tornam cafonas, datadas demais. E aí fiquei pensando, sobretudo, nas gírias. Todas as palavras têm algum registro de sua história: quando foram dicionarizadas, quando receberam sentidos novos, quando deixaram de fazer parte do vacabulário mais formal, quando migraram de classe social etc.
Basta consultar um dicionário qualquer para saber, por exemplo, quando uma palavra passa a ser dicionarizada, além é claro, da sua etimologia (estudo da origem e da evolução das palavras). A palavra heterossexualidade, por exemplo, no dicionário eletrônico Houaiss, aparece com a datação do século XX. Palavra relativamente nova se pensarmos na história da língua portguesa.
Mas é claro que quando usamos determinadas palavras não ficamos pensando em sua origem, formação etc. Elas quando nos são conhecidas, fluem com muita naturalizadade das nossas bocas.
As gírias tb, como todas as outras palavras, são datadas. E ao contrário do que muita gente pensa, não são apenas os mais novos que fazem uso delas. Nós todos utilizamos em algum momento uma ou outra.
Não podemos, portanto, perder de vista que essas palavras revelam muito mais do que a gente se dá conta. Vamos ver por que.
Não dá para imaginar, hoje em dia, um adolescente chamando uma menina bonita que passa de brotinho. Muito menos outra adolescente chamando de pão um homem bonito que se vê por aí. Isso quer dizer que quem usa pão e brotinho, por exemplo, está  revelando qual a sua faixa etária. 
O mesmo acontece quando se usam: putz grila, pintei, papo firme, mora, saquei, pagar mico, pombas, uva, pra frentex, chuchu beleza, bocomoco, batata, amigo da onça, beleza pura, caranga, mandar brasa, parada dura.
E tb quando se ouve: tipo assim, ficar, caraca, fui, sequelado, gorfei, gramei, ganso, balada, meter o pé, abraça, veneno etc. Também revelam a idade de quem as enunciam.
As gírias têm tb outras características. Elas muitas das vezes fazem parte de certos grupos bem específicos. Os gays, por exemplo, usam expressões próprias entre si, para, dentre outras coisas, afirmar a sua identidade, brincar, falar para que os não-iniciados não  os compreendam: odara, nena, neca, mona, edí, acué etc. 
As patricinhas, os skatistas, os surfistas, os jogadores de futebol, todos eles têm gírias próprias para a comunicação.
As finas que gostam sempre de uma palavrinha em inglês para dá um up ou não ficar out na fita.
O que não podemos perder de vista é que as gírias quando usadas em excesso restringem muito o poder de comunicação. Nem todo mundo é um Fashion-victim em se tratando da gíria mais atual.

domingo, 27 de março de 2011

Bem que os amigos poderiam deixar aqui uma ideia sobre o que escrever (texto)

Nunca escrevi tão pouco aqui no Blogue quanto neste mês de março. O que será que isso significa? Falta do que dizer? Desânimo? Sinal de que o meu interesse pelo blogue está diminuindo? Muito trabalho? Outras questões mais interessantes à vista?
Fiquei preocupado ao perceber que durante o mês de março escrevi apenas 10 pequenos textos. Tudo bem que teve aí um carnaval,  uma gastroenterite, 5 dissertações de mestrado, aulas. Mas já tive tempos piores com uma produção mais significativa.
Carnaval acontece todo ano e normalmente em fevereiro, mês com um número menor de dias, e que eu lembre nunca foram tão poucos escritos. Acabei de verificar, para não escrever assim de orelhada, quando escrevi menos foram postados 19 textos (em dezembro de 2010). Dezenove  não são 10, já me confirmaria Saussure.
Se pelo menos eu tivesse descoberto alguma coisa mais interessante para fazer que justificasse essa falta, mas nada aconteceu.
Portanto não há, que eu me lembre, um motivo que explique tão poucas linhas. Pera aí, estou falando de linhas ou de textos? Será que verifico? Não! Isso seria demais! Ou de menos, talvez!
Melhor, caso eu queira não ficar tão na lanterna, aproveitar esses dias que faltam para finalizar o mês e mandar brasa. Mandar brasa é tão cafona!
Olha, de qualquer forma, bem que os amigos podiam deixar alguma ideia aqui sobre o que escrever. Sei que isso é um perigo, mas pode, por outro lado, ajudar. Conto com vocês!
Como é bom dividir a irresponsabilidade.

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...