segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Elizeth Cardoso

Ontem, fiquei, quase que o dia inteiro, enquanto trabalhava, enquanto comia, enquanto entrava e saía de sites diversos, ouvindo Elizeth Cardoso. Pra mim, senão a melhor, uma das melhores vozes que a música brasileira (MPB) já teve e soma-se a isso (porque voz não é tudo - vide diversas cantoras ótimas que estragam a voz em virtude de um repertório) uma seleção irretocável de músicas e compositores de importância ímpar para a memória da MPB.
Conheci a Divina, era dessa forma que se referiam a ela, através da minha mãe. Na verdade, todas as cantoras contemporâneas à Elizeth Cardoso e as anteriores me foram apresentadas pela minha mãe (eu poderia citar, desconfiando sempre da minha memória, Marlene, Ademilde Fonseca, Emilinha, Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Dolores Duran, Carmem e Aurora Miranda, Nora Ney, Maísa, Carmélia Alves, Zezé Gonzaga, Ellen de Lima, Alaíde Costa, entre tantas outras). Considero esta uma herança riquíssima em se tratando de cultura brasileira e de audição musical, porque, sem dúvida, essas vozes e seus repertórios me fizeram (re)conhecer mais e melhor a nossa língua e a nossa história.
E é claro que depois disso procurei outras cantoras, mais músicas, novos compositores porque investi muito nesse aspecto. 
Tenho aqui comigo em Cascavel, no Rio tenho ainda outros tantos, três CDs prá lá de perfeitos de Elizeth: Canção do Amor demais (1958), Todo sentimento (1989) e Ary Amoroso (1990). Prefiro o que ela divide com Rafael Rabello, Todo o sentimento,  porque "faixineira das canções" (de Joyce), "Camarim" (de Cartola/Hermínio Bello de Carvalho) e "Refém da solidão" (de Baden Powell/Paulo César Pinheiro) que abrem o disco me emocionam até aquele fio de cabelo que faz muito não tenho mais.
Além dessas, "Doce de coco" (de Jacob do Bandolim/Hermínio Bello de Carvalho), "Violão" (de Vitório Junior/Wilson Ferreira) e "Janelas abertas" (de Tom Jobim/Vinícius de Moraes) tocam fundo na alma de quem gosta de música.
As interpretações de Elizeth não são datadas. Parece que ela se reinventou e não perdeu, como tantas, infelizmente, o feeling musical.
Ouvi-la é ouvir tb a minha mãe cantando em casa. Tenho uma foto da minha mãe em um show de Elizeth no falecido Canecão (foi durante muitos anos a maior e melhor casa de espetáculos do Rio de Janeiro). 
Ontem, portanto, foi um dia de boas lembranças. Quem canta...encanta...os males espanta.

domingo, 19 de agosto de 2012

Nas cinzas do meu sonho...


Canção de amor
Saudade torrente de paixão
Emoção diferente
Que aniquila a vida da gente
Uma dor que não sei de onde vem
Deixaste meu coração vazio
Deixaste a saudade
Ao desprezares aquela amizade
Que nasceu ao chamar-te meu bem
Nas cinzas do meu sonho
Um hino então componho
Sofrendo a desilusão
Que me invade
Canção de amor, saudade !
Saudade

(Chocolate e Elano de Paula)

Saudade nunca termina no final


Saudade
Saudade a lua brilha na lagoaSaudade a luz que sobra da pessoaSaudade igual farol engana o marE imita o solSaudade sal e dor que o vento traz
Saudade o som do tempo que ressoaSaudade o céu cinzento a garoaSaudade desigualNunca termina no finalSaudade eterno filme em cartaz
A casa da saudade é o vazioO acaso da saudade fogo frioQuem foge da saudadePreso por um fioSe afoga em outras águasMas do mesmo rio

No meio do caminho

Fazia tempo que eu não andava de bicicleta por aqui, primeiro por conta da preguiça, depois por causa do frio e do vento, mas desde ontem, depois que um amigo postou algumas fotos dos Ipês em sua cidade, fiquei a fim de dar umas voltas.
Aí levei o celular e enquanto pedalava (se é que se pode chamar essa volta de "andar de bicicleta" ou de "pedalar") fiz as fotos abaixo.
A pista está linda, florida. Além dos Ipês roxos, amarelos e brancos, há flores espalhadas pelo chão .











sábado, 18 de agosto de 2012

Professora defende tese e conquista título de 1ª doutora travesti do país

Luma Andrade na defesa de tese nesta sexta-feira (20) na Universidade Federal do Ceará (Foto: Igor Grazianno/UFC)

Cearense estudou a aceitação de travestis nas escolas.
Trabalho foi apresentado na Universidade Federal do Ceará nesta sexta.

Luma Andrade na defesa de tese nesta sexta-feira (17) na Universidade Federal do Ceará (Foto: Igor Grazianno/UFC)

A professora cearense Luma Andrade defendeu tese nesta sexta-feira (17), em Fortaleza, e se tornou aos 35 anos a primeira travesti a ter título de doutorado no país. A banca de cinco professores que avaliaram o trabalho durante três horas indicou o material à publicação, segundo Luma. “Para além da nota, a indicação para publicação de um livro é ainda mais importante porque mostra que eles consideraram o trabalho de extrema relevância'', disse. Luma pretende agora seguir carreira política e preparar-se para o pós-dourado.
 
saiba mais 
A doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) estudou o tratamento dado a travestis em escolas de três cidades cearenses para elaborar a tese ''Travestis na Escola: Asujeitamento e Resistência à Ordem Normativa'' . Nas páginas da tese, ao pesquisar 95 casos, Luma diz ter visitado a própria história. Segundo ela, o estudo conclui que há uma ''evasão involuntária'' de travestis nas escolas cearenses e, que em geral, ''a família aceita e a escola não''.
Filha de agricultores analfabetos, Luma nasceu João Filho Nogueira de Andrade na cidade de Morada Nova, a 163 quilômetros de Fortaleza, mas no dia da mulher de 2010, ganhou o direito de mudar os documentos sem a operação de mudança de sexo. “Canalizei toda a energia para os estudos e, assim, fui conquistando respeito de todos. Busquei no estudo uma alternativa de vida melhor”, afirmou.
Aos 18 anos, Luma passou no vestibular para o curso de Ciências da Universidade Estadual do Ceará (Ceará), no campus de Limoeiro do Norte. Em 1998, foi aprovada no concurso para professor efetivo da rede municipal de Morada Nova e também começou a ensinar em escolas estaduais e particulares e depois obteve o título de mestre em Desenvolvimento do Meio Ambiente em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Com o título de mestre, em 2003, ela prestou concurso para a rede estadual de ensino de Aracati e, de quatro vagas, foi a primeira e única aprovada.
 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A flor e o espinho (música)


A flor e o espinho

(Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha)

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua
É no espelho que eu vejo a minha mágoa
É minha dor e os meus olhos rasos d'água
Eu na tua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Nada por mim (Marina Lima)


Nada Por Mim

Você me tem fácil demais
Mas não parece capaz
De cuidar do que possui

Você sorriu e me propôs
Que eu te deixasse em paz
Me disse vai, e eu não fui

Não faça assim
Não faça nada por mim
Não vá pensando que eu sou seu

Você me diz o que fazer
Mas não procura entender
Que eu faço só pra te agradar

Me diz até o que vestir
Com quem andar e aonde ir
Mas não me pede pra voltar

A solidão (Alceu Valença)


Solidão

A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera,
É amiga das horas,
É prima-irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão dos astros;
A solidão da lua;
A solidão da noite;
A solidão da rua.
A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera,
É amiga das horas,
É prima-irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão dos astros;
A solidão da lua;
A solidão da noite;
A solidão da rua.

terça-feira, 31 de julho de 2012

A novela das 19h finalmente virou novela das 21h

Tava tudo bem com a novela Cheia de Charme, novela divertida, com núcleos que se revesavam na alegria, na descontração e que me alegravam enquanto eu comia alguma coisa. nada melhor nesse mundo do que vc fazer uma refeição alegre. Comer já é bom demais (essa frase seria de uma miga, Sandra Balbo) !!! Comer e se divertir é melhor ainda (em todos os sentidos!).
Era asim que eu me sentia enquanto devorava um prato de macarrão ou uma salada de bacalhau ou um pão com ovo ou uma fritada de atum ou qualquer outra coisa que eu tivesse em casa quando a fome me atormentava.
Com o início dos jogos olímpicos, dei um tempo de comer vendo a novela das 19h, mas hoje, como o vôlei masculino (Brasil vs. Rússia) acabou cedo e e haveria um grande intervalo até a próxima atração, mudei de canal e me deparo com a empregada que é filha do padrão e não sabia com um adolescente revoltado que queria saber quem era o seu pai, com a ex que encontra o seu ex com uma nova namorada e pinta um climão, o atual namorado que encontra a namorada sendo agarada por um cara que ele odeia,  ...péra aí, não era para eu me divertir??!
Mas nem tudo foi ruim, Chayene, sua personal parteira, Fabian, Preta Gil, Socorro sempre salvam o horário menos nobre da TV Globo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

E dizem que agosto é o mês do desgosto: mentira! Eu espero! (texto)

Dizem que agosto é o mês do desgosto. Que merda se isso for verdade!!! Porque quero me esquecer do mês de julho e não posso imaginar que em agosto as coisas possam piorar.
Hoje, por exemplo, tive duas reuniões no trabalho. A última delas sem quaisquer objetividades. Os amigos reclamam da demora, mas se esquecem de que se a cada fala alguém fizer uma observação, não saimos do lugar.
Às 16h20 estávamos ainda nas inclusões de pauta e a gota d'água no meu copo foi uma pergunta de uma amiga quando devíamos apenas indicar os nomes para uma comissão.
Deus deve mesmo se divertir com a sua criação humana ou deve, certamente, se perguntar (será que Ele tb não é objetivo?) o que foi que eu fiz? Por que eu me meti no meio disso?
É claro que a gente tb se diverte, mas, honestamente, quando a situação está ruim ela não tem meio termo: é merda para todos os lados!!!!

O Homem Mariposa (Elizabeth Bishop)

O Homem-Mariposa

Aqui no alto
o luar amassado penetra nas fendas dos prédios.
A sombra do Homem, pequena como o seu chapéu,
jaz a seus pés, um disco onde cabe um boneco,
e ele é um alfinete com a ponta imantada para a lua.
Ele não vê a lua: observa suas vastas qualidades,
sente nas mãos a luz estranha, nem quente nem fria,
de uma temperatura que os termômetros não medem.

Mas quando o Homem - Mariposa
sobe à superfície, o que só faz raramente,
a lua lhe parece coisa bem diversa. Ele
emerge de uma abertura junto ao meio-fio
e põe-se a escalar, nervoso, as faces dos prédios.
Pensa que a lua é um furo pequeno no céu,
prova de que o céu não serve como proteção.
Embora trema, tem que subir para investigar.

Sobre as fachadas,
medroso, arrastando como um pano de fotógrafo
sua sombra, e pensa que dessa vez vai conseguir
meter a cabeça naquele furo bem redondo
e sair, como de um tubo, em dobras negras na luz.
(O Homem-Mariposa tem de fazer o que mais teme,
e fracassa, é claro: cai, assustado, mas inteiro.

Então retorna
aos túneis subterrâneos onde mora. Saltita,
hesita, e sempre entra no vagão menos depressa
do que pretende. As portas fecham rápido.
Ele fica sempre de frente para o lado errado
e o trem sai a toda, com uma pressa terrível,
sem trocar marcha, sem transição alguma. Ele não sabe
a que velocidade está indo para trás.

Toda noite é levado
por túneis artificiais, e sonha sonhos recorrentes
que lhe passam sob o sono como os dormentes
sob o trem. Não ousa olhar pela janela, para não ver
o terceiro trilho, frasco intacto de veneno,
a seu lado, como um mal a que ele é suscetível
por hereditariedade. Tem de andar sempre
com as mãos nos bolsos, como quem usa um cachecol.

Se você o pegar,
aponte uma lanterna para o seu olho. É só pupila,
uma pequena noite, cujo horizonte estreito
se apreta quando ele olha, e fecha-se. Então uma só lágrima,
seu único pertence, como o ferrão da abelha, brota.
Discreto, ele a colhe e, se você se distrair,
engole. Mas se você olhar, ele a entrega,
fresca como água de fonte, potável de tão pura.



O Iceberg Imaginário
trad. Paulo Henriques Britto

Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo

Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um...