Ainda que os últimos meses em Portugal não tenham sido os melhores da minha vida, sinto uma saudade tão grande de alguns amigos que transbordo pelos olhos só de me lembrar: Ismael, Karen, Manuel. Eles me salvaram ainda que não saibam disso. Me socorreram ainda que eu não tenha feito nenhum pedido formal. Me escutaram ainda que eu não tenha dito nenhuma palavra. Estavam por perto: me fizeram rir sem que eu tivesse vontade. Me acompanham pelas ruelas da cidade. Me ajudaram esquecer, me fizeram lembrar o que era a amizade. Valeu, gente!
ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
domingo, 4 de dezembro de 2016
Saudade que não passa nunca!
Ainda que os últimos meses em Portugal não tenham sido os melhores da minha vida, sinto uma saudade tão grande de alguns amigos que transbordo pelos olhos só de me lembrar: Ismael, Karen, Manuel. Eles me salvaram ainda que não saibam disso. Me socorreram ainda que eu não tenha feito nenhum pedido formal. Me escutaram ainda que eu não tenha dito nenhuma palavra. Estavam por perto: me fizeram rir sem que eu tivesse vontade. Me acompanham pelas ruelas da cidade. Me ajudaram esquecer, me fizeram lembrar o que era a amizade. Valeu, gente!
domingo, 27 de novembro de 2016
Da Série: Contos Mínimos
Os óculos sobre a cama. Minha carteira sempre perdida em algum lugar da casa. As chaves sobre algum móvel próximo à entrada. Meu telefone com o registro da última ligação feita, na mesa de cabeceira. No streaming, uma música brasileira antiga. A tv desligada, apenas uma janela aberta (a do escritório) e eu morto na sala sobre o tapete rajado de vermelho e bege.
sábado, 19 de novembro de 2016
Laços
Nesses dias, de hospital e de repouso, senti o quanto meus amigos estão por aqui se eu precisar. Muito bacana saber o tanto de gente que se dispõe, que se preocupa, que se eu precisar estará aqui. Ligações, visitas, mensagens. Sem tempo pra me sentir sozinho. Ao contrário disso, me senti protegido. E de repente, Nanci invade o quarto. Sempre ela, presente desses anos todos.
domingo, 13 de novembro de 2016
Da Série: Contos Mínimos
Há sempre um mar na minha lembrança: marinheiros, maresias, marambaia, marujos. Marcas da minha infância. Memórias.
terça-feira, 25 de outubro de 2016
A lista da Odebrecht e o meu amigo Lula
A lista da Odebrecht era
longa, todos se lembram? Ela, segundo os maiores jornais do Brasil, ia mexer
com as estruturas políticas. Não ia sobrar poeira de norte a sul do país.
Lembro-me, inclusive, da imagem abaixo, “Os
Pássaros” de Hitchcock, que viralizou instantaneamente porque representava
aquele momento de terror pelo qual muitos prefeitos, governadores, deputados
estaduais e federais, senadores, ministros e até presidentes estavam passando.
Aquela correria sem direção e os pássaros, muito provavelmente, os policiais da
PF, prendendo todo mundo, sem distinção.
A Lista acabou caindo no
esquecimento, primeiro (estou partindo da minha lembrança seletiva e não de uma
hierarquia do que é mais ou menos grave) porque com muitos nomes bastante
conhecidos (foi assim que eu entendi) não interessava à Operação Vaza Jato.
Esta nada seletiva. Depois, porque uma lista longa demais não permitia, por exemplo,
a Rede Globo (muito ética) citar todos
os nomes e “se não podia citar cada um dos nomes, melhor não citar nenhum.”
Lula e Dilma não aparecerem nesta relação nominal, mas se tivessem aparecido...
Dentre os políticos citados
nominalmente apareciam os nomes de Aécio Neves até Yeda Crusius, passando por
Sérgio Cabral Filho, só pra gente ter uma pequena ideia: de A a Y. Mas, pelo
visto, esta lista nominal não era nada importante, o que realmente importa
(importava) eram os codinomes, os políticos cifrados, estes sim precisavam ser
desmascarados!
Por que? Porque
certamente Lula e Dilma (o seu impedimento era central) apareceriam de alguma
forma nessa relação. O impedimento da presidenta era para “estancar a sangria”
da corrupção no país.
Eis que a PF com toda a
sua experiência na resolução de casos escabrosos (menos o caso da cocaína no
helicóptero dos Perrelas) chega à conclusão de que o codinome “Amigo” só pode
ser o Lula porque “as datas de viagem do ex-presidente coincidem com a
distribuição de dinheiro doado ao tal amigo.”
sábado, 22 de outubro de 2016
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
O menino da sua mãe
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
(Fernando Pessoa - O menino da sua mãe)
Há exatos sete anos, eu me despedia da minha mãe. Todos os dias, sem exceção, sem uma falha, sem falta, bate essa ausência: seja em forma de tristeza seja relembrando, de maneira alegre, os nossos dias juntos.
Ontem, por exemplo, foi difícil segurar o choro, ao me lembrar da ligação tensa do meu padrasto pedindo que eu fosse pro Rio o mais rápido possível porque a minha mãe não estava bem.
A gente sabe, porque a gente sabe, porque a gente espera, porque tudo indica o que seja uma ligação como essa.
Nunca voar para o Rio foi tão distante. Nunca foi tão triste chegar e, mesmo que lá no fundo eu soubesse da notícia, ouvir que ela havia morrido. Fiquei num vácuo-silencioso pensando como seria agora estar sozinho sem qualquer ligação.
O tempo cura, de alguma forma, tudo. Sei lá. A gente aprende a viver sem. A gente aprende a se virar de outro jeito quando o jeito só pode ser esse. Sem alternativa, a gente encontra a alternativa que resta.
A saudade não passa nunca, mas vai suavizando porque não é mais novidade.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Vestibular dos povos indígenas
Participei do XVI Vestibular dos povos indígenas, organizado, este ano, pela Unioeste. Fiz parte da banca de prova oral e, assim, tive a oportunidade de poder ouvir os indígenas falando sobre si, sobre o não-índio, sobre algumas das suas impressões sobre o mundo, sobre o seu futuro e sobre a sua cultura, língua e etnia.
Fiquei muitas vezes emocionado com a fala ou com o silêncio dos indígenas durante a prova oral. A maioria deles, depois de assistirem ao vídeo sobre os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas para que as questões pudessem ser feitas, falava sobre esse lugar de invisibilidade que o índio se encontra, falava tb do pouco incentivo dos governos para com a língua, a cultura, o futuro dos indígenas.
Quase todos disseram que estavam ali para sair de uma situação quase que caótica em que as novas gerações se encontravam: aquele sem perspectiva alguma.
Todos (por volta de 650 indígenas) estavam ali para tentar uma das 6 vagas oferecidas pelas Universidade públicas estaduais do Paraná e tinham consciência de que esse número é muito pouco em relação à demanda que ali se encontrava.
Alguns falaram com muita tristeza sobre a forma como os não-índios os viam: desprezo, principalmente.
Falaram tb das expectativas de entrar num curso superior e poder contribuir de alguma forma com a sua comunidade, aldeia, como um profissional ou da educação (quase a maioria) e da saúde ( alguns poucos).
Foi uma experiência muito grande poder ouvir os indígenas falando sobre si e não mais sendo falado pelo não-índio. Claro que havia em certos momentos um discurso pronto sobre o não-índio e sobre o seu lugar na sociedade: o da preservação da sua cultura.
Houve tb momentos de surpresa: uma mãe que estava ali prestando o vestibular para estimular os seus filhos. Ela nos disse que sentia muito pela falta de oportunidade que dispunham seus filhos: sem trabalho, sem educação, ou seja, muito pouco para eles sentirem orgulho de serem descendentes de "índios puros" (expressão repetida mil vezes, quase que uma vez a cada entrevista).
Alguns nos disseram que os não-índios duvidavam de sua ancestralidade porque eles não falavam mais a língua de seus avós, ou a língua de seus pais. Uma indígena me disse que toda vez que ouvia isso respondia que se fosse assim, os não-índios tb não eram mais aquilo que diziam ser uma vez que tb não falam mais a língua de seus avós.
Todos estavam ali porque acreditavam num futuro diferente. E nós tb.
sábado, 8 de outubro de 2016
Congelando-me
Se eu pudesse, mas não posso, voltava até recomeçar do zero. Voltava, voltando, ficava um pouco assim
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
sábado, 1 de outubro de 2016
Livro (novo) quase pronto
Em 2006, eu concluí o meu doutorado na Universidade Federal Fluminense, sob a supervisão da professora Bethania Mariani. Foi um acontecimento na minha vida (pessoal e acadêmica). Aprendi muito nos 4 anos de doutoramento. Não foi fácil. Nunca é, acho. Nem o processo de seleção, nem os anos de leitura e escrita e muito menos a defesa diante de uma banca de 5 professores. Mas, como tudo, as dificuldades tb passam.
Sempre quis publicar a tese, mas faltou oportunidade. Bem, dez anos e alguns livros depois a oportunidade surge em forma de e-book.
Fiz a apresentação do livro, reorganizei algumas questões e o livro está quase pronto. Falta apenas a ficha catalográfica com os dados para finalizar a publicação.
Apresentação:
Poderia parecer que este texto, produzido em 2006, pudesse estar
desatualizado em relação ao tema aqui proposto. É verdade que muitos
deslocamentos foram produzidos na mídia sobre os homossexuais e, sobretudo, nas
ciências em relação à AIDS e suas formas de contaminação, de circulação do
vírus HIV, das formas de tratamento e, portanto, daqueles sentidos que na
década de 1980/1990 (nas mídias, em geral) relacionavam o homossexual masculino
a um portador em potencial do vírus.
No entanto, é importante perceber que mesmo depois de diversos
deslocamentos, circulam, em pleno século XXI, discursos sobre “a promiscuidade
dos homossexuais”, sobre a sua “duvidosa capacidade de amar alguém do mesmo
sexo”, sobre a sua sexualidade ”anormal”, circulam também discursos que o
aproximam da pedofilia, do pecado e circulam ainda aqueles discursos sobre a
homossexualidade ser passível de cura.
E este texto, finalizado em 2006, sobre a década de 1980/1990, é muito
atual na medida em que nos possibilita compreender como e por que aqueles velhos/atuais
sentidos ainda produzem efeitos nos anos 10 do século XXI em se tratando da homossexualidade.
Os discursos sempre partem de um já-dito, de uma memória que, às vezes “esquecida”,
continua reproduzindo dizeres.
No século XXI, como eu sinalizei, os homossexuais, na mídia, ocupam
espaços nunca antes possíveis para estes sujeitos, mas aqueles velhos discursos
da doença, do pecado e da anormalidade não aparecem em um espaço menor nesses
mesmos meios de comunicação. Há, certamente, uma resistência imediata dos
grupos de defesa dos direitos LGBTTT[1]s
quando esses sentidos invadem a mídia, mas os homossexuais continuam sem o
direito de simplesmente não serem objetos das especulações alheias.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
domingo, 18 de setembro de 2016
Da Série: Contos Mínimos
Faz tanto tempo que não me lembro bem como foi que tudo começou. É possível que esse esquecimento seja uma pista de que não devíamos ter começado absolutamente nada.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
Das coisas que não acontecem apenas nas crônicas de Fernando Sabino
Comprei um carro. Isso não seria nada demais se apesar disso eu não soubesse dirigir. Bem, não é exatamente isso, ou melhor, exatamente assim. Vou me explicar.
Faz uns 20 anos que tirei carteira de motorista e desde então eu sempre tive motocicletas. Sempre não, mas desde que tive algum meio de transporte próprio, tive moto. Nunca achei que um dia eu gostaria de ter um carro. Nunca mesmo. Mas a gente quando acha que definitivamente nunca vai querer alguma coisa, não imagina (nunca) que a gente não vai ser a mesma pessoa para sempre. E isso acontece eventualmente. Aquilo que era nunca passou, no último ano, a frequentar a minha vontade.
E assim comecei a cogitar a possibilidade de comprar um carro. Bem, procuro daqui e dali até que encontro um carro possível. Não o desejável, mas, como eu disse, o possível: um carro usado, preto, 2013.
Uma amiga me ajuda a decidir por ele. Assim, faço as contas e acho (que medo!) que é possível comprá-lo. Carro comprado, preciso levá-lo pra casa. Mas como fazê-lo? Essa mesma amiga, agora responsável por mais esta decisão (quando resolvi comprar uma moto bem grande e potente, ela tb me ajudou a decidir), resolveu a questão antes mesmo que ela virasse um problema. Trouxe e colocou na minha vaga (de garagem) o carro novo.
No entanto, continuo a viver sem ele, já que me falta coragem para dirigi-lo. Bem, como sou mais prudente do que medroso (é assim que me vejo), resolvo fazer umas aulas numa autoescola aqui bem perto de casa. Faço cinco aula e me acho ainda inseguro para sair por aí com meu (novo) carro. Faço mais 6 e pronto. Numa manhã decido dar uma voltinha aqui mesmo por perto de casa para saber se sozinho consigo dar conta desse monstro de quadro rodas.
Primeira luta, tirar o carro da garagem. O maior medo é o de bater nos carros ao lado. Com todo cuidado do mundo e sem qualquer noção de espaço, velocidade faço em 10 minutos (isso mesmo, dez minutos de sofrimento) essa tarefa que minha vizinha não leva sequer 2 para realizar.
Num espaço de cinco metros (da minha garagem ao portão de saída), o carro morre umas 3 vezes. Natural, alguns amigos dizem. É assim mesmo, outros afirmam. Mas só eu sei o sofrimento que isso causa. A insegurança que isso agrega a minha nova função de motorista.
Carro na rua, vou eu para o desconhecido. A cada metro rememorando os ensinamentos dos meus professores. Primeira quadra superada. Mais a frente um sinal de trânsito, preciso parar. O problema não é parar e retomar com um carro atrás e a sensação de que eu estou paralisando o mundo, atrapalhando o tráfego.
É claro que o carro morre, é claro que ligo o sinal de alerta porque não consigo sair do lugar. Resolvo nem olhar pelo retrovisor, não quero saber a quantas não andam os carros atrás de mim.
Ufa, consigo dar a partida! Mais a frente uma curva, uma ladeira, um outro sinal, uma placa de rua preferencial, uma descida (adoro descidas!), oito quadras superadas e, finalmente, outra vez o meu portão de (agora) entrada. O carro diante dessa superação, morre outra vez. Mas quem se importa? Estou sozinho tentando entrar em casa.
Aperto o dispositivo e o portão se abre. Entro e, pra minha sorte, sem carros vizinhos. Coloco o carro na minha vaga como se tivesse feito isso desde sempre. Saio do carro e o ombro, as pernas, os braços doem como se sempre tivessem doído desse jeito.
Menos um medo pra hoje.
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Da Série: Contos Mínimos
Ele era puro destino de sua mãe. Ele não se pensava. A mãe se apropriava dos seus atos, de suas palavras e até dos seus pensamentos. Ela falava do seu lugar e em seu nome para explicá-lo a si mesmo. Ela não o ouvia para saber o que ele pensava, pois ele não pensava senão aquilo que ela colocava para que ele pensasse.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Da Série: Contos Mínimos
Era tanto o desejo de ouvir outra vez a voz da minha mãe (ou o medo de não ouvi-la outra vez) que acabei me esquecendo de dizer tudo o que eu sabia em todas as línguas possíveis. Acabei falando apenas a língua dela.
sábado, 16 de julho de 2016
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