quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Na dor com um pouco de humor (texto)

Hoje a minha mãe acordou um pouco melhor: falou algumas palavras, brincou comigo, e disse, à tarde, que não tomava mais soro nem amarrada. Todos nós rimos muito, inclusive ela. Bom ter senso de humor mesmo nas horas mais difíceis, né mesmo? Nos deu uma felicidade enorme vê-la desse jeito.

Estar livre (texto)

Ontem uma amiga, uma grande amiga (os grandes amigos estão por perto nesta hora, ou através de orações, ou através das inúmeras ligações que ando recebendo, isso faz bem.) me disse que eu deveria encarar toda essa situação com a maior serenidade possível. Disse-me que a minha mãe não é apenas o que eu vejo ali deitada numa cama sem andar, falando muito pouco, não se alimentando, mas que ela é muito mais do que eu posso e consigo ver. Disse-me tb que eu preciso pedir tranquilidade para poder ajudar...é o que ando fazendo...
Hoje, bem cedo, assim que acordei, fiquei ao lado dela e ela me disse, bem baixinho, que quer ficar livre.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Jô (texto)

Maringá é uma cidade do Norte Velho do Paraná e fica a, mais ou menos, 300 quilômetros da cidade onde moro, Cascavel. Lá se encontra a Universidade Estadual de Maringá, naturalmente. E nela há muitos professores. Dentre eles tenho, pelo menos, quatro amigos que por lá lecionam. Não vou me arriscar a citar os departamentos porque não os sei de cabeça: acho que em história, geografia e alguma área biológica.

Não os vejo com frequência. Pra ser sincero, não os vejo nunca e os contatos são sempre via e-mail, Orkut, blog. Ainda que eu não os encontre, nem fale, eles estão, vira e meche, nos meus pensamentos porque são pessoas especiais.

Na semana passada pensei muito numa dessas amigas, a Jô. Um evento está se aproximando e, como nos conhecemos numa edição em Maringá, pensei que nos encontraríamos nessa nova edição que acontecerá em Londrina.

Pensamento vai, pensamento fica. Ontem à noite recebo, depois de um ano sem contato, como um ressurgir das cinzas, um e-mail dessa amiga. Fiquei tão feliz com ele. Primeiro, porque soube que ela, apesar de tudo, continua acreditando na nossa amizade e depois porque, tb apesar de tudo, continua acreditando na vida.

Ela é especial pra mim ainda que eu nunca tenha dito isso, por muitos motivos: pela forma como me recebeu, pela educação, sensibilidade para compreender o que se passa no meu coração e, provavelmente, nos corações dos outros tb. Sorte a minha tê-la outra vez por perto.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O que não é meu (texto)

Não é um recado, mesmo! Todos nós podemos apenas até uma parte das coisas. Mais, impossível! Cada um sabe o que deve e pode fazer e mais, cada um sabe aonde a mão alcança. Mas o que não podemos perder de vista é a nossa responsabilidade. Fazemos escolhas e elas produzem consequências. Sair do lugar de vítima e encarar essa história toda. Dizer que não se fica desapontado, mentira (crio expectativas), mas o do outro não é meu e ele que resolva as suas questões.

domingo, 6 de setembro de 2009

Xale vermelho (texto)

Tudo tem a sua história, né? Os objetos têm as suas. O xale vermelho não fazia parte dos meus planos hoje, mas assim que o vi na vitrine de uma loja pensei que talvez ele pudesse produzir um pouco de alegria. Comprei. Despois da compra fiquei pensando em sua história: quem o teria feito, quando e onde? E, o mais importante, ser vermelho e seus sentidos: não sei se a cor vermelha significa mais do que paixão, mas neste momento ela precisa significar vida. Estar apaixonado é se sentir vivo: minha paixão neste momento é poder fazer alguém um pouquinho que seja mais feliz. O xale vermelho vai cheio de fé nessa possibilidade de felicidade.

Em mais uma viagem (texto)

Já escrevi aqui diversas vezes que as últimas viagens para o Rio têm um sabor difícil de especificar: vou sem vontade, quase por obrigação, volto querendo nunca ter saído de lá. Perdi nesses 16 anos no Paraná a convivência com os meus pais (padrasto e mãe), a cada ano eu os via menos e por menos tempo a cada ano. É claro que por outro lado essa distância tb nos aproximou, justamente porque na falta de convivência as diferenças foram aos poucos deixadas de lado (não todas, é claro) e os fartos encontros eram quase sempre bem agradáveis.
Ainda assim, o fato de achar que eu os teria para sempre, sempre me dava um tempo a mais para adiar uma longa estadia: eu tinha certeza de que nas próximas férias, no próximo natal, no próximo dia das mães, na próxima passagem do ano, no próximo aniversário de minha mãe, nós poderíamos estar juntos.
Minha mãe está agora muito mal e tenho ido com alguma frequência vê-la. Estou a caminho do Rio neste momento. Meu coração está muito apertado, porque eu sei que ela está mais abatida e fraca do que a deixei no final do mês passado. Sua voz ao telefone quase não se compreende.
Como sempre, vou para ficar pouco. No próximo domingo já estarei de volta. Tenho muito trabalho e tb tenho um medo enorme de ficar e ver como, a cada dia, a situação piora.
Queria mesmo não sentir o que sinto quado a chegada se aproxima, mas sentir não se controla. Infelizmente.
Essa situação tem me deixado mal em muitas das minha relações: no trabalho com os amigos e alunos, com os amigos, comigo mesmo. Tenho vontade de estar sempre sozinho e pouco consigo compartilhar com alguém o que ando sentindo. É certo que sei que tudo isso é meu e mesmo quando alguns amigos me procuram eu tenho recusado, de alguma forma, ajuda.
Fisicamente tb tenho reflexos. Nesta última semana, uma alergia tomou conta de parte do meu corpo. Ela não é propriamente uma alergia, mas reflexo do estresse no qual me encontro. Tudo isso somado é igual a falta de humor, de sono, de alegria e de prazer nas tarefa diárias.
Só que esses sentimentos são mais fortes do que eu e eu não consigo controlá-los.
Estou sempre impaciente e por pouco perco o controle. Fora isso, outros problemas reforçam esses descontrole: tenho, por exemplo, que conviver, por conta da doença de minha mãe com pessoas com as quais não tenho o menor prazer em estar junto. Gente que sempre tem uma visão negativa de quase tudo; gente que não consegue ver o esforço do outro nas situações mais difíceis (que é a de acompanhar por 24h D. Heloísa) etc.
Não sei se eu deveria postar esse texto, visto que ele é uma espécie de desabafo. Preciso escrever e reler para ter um pouco mais de consciência do que se passa comigo agora.
Tava pensando que nem música tenho ouvido em casa: quase impensado eu trabalhar sem ouvir música ou ouvir música apenas. E sequer tenho pensado nela. Chego em casa depois do trabalho tão cansado que quero apenas ficar na cama em silêncio, descansando de tudo.
Estou com muito medo do que me espera porque eu sei o que me espera.

sábado, 5 de setembro de 2009

3 x 1 (texto)

Aprendi a gostar de futebol com a minha mãe. Se ela estivesse saudável, certamente estaria assistindo tb a este jogo que acabou em Rosário. 3 x 1 para o Brasil com um jogo não muito disputado, mas com um resultado formidável para a seleção brasileira porque assim se classifica para a Copa do Mundo em 2010 na África do Sul.
Para mim a grande jogada foi o passe do Kaká e o gol do Luiz Fabiado, num lençol sobre o goleiro.
Sempre é bom vencer a Argentina!!! A vitória é mais saborosa. Olé Brasil!

Novos Tempos (texto)

Todo mundo pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?

Precisamos começar JÁ!
Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sentimento de Culpa (texto)

Sentir-se culpado produz vários tipos de comportamentos: um deles, tenho percebido na forma como um familiar bem próximo se movimenta, é o de tornar a vida de outras pessoas um inferno. "Como - e isso é apenas uma impressão - não posso por mil motivos ajudar, tento criar um clima bem ruim para que eu possa, então, me afastar por conta dessa situação que nem de longe foi criada por mim." Parece-me a maneira como esta pessoa tem se comportado.
É difícil compreender como certas pesssoas funcionam, mas algumas são tão óbvias na forma como agem que chega a ser matemático o passo seguinte.
Se eu tenho os meus limites, que eu os aceite, ou então que eu procure um especialista para resolvê-los. Não posso ou não devo achar que o outro é o responsável por essa limitação.
O sentimento de culpa é o sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo que achamos que deveríamos ter sido.
Há também outra definição para "sentimento de culpa", quando se viola a consciência moral pessoal (ou seja, quando pecamos e erramos), surge o sentimento de culpa.
Para a Psicologia Humanista-existencial, especialmente a da linha rogeriana, a culpa é um sentimento como outro qualquer e que pode ser "trabalhado" terapeuticamente ao se abordar este sentimento com aquele que sofre. Para esta linha de Psicologia, um sentimento como esse, quando chega a ser considerado um obstáculo por aquele que o sente, é resultado de um inadequado crescimento pessoal mas não é considerado uma psicopatologia.
Para os rogerianos, todas as pessoas têm uma tendência a atualização que se dirige para a plena auto-realização; sendo assim, o sentimento de culpa pode ser apenas limitação momentânea no processo de auto-realização.
É bastante concebível que tampouco o sentimento de culpa produzido pela civilização seja percebido como tal, e em grande parte permaneça inconsciente, ou apareça como uma espécie de mal-estar, uma insatisfação, para a qual as pessoas buscam outras motivações.
As religiões, pelo menos, nunca desprezaram o papel desempenhado na civilização pelo sentimento de culpa. O sentimento de culpa, a severidade do superego, é, portanto, o mesmo que a severidade da consciência. É a percepção que o ego tem de estar sendo vigiado dessa maneira, a avaliação da tensão entre os seus próprios esforços e as exigências do superego. É o ponto-chave do texto "Mal estar na civilização" de Sigmund Freud.

A mais feliz do mundo (texto)

Não dá para negar que o Rio é uma cidade linda. Não viajo muito, mas tenhho amigos que conhecem quase o mundo inteiro e confirmam que a beleza do Rio de Janeiro não se encontra com tanta facilidade por aí.
Agora a cidade recebeu o título de Cidade mais feliz, segundo ranking da revista Forbes.
Acho que o título deveria produzir um orgulho nacional em relação à cidade, mas não apenas isso, acho que ele deveria motiva um cuidado maior tb para com ela.
O Rio de Janeiro está abandonado. Vivemos, talvez, dessa alegria e da esperança de que a população algum dia se toque de que cuidar da cidade não é apenas obrigação dos governos. Tínhamos que pensar na cidade como se pensa num filho (sei que não é tão simples assim), não podemos delegar os cuidados aos outros. A responsabilidade é nossa.
Prefeitos, governadores vão e a cidade fica. Já estamos fartos da violência, da sujeira, do cheiro de mijo espalhados pela cidade. Cansados de ver prédios lindos jogados fora porque não há conservação. Esgotados das ruas do Centro alagadas por esgotos ou porque choveu durante 20 minutos.
Acho que não podemos, apesar do orgulho pelo título da Forbes (ainda que medir a felicidade não seja lá muito objetivo), nos esquecer de que falta muito. E mais, nos podemos deixar de pensar que felicidade para uma cidade (desculpem a rima, mas aqui não tinha jeito) é mais do que um estado de espírito, é beleza para os olhos, é organização, é limpeza, é menos violência e pobreza.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mafalda, para matar a saudade (texto)

Hoje, enquanto eu lia alguns trabalhos finais de alunos da minha disciplina, fui surpreendido com uma análise dessa tirinha da Mafalda aí ao lado. Sou fã do Quino, cartunista argentino pai da Mafalda. E como uma porção de gente, tenho em casa (lá no Rio, que pena!!!) o "Toda Mafalda" cujo livro li algumas vezes e me diverti diversas com essas releituras.
O que me chama atenção nesse diálogo entre Mafalda e Susanita é o fato daquela incorporar sempre o discurso de uma esquerda política, mas, aqui especificamente, bater em sua interlocutora na ausência de argumento ainda que o foco da discussão tenha sido completamente alterado pela pergunta desta.
Mafalda se mostra, como as mulheres de sua época, preocupada com questões mais intelectuais do que as que dizem respeito à aparência, beleza e que apontam, segundo esse discurso, para certa futilidade (a preocupação com vestidos, por exemplo)
Como é bom rir! Pena que a gente não faça isso sempre...

domingo, 30 de agosto de 2009

Perpetuum Jazzile & BR6


Uma amiga me mandou com o seguinte comentário:
"Deem uma olhada... Dá para acreditar que é um coral da Eslovenia????" Não dá mesmo, mas dá uma vontade enorme de cantar junto.

sábado, 29 de agosto de 2009

Ditadura da Beleza – uma visão subjetiva


Neste texto gostaria de escrever sobre algo que venho percebendo nos últimos tempos. Não é de hoje que somos sistematicamente submetidas a um forte apelo pela valorização da estética. Abrimos as revistas, ligamos a TV, olhamos outdoors pelas ruas e lá estão expostos corpos esquálidos como ideal de perfeição feminina, sem falar do culto à malhação - imagens que pouco refletem os padrões reais da grande maioria da população.
A cada dia proliferam academias, clínicas de estética, novos tratamentos antienvelhecimento, antiestrias, “anti-isso”, “anti-aquilo...”ufa!!!
É tanta informação e novas propostas que, se não tivermos senso crítico, somos levadas a querer experimentar tudo ou, o que é pior, sentimos nossa auto-estima despencar.
Sem dúvida, a vaidade, a estética e o culto à saúde, são muito importantes. Isso só se torna um problema quando há uma supervalorização desses aspectos. Não é raro que esse excesso de preocupação com a beleza e a estética esteja a serviço de evitar confrontos com a realidade, ou com sentimentos de frustração, medo, angústias e inseguranças. E essa parece ser uma questão do mundo atual. Basta olharmos para a incidência cada vez maior e mais precoce do número de casos de transtornos alimentares e depressões. É inequívoco que essas patologias têm como causa dificuldades internas muito profundas, mas também são reforçadas por valores culturais, que chamarei aqui de ditadura da beleza.
Constantemente recebo em meu consultório mulheres inseguras, com a autoestima bastante comprometida, em geral, sozinhas, em busca de um parceiro.
Não atender a esses padrões, muitas vezes compõe a lista de fatores que minam sua segurança. Não conseguem valorizar sua beleza, nem mesmo outros aspectos tão interessantes de suas personalidades!
Fico pensando o quanto a valorização desses atributos externos está tão arraigada em nossa consciência que deixamos de olhar para o que realmente importa: a essência humana que está dentro de cada um de nós! Isso sem falar nos contos de fadas, que mostram como ideal do modelo feminino, princesas loiras, de cabelos lisos, magrinhas, passivas, cujo único desejo é encontrar um lindo príncipe encantado: forte, valente, protetor, bonito, etc.
Quase sempre são personagens sem identidade própria, sem atitude e esvaziadas de conteúdo. E o que dizer das bruxas más que são sempre feias... Contudo, ouso dizer que há uma centelha de mudança brilhando em nossas consciências...
Shrek – o filme - é um exemplo disso. Trata-se de um conto de fadas moderno, que polariza com essa valorização do ideal de beleza e põe em questão o que é belo e verdadeiro em e para cada um de nós. Parece conter um novo paradigma, já que mostra a multiplicidade da natureza humana em cada personagem.
Fiona é uma princesa que carrega um segredo: sua dupla natureza. De dia é uma “linda” princesa, à noite transforma-se em um “ogro”. Foi atingida pelo feitiço de uma bruxa que disse que só encontraria sua essência quando fosse beijada por um príncipe. Acredita, assim como todos que estão à sua volta, que sua verdadeira identidade é a de princesa.
Entretanto, é salva por Shrek, um ogro que também acredita não ser o seu príncipe, pois é feio, não tem bons modos, é grosseiro e mora em um pântano. Ocorre que ambos se apaixonam e vão descobrindo a beleza de ser quem se é de verdade. Fiona, ora é uma princesa, ora é uma “ogra” gordinha e verde. Independentemente de sua aparência mostra-se uma mulher forte, dona do seu próprio nariz, determinada, mas que em nenhum momento perde sua feminilidade, tampouco sua beleza.
Shrek, apesar de aparentemente grotesco é doce, sensível e aprende a reconhecer e demonstrar suas inseguranças e fragilidades, entrando em contato com seus sentimentos mais profundos. Este conto começa a partir do fim dos contos de fada tradicionais, pois é a partir do momento em que a princesa é salva que começam os problemas e se desenvolve a trama interna de cada um dos personagens.
O despertar desse amor, em um primeiro momento, deixa-os confusos, provocando um questionamento a respeito de quem são e do que sentem. Consequentemente, inicia-se um processo de transformação em cada um deles.
Ambos podem se olhar e se encantar com o que está além das aparências. Vivem intensos conflitos internos; não sabem se conseguirão continuar a atender as expectativas externas; não podem mais acreditar em suas idéias preconcebidas; deparam-se com seus dramas existenciais e, por várias vezes, põem em dúvida o que estão sentindo e percebendo. Fiona descobre que não é apenas aquela princesa que acreditava ser, mas escolhe, com consciência, assumir sua verdadeira identidade.
Shrek não precisa mais se esconder no pântano e aos poucos vai deixando cair suas defesas, se envolvendo com todos aqueles que despertam seu afeto. Ambos vivem um processo de ampliação de suas consciências e encontro com o “Si-Mesmo”, cumprindo seu processo de individuação, ou seja, encontram-se com o que há de mais verdadeiro dentro de si.
Uma característica a ser ressaltada nesse conto é a valorização dos aspectos internos em detrimento dos externos, assim como dos aspectos existenciais em detrimento da estética.
Algumas mulheres buscam viver um conto de fadas ou uma realidade imaginária e, muitas vezes, sustentam essa posição para fugir do contato inevitável com uma parte da realidade. Mas, de verdade, como no conto, somos todas um pouco princesas e um pouco “ogras”! Isto é, todas nós temos aspectos que acreditamos não fazer parte de nossa personalidade, mas que nos refletem sim, e que devem ser vistos, aceitos, acolhidos e integrados à nossa consciência.
Como disse em um de seus livros o psiquiatra suíço Carl G. Jung, “podemos encontrar verdadeiras pérolas na sombra”. Essa é uma história que enfatiza a importância da reflexão e do contato com o universo interno como possibilidade de transformação. Não apenas do ponto de vista individual, mas da consciência coletiva, uma vez que a transformação ocorrida dentro de Shrek e Fiona desencadeia uma mudança de consciência em todos os outros personagens. Shrek – o filme - reflete sobre o que é o belo, sobre o feminino, o masculino, o amor, a amizade, e, acima de tudo, sobre a possibilidade de se conviver com as diferenças sem julgamentos de valor. Acredito que manifestações e produções como essa possam realmente ser o prenúncio de uma consciência de alteridade, na qual os diferentes podem conviver, coexistir, sem necessidade de exclusão dos diversos atributos da complexidade humana.

Sâmara Jorge  Psicóloga. Psicoterapeuta de Orientação Junguiana.
(samarajorge@hotmail.com)

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...