quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Da série Contos Mínimos

20 de outubro era para eles um dia de muitas lembranças. Não eram as melhores, aquelas que se desejam lembrar. No entanto, a vida sem ela seguia o seu curso natural: alegrias, tristezas, insônias, sonhos diários. Havia sim algo bom de se lembrar: aqueles anos todos juntos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Da bonança à tempestade: tem sempre um que traduz o nosso dia (provérbios)

"Nem todo dia é festa."
"Nem todo dia é feriado."
"Em dias bons, boas obras."
"Dia grande tem véspera."
"Um dia pior, outro melhor."
"Nem todo dia se come pão quente."
"Dia de muito, véspera de nada."
"Dia perdido nunca é preenchido."
"Um dia do pau, outro do machado."
"Um passo de dia vale dois de noite."
"Nem todos os dias são dias de feira."
"Dia comprido é o que se passa sem comer."
"Nem todo dia galinha, nem todo dia rainha."
"Um dia o soberbo cai, e o humilde sobressai."
"Há dias felizes, mas vida feliz não há nenhuma."
"O dia da graça é o da véspera da ingratidão."
"Os dias são do mesmo tamanho, mas não se parecem."
"Um dia vale dois para quem diz "já" e não "depois."
"Nem todo dia é dia santo, nem todo dia é feriado."
"O dia descobre a terra, a noite descobre os céus."
"Um dia bem começado parece quase sempre bem passado."
"Um dia frio e outro quente, logo um homem é doente."
"Um dia segue outro, como um amor faz esquecer outro."
"Os dias bons de janeiro enganam o homem em fevereiro."
"No dia em que não me enfeitei, veio a minha casa quem não pensei."
"Dias passados, fogueiras mortas; quem os recorda, revolve cinzas."
"O que se tem de fazer num dia, não se deixe para outro dia."
"Um dia de jejum traz dias maus para o pão."
"Não há dia sem tarde, nem gosto sem desgosto."
"Em dia de viagem não se sente cansaço."
"Não gabes um dia bom sem lhe veres o fim."
"O dia de amanhã ainda ninguém viu."
"Um dia, cachorro de paca pega cutia."
"Um dia é da caça, o outro é do caçador."
"Não há nada como um dia depois do outro."
"Uma passada de dia vale duas de noite."
"Nem todos os dias morrem bispos."
"A cada dia, sua pena e sua alegria."
"Hoje é o meu dia, amanhã será o teu."
"Quem perde o dia, não perde o ano."
"Em dia de festa, barriga testa."
"Dia de muito, véspera de pouco."
"A cada dia basta seu cuidado."
"Nem todo dia há carne gorda."
"Dia a dia, morreu minha tia."
"Basta a cada dia sua aflição."
"Todos os dias se aprende algo."
"Há mais dias que linguiças."
"Em bons dias, boas horas."
"Roma não se fez num dia."
"Largos dias têm cem anos."
"Um dia a casa cai."

domingo, 17 de outubro de 2010

Tudo no mesmo saco. Que saco! (texto)

Hoje, na volta do almoço peguei um táxi até o hotel e o motorista soltou esse: "A Dilma vai oficializar essa pouca vergonha de casamento entre homens e entre mulheres. Sou totalmente contra isso. Meu filho não precisa ver homens beijando homens na rua e nem mulheres beijando mulheres. Ele precisa ser respeitado." Detalhe, eu estava com um adesivo da Dilma na camiseta (ganhei enquanto estava na feirinha do Largo da Ordem).
Respirei fundo dezessete vezes. Pensei, melhor ficar calado. O motorista continuou: "Eles (referia-se aos gays e lésbicas) deveriam ser acompanhado por um psicólogo para se curarem."
Não aguentei e disse: "Eu acho que o senhor tb deveria ser acompanhado por um psicólogo, porque em 2010, pra mim, é inadmissível alguém ainda acreditar que pode legistar sobre a vontade dos outros. Cada um deve fazer o que quer e pronto. Porque ser homo ou hétero diz respeito apenas aos desejos de cada um."
Por que eu fui dizer isso? Não podia ter ficado calado? O motorista soltou a língua e fez a relação que podia entre uso de droga, pedofilia, senvergonhice, doença, falta de respeito e ladeira abaixo.
E nada de chegarmos ao hotel. Ele me disse até que sexo anal era antinatural. Aí perguntei se ele já havia assistido a qualquer filme pornô porque sexo anal é uma prática tão difundida que eu estava mesmo incrédulo diante da sua afirmação.
Ele ainda me disse que se o filho dele fosse gay (ele disse de outra maneira: "se o meu filho virasse a mão"), ele o colocaria para fora de casa. Eu disse que se eu fosse seu filho eu sairia antes, porque aguentar um pai com essa cabeça realmente não deve fazer bem a saúde mental de ninguém.
Depois me toquei de que eu estava na mesma sintonia que ele. Não ia adiantar eu tentar mudá-lo assim como eu não mudaria. Finalmente chegamos ao hotel. Paguei a corrida e lhe desejei um bom dia de trabalho.
Mas foi interessante saber, primeiro, como ele acha que o presidente da república (seja lá quem for) tem o poder de mudar o país sem que haja discussão em torno dos temas, sem que os projetos passem pelos deputados e senadores. Depois, o fato de ainda confundirem homossexualidade com pedofilia, doença, anormalidade, pouca vergonha. E ainda, entender o que faz com que esses sentindos continuem produzindo filiações mesmo no século XXI.
Além disso tudo, entender que "respeito", palavra usado pelo motorista significa levar em consideração a sua orientação sexual, apenas. Tentei dizer a ele que respeito é uma via de duas mãos e o mundo em que o filho deve vive é um mundo mais democrático e por isso não pode ser visto apenas a partir de uma forma de olhar.
Olha, realmente acho que não foi uma boa ter entrado nessa discussão, mas foi mais forte do que eu.

sábado, 16 de outubro de 2010

Comer, rezar e amar (texto)

Assisti hoje ao filme "Comer, rezar e amar", mas não vou falar sobre ele nada além do que se ele tivesse ficado apenas no Comer teria sido um ótimo filme.
Vou escrever sobre o dia divertido que tive aqui em Curitiba, e é claro que ir ao cinema tb contribuiu bastante para que o dia fosse bacana.
O dia estava lindo. Acordei e fui tomar o café da manhã no Mercado Municipal. Na saída encontrei o Mário (Que Mário? Uns poderiam me perguntar), o amigo da universidade (de Cascavel) que está, faz alguns anos, aqui em Curitiba. Fazia algum tempo que não nos encontrávamos. A nossa conversa era apenas por e-mail. Foi um encontro bem rápido, mas prazeroso. Colocamos a conversa em dia. Ele e a esposa sempre alegres e sempre uma boa conversa.
Voltei para o hotel e saí, em seguida, para uma caminhada pela cidade. Andei bastante, pra variar (adoro caminhar). E como o dia estava bonito, aproveitei para olhar as pessoas, as vitrines.
Fui ao shopping e comprei dois CD´s: o mais recente da Vanessa da Mata (Bicicletas, bolos e outras alegrias) e um bem antigo dos Novos Baianos "Acabou chorare" (esse da minha época de criança, lançado recentemente em CD) de 1972 (tínhamos o vinil em casa e a minha mãe adorava).
Almocei num restaurante árabe (indicado por uma amiga, Beni). Sabores impressionantes, como disse a amiga. Voltei ao hotel, dormi um pouco e cinema. Depois do filme, mais uma passada no hotel para um banho, um descanso e saí para jantar. No restaurante, encontrei um amigo de longas datas (Édson). Conversamos muito, quase até agora. Ele me deu uma carona até o hotel e estou aqui, exausto. Amanhã retorno a Cascavel e volto à rotina de aulas e vestibular mais feliz por conta do final de semana.

Produzindo notícias (texto)

Nem o tom de voz de José Serra na campanha da TV me convence. Além disso, forma como as revistas Veja e Época, e a Rede Globo produziram notícias sobre o Governo e a Dilma, sobretudo, nesses últimos meses, silenciando quaisquer informações sobre irregularidades na campanha do candidato do PSDB (como se tudo fosse tamanha honestidade) , acabaram de vez com a minha capacidade de ouvir/ler/discutir propostas em torno da campanha do PSDB.
Hoje, aqui em Curitiba, militantes do PSDB estão distribuindo panfletos sobre o candidato, pego apenas por educação e jogo na primeira lixeira que encontro. Não estou disposto mais a ouvir argumentos. Se é que eles existem.
Essa campanha me lembra o movimento dos meios de comunicação em torno da campanha de Fernando Collor de Mello em 1989 à presidência da república (não estou comparando Serra a Fernando Collor, mas o comportamento da imprensa). A imperdoável edição do debate entre Fernando Collor e Lula feita pela Rede Globo na véspera do dia da eleição não sai da minha cabeça nesses dias diante das bancas de revistas. Que nojo!!!!
Se havia alguma dúvida sobre a campanha suja de uma parte da imprensa de circulação nacional, ela acabou de vez. E conseguiu fazer com que eu não suportasse mais esses dias que antecedem ás eleições. Queria muito dormir e acordar no dia 31 de outubro às 18h (de preferência) para não me contaminar mais com essa forma de fazer notícia.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Carta aberta da ABGLT as candidaturas presidenciais de Dilma Roussef e José Serra

Prezada Dilma e Prezado Serra,

A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, é uma entidade que congrega 237 organizações da sociedade civil em todos Estados do Brasil. Tem como missão a promoção da cidadania e defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma democracia sem quaisquer formas de discriminação, afirmando a livre orientação sexual e identidades de gênero.
Assim sendo, nos dirigimos a ambas as candidaturas à Presidência da República para pedir respeito: respeito à democracia, respeito à cidadania de todos e de todas, respeito à diversidade sexual, respeito à pluralidade cultural e religiosa.
Respeito aos direitos humanos e, principalmente, respeito à laicidade do Estado, à separação entre religião e esfera pública, e à garantia da divisão dos Poderes, de tal modo que o Executivo não interfira no Legislativo ou Judiciário, e vice-versa, conforme estabelece o artigo 2º da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
Nos últimos dias, temos assistido, perplexos, à instrumentalização de sentimentos religiosos e concepções moralistas na disputa eleitoral.
Não é aceitável que o preconceito, o machismo e a homofobia sejam estimulados por discursos de alguns grupos fundamentalistas e ganhem espaço privilegiado em plena campanha presidencial.
O Estado brasileiro é laico. O avanço da democracia brasileira é que tem nos permitido pautar, nos últimos anos, os direitos civis dos homossexuais e combater a homofobia. Também tem nos permitido realizar a promoção da autonomia das mulheres e combater o machismo, entre os demais avanços alcançados. O progresso não pode parar.
Por isso, causa extrema preocupação constatar a tentativa de utilização da fé de milhões de brasileiros e brasileiras para influir no resultado das eleições presidenciais que vivenciamos. Nos últimos dias, ficou clara a inescrupulosa disposição de determinados grupos conservadores da sociedade a disseminar o ódio na política em nome de supostos valores religiosos. Não podemos aceitar esta tentativa de utilização do medo como orientador de nossos processos políticos. Não podemos aceitar que nosso processo eleitoral seja confundido com uma escolha de posicionamentos religiosos de candidatos e eleitores. Não podemos aceitar que estimulem o ódio entre nosso povo.
O que o movimento LGBT e o movimento de mulheres defendem é apenas e tão somente o respeito à democracia, aos direitos civis, à autonomia individual. Queremos ter o direito à igualdade proclamada pela Constituição Federal, queremos ter nossos direitos civis, queremos o reconhecimento dos nossos direitos humanos. Nossa pauta passa, portanto, entre outras questões, pelo imediato reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo e pela criminalização da discriminação e da violência homofóbica.

Cara Dilma e Caro Serra
Por favor, voltem a conduzir o debate para o campo das ideias e do confronto programático, sem ataques pessoais, sem alimentar intrigas e boatos.
Nós da ABGLT sabemos que o núcleo das diferenças entre vocês (e entre PT e PSDB) não está na defesa dos direitos da população LGBT ou na visão de que o aborto é um problema de saúde pública.
Candidato Serra: o senhor, como ministro da saúde, implantou uma política progressista de combate à epidemia do HIV/Aids e normatizou o aborto legal no SUS. Aquele governo federal que o senhor integrou também elaborou os Programas Nacionais de Direitos Humanos I e II, que já contemplavam questões dos direitos humanos das pessoas LGBT. Como prefeito e governador, o senhor criou as Coordenadorias da Diversidade Sexual, esteve na Parada LGBT de São Paulo e apoiou diversas iniciativas em favor da população LGBT.
Candidata Dilma: a senhora ajudou a coordenar o governo que mais fez pela população LGBT, que criou o programa Brasil sem Homofobia, e o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, com diversas ações. A senhora assinou, junto com o presidente Lula, o decreto de Convocação da I Conferência LGBT do mundo. A senhora já disse, inúmeras vezes, que o aborto é uma questão de saúde pública e não uma questão de polícia.
Portanto, candidatos, não maculem suas biografias e trajetórias. Não neguem seu passado de luta contra o obscurantismo.
A ABGLT acredita na democracia, e num país onde caibam todos seus 190 milhões de habitantes e não apenas a parcela que quer impor suas ideias baseadas numa única visão de mundo. Vivemos num país da diversidade e da pluralidade.
É hora de retomar o debate de propostas para políticas de governo e de Estado, que possam contribuir para o avanço da nação brasileira, incluindo a segurança pública, a educação, a saúde, a cultura, o emprego, a distribuição de renda, a economia, o acesso a políticas públicas para todos e todas!
Eleições 2010, segundo turno, em 15 de outubro de 2010.
ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Uma pausa na política partidário para uma nota sobre o 15 de outubro (texto)

Hoje é o dia dos professores, se minha mãe estivesse aqui ainda, ela teria me ligado por volta das 10h da manhã (mesmo que eu tivesse, faz algum tempo, passado a acordar às 7h) para me parabenizar por esse dia. Foram assim todos esses últimos anos longe de casa.
E como ela tb fora professora, eu aproveitava essa ligação para dizer a ela o quanto me orgulhava de, tb por sua influência, ter escolhido a profissão.
Gosto demais de estar em sala de aula (não quero assim glamourizar a profissão: como todas têm seus altos e baixos, dificuldades, embates etc.) por muito motivos: principalmente porque cada dia com a mesma turma é diferente. Sempre é diferente. E isso não é comum para todo profissional. Na verdade, isso não é nada comum. E para quem não gosta muito de rotina (quase sempre, meu caso), é um prato cheio.
Ser professor é quase sinônimo de estudar. Não há possibilidade de não se ler. Não tem como haver uma aula pronta e acabou. Sempre há um texto para ser lido, uma conceito para ser (re)pensado, uma teoria para ser compreendida.
Ultimamente, tenho ficado até tarde da noite lendo os textos para a aula do dia seguinte. É cansativo dormir às 2h e acordar às 7h, mas não é um peso, porque a cada texto lido existem descobertas. E professor gosta de descobrir.
Lembro-me do meu primeiro dia de aula: Colégio Analice, em Campo Grande, no Rio de Janeiro, uma turma de supletivo. Se meu coração ainda dispara ainda hoje, depois de 20 anos, nos primeiros dias de aula, imaginem no primeiro primeiro dia de aula? Eles ali curiosos me avaliando e eu, apavorado, medindo cada um deles. Detalhe, eu era o terceiro professor de português naquele ano (os demais não aguentaram a turma). Fomos até o final juntos (não foi fácil). Nunca é fácil!
Tenho saudades dos meus professores. Não de todos, é claro, mas alguns me são muito presentes: Terezinha, Aidê, Conceição, Márcia, Elder, Regina, Delnavi, Gustavo, Laplana, Marli, Rosa Herman, Maria Lúcia (a preferida), apenas alguns dos ensinos fundamental e médio que não me escaparam da memória - neste instante. E ainda, Rosa Gens, Cecília, Aparecida Lino (na graduação); Odete Menon, Lígia, Sandmann (mestrado); Bethania e Jussara (doutorado), entre tantos outros nomes esquecidos, mas que presentes na minha formação.
Além desses, alguns colegas nos quais percebo amor pelo que fazem: Rosana, Cida, Ruth, Valdeci, Rita, Bea, Bia, Jaci, Gustavo, Márcia, Vanda, Sandra, Maria Lúcia, Luis, Antônio, Isabel, Clarice, Ciro, Stéphano, Roselene, João, Luciane, Tere, Sani, Ester, Robson, Teresa e tantos outros em tantos lugares pelos quais passei.
É um dia para se comemorar.

Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo

Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um...