quinta-feira, 24 de março de 2011

O Haiti não é aqui (texto)

É impressionante a capacidade de recuperação do Japão, país atingido por um terremoto de intensidade 8,9 (numa escala de 0 a 10) na sexta-feira, dia 11 de março.
As fotos, postadas no site do G1, nos dão uma ideia de como essa reconstrução será rápida.
Para se ter uma noção do que ocorreu: tremores que variam entre 7 e 7,9 graus na escala Richter são propícios à retirar os edifícios de sua fundações, sem contar o surgimento de fendas no solo e danificação de toda tubulação contidas no subsolo.
Abalos sísmicos com intensidade que oscila entre 8 e 8,5 graus nessa mesma escala configura como de grande magnitude, seus efeitos destroem pontes e praticamente todas as construções existentes.

Destruição total ocorre com tremor de 9 graus na escola Richter, e, hipoteticamente, se houvesse um terremoto de 12 graus a Terra seria partida ao meio.  

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sites, uma profusão deles prometendo desconto e estimulando compras quase inúteis (texto)

Recebo muitos e-mails, muito mais do que eu preciso/gostaria ou consiga dar conta. Ficam sempre muitos para responder. Alguns esquecidos, inclusive. Só depois de algum tempo minha memória, extremamente seletiva, me alerta de algum esquecimento sintomático.
Não é sobre a minha memória que gostaria de escrever (tá vendo o que nos acontece se a gente não tem foco?), mas sobre a grande quantidade de e-mails que tenho recebido, às vezes mais de uma vez por dia, me oferecendo produtos sem os quais eu não poderia viver.
Groupalia, Alvo da Cidade, Peixe Urbano são alguns sites que tentam me fisgar pela boca, estômago, espelho. São tiros para todos os lados: hotel na serra, 2 horas de painball, colocação de insulfilme, kit páscoa, filé à parmegiana + fritas + arroz em Ponta Negra, 2 diárias para casal, porção de acarajés + 1 caipiroska, 1 delicioso x-salada, 6 meses de asinatura da revista Época e por aí vai.
Com exceção do Peixe Urbano, do qual aceitei participar, os demais, e põe demais nisso, não faço ideia (ou faço) de como entrei nesse barco furado de ofertas diárias. 
O Alvo da Cidade, por exemplo, me manda por dia tantas ofertas que mesmo se eu fosse um comprador contumaz não daria conta de acompanhar o seu raciocínio mercadológico.
Como casar um x-salada +  2 horas de painball + uma máscara facial antirrugas e uma aula de mergulho na Ilha Grande, no Rio de Janeiro? Sem chance, pelo menos pra mim.
Fica aqui um pedido de coerência.

sábado, 19 de março de 2011

Final feliz tem que ter filhos e casamentos, muitos casamentos (texto)

Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho (Vinícius de Moraes), o resto é mar...
Ontem acabou mais uma novela, não novela no sentido retórico, mas novela dessas que se iniciam no primeiro capítulo prometendo muitas novidades e terminam no último iguaizinhas a todas as outras novelas (isso se deve apenas ao gênero?!). Não acredito nisso.
Vamos aos motivos que me trouxeram a esse texto. Primeiro dizer que acompanhei Ti-ti-ti, novela das 19h30 da Rede Globo, porque as novelas desse horário, com raríssimas exceções, são divertidas; depois, como nesse horário eu costumo jantar, quero estar diante de um programa (não costumo jantar ouvindo música) que não me exija muito e se possível me faça rir (diante disso, nada melhor do que novelas)E ainda, os dois motivos anteriores já me seriam bastante, pelo elenco. Gosto demais da Cláudia Raia, sou apaixonado pela Dira Paes, Rodrigo Lopes é um ótimo ator e por aí vai...
Dito isso, vamos ao texto, propriamente dito.
Os últimos capítulos de Ti-ti-ti foram dedicados aos princípios  de felicidade cristalizados em parte de nossa sociedade, ou seja, casar e ter filhos. Ninguém poderia, portanto, ser feliz sozinho.
Esse foi o final supreendente prometido pela autora da novela. Todos se arranjaram, com raríssimas exceções. Quem não ficou feliz junto de alguém recebeu dinheiro (ou fama) como recompensa. Alguns receberam dinheiro e companhia para reforçar ainda mais essa equação: felicidade é = casamento e dinheiro.
Acho que não é apenas o gênero-novela que define como vai ser a direção desses folhetins. Sei que o público tem, porque novela sem audiência não vende, não tem patrocío etc e tal, um papel fundamental na continuidade dos capítulos. Há, inclusive, uma equipe de telespectadores que dá retorno aos autores e diretores. E isso é determinante nesse processo de escritura da novela, no caso dessa, reescritura porque é uma remake dos anos 1985-1986.
O que mais me surpreendeu nesse reforço todo, foi o exagero de encontros que aconteceu nessa última semana, até os vilões se deram bem (quem sabe a surpresa anunciada não fosse essa?). Chegaram novos atores para evitar que as prováveis solteiras ficassem sozinhas. Homens de tudo quanto foi lado.
O casal gay Thales e Julinho (Armando Babaioff e André Arteche) ficaram mesmo no abraço enquanto todos os outros casais  héteros caíram nos beijos.
Só não teve par quem não tinha muita importância na trama, aqueles personagens que existem apenas para introduzir os personagens centrais. 
Uma pena, eu pelo menos acho, que um programa com tanta audiência não possa, justamente por ser muito assistido,  descristalizar estereótipos, subverter as ordens, inovar. 
Fiquei um pouco, um pouco porque isso não tem importâcia nenhuma na minha vida, decepcionado diante de tanta possibilidade e de tão pouca ousadia. Uma pena que as novelas tb sirvam para nos catequizar.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Da Série Contos Mínimos

Conheceram-se em uma reunião de condomínio. Fazia pouco que estavam naquele prédio. A cada reunião um novo encontro. Sempre tinham o mesmo ponto de vista em relação à portaria, ao uso do play,  ao barulho no salão de festas, aos funcionários, à limpeza da área comum.
Resolveram, depois de uma daquelas reuniões  quentes, esticar a conversa na companhia de uma cerveja bem gelada. E não pararam nunca mais de beber juntos.
Alugaram um dos apartamentos e vivem juntos sem dar bola para os condôminos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Gastroenterite (texto)

Pronto, soube hoje que tive uma gastroenterite (inflamação das mucosas do estômago e dos intestinos). Já medicado, já fora da cama, já não tão sem força, já com pouca febre, e o melhor, sem dúvida quanto à indisposição. Fiz exame de sangue e urina e o médico já me deu (incluído no preço da consulta) o diagnóstico.
Hoje eu já acordei melhor, sem aquele cansaço do final de semana que me dava forças apenas para me manter deitado.

domingo, 13 de março de 2011

Indisposição total (texto)

Não sei se o corpo passando por uma ressaca pós-carnaval, não sei se comi alguma coisa que me fez mal, ou se deixei de comer e isso me  derrubou, sei que esses dias pós-folia não foram nada fácil. Tô melhorando um pouco agora, à noite. 
Sábado amanhaci bem e fui dar aula, mas não levei bem o dia. Ainda no final da manhã me senti tonto. E fiquei tonto o final de semana inteiro.
Pensei até na possibilidade de dengue, mas felizmente não. Não fiquei tão debilitado assim. Sem força até para sair e almoçar ou jantar. Me virei com o que tinha em casa. 
Sabe aquele tipo de gente que tem um tomate na geladeira e consegue fazer uma bacalhoada? Pois é, não sou esse tipo de gente. Comi mesmo o tomate.
Hoje tinha churrasco do primeiro ano. Coloquei maior fogo para a garotada participar e não consegui sair da cama. Amanhã já é segunda e me sinto ainda na sexta-feira à noite, vontade apenas de dormir.
Se continuar assim tenho que ir ao médico para descobrir o que se passa. Médicos se não descobrem o que a gente tem, dizem que é virose. Fico bravo quando me dão essa resposta. Como assim, cara-pálida? Melhor seria, acordar bem amanhã.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Vestígios da folia (texto)

Ainda continuo cansado dos dias de carnaval. Cheguei ontem e hoje ainda tem vestígios da festa em casa. Colocar-se em ordem não é tarefa pra um dia. Fazer ou desfazer a mala não é, definitivamente, a melhor parte das viagens. 
Não consegui entra no ritmo do trabalho funcionário-público que bate cartão e cumpre horário. O pior é que os compromissos não aguardam vc se recuperar. 
Ontem mesmo caí numa dissertação, restam 4 até final de março, ou seja, uma por semana, sem intervalo ou tempo pra respirar. E pra quem não curte trabalhar final de semana, não me restou muita alternativa.
E pra piorar essa situação, me convocaram pra 4 aulas no sábado. Ou seja, preciso, ainda hoje, preparar aula e exercícios, do contrário, os alunos morrem de tédio com tanta teoria.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Cacá, Dadvânia, sombrinha, Santo Antônio de Lisboa, carnaval, fim de festa (texto)

O carnaval acabou. Foram 5 dias de festa, praia, sol e amigos por perto. Florianópolis é uma cidade especial. Além das praias lindas, o clima  friendely, a sorte de conviver com o Cacá (ligado nos 220w  assim que acordava e nos 680w no final do dia) e tantos outros amigos numa mesma casa. 
O clima por lá não era nada familiar, quer dizer, apenas o café da manhã lembrava uma casa, digamos, mais conservadora. Os horários tb não eram nada católicos, as refeições inexistiam, mas a caipiroska batia ponto todos os dias.
Conviver com 8 pessoas num mesmo espaço tem lá as suas desvantagens, todos nós sabemos que dividir banheiro e quarto não é fácil, mas em se tratando de 9 pessoas movidas pela vontade de se divertir, o clima não esquentou em nenhum momento dentro de casa. Bem ao contrário, enquanto um comprava os pães para o café, o outro colocava a mesa. E assim fomos nos (des)organizando durante o carnaval.
O melhor de tudo é sempre o riso fácil. E isso esteve sempre presente. Dadvânia, quando aparecia, não nos deixava sem uma boa gargalhada. 
Cacá, pra variar, roubou a cena: suas tiradas filosóficas, sua sombrinha inseparável, suas filhas (Jaqueline e Comprida) levando a culpa por tudo nos divertiam o tempo todo. A Tia, a Paula Poste tb deram o ar da graça.
O bom da festa na Ilha da Magia sempre é a praia, o local de confraternização. Frequento Floripa desde 2000 (e vai é tempo) e a cada ano sempre acho o carnaval melhor.
Neste ano, conheci um pedaço especial da ilha: Santo Antônio de Lisboa. Vontade de morar por lá. Me lembrou Parati, no Rio de Janeiro, consideradas as proporções. Um bom peixe como prato principal, o camarão como entrada num restaurante na beira da praia. Alguém precisa de mais alguma coisa?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Em defesa da defesa (texto)

Não há dissertação ou tese que não tenha problemas. Futucando bem, todo mundo tem pereba, marca de bexiga ou vacina...só a bailarina que não tem*. Isso é já-dito.
Todos nós sabemos, porque isso faz parte do nosso dia a dia, que erros de digitação, concordâncias mal feitas, empregos de palavras equivocados, conceitos mal entendidos, parágrafos longos, também fazem parte de quase todos os trabalhos entregues.  Mesmo os que passam por uma revisão daquelas. Acho que não há dúvida quanto a isso. Acho.
No entanto, o que não se deve achar tão comum é uma defesa sem defesa. Vou me explicar melhor. Quando um componente da banca aponta algum engano no nosso trabalho, e esse engano é legítimo, mas não foi percebido a tempo, ele deve ser explicado. Ninguém tem a obrigação de ser perfeito, mas uma dissertação/tese deve ser explicada.
Não se pode fingir que não se tem o que dizer. Isso é vergonhoso. Não tenho dúvida. Quem faz o apontamento está aguardando uma explicação sobre a leitura feita, sobre a palavra mal empregada, sobre a bibliografia que não apareceu, sobre a conclusão a que se chegou.
Não se pode receber, nessas ocasiões, um puxão de orelha da mesma forma que se recebe um elogio. A cara para o puxão deve ser uma e para o elogio, outra. Não se engane!
O momento de uma defesa é um momento único, já dizia a minha ex-orientadora: É o tempo que nós temos para falar a respeito daquele trabalho realizado. Ou vc toma as rédeas e se torna o responsável pelo que entregou ou não vai para a defesa.
O que não dá, e isso é realmente inaceitável, é para se calar diante de equívocos, se houver, como se eles não existissem.
*Ciranda da Bailarina (Edu Lobo / Chico Buarque)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Atravessamos o deserto do Saara (texto)

Ainda que meu exílio político dure quase vinte anos e seja bem aqui no Oeste no Paraná, mais precisamente em Cascavel, minha cabeça continua no ritmo de uma cidade, relativamente mítica, acidentalmente distante, absolutamente presente na minha constituição.
Às vésperas da maior festa carioca meu coração anda batento na cadência do samba. Mas o resto do corpo, incluindo aí até as  partes que não andam muito bem, como as pernas, por exemplo, anda forçosamente no compasso do trabalho.
Por aqui não se fala em carnaval, não se respira carnaval, não se ouve carnaval. Tudo continua como se ele sequer existisse. Nem aquele batuque ao longe, como eu estaria possivelmente ouvindo, do Bloco das Quengas, meus vizinhos mais ilustres na Lapa, se materializa nos meus sonhos. Na-da.
Nem ruas interditadas para os blocos que insistem em sair antes do sábado de carnaval (Sábado de carnaval existe? Perguntariam uns.). Nem um ensaiozinho do Bloco da Preta no Circo Voador às quartas-feiras. Apenas planos intermináveis para esta semana, aula, defesa de mestrado, grupo de estudo, projetos, processo de transferência externo etc & tal.
Como é que se pode pensar tanto em trabalho num momento único como este? Carnaval acontece apenas uma vez por ano (minha gente), são 4 diazinhos que exigem concentração, preparo físico, espírito de folião. E isso não se consegue assim de véspera como um passe de mágica: amanhã é sábado de carnaval e eu acordei animado. Não! Não é assim que a banda toca. Carnaval exige força na peruca, passagens pelos brechós, encontros com Vanise, idas à Ipanema, conhecimento musical, ou seja, um amontoado de grandes detalhes que nos dão o tom da festa.
Beleza, não tem mesmo jeito. Não vai ser esse texto que vai produzir nos meus chefes: João, Sanimar, Cida, Helenita, Cascar e Alcebíades uma outra organização do trabalho em função da festa que acontece a sei lá quantos quilômetros. Conformado (nem tanto) volto à leitura de uma dissertação porque a defesa é quinta. Bom carnaval pra quem é de carnaval!

Da Série Contos Mínimos

Conectava-se a cada instante na esperança de encontrar a mensagem que insistia não chegar.

Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo

Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um...