domingo, 21 de junho de 2015

Da Série Músicas que me tocam

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Peguei o finalzinho do Esquenta e tive a sorte de ouvir o Fagner cantando Canteiros (letra escrita a partir da poesia de Cecília Meireles). Esta música foi gravada há bastante tempo, acho que no início dos anos 1970. E, posso estar enganado porque me apoio apenas na memória, foi o maior sucesso deste grande cantor cearense (há também Noturno, Borbulhas de Amor, As pedras cantam, Revelação, Jura secreta, Quem me levará sou eu, Fanatismo, Pensamento, Guerreiro menino, Mucuripe, mas nada que tenha superado Canteiros).
Ela fez parte de toda a minha adolescência, porque era o auge, pelo menos, no subúrbio do Rio de Janeiro, dos artistas que com a voz e o violão tocavam nos bares. Eu e os amigos: Vera, Robson, Cátia, Zequinha, Rômulo, Glauco, Gil, Íngrid, dentre tantos outros, éramos arroz de festa às sexta e sábados à noite, na Zona Oeste do Rio.
É uma música que me leva para o ensino médio, antigo científico. Eu estudei no Colégio Estadual Barão do Rio Branco, em Santa Cruz. E, nesse período, a escola ainda era pra mim uma extensão de casa: os amigos eram os colegas da escola e vivíamos juntos (bar, cinema, natação, lanche).
Se o cantor não tocasse Canteiros, Andança (esta de Paulinho Tapajós e gravada por uma infinidade de cantores) e Espanhola (Flávio Venturini) era como se não estivéssemos num barzinho. Isso era o que fazia daquele lugar um bar de voz e violão.
Bem, as músicas são mesmo Máquinas do tempo. Nos levam e nos trazem de lugares tão distantes no tempo e espaço.

sábado, 20 de junho de 2015

Da Série Músicas que me tocam

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Agora à noite, estava por aqui fuçando o deezer e me lembro de Sade (Adu). Vou a sua procura e encontro, e não podia ser diferente, muitos discos da cantora. Dentre esses, um que me leva a tempos distantes: Promise e dentro desse War of The Hearts (3ª faixa, Lado A)
Volto no tempo: 1985. A história da descoberta do LP é a história de velhos amigos. Vou à casa da namorada de um grande amigo e conheço também os seus irmãos: Jorge, Alexandre, Tão, Valéria,  Carlos Eduardo e Paula. E como num passe de mágica, me sinto ali como se estivesse entre grandes e velhos conhecidos.
Irmãos tão diferentes entre si. Diferentes em relação às personalidades e, sobretudo, fisicamente. Poucos diriam se tratar de uma família: irmãos de mesmo pai e mãe. E eram.
Um humor que me pega de uma só vez. Eram tantas histórias novas pra mim. Uma diversidade tão grande de gostos e por isso um lugar fascinante. Minha vontade era de não deixar nunca mais de estar com eles. E não deixei por muito tempo.
De MPB a rock pesado: ali, conheci tanta coisa bacana. The Cure, Sade, Siouxsie and The Banshees, entre outros. E fiz pelo menos dois grandes amigos naquela casa: Binha e Tom. Tenho muita saudade deles. O Tom morreu faz alguns anos e me senti muito triste por isso. Queria muito ter podido ajudá-lo de alguma maneira. Mas já estávamos longe um do outro e eu não tinha notícias. Não sabia o que estava se passando. E quando soube era tarde pra tentar ajudar. Ele era um homem lindo e interessante tb. Como eu gostava dele!
Binha, faz algum tempo que não a encontro, que não tenho notícias. Sei que os nossos reencontros são sempre muito animados: cheios de saudade, de lembranças dos velhos tempos. Mas as minhas idas ao Rio são cada vez mais curtas... quase não vejo ninguém.
Bem, músicas me servem de máquinas do tempo. Vou e volto através delas. Bom quando essas voltas me trazem boas lembranças, como essas.

Da Série Contos Mínimos

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Aos poucos, se vão alguns amigos, algumas pessoas conhecidas também se vão. Se vão muitos dos que comigo estiveram. E dos que não estiveram também se vão. Dessa forma, vamos todos, sem exceção.

sábado, 13 de junho de 2015

Tem sempre uma música dessa dupla (Fernando Brant e Milton Nascimento) a me rondar

Resultado de imagem para milton nascimento e fernando brantQuem me conhece do dia a dia sabe o quanto eu gosto de música. Não diria de todos os ritmos e gêneros musicais. Há coisas que não entram pela porta de casa de jeito nenhum, mas, de uma forma geral, eu gosto muito mais do que desgosto.
Ontem, no Deezer (é um serviço de Streaming de música. Funciona como o Netflix, só que de músicas) fiz uma procura por Milton Nascimento, depois que ouvi a triste notícia da morte de Fernando Brant (parceirão de Milton em diversas músicas).
Fernando e Milton se misturam de tal forma que não dá pra pensar em um sem o outro: desde Travessia até o mais recente CD do cantor/compositor, Brant está ali. A gente mistura tanto que atribui aos dois músicas que não são deles.
Bem, não é sobre essa parceria, não é sobre Brant e nem sobre Milton, especificamente, que pretendo escrever aqui, mas sobre um mundo de músicas desses dois que beira o impossível se se tratasse de escolher algumas para ouvir, se se tratasse de selecionar algumas para deixar na minha playlist. Se se tratasse de selecionar apenas um CD para ouvir. Tarefa impossível. 
Dei uma passada na lista oferecida pelo aplicativo, porque fazia isso enquanto assistia a um jornal desinteressante da TV e percebi que seria uma jornada inglória. Não dá pra escolher um CD do Milton que tenha uma relação especial com a minha vida. Uma música então nem se fale! Em todos, sem exceção, têm alguma coisa que me encantou e ainda encanta. É um baile da vida inteira.
São tantas recordações, tantos momentos, tantas letras maravilhosas e melodias alegres e tristes que me tocaram e tocam de forma tão intensa que fiquei perdido nesse mar de notas e cordas vocais potentes.
Minha mãe, vou eu outra vez falar dela, gostava tanto de Milton tb por minha causa: a gente se influenciava tb musicalmente. E cantamos juntos tantas dessas canções. Tantas delas fizeram parte de algum momento de nossas vidas que seria difícil selecionar algumas.
Já disse isso aqui, e direi outra vez, se tivéssemos um Nobel de Música certamente acumularíamos muitos prêmios porque são tantos compositores de níveis estelares que sobrariam poucas edições (dessa provável premiação) sem uma indicação de algum brasileiro. E isso me dá um certo alívio, engraçado essa sensação pra mim, porque sei que não vou ficar jamais sozinho sem um fundo musical de alta qualidade pra ouvir se chove, se faz frio, se estou triste ou alegre, sozinho ou acompanhado, se nasceu alguém ou morreu se chegou ou se partiu porque chegar e partir são dois lados da mesma viagem.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Qual a palavra que nunca foi dita?

Hoje é dia 12 de junho, Dia Dos Namorados, aqui no Brasil. Tenho acompanhado desde cedo, no Facebook, principalmente, uma enxurrada de postagens de casais de todos os tipos (gordos, altos, brancos, héteros, novos, magros, gays, velhos, negros, baixos, um pouco de tudo isso ao mesmo tempo...) declarando-se ao/a seu/sua campanheiro/a.
Isso me fez pensar quado da minha adolescências, nos anos 80, como isso era impossível: declarar-se publicamente em rede social para o seu parceiro do mesmo sexo (tudo bem, diriam uns, que nos anos 80 aqui no Brasil, e quiçá no mundo, não existiam redes sociais). Mas não é exatamente sobre isso que estou falando.
Saímos daquele lugar do silenciamento, do armário com as portas obrigatoriamente trancadas. Ainda que seja fundamental chamar a atenção para a intolerância, a violência, o desamor que nos ronda.
Me sinto feliz pelas postagens, pela coragem (porque ainda é um gesto de coragem e resistência) de se expor publicamente.
Feliz dia dos namorados a todos!!!!!!

quinta-feira, 11 de junho de 2015

A mulher crucificada, Pablo Morenno - Zero Hora

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A polêmica representação da transgênero crucificada na parada GLBT sofreu, ao meu ver, um equívoco de leitura: foi interpretada como protesto contra o cristianismo, quando na verdade é uma denúncia sob a linguagem cristã. Ou seja, a imagem comunica desde dentro do cristianismo, e não de fora. Ela não se opõe ao simbolismo da cruz, mas o atualiza e o explicita, o traduz e o contemporiza. O processo simbólico é o mesmo, por exemplo, quando se representa Jesus como negro, como índio, como cigano, ou como gaúcho. Mas por que, nesses casos, poucos se ofendem?
Porque o desconforto causado não é pela representação em si da crucificação. Isso acontece na Sexta-feira Santa, em filmes, peças teatrais, sem alvoroço. A “ofensa” é porque os ofendidos não acham digno o corpo sobre a cruz, uma vez que “impuro”. É blasfêmia.
Parece-se à visão sobre Jesus dos homens de seu tempo. Ele era impuro, porque vivia com impuros (prostitutas, leprosos, cobradores de impostos).
Jesus várias vezes enfrentou a ideia de impureza nos meios religiosos da época. Mas um relato me parece especial: quando trouxeram até ele uma prostituta para ser apedrejada. Quem não tiver pecado algum atire a primeira pedra. E cada um, começando pelos mais velhos, largou a sua pedra e foi embora.
Os que trouxeram a mulher queriam salvar a religião do que achavam ser uma ofensa a princípios religiosos. Jesus demonstra que o tempo do apedrejamento já tinha passado. A Lei exigia outra interpretação.
A cena na Paulista não foi um protesto. Foi uma denúncia, e como “instalação” artística cumpriu seu papel de causar desconforto. Porém, o desconforto não tem de ser com a instalação em si, um simulacro, mas contra aquilo do qual ela é metonímia: a violência real sofrida pelos gays.
Sou cristão, católico praticante, e não me senti ofendido, mas incomodado. Não com a cena. Mas porque acusam seus realizadores pelo mesmo pecado que levou Jesus à crucificação: blasfêmia.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...