segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

EU ACUSO!


   Parafraseando Émile Zola, eu acuso, mesmo que ninguém me pergunte, diversas pessoas e entidades de Santa Maria, pela tragédia do incêndio da Boate Kiss, neste domingo de luto, dor, lágrimas, morte, perplexidade.         
Quando falo em diversas pessoas, eu quero dizer todos nós, que achamos que a lei de prevenção de incêndio não é para valer. Santa Maria teria sido o primeiro município do Estado a contar com uma lei de prevenção de incêndio, que acabou por ser usada como referência para a lei estadual no mesmo sentido.
         Mas, exatamente aqueles que aprovaram a lei foram os primeiros a descumpri-la, ou seja, até hoje 90% das escolas públicas, municipais e estaduais, não contam com sistema de prevenção de incêndio, depois de mais de trinta anos, colocando em risco a vida e a segurança dos servidores, dos professores e, quem está preocupado com isto?, de milhares de crianças. Eu acuso o Estado e o Município como responsáveis!
         Passei 22 anos brigando para exigir que os locais de aglomeração de público, tais como boates, estádios, prédios de apartamentos, escolas, centros de tradições, clubes, para que tivessem sistema de prevenção e combate a incêndios, tudo em vão. Eu os acuso como responsáveis!
         Inúmeras boates foram fechadas por liminar do Poder Judiciário por falta de condições de segurança contra incêndio, mas reabertas logo a seguir com a cassação da medida antecipatória porque eles provavam ter feito as adaptações necessárias e, logo que recebiam o alvará, desmontavam o sistema. Eu os acuso como responsáveis!
         O esporte favorito de alguns políticos locais era defender boates sem condições de segurança, sob a alegação de que a atividade criava empregos, o que é verdade, mas esquecendo que também criava risco de morte. Eu os acuso como responsáveis!
         Eu me acuso, como membro do Ministério Público, por não ter feito mais, com culpa ou sem culpa. Aí está, desde 1963, o prédio da Avenida Rio Branco sem nenhuma manutenção e há anos com inúmeras decisões judiciais e de pé, como se tivesse sido construído ontem. O esqueleto nos olha desafiador, gozando de nossa cara! Quando cair, quantas pessoas morrerão? Bobagem, o Adede é um idiota, todo mundo sabe, pretensioso e metido a engenheiro. O prédio não vai cair, nunca!
         Eu só não acuso as vítimas, porque estas só queriam viver a vida, e um bando de irresponsáveis não permitiu isto. Um bando de irresponsáveis, do setor público que só pensa nos votos da próxima eleição e do setor privado que só pensa no lucro.
         As vítimas viviam a vida que lhes era própria, com festa, com sorrisos, com cabeça leve e espírito jovem, o que era um direito seu.
         Não podemos crucificar ninguém sem investigação séria e julgamento justo, mas também não podemos minimizar as responsabilidades. Eles podem fugir e se esconder, mas não para sempre.
         Não foi uma fatalidade, mas a soma de irresponsabilidades.
         Que cada um assuma a sua.
         Eu acuso!
texto publicado em:
http://adedeycastro.com/2013/01/27/eu-acuso/

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Uma criança = papai + mamãe (Ruth de Aquino)




Esse era um dos cartazes, empunhados com orgulho hétero, na manifestação gigante de Paris no dia 13: Un enfant = un papa + une maman. Centenas de milhares de franceses saíram do armário para dizer “não” ao projeto de lei do governo socialista de François Hollande de “mariage pour tous” (casamento para todos). No país da “liberté, égalité et fraternité”, os homossexuais ainda não têm direito ao casamento civil – e avós, papais, mamães, jovens e criancinhas defenderam nas ruas uma versão idealizada e romântica da família contra “a ameaça gay”.
A crise econômica e o desemprego atingem seriamente a Europa, mas o que leva uma imensa multidão a marchar no inverno parisiense não é a exigência de “trabalho para todos” – eles só querem impedir que homossexuais casem nos cartórios. Segundo as autoridades, foram 340 mil manifestantes. Segundo os organizadores, de 800 mil a 1 milhão. A disparidade dos números é um indício da irracionalidade do debate. La France n’est pas un pays sérieux.
Por que esse pânico, que beira a histeria? O que muda realmente na vida de um casal heterossexual se outro casal, homossexual, decide transformar sua união estável em casamento? Qual o resultado pernicioso dessa lei? Que significado teria, além de celebrar a igualdade de direitos civis numa democracia republicana laica, e não numa teocracia?
O que está em jogo não é o ritual da cerimônia, nem os papéis assinados ou os direitos à pensão ou herança. O que apavora os homofóbicos costuma vir logo depois do casamento: os filhos, a família. Os héteros mais fanáticos surtam só de pensar que um casal gay, de homens ou mulheres, tenha direito à paternidade ou à maternidade. Aí é demais. Contraria a natureza. O que será desses meninos e meninas, meu Deus?
Como se tivéssemos produzido gerações de crianças e adultos “normais”, livres de neuroses e traumas. Como se a heterossexualidade de pai e mãe assegurasse um vínculo afetivo sadio, um ambiente familiar exemplar. O argumento de que gays, por gostarem de pessoas do mesmo sexo, criarão filhos infelizes ou desajustados é de uma prepotência difícil de engolir.
“É natural o receio de que essas crianças sofram alguma discriminação na escola”, afirma a psicanalista e terapeuta familiar Junia de Vilhena. “Atendo no consultório um casal de mães homossexuais que se preocupam com a filha de 10 anos na escola. Mas a menina está muito bem integrada num meio liberal. As amiguinhas não questionam. Normalmente, quando existe preconceito, vem dos pais dos alunos, mesmo nas escolas mais avançadas. Sou esperançosa. A sociedade aos poucos aceitará. Pior e mais cruel é o preconceito contra crianças gordas. Elas enfrentam barbaridades.”

Ser pai ou mãe, mais que uma possibilidade biológica, é um aprendizado. “Podemos encarar a família como uma prisão ou um lugar de abrigo. Um espaço de trocas ou de isolamento coletivo. Um agente de mudanças ou um dispositivo de alienação. De qual família estamos falando?”, diz Junia.Mesmo nos países com leis progressistas, como o Brasil, desconfio que a maioria silenciosa da população seja contra o direito de um casal gay de educar uma criança como seu filho. Não importa o método: adoção, inseminação, fertilização in vitro ou acordos domésticos com amigos ou amigas. Há uma turma que considera a criança mais bem assistida num orfanato do que na casa de pais ou mães homossexuais.
“Dificilmente, hoje, encontramos essa família idealizada de um filho, um papai e uma mamãe, uma visão ligada à ideia do amor romântico e eterno”, diz Junia. A família de núcleo patriarcal é hoje minoria. Crianças vivem só com a mãe solteira, separada e provedora. Ou com padrastos, madrastas e meio-irmãos. “A classe alta não está nem aí para as regras. A classe baixa está fora desse sistema – em vez de sonhar com o casamento ideal, foca na sobrevivência. Quantos pais nem sequer reconhecem seus filhos. Ou têm amantes. Essa família arrumadinha e feliz nunca existiu, mas ainda é uma aspiração da classe média. Muitos homens e mulheres ficam juntos e infelizes até morrer.”
Estranho pensar que muitas de nós lutaram pelo direito de não casar de papel passado nem na igreja. Tive dois filhos, de dois homens, jamais casei oficialmente por ser contra associar o amor a qualquer contrato ou rito perante um juiz ou um padre. Há 40 anos, num mundo ainda com utopias, era uma transgressão. Formei minha família com erros e acertos.
Alguns heterossexuais convictos alegam que gays só formam um casal, e não uma família. Um homem e uma mulher sem filhos tampouco são uma família. Mas conviver com filhos biológicos ou adotados, exercer a paternidade e a maternidade, deveria ser, sim, um direito de todos. O mundo caminha nessa direção. É irreversível. Nenhuma “parada hétero” reverterá esse processo.

(texto publicado na Revista Época)

domingo, 20 de janeiro de 2013

Da série Contos Mínimos

Dentro de todo caRIOca, tem um Rio. De todo PAUlistano, um Pau. De todo CUritibano, um cu.

20 de Janeiro

Hoje seria, se não tivesse sido diferente, o aniversário de um grande amigo. Ele não está por aqui, assim, digamos, para que eu possa ligar, desejar sorte e saúde, abraçar bem apertado, sair para comemorar a data, mas estará em pensamento comigo em todos os dias da minha vida.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

É o que tem pra hoje (texto)

Eu sei que não se muda o mundo. Sei também que a contradição é parte constitutiva do ser humano. Sei que não devia me incomodar com coisas que não vão, mesmo que eu faça a maior força, ser de outro jeito, mas tenho visto tanta coisa errada, tanta injustiça, tanta coisa fora do lugar.
Hoje mesmo, não me contive: cidades, no país inteiro, sem saúde pública digna, sem educação, sem água. Como é que essas situações acontecem e nada é feito para punir quem tem responsabilidade?
A impressão que tenho é de que é exatamente porque nada acontece que essa situação continua igual faz tanto tempo. Desde que eu me entendo por gente, e bota tempo nisso, ouço, vejo, acompanho notícias como essas pela TV, pelos jornais e revistas, e me parece que tudo continua quase igual (em algumas situações o igual piorou).
Hoje um menino de 12 anos era entrevistado no Jornal Hoje (da TV Globo). Ele dizia que gostava de ler, mas que não tinha tempo para as leituras porque ficava o dia inteiro de um lado para o outro levando água para casa e transportando pessoas. Um outro, da mesma idade, ajudava o pai a cavar um buraco de lama para dar de beber aos animais. Algumas prefeituras foram saqueadas em virtude da posse dos novos prefeitos. Uma prefeita eleita afirmou que encontrou na conta de prefeitura R$2,10 (isso mesmo: dois reais e dez centavos!!!!).
Alguma coisa devia ser feita diante disso. Não dá para esperar as pessoas terem consciência, serem honestas, justas. Isso não vai acontecer nunca.
Ontem, à noite, no Fantástico, matéria sobre uma senhora de quase 100 anos que era agredida por uma cuidadora e pela cozinheira que deviam tomar conta dela (que recebiam dinheiro para cuidar da senhora, não era favor não!!!). O crime só foi descoberto porque o filho, desconfiado, instalou uma câmera na sala da casa de sua mãe. Não fosse isso, ela, a senhora, estaria, quem vai saber, até agora sofrendo essas agressões. Quantas não estão a esta hora passando pela mesma situação? As duas negaram as agressões. Mas como negar diante das imagens?
Aqui, na calçada do meu prédio, no Centro do Rio, há moradores de rua: crianças, senhores, senhoras vivendo como animais. Comendo restos de comida, dormindo sob a chuva, frio da madrugada, correndo risco de violência, esperando a morte, imagino. E nada é feito. Eu poderia ficar aqui escrevendo ad eterno sobre o que vejo. Mas por hoje chega!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

4 anos (texto)

Dia 24 de janeiro, o Do Avesso faz aniversário. São 4 anos de vida (estou apenas adiantando a notícia). Este ano quero escrever um texto em homenagem aos amigos que colaboraram, direta ou indiretamente, com o blog.
Queria tb modificar alguma coisa por aqui, mas falta ideia. O Layout não dá para alterar muito, já que uso os que me são oferecidos pelo BLOGGER, mas quem sabe não tenho bons sonhos que me façam pensar em mudanças, mesmo que sejam pequenas.

Vou aprendendo com o "não" (texto)

De férias, tenho aproveitado os meus dias para descansar muito, ou seja, dormir bem e só acordar quando o sono acaba. Mas como todo professor, mesmo nas férias, continuo trabalhando. Claro que num ritmo mais tranquilo, mas não menos concentrado do que faria se estive na ativa.
Tenho, agora, todo o tempo do mundo para me concentrar em um trabalho de cada vez. Quase nunca temos a oportunidade de fazer isso durante o ano letivo: são tantas as atividades ao mesmo tempo que quase nunca dá para respirar fundo, pensar mais a respeito de cada uma delas, porque tudo sempre é para ontem.
Hoje, fechei um livro que estamos organizando, uma amiga e eu. Pela manhã meti bronca no meu projeto de pós-doutorado, mas fui ao cinema à noite porque sempre é bom esvaziar a cabeça para no outro dia recomeçar.
Pra amanhã, leituras e escrita, depois reescrita e mais leitura. Tenho tempo, mas se não aproveitar bem o tempo, corro o risco de perder prazos.
Hoje recebi a notícia de que a minha proposta de Produtividade em Pesquisa, para o CNPq, não foi aprovada: eu não tenho o perfil mínimo necessário para solicitar a bolsa, além da proposta não está adequada às exigências da equipe que avalia os projetos. Blz, foi a primeira vez que enviei uma proposta, ano que vem tem outra e eu não desisto.
No mais, é ir aprendendo com os "nãos", para que o sim tenha um gostinho doce. E amanhã é sexta-feira outra vez, engraçado como de férias, isso não faz a menor diferença. Bom fim de semana para quem por aqui passar.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Da série Contos Mínimos

Ontem, nos encontramos, quase todos, para uma cerveja, para rir, para falar um pouco sobre a vida e sobre quem não vem mais.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Mais do mesmo (texto)

Faz anos que venho publicando aqui, no blog, no mês em janeiro, sobretudo, o mesmo texto sobre as enchentes que devastam algum ponto do Rio de Janeiro. Triste iniciar as postagens de 2013 com um texto sobre as águas de janeiro, a irresponsabilidade onipresente de vereadores, deputados, prefeitos e governadores. Nem me dou mais ao trabalho de me indignar com as declarações desses senhores (ou senhoras) que ocupam algum cargo político, não me espanto mais com os sobrevoos (de helicóptero) do governador quando alguma região é inundada e pessoas morrem, ou com a pseudo-declaração de que farão, resolverão, construirão, finalizarão, salvarão, doarão o que preciso for para, finalmente, não haver mais problemas com as chuvas, com as encostas ocupadas, com os soterrados, com os que precisam desocupar as suas casas, com os mortos etc.
Acho que, é um desabafo, enquanto escolhermos os nossos representantes pela cor do olhos, pela cara de bom moço, pela barba bem feita, pelo nome de família, correremos, todos, o risco de sermos engolidos por alguma barreira.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Retro-Perspectivas

De longe 2012 não foi o ano mais produtivo aqui no Do Avesso. Dei uma olhada geral em relação aos 3 anos anteriores e, de cara, vi que não cheguei nem perto dos 239 textos de 2011 (um ano que já foi pequeno se comparado aos dois anteriores, 2010 e 2009). 
Foram apenas 185 textos neste ano. Consequência do ano barra pesada em se tratando de trabalho forçado na universidade. Pude perceber tb, durante esta olhada geral, que venho perdendo o fôlego: 2011 (239)  2010 (347) e em  2009 (421) em relação às postagens por aqui.
Natural, acho. Mais trabalho, menos tempo para escrever. Nos três primeiros meses deste ano, até que escrevi bastante (escrever tb significa postar textos de outros, postar músicas, fotografias, enfim postagens diversas que não apenas textos meus) foram, respectivamente, 29, 22 e 27 postagens. Um bom começo. Depois degringolou de vez, até que em outubro e novembro parece que não estive por aqui: 2 e 4 postagens, apenas. Vergonha total!!!!
Paciência. Espero que eu possa cantar em 2013: "Este ano não vai ser igual àquele que passou..." 
Os comentários tb foram em menor número. Apenas as visualizações se mantiveram no mesmo patamar mesmo com menos postagens. Salve os amigos que por aqui passaram!
Nada é perfeito! Este ano viajei mais, escrevi mais textos acadêmicos, participei de mais eventos e por isso acabei deixando um pouco de lado aquele prazer de escrever apenas por escrever.
De qualquer forma, desejo a todos um 2013 cheio de sorte em todos os sentidos . Beijos e abraços em todos!!!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Pros amigos... (texto)

Quase natal, quase ano novo. Eu? Finalmente de férias!!! E, vale dizer, merecidas. 2012 foi um ano de trabalho, foi um ano de conquistas profissionais, foi um ano de viagens, de novas amizades, de conclusões e de perspectivas, de novas possibilidades, de sonho tb. 
Aos poucos, 2012 foi me mostrando que nem sempre água mole em pedra dura... que cada um é que sabe a delícia e a dor de ser o que é, que o que é nosso tá guardado.
De férias, depois de dormir muito por quase dois dias, preciso dizer aqui que desejo aos amigos um ano novo cheio de alegrias. Que a gente tenha trabalho, mas que a gente tb possa descansar. Pros amigos quero tudo, desejo tudo de melhor: amor, mega sena, viagens, risos, mais amigos, sorte, realizações.
Pros nem tanto amigos, desejo aquilo que eles merecem. E aí tiro o meu da reta, porque se merecem muito, terão muito e se não merecem tanto, terão, como merecem, o que fizerem por merecer.
Aos não-amigos, desejo distância. E assim, fica bom pra todo mundo! Não quero pedir nada...mas desejo saúde, amigos por perto, riso, realizações, dinheiro...se eu merecer...
Um grande Natal para quem por aqui passar...um Ano Novo novo, desses que faz brilhar os olhos.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Esquenta!!!!

Que sou fã de Regina Casé, não é nenhuma novidade. Desde TV Pirata, passando pelo Programa Legal, Chico Anysio, as novelas, os outros programas humorísticos, o canal Futura (não nessa ordem, é claro!), enfim. 
Ela é uma marca registrada e por onde passa, onde põe a mão, se encontra um microfone aberto e tem algum tempo pra dizer alguma coisa, seja lá o que for, é sempre impactante, porque ela  (e não consigo imaginar que tudo aquilo não seja natural) tem carisma, tem o que dizer e, quando diz, faz diferença.
Faz tempo que estou querendo escrever aqui no blog um post sobre o Esquenta. Acho até que já escrevi alguma coisa quando da temporada passada, mas hoje, não me contive porque achei o programa exibido, agora à tarde, especial (16.12.2012).
Por mim, teríamos um Esquenta durante todas as estações, sem exceção, porque o programa faz diferença na TV aberta, na programação cultural. Ali encontramos informação compactada. Nem sei como ela consegue em tão pouco tempo trazer aquilo tudo, nos mostrar tanto. Ela mistura Maimi com Copacabana, Chiclete com Banana sem se perder, sem ser artificial, sem ser forçada.
Acho o programa a minha cara, ou seja, a cara de quem gosta de tudo-aqui-agora-ao-mesmo-tempo-junto-e-misturado. Gosto, demais, dessa embolada, dessa farofa, da favela no coração da zona sul, da zona sul na periferia, porque somos muito mais!!!
Gosto da menina bonita que tem o samba correndo nas veias, do surfista que curte um pagode, do funk que nos contamina, de todas as caras estampadas na Telinha da TV. Da Velha Guarda, do samba no pé, do sorriso Fafá-de-Belém, da salada e do churrasco, da piscina e da laje. Da maionese, da macorronese, enfim, de tudo aquilo que nos representa de alguma forma. Não somos tudo, mas somos alguma coisa nesse todo. O Esquete reflete e refrata quem somos, porque podemos ser isso: tudo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Da Série Contos Mínimos

Tudo o que eu tinha coube em uma mala pequena: dois pares de sapatos, algumas camisas, meias, dois livros: um de Caio Fernando Abreu e A Cinza das Horas
Fui levando saudades e alegrias. Fui embora sem me despedir, sem abraços, sem tristezas.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Fortão da Paulista* (Marcelo Coelho)

Não é acaso que tantos ataques a homossexuais tenham acontecido várias vezes na avenida Paulista

O trânsito ali sempre é complicado, mas à noite, com as decorações natalinas, fico pensando se não seria o caso de interditar a avenida Paulista de uma vez.

Estando todos avisados que depois de certo horário só a circulação de pedestres é permitida, pelo menos diminuirá o número dos desesperados que, dentro do carro, esperavam chegar em tempo a seu destino, sem saber que a rua se tornou mais uma atração turística do que um meio racional de circulação.

O passeio pode ser simpático. Puseram árvores de luzinhas que fogem ao esquema habitual. Em vez de troncos com as lâmpadas chinesas enroladas em volta, surgiram espetos de tamanho médio, que durante o dia não se percebem muito, mas à noite se ganham o aspecto de magra e invernal vegetação iluminada.

Crianças pequenas tiram fotos com os pais, passadas as 23h. Adultos descansam sentados em parapeitos, a meio do longo trajeto. Andando por ali, tive sentimentos contraditórios.

Nunca passei o Natal fora do país, mas aquilo podia até ser parecido com Nova York, ou quem sabe Milwaukee. Estava tudo bem até eu ver três garotões de preto, cheios de tachinhas e pulseiras, sem o menor ar de admiração pelos trenós e presépios em volta.

Sosseguei ao ver que havia um carro de polícia estacionado logo ali. Pensei melhor, identificando os garotos mais com alguma vertente punk do que com neonazistas ou assassinos de homossexuais.

Bem à minha frente, dois jovens japoneses pareciam tomar conhecimento com a Paulista pela primeira vez, e temi pelo que pudesse acontecer com eles.

Algo está certamente errado com um lugar onde, ao mesmo tempo, crianças pequenas apontam para imagens de Papai Noel e homossexuais podem ser espancados e mortos à vista de todo mundo -das crianças inclusive.

Certamente, ataques aos gays existem em qualquer parte da cidade, mas não é casual que episódios desse tipo tenham acontecido várias vezes na avenida Paulista.

Provavelmente, o homofóbico faz questão de tornar especialmente pública a sua ação. Viu que na Paulista, na passeata do orgulho gay, existem muito mais membros dessa tribo do que ele próprio pensava.

O poder de centenas de milhares de gays o intimida. Se existem tantos, que será de mim? É claro que, lá no fundo, ele pensa: "quando chegará a minha vez?".

Pois bem, passado o trauma da multidão, ele gostaria que a avenida voltasse ao normal. Um dia de tolerância aos gays não quer dizer que no resto do tempo a homossexualidade esteja permitida.

É como o machão que, certa vez na infância, no campinho de futebol, bem, você sabe... Mas ele é totalmente heterossexual, claro.

Dizem os alemães que uma vez é igual a vez nenhuma: "einmal ist keinmal". Certo, um dia por ano admite-se a festa do orgulho gay. Cabe ao homofóbico destruir, então, qualquer vestígio do que aconteceu.

Não inovo ao dizer que o fortão da avenida Paulista quer destruir, acima de tudo, o seu próprio medo de ter desejos homossexuais. Procura ingerir a heterossexualidade junto com os anabolizantes.

Deveria pensar que a heterossexualidade, como a dimensão dos músculos, é uma questão de grau.

Um dos sujeitos mais heterossexuais que conheci considerava que, depois dos 40 anos, ter barriga é desejável. Mais do que isso, a ausência de barriga chegava a lhe parecer um bocado suspeita.

Há quem vá além. Soube de um cidadão que, mesmo nos transes da adolescência, nunca teve interesse em se masturbar. "Meu negócio é mulher", dizia ele. E o onanismo, pensando bem, não deixa de ser uma forma de obter prazer com alguém do mesmo sexo.

Que dizer, ademais, de um homem que faz questão de sair com mulheres bonitas? É o que quer a maioria; enquanto isso, muitas mulheres não ligam para a feiura dos companheiros.

Concluo que as mulheres, provavelmente, são mais heterossexuais do que os homens -tão ligados, afinal, em frescuras estéticas, enjoamentos, exigências e minúcias.

Como é que aquele gay, pensa o homofóbico da Paulista, pode ser mais bonito do que eu? Surge o impulso agressivo. Ele volta, depois, à academia de ginástica. O espelho, ali, reflete a sua imagem. Ele é a madrasta de Branca de Neve. Que as luzes do Natal não iluminem seu desfile pela Paulista. 

Folha de São Paulo - Ilustrada - 12 de dezembro de 2012

sábado, 8 de dezembro de 2012

Não dá para insistir com o tempo, ele tem as seus meios, suas regras e organização para sair de onde está e chegar em outro lugar, estou me referindo, é claro, aos dias que "não passam".
Todos os dias, assim que acordo, penso no tanto que falta para as férias chegarem: são 13 dias para eu estar, finalmente, no Rio e não pensar, pelo menos por uns dias, em trabalho.
Como eu disse em um post anterior, fico por aqui, me organizando de forma que eu elimine, a cada dia, o que falta fazer.
Dia desses, eu descobri que me enfiaram e mais uma atividade no dia 17 de dezembro. Será possível isso?! Não bastasse tudo que eu preciso finalizar, ainda tem um teste seletivo pra encarar. Tudo pela universidade, aff.
Amanhã, a segunda etapa do vestibular. Segunda, uma banca de mestrado pela manhã e à tarde reunião na Pró-Reitoria, terça-feira, atividades internas na universidade, quarta, espero finalizar uma prova para um concurso externo, quinta, uma viagem curta e e sábado de volta a Cascavel. Segunda-feira, 17, o tal teste seletivo e, depois disso, me organizar para a viagem de férias (espero que não inventem nada mais para fazer).

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Alguma coisa (texto)

Comprei o CD duplo de Maria Rita, Redescobrir. É uma homenagem à Elis Regina, sua mãe. Mas não vou escrever sobre o CD. Não pelo menos agora, quem sabe num outro post.
Ele, o CD,  me lembra a minha mãe e por isso ando um pouco triste. Bateu uma saudade daquelas!!!
Além disso, fim de ano, natal, viagem para o Rio, aniversário dela se aproximando, meu aniversário bem perto, tudo isso reforça a sua ausência. Hoje à noite, quase agora, meu padrasto me ligou, e outra vez senti aquela sensação de que "alguma coisa" tinha acontecido. Ele nunca me liga à noite. Nunca. E aí quando tocou, inda mais o celular, já fiquei tenso, mas não era "alguma coisa", era apenas para saber quando eu chegava no Rio. Ufa!!!
O que eu queria mesmo para esses dias era ter a certeza de que consegui finalizar todas as atividades do ano, mas a impressão que eu tenho é que mesmo depois do fim do mundo, previsto para o próximo dia 21, eu tenha ainda um bônus de atividades para concluir.
Pior disso tudo é que tenho certeza, porque para concluir o meu trabalho eu preciso do trabalho dos outros (aquela antiga fórmular continua valendo: se eu não entrego no dia combinado, vc não entrega no dia combinado e o dia combinado fica descombinado), que não vou fechar o ano como eu gostaria, ou seja, com tempo suficiente para pensar na viagem de fim de ano. Bem, não vou sofrer antecipadamente.
Hoje estou com um cansaço de outra vida. Acordei cedo, apliquei a prova de Exame, corrigi, fechei os diários (minto, ainda restam as faltas) e agora à tarde me concentrei em outras atividades.
Estou usando um calendário da seguinte forma, a cada dia excluo um dia com base nas atividades finalizadas. Estou ainda no dia 1º de dezembro.
Bem, como o tempo do trabalho não é o mesmo tempo da vida real, espero conseguir, por esses dias, fazer com que eles se encontrem.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Quase lá... (texto)

Fim de ano é realmente um período cheio de atividades que devem ser concluídas. Não há uma alma (as vivas, pelo menos) que eu encontre e que eu pergunte sobre as férias que não me diz estar ainda até o pescoço de relatórios, provas, diários, notas, exames, para fechar.
Eu, por dia, revejo o que está faltando para fechar o ano acadêmico: 3 diários, a segunda fase do vestibular, um concurso externo, são essas as atividades que preciso dar conta até o dia 21 de dezembro.
Hoje, por exemplo, fechei as faltas e presenças, inseri as notas dos 4 bimestres (nos diários), enviei ao colegiado o pedido de 2 monitorias para o próximo ano, conversei rapidinho com a minha coordenadora sobre a viagem a Portugal em fevereiro. Antes de sair da univ. a Pró-reitora me chamou para um pequeno papo sobre um possível vestibular(zinho) para o próximo ano (já me arrepiei).
Ah, tem ainda uma defesa de mestrado na próxima segunda-feira (vamos lá, Luiz!!!).
E assim vou até sabe deus quando.
Tá tão corrido que mal tenho tido tempo de passar aqui. Fiquei pensando que aquela proposta de escrever por prazer foi deixada de lado em virtude do cansaço. Quem tem alguma ideia com a agenda tão cheia de compromissos?
Achei de verdade que a ida para Santa Maria fosse o meu último compromisso... na verdade, Santa Maria foi o último prazer do ano (por enquanto), em termos profissionais.
Blz. Vamos em frente!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cobras, e os lagartos?







O fotógrafo e amante das serpentes Guido Mocafico resolveu fotografar esses animais fascinantes de uma perspectiva diferente. Ele coloca os animais numa caixa retangular e tira a foto e cima, gerando um resultado geométrico muito interessante, e nos permitindo observar os detalhes desses seres incríveis e mortais.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Veja que lixo! (Jean Wyllys)


Eu havia prometido não responder à coluna do ex-diretor de redação de Veja, José Roberto Guzzo, para não ampliar a voz dos imbecis. Mas foram tantos os pedidos, tão sinceros, tão sentidos, que eu dominei meu asco e decidi responder.
A coluna publicada na edição desta semana do libelo da editora Abril — e que trata sobre o relacionamento dele com uma cabra e sua rejeição ao espinafre, e usa esses exemplos de sua vida pessoal como desculpa para injuriar os homossexuais — é um monumento à ignorância, ao mau gosto e ao preconceito.
Logo no início, Guzzo usa o termo “homossexualismo” e se refere à nossa orientação sexual como “estilo de vida gay”. Com relação ao primeiro, é necessário esclarecer que as orientações sexuais (seja você hétero, lésbica, gay ou bi) não são tendências ideológicas ou políticas nem doenças, de modo que não tem “ismo” nenhum. São orientações da sexualidade, por isso se fala em “homossexualidade”, “heterossexualidade” e “bissexualidade”. Não é uma opção, como alguns acreditam por falta de informação: ninguém escolhe ser homo, hétero ou bi.
O uso do sufixo “ismo”, por Guzzo, é, portanto, proposital: os homofóbicos o empregam para associar a homossexualidade à ideia de algo que pode passar de uns a outros – “contagioso” como uma doença – ou para reforçar o equívoco de que se trata de uma “opção” de vida ou de pensamento da qual se pode fazer proselitismo.
Não se trata de burrice da parte do colunista portanto, mas de má fé. Se fosse só burrice, bastaria informar a Guzzo que a orientação sexual é constitutiva da subjetividade de cada um/a e que esta não muda (Gosta-se de homem ou de mulher desde sempre e se continua gostando); e que não há um “estilo de vida gay” da mesma maneira que não há um “estilo de vida hétero”.
A má fé conjugada de desonestidade intelectual não permitiu ao colunista sequer ponderar que heterossexuais e homossexuais partilham alguns estilos de vida que nada têm a ver com suas orientações sexuais! Aliás, esse deslize lógico só não é mais constrangedor do que sua afirmação de que não se pode falar em comunidade gay e que o movimento gay não existe porque os homossexuais são distintos. E o movimento negro? E o movimento de mulheres? Todos os negros e todas as mulheres são iguais, fabricados em série?
A comunidade LGBT existe em sua dispersão, composta de indivíduos que são diferentes entre si, que têm diferentes caracteres físicos, estilos de vida, ideias, convicções religiosas ou políticas, ocupações, profissões, aspirações na vida, times de futebol e preferências artísticas, mas que partilham um sentimento de pertencer a um grupo cuja base de identificação é ser vítima da injúria, da difamação e da negação de direitos! Negar que haja uma comunidade LGBT é ignorar os fatos ou a inscrição das relações afetivas, culturais, econômicas e políticas dos LGBTs nas topografias das cidades. Mesmo com nossas diferenças, partilhamos um sentimento de identificação que se materializa em espaços e representações comuns a todos. E é desse sentimento que nasce, em muitos (mas não em todas e todos, infelizmente) a vontade de agir politicamente em nome do coletivo; é dele que nasce o movimento LGBT. O movimento negro — também oriundo de uma comunidade dispersa que, ao mesmo tempo, partilha um sentimento de pertença — existe pela mesma razão que o movimento LGBT: porque há preconceitos a serem derrubados, injustiças e violências específicas contra as quais lutar e direitos a conquistar.
A luta do movimento LGBT pelo casamento civil igualitário é semelhante à que os negros tiveram que travar nos EUA para derrubar a interdição do casamento interracial, proibido até meados do século XX. E essa proibição era justificada com argumentos muito semelhantes aos que Guzzo usa contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Afirma o colunista de Veja que nós os e as homossexuais queremos “ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos”, e pouco depois ele coloca como exemplo a luta pelo casamento civil igualitário. Ora, quando nós, gays e lésbicas, lutamos pelo direito ao casamento civil, o que estamos reclamando é, justamente, não sermos mais tratados como uma categoria diferente de cidadãos, mas igual aos outros cidadãos e cidadãs, com os mesmos direitos, nem mais nem menos. É tão simples! Guzzo diz que “o casamento, por lei, é a união entre um homem e uma mulher; não pode ser outra coisa”. Ora, mas é a lei que queremos mudar! Por lei, a escravidão de negros foi legal e o voto feminino foi proibido. Mas, felizmente, a sociedade avança e as leis mudam. O casamento entre pessoas do mesmo sexo já é legal em muitos países onde antes não era. E vamos conquistar também no Brasil!
Os argumentos de Guzzo contra o casamento igualitário seriam uma confissão pública de estupidez se não fosse uma peça de má fé e desonestidade intelectual a serviço do reacionarismo da revista. Ele afirma: “Um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter uma relação estável com ela, mas não pode se casar”. Eu não sei que tipo de relação estável o senhor Guzzo tem com a sua cabra, mas duvido que alguém possa ter, com uma cabra, o tipo de relação que é possível ter com um cabra — como Riobaldo, o cabra macho que se apaixonou por Diadorim, que ele julgava ser um homem, no romance monumental de Guimarães Rosa. O que ele, Guzzo, chama de “relacionamento” com sua cabra é uma fantasia, pois falta o intersubjetivo, a reciprocidade que, no amor e no sexo, só é possível com outro ser humano adulto: duvido que a cabra dele entenda o que ele porventura faz com ela como um “relacionamento”.
Guzzo também argumenta que “se alguém diz que não gosta de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum – a lei, afinal, não obriga nenhum cidadão a gostar de homossexuais, ou de espinafre, ou de seja lá o que for”. Bom, nós, os gays e lésbicas, somos como o espinafre ou como as cabras. Esse é o nível do debate que a Veja propõe aos seus leitores.
Não, senhor Guzzo, a lei não pode obrigar ninguém a “gostar” de gays, lésbicas, negros, judeus, nordestinos, travestis, imigrantes ou cristãos. E ninguém propõe que essa obrigação exista. Pode-se gostar ou não gostar de quem quiser na sua intimidade (De cabra, inclusive, caro Guzzo, por mais estranho que seu gosto me pareça!). Mas não se pode injuriar, ofender, agredir, exercer violência, privar de direitos. É disso que se trata.
O colunista, em sua desonestidade intelectual, também apela para uma comparação descabida: “Pelos últimos números disponíveis, entre 250 e 300 homossexuais foram assassinados em 2010 no Brasil. Mas, num país onde se cometem 50000 homicídios por ano, parece claro que o problema não é a violência contra os gays; é a violência contra todos”. O que Guzzo não diz, de propósito (porque se trata de enganar os incautos), é que esses 300 homossexuais foram assassinados por sua orientação sexual! Essas estatísticas não incluem os gays mortos em assaltos, tiroteios, sequestros, acidentes de carro ou pela violência do tráfico, das milícias ou da polícia.
As estatísticas se referem aos LGBTs assassinados exclusivamente por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero! Negar isso é o mesmo que negar a violência racista que só se abate sobre pessoas de pele preta, como as humilhações em operações policiais, os “convites” a se dirigirem a elevadores de serviço e as mortes em “autos de resistência”.
Qual seria a reação de todas e todos nós se Veja tivesse publicado uma coluna em que comparasse negros e negras com cabras e judeus com espinafre? Eu não espero pelo dia em que os homens e mulheres  concordem, mas tenho esperança de que esteja cada vez mais perto o dia em que as pessoas lerão colunas como a de Guzzo e dirão “veja que lixo!”.
Jean Wyllys
Deputado Federal (PSOL-RJ)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Brasil Pandeiro (Assis Valente)


Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui na Penha, fui pedir ao Padroeiro para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, Pendura a saia eu quero ver
Eu quero ver o tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar
O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
Vai entrar no cuzcuz, acarajé e abará.
Na Casa Branca já dançou a batucada de ioiô, iaiá
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
Há quem sambe diferente noutras terras, noutra gente
Num batuque de matar
Batucada, Batucada, reunir nossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressão que não tem par, ó meu Brasil
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
Ô, ô, sambar, iêiê, sambar...
Queremos sambar, ioiô, queremos sambar, iaiá

domingo, 28 de outubro de 2012

Eduardo Galeano

A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência diz: o corpo é uma máquina. A publicidade diz: o corpo é um negócio. E o corpo diz: eu sou uma festa.

sábado, 29 de setembro de 2012

De sexta em diante (texto)

Algumas coisas acontecem apenas a partir da sexta-feira à noite ou nos finais de semana, propriamente ditos: o chuveiro que não esquenta, o gás que acaba, a internet que não tem sinal, a TV a cabo que simplesmente parou de transmitir alguns canais, o ferro que não passa, a máquina de levar que travou em uma função, a geladeira que não gela e por aí vai. 
Estou sem telefone fixo desde ontem à noite e não faço ideia do que possa ter acontecido, já futuquei a tomada, troquei o cabo, inverti-o, liguei e desliguei o fio de força do telefone, comprei um filtro de linha novo e na-da. Ele continua me avisando para "checar a falta de linha". 
Não tenho, é claro, nenhum contato de um (nem sem quem chamar) técnico que possa me salvar num fim de semana molhado e frio para que eu possa, enfim, fazer as ligações que deveriam ser feitas quando eu estivesse de volta de viagem. Não as farei. Quem me ligar tb não terá contato.
Pelo menos, há de se pensar assim, a internet continua com sinal para eu não morrer de raiva nesse frio.

O dia dos namorados