terça-feira, 28 de abril de 2009

A Arte de Saber Ouvir (texto)

Sou muito impaciente. Um dos meus tantos defeitos. Para se ter uma ideia, odeio atrasos de 5 minutos. Fico nervoso com impontualidade no cumprimento de uma obrigação ou compromisso. E muito me deixa irritado quando preciso estar com pessoas que são enroladas para tomar decisões. No entanto, nada me deixa mais tenso do que conviver com quem não sabe ouvir. Saber ouvir é uma arte. Além, é claro, de ser prima-irmã da Educação.
Sei, por experiência, que muitas vezes a gente não precisa dizer nada ao outro, basta estar ali e ser todo ouvido (como se diz por aí) para que aquele que falou se sinta aliviado. Falar e ouvir precisam caminhar juntos. Se preciso falar, preciso ter alguém que possa me ouvir (e vice-versa).
No geral, sem querer colocar todo mundo no mesmo saco (e já colocando), faltam, no mercado, pessoas que saibam escutar o que o outro tem a dizer sem qualquer reação: se vc faz uma pergunta, ouça a resposta, mas escute verdadeiramente, ou não pergunte nada.
É muita falta de educação falar pelos cotovelos: acho que por isso temos dois ouvidos e apenas uma boca.

A Gripe Suína (texto)

A Gripe Suína é uma doença causada por uma variante do vírus H1N1. Ele pode ser transmitido a partir do contato com o animal ou objetos infectados, mas esta variante do vírus, a que já matou, pelo menos, 152 pessoas no México, pode ser transmitida de pessoa para pessoa. Por lá, cerca 1600 pessoas estão sob a suspeita de contaminação pelo vírus. A OMS (Organização Mundial de Saúde) está em alerta e elevou, numa escala que vai de 1 a 6, para nível 4 a situação pela qual o México passa.
Há casos da doença em diversos países: Estados Unidos, Espanha, Suíca, Escócia, Canadá e Israel, mas há por aqui tb suspeitas de casos da Gripe. Oficialmente, temos 11 casos sendo observados (sobretudo de pessoas que chegaram de viagem de um daqueles países).
Os sintomas são: febre, cansaço, fadiga, dores pelo corpo, tosse e além disso (como se fosse pouco) diarréia ou vômito.
Por enquanto NÃO HÁ RAZÃO PARA PÂNICO, segundo o Ministério da Saúde. Mas segundo o Ministério qualquer suspeita deve ser comunicada às autoridades de sua região.

domingo, 26 de abril de 2009

O gosto homofóbico de Doritos (texto)


Quatro jovens num automóvel. Enquanto o carro segue o seu destino, os dois rapazes no banco de trás dividem um pacote de Doritos. No banco de passageiro, um adoslescente (da mesma faixa etária dos outros três) observa a paisagem. Enquanto isso, no rádio do carro, toca o hit "Y.M.C.A.", do Village People. Este jovem, o do banco de passageiro, inicia então a coreografia dos passinhos clássicos do refrão (claro que por estar sentado, os movimentoss são apenas os das mãos).
Os outros integrantes da cena começam a olhar o menino que dança com certa desconfiança, trocando olhares duvidosos entre si. A imagem é congelada e uma embalagem de Doritos aparece e esconde a cara do rapaz que dança. Enquanto uma voz em off proclama: "Quer divivir alguma coisa com os amigos? Divida Doritos!"
A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais), coordenada por Tony Reis, entrou com um pedido no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) para retirar o anúncio do ar por compreender que ele veicula preconceito contra os homossexuais, em virtude de vários indícios na tal propaganda publicitária: 1) Por ser tratar de um hit gay produzido no final dos anos 1970; 2) Porque a relação entre a música e o público gay é notória (O Villagem People era um grupo homossexual asumido); 3) Porque o fato de tocar a música e os "amigos" olharem o rapaz que dança com desconfiança produz um sentido de "estranhamento" no comportamento do rapaz; 4) E, finalmente, porque produz efeito de sentido ao usar o slogan "Quer dividir alguma coisa com os amigos?", no todo do anúncio, um estímulo ao "enrustimento", porque parece que seria o mesmo que dizer "Fique no armário, não compartilhe a sua orientação sexual com os seus amigos."
O CONAR deciciu suspender na última quinta-feira, 16 de abril, a campanha do salgadinho Doritos, da Elma Chips, após avaliar as reclamações de consumidores e da ABGLT, que acusavam a campanha de discriminar os homossexuais.

sábado, 25 de abril de 2009

Bad Boys não viram gatinhos (texto)

Se meninos maus não vão para o céu, para onde vão esses meninos? A nossa história é repleta de personagens mal comportados: jogadores de futebol ocupam uma grande fatia desse bolo e nem precisamos de uma memória muito eficiente para lembrar de alguns desses nomes (além disso, quase todos os dias, um novo nome entre para engordar essa lista); outros bastante presentes como recheio do bolo são alguns jovens atraentes dubleres de atores. Presenças constantes nos escândalos sexuais e/ou nas páginas policiais.
Mas o que mais acho interessante é a maneira como a mídia e os próprios bad boys se redimem de seus passados: apresentam novas namoradas, moças de família; resolvem ficar noivos com uma data quase marcada para o casamento; e até descobrem que vão ser papais. Como se isso comprovasse uma mudança de personalidade e de comportamento e, finalmente, devessem ser vistos como bons meninos.
Suas mães aparecem felizes com as novidades até que numa racaída esbofeteiam suas futuras esposas ou surgem novos escândalos envolvendo os pobres meninos. Mas tudo por força de uma explosão sem muito sentido que logo logo terá uma explicação satisfatória. É só esperar! rs.


sexta-feira, 24 de abril de 2009

Tecnologia (texto)

Tenho um celular com comando de voz. Isso significa que ao apertar um botão vc pode, através da sua voz, fazer com que o aparelho faça uma ligação, mande mensagens etc. Facil, né? Claro que não! É muito mais complicado do que o anunciado. Fiquei hoje durante alguns minutos (30 para ser mais preciso) tentando me fazer entender.
O celular com voz de mulher perguntava qual era o comando e eu dizia: "Ligar." A voz retornava: "Mandar uma mensagem?" Eu tentei várias vezes. Muitas vezes. Centenhas de vezes e em nenhuma delas consegui fazer com que o comando funcionasse. Quando ele compreendia (o celular) que era uma ligação e depois perguntava o nome ou o número a ser discado e eu dizia, o comando não acertava.
- Helô (eu falava).
- Nanci Casa? retornava a voz do celular.
- Helô. (insisti mais uma vez.)
- Zaíra?
Cansei. Muito mais fácil vc abrir a agenda e fazer a ligação.

Mulheres e frutas (texto)

É claro que não sou nenhum bastião da moralidade. Longe de mim (longe mesmo) parecer que ando querendo organizar a maneira como as pessoas (neste caso particular, as mulheres) se mostram ou devem se comportar, mas tenho achando deprimente essa onda de mulher-fruta: melão, melancia, moranguinho, jaca e maçã. Não consigo achar nenhuma graça nisso. Na verdade nem tentei. É que, nessas horas e em outras tb, me lembro da Rita Lee e da Zelia Duncan quando, na letra da música Pagu, escrevem que "Nem toda brasileira é bunda" efetivando um outro sentido para as mulheres, bem longe dos estereótipos de mulher-objeto e porque não mulher-fruta.
Mas o que eleva o "ibope" nem sempre é o menos degradante. Depois a gente reclama do país do carnaval, da maneira como somos levados à sério, da sexualidade precoce. Quanto moralismo!!!!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cia. de Ballet de Niterói (texto)

A Companhia de Ballet de Niterói apresentou hoje em Cascavel um espetáculo chamado Valsas e Chorinhos com músicas de Pixinguinha.
O Cenário composto apenas por 5 persianas produziu um grande efeito na elaboração do balé: ora funcionavam como limitadoras de espaço entre o palco e a coxia, ora como janelas e permitiam que os bailarinos olhassem o que estava acontecendo no palco e tb fossem observados pela plateia.
A Dança Moderna exige do bailarino um controle muito grande do seu corpo. Os passos às vezes não parecem próprios da dança. Por milésimos de segundos temos a impressão de que ali não cabe aquele movimento, mas ele está em completa harmonia com o todo da apresentação.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pagando bem que mal tem? (filme)

Acabei de sair da sessão do filme "Pagando bem que mal tem?" (2009), cujo elenco é formado por Seth Rogen, Elizabeth Banks, Jason Mewes, Katie Morgan, Craig Robinson, Traci Lords, Brandon Routh e Justin Long, ou seja, nenhuma carinha conhecida por aqui. A direção é de Kevin Smith. E o filme gira em torno da vida que não anda nada fácil para Zack (Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks), amigos de longa data que dividem um apartamento e uma montanha de dívidas. Depois de terem a água e a luz cortadas, eles têm a ideia de fazer um filme pornô caseiro para ganhar dinheiro rápido. Mas, quando as gravações começam, o que era um negócio entre amigos se torna algo muito maior.
Rita Lee escreveu que "Amor é bossa nova, sexo é carnaval" (Amor e sexo) e foi exatamente essa impressão que fiquei ao longo do filme, porque tudo vai muito bem até que o amor acontece e a história que era divertida perde o senso de humor. O verso da Rita bem que podia ser "Amor é mal-humor e sexo é diversão". Não estou com isso querendo dizer que o filme é ruim. Não é ruim. É um bom filme, mas ele perde aquele tom de comédia rasgada e filme criativo porque vira uma comédia romântica e tem um final, digamos (in)feliz para o meu gosto. Que pena!

Jogo entre ladrões (filme)

Gosto muito de Morgan Freeman, mas não gosto do Antonio Banderas, por isso não fui muito satisfeito assistir ao filme Jogo entre ladrões (título original: The Code, 2008 - Direção: Mimi Leder; Roteiro: Ted Humphrey).
Estava achando tudo muito clichê, mas como sei que a minha má vontade devia estar influenciando a minha impaciência com o filme, insisti. Não adiantou: clichê do clichê. Certa altura eu já sabia todo o enredo, tudo o que iria acontecer, todas as reviravoltas (im)possíveis da trama. Até que nos últimos 15 minutos de filme houve surpresas. Não tantas, porque na altura do campeonato, o estádio já estava vazio tal o desânimo com a partida.
Não gostei, não volto e não indico.
Filmes policiais são bons (na minha opinião) se a trama te surpreende: quando o roteiro é inteligente e te pega acreditando numa possibilidade, mas o improvável (sem ser absurdo ou sobrenatural) constrói a teia na trama.
Meu parâmetro é Plano Perfeito, dirigido por Spike Lee, surpreendentemente sensacional!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Susan Boyle - "Sou feia mas estou na moda" (texto)

Quase sempre as pessoas que não estão dentro dos padrões de beleza estabelecidos (em todos os sentidos: idade, cor, peso, altura) são subjugadas. O valor do outro está na sua aparência e, como somos cruéis, usamos do cinismo para delimitar a distância que existe entre nós e o outro.
Susan Boyle é uma escocesa gorda, feia, de 47 anos e ousou participar de um desses programas de talentos da TV que lançam cantores, em geral, jovens, bonitos e talentosos ao redor do mundo.
Ao chegar e dizer que seu sonho era ser como Ellen Page (famosa cantora britânica) recebeu, da plateia e dos "artistas" de plantão, apenas deboche em forma de riso. Mas bastou abrir a boca e soltar a voz em "I Dreamed A Dream" para o público perceber que quem riu por último riu melhor (bem melhor). Deu um show de interpretação e tem uma voz linda.
Nem sempre ser feio é sinônimo de incompetência.
http://www.youtube.com/watch?v=j15caPf1FRk (youtube.com)

Plumas & Paetês (texto)

A começar pelo título, Caras & Bocas bem que podia ser Transas & Caretas. Total falta de imaginação! Se não bastasse, a historia é medíocre. E, como se não fosse suficiente, tem uma mocinha rica (Flávia Alessandra tá muito ruim, mas é bonita - bem melhor quando interpreta uma femme fatale) e um mocinho pobre (que história!) que não sabe que tem uma filha.
O que é preciso para ser autor de novela?!.
Até o chimpanzé-pintor-ator faria melhor. Tenho quase certeza.
Não tenho mais o que escrever sobre a "nova" novela das dezenove horas.
Ah, tenho sim, Íngridi Guimaraes. Por Deus! Tire essa moça da trama! Faça com que um quadro daqueles bem pesados ou uma escultura despenque sobre a sua cabeça e ela desapareça! (É a mesma pesonagem de "Sob nova direção"?!)
Ia publicando o post, mas me lembrei da família da namorada do mocinho pobre. O núcleo cômico da novela. É o que salva o capítulo!

domingo, 19 de abril de 2009

Todo dia era dia de índio (texto)

Andei procurando hoje (19 de abril) nos jornais matérias (fotografias ou ilustrações) sobre o Dia do Índio para ler de que maneira esses meios de comunicação estão pensando/construindo/mostrando a imagem dos primeiros habitantes das terras brasileiras. Encontrei, não para minha surpresa, bem poucos textos sobre o assunto. Fotografias? Apenas duas.
Na Folha de São Paulo, por exemplo, tem um anúncio pago pela Caixa Econômica (na página A9) , ocupando meia página e é uma "Homenagem da Caixa aos seus 500 empregados de origem indígena e a todos os índios do Brasil", fora isso, apenas a coluna do José Simão faz referência ao dia do Índio: "Índio agora não quer mais apito. Índio quer iPod, mochila e tênis! Para fazer a dança da chuva com iPod!"
O anúncio da Caixa tb traz um pequeno texto ("Somos filhos da terra cor de urucum. Dos sons do igarapé e da força do jatobá. Das águas do Araguaia, do Tapajós, do Iguaçu. Somos filhos do sol de Kuaray, da lua de Jaci...") e dois indiozinhos, o maior deles abraça o menor (como se o protegesse). São duas crianças e talvez essa escolha produza um efeito de que a nação indígena não esteja se extinguindo, mas crescendo, inclusive (e talvez, principalmente) com o apoio do Governo Federal.
Os comentários/brincadeiras do José Simão além da frase pronta de que "Índio quer apito", (parafraseada a exaustão e presente no imaginário em torno da cultura indígena, reforçando a ideia de que eles querem música e dança, apenas) escreve tb que "Tem mais índio no Sambódromo que na selva amazônica." É bem verdade, que índio virou, e não é novidade, fantasia de carnaval de tão caricata e exótica a forma como são mostrados.
No Rio de Janeiro ou em São Paulo, são quase lendas.
A Gazeta do Paraná traz, em sua primeira página, uma foto colorida (única em cores) de alguns índios, sendo que um deles usa um celular (como não consegui copiar a tal fotografia, fotografei-a). E a manchete: "Índios: culturas que resistem à realidade dos tempos modernos". Forma tb bastante comum, nos meios de comunicação, dos índios serem representados. Ela pode produzir efeito de que a sua cultura está sendo contaminada pela cultura do "homem-branco" e, por isso, eles estão deixando de ser índio.
Sem falar que essa representação muitas vezes é usada para comprovar que se já não são mais índios, devem ser tratados de outra maneira (principalmente no que diz respeito aos direitos de terras etc.)
Na página 7, sob o título "Comemoração pela 'lembrança' de uma cultura" eles são tratados como vítimas. E mesmo quando a voz do índio surge, (re)produz esse sentido. Em vários momentos da matéria são repetidas as ideias de que "sem ter o que comer e onde morar, índios ficam como 'moradores de rua'".
Nos últimos meses e anos, tenho percebido que as imagens produzem ora que são violentos (e são fotografados com armas em punho) ora vítimas do abandono (e perambulam pelas cidades) ou ainda que estão perdendo para cultura do branco (e usam computadores, celulares etc.).
Na maior parte das vezes são silenciados porque sua cultura primitiva não "merece" a nossa atenção, a dos civilizados. Se falam, falam-se do lugar do discurso oficial para (re)produzir os sentidos "hegemônicos"(desses meios de comunicação) sobre si.

sábado, 18 de abril de 2009

Rotavírus (texto)

Não sei o que é um rotavírus. Não faço ideia da sua forma, sua aparêncie muito menos onde/quando/por que a gente se esbarra com ele e o nosso dia vira essa infelicidade. Desde sexta-feira estou com dores de barriga, febre, tontura (não aquela do dia a dia), náuseas, falta de apetite e um desânimo daqueles. O pior é ter que trabalhar se sentindo mal e à beira de uma crise intestinal (a rima sempre é péssima na prosa, mas não vou apagá-la).
Pensei na possibilidade de não dar aula hoje pela manhã, mas como se os alunos me esperavam e se essas aulas estão contadas? Fui. Encarei a moto e o frio da manhã, encarei tb um multimídia que não funcionava no meu computador, mas como pior não podia ficar, tudo correu (ou melhor, não correu) bem.
Espero mesmo não passar esse feriado de cama: ou da cama para o banheiro porque ninguém merece isso.

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...