sexta-feira, 12 de junho de 2009

E agora? (texto)

O que eu faço com o que sei? O que eu faço com a realidade? Estou de mãos atadas.

Tabacaria* (Poesia)

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Préliminaries (CD)

Comprei hoje o mais novo CD de Iggy Pop. Préliminaries é um álbum solo, lançado em Maio de 2009, é inspirado no livro A possibilidade de uma ilha (La Possibilité d’une ilê), do francês Michel Houellebecq. Todas as músicas tem como base o jazz. Além da influência francesa e jazzística, o álbum também traz a música How insensitive, uma versão em inglês da canção “Insensatez”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Marjane Satrapi, autora da historia em quadrinhos Persépolis, é responsável pela arte da capa e do encarte do álbum.

Jornalista, só com diploma! (Texto - Campanha)

O Sindicado dos Jornalista Profissionais do Paraná e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) promoveram hoje, em Curitiba, dia 10 de junho, campanha em defesa da Obrigatoriedade do Diploma em Jornalismo para o exercício da profissão.
Campanha justa em defesa do direito ao trabalho. Ninguém se consulta com um contador se tem problemas cardíacos, porque a formação em medicina é fundamental para definir quem pode ou não exercer a profissão de médico! Por que qualquer um poderia então exercer a profissão de jornalista?
Diga não ao exercício enganoso! Diga não ao profissional sem habilitação!!!

Sem poupar coração (CD)

CD mais recente de Nana Caymmi, com excelentes faixas (14) e tudo quanto já sabemos dela: voz pesonalizada, repertório impecável, arranjos pra ninguém botar defeito. Em tempos de "Dia dos namorados" um bom presente, visto que todas as faixas cantam o amor. Eu destacaria algumas canções: Senhorinha (Guinga/Paulo César Pinheiro), gravada por diversas cantoras (sempre digo que se não se acrescenta nada a canção nao vejo motivo para cantá-la mais uma vez), mas com um toque bem pesssoal nesta nova versão. Além dela, Esmeraldas (Rosa Passos/Fernando de Oliveira) e Violão (Sueli Costa/Paulo César Pinheiro), letra e música bem casada.
Ah, não dá para deixar de destacar tb Não se esqueça de mim (Roberto Carlos/Erasmo Carlos) gravada pela primeira vez em 1998 no CD Resposta ao Tempo. E agora na carona da novela, incluída neste novo trabalho. Ouça sem parar!!!

Corridinho* (Poesia)

O amor quer abraçar e não pode.

A multidão em volta,

com seus olhos cediços,

põe caco de vidro no muro

para o amor desistir.

O amor usa o correio,

o correio trapaceia,

a carta não chega,

o amor fica sem saber se é ou não é.

O amor pega o cavalo,

desembarca do trem,

chega na porta cansado

de tanto caminhar a pé.

Fala a palavra açucena,

pede água, bebe café,

dorme na sua presença,

chupa bala de hortelã.

Tudo manha, truque, engenho:

é descuidar, o amor te pega,

te come, te molha todo.

Mas água o amor não é.

(Está postado no Blog http://nanferreira.blog.uol.com.br/ e aí gostei tanto que resolvi fazer uma cópia)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Diante da TV (texto)

Assisto quase tudo na Televisão: novelas, filmes, jornais, seriados (que nao deixa de ser uma novela, apenas com um final a cada episódio), programas humorísticos, documentários diversos, desenhos (principalmente Charlie e Lola), programas de entrevistas, enfim, sou viciado naquele aparelho inventado no início do século XX.
Quando digo isto (e digo sempre isso) ouço alguma reclamação e deboche. Do tipo, como pode ver tanta TV, como um professor pode assistir televisão, TV emburrece, embrutece, TV é uma enganação, só veicula bobagem etc etc etc.
Quando a gente diz o que quer, tem que ouvir o que não quer... e como sei bem o que isso significa ... continuo assistindo antes de dormir, sobretudo, a minha programação. O fato de ver TV nunca me impediu por exemplo de ler ou escrever. Escrevo e leio todos os dias. Leio muito, não apenas por conta da profissão, mas porque gosto de leitura. Escrevo quase na mesma proporção em que leio, porque é dessa forma que preparo as aulas.
Além disso, como faço pesquisa sobre o discurso jornalístico, a TV é uma fonte bastante produtiva para o meu trabalho. Sem falar, já falando, que junto com a TV a gente compra tb o controle remoto o que facilita bastante a troca de canais (se estou insatisfeito, basta um toque e pronto...estou num quase outro universo).
É claro que sei que a TV produz muita bobagem. É claro que sei tb que adolescente e crianças passam a maior parte do tempo vendo esse tipo de programação. Sei tb que muitas crianças são (des)educadas diante da TV. Sei de tudo isso e muito mais. Eu poderia citar, pelo menos, uns trinta programas ruins (péssimos, para ser sincero) produzidos pelos canais abertos e fechados ... mas como não estou aqui para falar sobre critério de gosto ... deixo cada um decidir o que deve e pode ver na TV.

Que Fria! (texto)

Não gosto do inverno! Pensando bem, tb não gosto daquele calor insuportável do verão! Mas como estamos em época de frio ... é ele que anda me incomodando ultimamente. Não tem roupa que dê conta do frio que sinto. Não tem edredom que me aqueça durante à noite. E, finalmente, não tem santo que me faça levantar pela manhã com vontade de encarar o tempo que faz lá fora.
Por aqui, em Cascavel, Paraná, a sensação térmica é menor do que o termômetro mostra. Tem um vento que sopra sem parar, tornando todos os lugares mais frios. Hoje, durante o dia, na universidade, meus pés, minhas mãos e meus pensamentos congelaram. A cabeça dói e o bom-humor vai para um lugar mais quente.
Meu apartamento não está preparado para o frio! Fico com pena dele. Às vezes faz mais frio aqui dentro do que lá fora e saio às ruas para me aquecer. Parece que alguma coisa não está no lugar certo. Ou é impressão minha? O chuveiro tb não sabe que durante o frio a água deve cair mais quente e em maior quantidade. Coitado dele! Hoje pela manhã a resistência não resistiu.
A pia do banheiro não tem água quente. A da cozinha tb não. Descobri que o tanque tb não esquenta. O piso da cozinha é gelado, é gelado tb o do banheiro e dos quartos. Até as roupas dentro do armário quentinho estão frias. Quer dizer, não se sabe que no Brasil tb tem inverno, faz frio e que o frio mata e se não mata (porque estou teoricamente abrigado) acaba com o humor de qualquer um. Já ouvi dizer que não vale tanto à pena um grande investimento estrutural para pouco tempo. Em todo caso, passo do final de maio até início de agosto um aperto grande com esse tempo.

sábado, 6 de junho de 2009

Anjos e Demônios (Filme)

O assassinato de um cientista faz com que o simbologista Robert Langdon (Tom Hanks) e a cientista Victoria Vetra (Ayelet Zurer) sejam convocados para desvendar uma conspiração envolvendo o assassinato de cardeais, às vésperas da eleição do novo Papa. Em torno dessa conspiração e dos já conhecidos mistérios envolvendo a Igreja Católica, tb presentes no Código da Vinci, desenvolve-se o filme.
Não há muitas surpresas no que diz respeito às formas como nos são apresentados os religiosos e os meios pelos quais conseguem manter a chama da Igreja acesa, segundo o escritor norte-americano Dan Brown (autor dos livros que viraram filmes). Todos os mistérios já foram desvendados no filme anterior (O Código...). Neste, nos resta, então, aguardar algumas novas histórias, outras maquinações, novos enigmas matematicamente resolvidos de maneira brilhante pelo professor Robert e a sua companheira.
O mote, neste episódio, é a eterna disputa entre Religião e Ciência.
Fora isso, tudo igualzinho: Hollywood e seus efeitos especiais. Eu diria que é um filme de Sessão da Tarde, mas filmes dessa sessão tb podem ser divertidos.

INABILIDADE HUMANA no trato midiático* (texto)

- O retorno da Comunicação do Grotesco -
Dois casos distantes geograficamente guardam em comum a inabilidade e o despreparo para tratar com seres sejam adultos que fogem dos padrões ou crianças prodígio, que não deixam de ser seres em mutação, formação e transformação, como todos nós. A responsabilidade de produtores e apresentadores que levam ao limite a psique de artistas como Susan Boyle e a menina Maísa, de 6 anos, (do SBT) tem de ser questionada e levada mais a sério, e em nivel profissional. No caso de Susan, mesmo que ela tivesse fragilidades, a forma com que a mídia mundial a ela se referiu foi ofensiva e deselegante (foi alcunhada de "feiosa", "solteirona", "desequilibrada" e "vítima de internação em hospital psiquiátrico" - quando tudo o que importava era a sua bela voz), após ter sido injustamente afastada do primeiro lugar em um concurso ("show"?) de calouros, onde jurados se exibem em cima da exposição dos candidatos. mostrando que a relação sádica é o que conta nessas produções para atrair o gosto popular mediano. A menina Maísa, por sua vez, foi chamada de "medrosa" (o apresentador comandava e o público repetia, como marionete, aos gritos e risadas, a palavra diminuidora e humilhante: "medrosa!", medrosa!", o que nos EUA já é identificado como o crime de "bullying"). Foi também chamada de "menina cheia de banca", quando, constrangida, e mesmo tendo dito que "amava" o apresentador, a criança teve suas lágrimas e pavor de um menino maquiado de monstro ignorados e ridicularizados perante o Brasil. Numa segunda apresentação, em vez de ignorar o ocorrido, Silvio Santos tentou tocar de novo no assunto, a despeito dos pedidos educados da menina de que não o fizesse. Ele ignora as lágrimas da pequerrucha (visivelmente abalada e tentando em vão compor-se) e torna a fazer com que ela se sentisse constrangida em seu programa de auditório voltado para o entretenimento humorístico, espetacularizando a dor infantil e transformando em exibição midiática a incapacidade humana de relacionar-se, inclusive a dele: uma nova exibição da Comunicação do Grotesco dos anos 1970, quando Chacrinha fez um popular comer uma barata ao vivo, em troco de um Fusca. Ser-lhe-ia dado um carrinho de plástico!. . Estas produções milionárias deveriam por LEI ter em seu bojo orientação psicológica e psiquiiátrica obrigatória, além de acompanhamento e aconselhamento pedagógico compulsórios, pois seres inocentes poderão sofrer de estresse pós-traumático para o resto de suas vidas devido à má condução que visa o lucro e a audiência crescente a todo custo. Danos incalculáveis decorrem de tais ocorrências, ferindo a sensibilidade interna e externa daqueles que assistem e nada podem fazer, sendo assim disseminadas a impotência popular e a anestesia acrítica. Uma lástima da contemporaneidade.

*Professor Rogério Zola Santiago - jornalista e crítico de mídia pela Universidade de Indiana, USA, 

NUFOPE (texto)

Título estranho esse! Mas pertinente e necessário: I Fórum do Núcleo de Formação Docente e Prática de Ensino (NUFOPE) - da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Ocorreu nos dias 4 e 5 de junho, na cidade de Foz do Iguaçu e contou com a presença, principalmente, dos professores dos cursos de licenciatura afetos à Unversidade.
A programação ficou apertada para esses 2 dias: quase não se teve muito tempo para as discussões nos grupos de trabalho (5 grupos, organizados a partir de afinidades), mas foi produtivo porque ouvimos como os cursos (repetidos, no caso de Letras) estão pensando a formação de professores. A organização dos Estágios pelos professores responsáveis pela disciplina Prática de ensino e o Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada um desses cursos: não ficamos na queixa, mas nas propostas para um novo fórum para ampliar as discussões que apenas se iniciaram nesse encontro.
Acho importante destacar que o Pró-Reitor de Graduação esteve conosco durante todo o encontro. Normalmente a presença dos Pró-Reitores não é muito comum, nunca vai além da abertura desses eventos, por conta tb da grande concentração de atribuições, mas o nosso ficou ali, firme e forte, participando, dando opiniões, contribuindo e, mais importante, ouvindo o que tínhamos para dizer.
É claro que tudo não foi um mar-de-rosas, sempre tem um blábláblá que poderia, ou melhor, que não deveria acontecer, mas controlar tudo é impossível e a experiência desse primeiro encontro pode render boas contribuições na organização dos cursos de Licenciatura (História, Geografia, Ciências Sociais, Filosofia, Letras, Pedagogia, Matemática, Química, Ciências Biológicas, Enfermagem).
Bom saber que a universidade está pensando no ensino!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cadê Patrícia? (texto)

Patrícia Amieiro Franco desapareceu quando voltava para a sua casa na Barra da Tijuca, Rio de janeiro, depois de uma festa. Quase um ano depois do seu desaparecimento, a polícia informou, nesta quinta-feira (4), que oito policiais militares são os principais suspeitos do caso. Vc leu bem? Não!? Então leia outra vez: OITO POLICIAIS MILITARES SÃO OS PRINCIPAIS SUSPEITOS DE ENVOLVIMENTO NO CASO! Isso mesmo!
Provavelmente esses senhores que são pagos para proteger a população mataram e sumiram com o corpo da engenheira.
Segundo os investigadores, os PMs podem responder por homicídio e ocultação de cadáver. Dois deles, que estavam perto do local, disseram que Patrícia teria se acidentado e sumido nas águas do canal. Mas a principal suspeita, ainda de acordo com os investigadores, é que os policiais tenham tentado fazer Patrícia parar, não foram atendidos e atiraram contra o seu veículo, provocando o acidente. Depois, eles teriam pedido apoio a outros colegas do batalhão do Recreio, também na Zona Oeste.
Em abril deste ano, a família de Patrícia lançou um site para divulgar todas as etapas da investigação e mostrar que o caso segue sem solução. Segundo o irmão da engenheira, Adryano Franco, o site (www.cadepatricia.com.br) foi criado para ser mais um instrumento para obter informações sobre o que aconteceu com Patrícia.


terça-feira, 2 de junho de 2009

Você está preparado para ter um cão de estimação? (texto)

Cães são boas companhias, são divertidos, alegres, estão sempre prontos para receber carinho e brincar. Se filhotes são muito graciosos além daquela carinha que dá vontade de beijar muito, mas adotar ou comprar um animal de estimação não pode ser uma decisão que se toma assim sem pensar.
Cães crescem, dão trabalho, custam caro, precisam de atenção e espaço. Por isso, por conta de decisões impensadas, temos uma grande quantidade de animais abandonados todos os dias. De acordo com dados do Instituto de Proteção aos Animais do Brasil (IPAB) 50% dos animais abandonados são de raça, como poodle, cocker spaniel, pastor alemão, rottweiler e fila, que estão entre as que têm maior índice de rejeição.
É muito comum pessoas que, ao enfrentarem algum contratempo com o cão, querem 'devolver' o animal. Os motivos são diversos: muita bagunça em casa, aumento das despesas por causa de rações e cuidados com o animal, doença, velhice, mudança.
Um fator importante a ser levado em conta é custo mensal para um cão de pequeno porte, os mais procurados - em média, de R$ 150, valor que já inclui gastos com ração, banho e tosa. Além do lado financeiro, existe a questão do tempo que a pessoa tem para se dedicar ao animal. Não adianta deixá-lo trancado o dia todo dentro de casa e só brincar com ele à noite. O ideal é que o cão saia pelo menos duas vezes por dia para passear e fazer suas necessidades na rua. Para quem mora em apartamento e tem pouco espaço, as raças mais indicadas são yorkshire, lhasa apso, shitzu, schnauzer e pinscher. Já quem dispõem de um espaço maior pode arriscar a ter cães como golden retriever, labrador e boxer.
Para evitar a atitude extrema de abandonar o cão é simples - embora quase ninguém faça isso na hora de comprar ou adotar um animalzinho de estimação, converse com um veterinário. Conheça os hábitos dos animais e tenha em mente qual tipo de companhia você quer ter em casa.


Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...