quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A arte de fazer uma visita (texto)


Tava aqui pensando com os meus botões sobre A Arte de fazer uma visita, ou sobre, se houvesse, O manual do visitante. Como seria uma visita ideal? Como se deve se comportar quando se é uma visita? São tantas perguntas sem respostas. Vou tentar descrever como seria o meu visitante ideal.
Lição nº 1: saber se pode ser recebido é essencial. Ninguém deve ir à casa de ninguém sem saber se o anfitrião pode te receber. Isso é básico. Não dá para chegar à casa de um amigo (para ficar) sem ser anunciado;
Lição nº 2: visita tem que ter prazo de validade. Há de se deixar claro o dia de ir embora, justamente porque a Lição nº 2 diz respeito à Lição nº 1 (você não pode chegar para um fim de semana e ficar 15 dias sem avisar ou avisar que vai ficar 15 dias apenas quando chegar para a visita);
Lição nº 3: lembre-se sempre de que, por mais à vontade que você possa se sentir, você está na casa de outra pessoa. Isso é fundamental porque diz respeito a todas as demais Lições;
Lição nº 4: você deve ser uma pessoa ATENTA, ou seja, deve perceber o modo de vida do seu anfitrião. O que ele gosta e, principalmente, o que ele NÃO gosta;
Lição nº 5: os horários são fundamentais, sobretudo se você chega e se instala na casa de alguém. Não dá para tomar café da manhã quando o dono da casa está almoçando ou chegar para dormir quando o dono da casa está acordando (é claro que essa lição, ou qualquer outra, pode ser negociada. Só não dá para não haver negociação, ou seja, partir de um pressuposto. Não existem pressupostos quando se é visita. Os pressupostos são de quem te recebe), mas é educado não alterar a rotina da casa;
Lição nº 6: se você tem hábitos de se levantar muito cedo e o seu anfitrião não. Você pode se levantar (é claro), MAS NUNCA produzir ruídos que possam incomodar quem te recebe (atender telefone, falar alto, colocar música, bater na porta etc.). Pense que O SONO É SAGRADO (e se alguém está dormindo é porque está descansando);
Lição nº 7: ainda que o seu anfitrião seja uma pessoa desorganizada, você não deve/pode agir da mesma maneira. Você, como visita, deve manter a ordem, ainda que ela pareça não existir. Se o seu anfitrião é organizado (mais do que você gostaria ou é), vale sempre a Lição nº 4, ou seja, NÃO É VOCÊ QUEM DETERMINA, mas quem te recebe. Ser ATENTO é saber observar o funcionamento do seu anfitrião e da casa que te acolhe;
Lição nº 8: perguntar excessivamente se pode fazer isso ou aquilo também pode ser desagradável. Por isso, vale sempre a Lição nº 4;
Lição nº 9: não insista;
Lição nº 10: ficar tempo demais ao telefone também não dá; convidar outras pessoas para te acompanhar quando da visita também não (a não ser que o seu anfitrião lhe dê o seu consentimento. Não dá para perder de vista à Lição que diz respeito aos pressupostos);
Lição nº 11: chegar bêbado, drogado, andar pelado pela casa, tudo isso é desnecessário e desaconselhável, mesmo e ainda que você se sinta em casa;
Lição nº 12: ser invisível na medida certa, nem mais, nem menos.
Como eu escrevi, tudo pode ser negociado. E tb como eu escrevi SÓ NÃO DÁ PARA SIMPLESMENTE ACHAR QUE PODE TUDO.

Frases do dia

"Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca."
Darcy Ribeiro

"Quando já não me indignar, terei começado a envelhecer."
André Gide 
"A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las."
Aurélio Agostinho 
"Quando eu perder a capacidade de indignar-me ante a hipocrisia e as injustiças deste mundo, enterre-me: por certo que já estou morto."
"[...] em cada gesto a gente tem que mostrar aquilo que a gente pensa, a nossa indignação da maneira que for. Mas que ela seja bem vinda, senão ela se torna o mérito e o monstro."
Fernando Anitelli 
"Aprendeis vós a distinguir os sorrisos, pois muitos deles são motivados pela tristeza e indignação causadas aos nossos semelhantes."
Joel Alves Bezerra 
"O sonho é legítimo... Mas o sono pesado de nossa indignação atrai o caos. Precisamos acordar para o fato de que as mudanças sociais começam dentro de nós."
 
"O que realmente levanta uma indignação contra o sofrimento não é sofrimento intrinsecamente, mas a falta de sentido do sofrimento."
Frederich Nietzsche 
"Qualquer que seja o sofrimento, que vire tristeza e indignação; que virá então a bondade e vontade de vencer, pra tudo virar união e celebração."
Emerson Vahldick 
"Cada indignação, uma reação: construtiva ou destruitiva, você escolhe."
Lialopes 
"Muitas vezes minha inspiração anda de mãos dadas com minha indignação."

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Rosa Passos e Maíra Freitas (CD)

Dizem que ano novo, vida nova. Ainda que eu não acredite nessa premissa, acredito sim que ano novo e música nova combinem demais. Por isso, vai a dica de dois bons CDs que comprei aqui no Rio. O primeiro, é uma homenagem de Rosa Passos à Divina Elizeth Cardoso: É luxo só. Se homenagem, é porque Rosa Passos percorre os caminhos musicais trilhados por Elizeth Cardoso e, como esta gravou de tudo um pouco, o CD tem Ari Barroso e Luis Peixoto, que dá nome à homenagem (É luxo só), Noel Rosa O último desejo (maravilhosa) e Três apitos; Cartola As rosas não falam e Acontece; Zé Ketti, Diz que fui por aí. Entre tantas outras boas músicas do nosso repertório de grandes letristas/poetas. Vale mesmo à pena ouvir sem parar.
O outro CD, é da filha de Martinho da Vila, Maíra Freitas. Ela toca piano clássico, mas o repertório do CD é popular com um piano bastante sofisticado: aí tem, é claro, Martinho com Disritmia, Paulinho da Viola com Só o tempo; Joyce Moreno, com um clássico, Monsieur Binot (que eu adoro). Dentre tantas outras. Voz rascante e suingada. CD bom para quem gosta de dançar juntinho ou soltinho. Bom demais!!!

Da Série Contos Mínimos

Eles sabiam que esquecer  é um exercício necessário e perigoso. É fundamental esquecer, mas não se pode esquecer do que foi esquecido. Há, assim, o risco de, ao não lembrar, acontecer outra vez.

domingo, 1 de janeiro de 2012

2012: O ano do Dragão

Em 2012, que é o Ano do Dragão, o Ano Novo Chinês se inicia em 23 de janeiro e termina no dia 09 de fevereiro de 2013. Segundo os chineses, em um ano do Dragão o Céu e a Terra estão em equilíbrio e, por isso, o sucesso é possível de ser alcançado, se houver determinação, ousadia e empenho.
O espírito indomável do Dragão tornará tudo maior. Teremos energia adicional e combustível para fazer de 2012 um ano marcante.
Outro aspecto positivo deste ano é que será bom para negócios e dinheiro, que poderá ser gerado ou obtido facilmente. É o momento de pedir ao gerente um empréstimo ou pedir para o chefe um aumento. Mas com os grandes gastos, aqueles que ultrapassam os limites do razoável. O poderoso Dragão não é muito prudente. Com ele é tudo ou nada.
Os orientais consideram que este é um ano auspicioso, bom para casar, ter filhos ou começar um negócio novo, porque o Dragão benevolente traz a boa fortuna e a felicidade.
Entretanto, este é também um momento de moderar o nosso entusiasmo e de olhar duas vezes antes de dar um salto maior que as pernas. O afortunado Dragão rega com a sua sorte indiscriminadamente tudo, inclusive nossos erros. O sucesso e as falhas serão ampliados da mesma maneira.
No ano do Dragão, os desastres serão tão grandiosos quanto as fortunas. Este será um ano marcado por muitas surpresas e atos violentos da natureza. Temperamentos e ânimos se aquecem. As pessoas ficam mais sujeitas às ofensas, brigas e discussões. As paixões são mais difíceis de serem controladas. A atmosfera elétrica criada pelo poderoso Dragão afetará de forma individual e coletivamente todos nós e também a natureza.


PREVISÕES PARA OS DO SIGNO
Um ano muito auspicioso para os nativos de Dragão que deverão manter-se centrados para aproveitar as boas oportunidades e não dispersar as suas energias. Este será um ano de destaque, reconhecimento e de muitos progressos. Nos relacionamentos afetivos, o carismático Dragão estará atraindo novos amores, mas ele estará em busca de estabilidade e tranquilidade. Na saúde, recarregue as suas energias fazendo exercícios junto à natureza.

1º de Janeiro

Seriam 70 se não fossem três. Mas não vou mais lamentar, pelo menos não aqui, a morte da minha mãe. Hoje seria o dia de seu aniversário. Ah, como ela reclamava de completar anos no primeiro de janeiro, dizia todo ano que quando era criança os adultos se esqueciam porque estavam mais preocupados com a comemoração do ano novo, além, é claro, do presente que era sempre, por conta da proximidade com o natal, apenas um. 
Dá uma saudade imensa sempre. A vontade de falar é constante. Sabe aquelas ligações despretenciosas que a gente dá para a mãe para não falar nada, apenas para dizer que tá com saudades, que lembrou de alguma coisa? Pois é, sinto muito não poder fazer isso.
Mas inda bem que existem os sonhos e podemos, nele, reexperimentar, abraços, cheiros, carinhos, beijos. Hoje sonhei com ela. 

sábado, 31 de dezembro de 2011

E vc, o que faria?

Como sonhar não custa quase nada, fiquei pensando o que eu faria caso ganhasse os 170 milhões na Mega-Sena da Virada, Primeiro, eu iria me inteirar sobre o que realmente significa ganhar 170 milhões. Depois, saber quantos campos de futebol eu poderia comprar com essa quantia: aqui é o país do futebol e todas as medidas são a partir da metragem de onde se joga bola (foram mais de 30 campos de futebol desmatados, área corresponde a 60 campos de futebol etc., só para se ter uma ideia do quanto somos bombardeados com essas proporções.). Em seguida, eu ia enlouquecer por uns 3 dias só de pensar que não teria mais nenhuma preocupação (pelo menos pelos próximos 5 anos) com grana, na verdade com falta de grana.
Aí, casava e me mudava. Comprava uma peruca (cabelo natural). Nunca mais seria careca, pelo menos não em público. Ah, comprava tb uns dois carros (não aguento mais tanta chuva e frio quando de moto). Não me perguntem o porquê de dois carros, nem eu sei o sentido disso, mas com tanto dinheiro, tudo que fosse 3 ainda seria pouco.
Comprava, comprava, comprava até cansar e quando estivesse bem cansado de comprar, comprava mais um pouco. Acho que com dinheiro para tantos campos de futebol, dava para comprar ainda mais. Muito dinheiro deve servir para isso, né não: viajar, comprar, comprar enquanto se viaja, comprar viagens, viajar comprando.
Pronto, já decidi o que faria no primeiro mês depois de ficar rico. E vc, o que faria?

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Retrospectiva Do Avesso/2011


Definitivamente, 2011 não foi um ano fácil, mas não estou aqui para falar da minha vida particular, ainda que eu não tenha como separá-la completamente do que escrevo aqui no blog. Mas a proposta é falar, exclusivamente, dele. Vou tentar.
Escrevi muito e não me dei conta do tanto de linhas que imprimi aqui nesta tela, foram mais de 3750 linhas, dava, quase para uma tese de doutorado, meio chinfrim, não posso negar, mas uma tese, de qualquer maneira.
Algumas vezes faltaram ideias para escrever, bem verdade, mas no geral, elas apareceram inspiradas, sobretudo, pelo site da Globo (G1), pelas revistas Época, Junior, Trip, Superinteressante, pelos jornais Folha de São Paulo, O Globo, Estadão, pela TVs aberta ou fechada, pelas viagens que fiz, pelos assuntos que ouvi na rua, pelas conversas com amigos ou pelas experiências no trabalho (em relação a este, dava um blog inteirinho apenas sobre esses dias e eu ainda por cima me desentupiria), por textos a mim enviados sem, necessariamente, ter alguma relação com o blog, mas que acabaram ilustrando alguma reflexão.
Procurei escrever sobre tudo, gosto desse exercício de pensar nos assuntos que me encontram, sejam eles quais forem: futebol, cidades, violência, livros, comida, amizade, sexualidade, enfim. Se música, então, aí é um prato cheio.
Foram mais ou menos 250 pequenos textos e imagens. Foram mais de 10 viagens que me ajudaram com inspirações diversas. Fiquei fora do ar, por conta de Pequim, mas fui salvo pelo Alexandre que recebia meus textos e os publicava (dá para perceber pela disposição das fotos publicadas por ele que não eram as mesmas usadas por mim, mas elas ficam assim até para evidenciar aquele momento censura).
Foi muito bom, em muitos momentos, ter, este ano, o blog para poder escrever. Escrever é uma maneira que encontrei de, além de me expressar e estar em contato com o mundo (muitas vezes inalcançável geograficamente), extravasar as minhas angústias, frustrações, irritações, alegrias, felicidades, surpresas, encontros, despedidas. Pude, através dos textos, compartilhar lugares que vi, pessoas que conheci, sons que ouvi, amizades que reafirmei. Através do blog viajei por muitos lugares, ri, chorei. Quase uma análise.
Nunca parei por aqui sem a vontade de escrever. Bem ao contrário, sempre parti do prazer do texto. Quando não havia vontade, simplesmente não escrevia. Obrigação não combina com a escrita, digo, com essa escrita que aqui produzo.
Obrigado a todos que por aqui passaram e deixaram (ou não) algum comentário. Eu também escrevo para ser lido, mas não para que concordem comigo, ao contrário, gosto (também) quando há discordância porque assim posso pensar o por outro lado. Obrigado a todos. Um 2012 cheinho de vida, seja lá o que isso possa significar pra cada um de nós.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Nunca é o que parece ser (imagem)


Mais cedo ou mais tarde (texto)


 O caso do jogador Adriano tem sido o tema de muitos programas das tardes aqui no Rio (de Janeiro). E sobre ele, tenho ouvido diversas declarações. A que mais tem repercutido é o fato do jogador ter sido pobre, ganhar (muito) dinheiro jogando bola e consequentemente não saber administrar o que ganha (e a sua popularidade), como se isso fosse uma equação, uma causalidade.
Ouvi do ex-jogador Gerson que ganhar muito dinheiro assim tão rápido faz com que esses “meninos” percam a noção de quem devem ser (o do que são). Lembram desse mesmo comentário em relação ao Neymar quando num acesso “único” de raiva disse alguns palavrões para o seu técnico? Pois é, pobre Neymar. Quem mandou nascer assim? Pobre não serve nem para ganhar dinheiro. Acho que a solução seria não pagar nada a esses meninos até que completassem 30 anos, aí, já quase aposentados poderiam, quem sabe, ter juízo.
Não tenho ouvido a mesma equação quando se tratam de “meninos” da classe média. Aí a história passa ser outra: são os pais que não souberam dar limites. Tinham tudo com facilidade e, por isso, não conseguiam dar conta de suas responsabilidades (de quem poderiam ser/de quem eram).
Assim fica complicado entender o que acontece: se não sabem o que fazem porque foram pobres e deixaram de ser ou se nunca foram pobres e mesmo assim não sabem o que fazem.
Por que será que temos que explicar todos os casos de maneira padronizada? Por que é que cada caso não é um caso? Tem tanto jogador, inclusive é a maioria, que foi pobre e de repente ganha rios de dinheiro e não se envolve em escândalos de quaisquer naturezas.
Acho que a relação feita entre a pobreza e a falta de discernimento ou a incapacidade e a irresponsabilidade etc. é tão preconceituosa que esbarra no senso comum, no mais comum dos sensos.
Ou seja, a relação sempre é a de classe. Não se tem pra onde ir. Mobilidade alguma. Se é pobre e ganha dinheiro não vai saber lidar com isso e vai, necessariamente, meter, mais cedo ou mais tarde, as mãos pelos pés.

É como invadir uma caverna (texto)


Eu escrevo para me sentir vivo. É impressionante a sensação de prazer que me toma ao escrever, seja o que for. Gosto de ver as palavras se juntando num sentido, numa direção própria e traduzindo, dentro do seu possível, uma emoção qualquer. Às vezes fico atônito diante de suas combinações, diante dos lapsos que produzo, do silêncio que existe ali, do tanto que não disse, do dito, do que nem foi pensado mas que se faz presente. Escrever é invadir uma caverna sem luz, há riscos e impressões táteis que nos vão tomando, tocando. Esbarramos nas rochas, afundamos os pés: duro, mole, macio, frio, quente. Escrever é se descobrir.

Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo

Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um...