segunda-feira, 19 de março de 2012

Precisa mesmo cursar jornalismo pra isso? (texto)


Definitivamente, não me interessa a vida de “famosos”. Não quero saber com quem se casaram, aonde foram, se foram, com quem almoçaram ou jantaram, se fizeram um passeio pelas ruas do Leblon, se compraram uma casa nova, se estão grávidas, se trocaram de namorado, se traíram o ex e muito menos se pousaram na revista X ou Y. Nada mais sem graça, ao meu ver, do que acompanhar as  celebridades de plantão.
Não quero saber o que eles pensam da fome no mundo, não quero saber o que acham da situação da mulher mundo afora, não me importo como apareceram na entrega do prêmio (até porque sempre aparecem da mesma maneira: o microvestido mostrando mais do que devia - precisa se formar em jornalismo para isso?). Nada, absolutamente nada do que fazem ou pensam diz respeito a mim (se é que eles pensam ou fazem alguma coisa que realmente importaria).
Não tem nada mais brochante do que abrir a página do provedor do meu endereço eletrônico e me deparar com a última da ex-BBB: saber como ele se vestiu para almoçar naquela churrascaria badalada do Rio de Janeiro (normalmente aquela que fica na Barra da Tijuca) ou ver a foto do galã de malhação que foi lanchar com os amigos e pediu mais queijo branco no seu sanduíche.
Meu deus, quanta mediocridade!!!! Não é possível que as pessoas se interessem por essas porcarias. E se se interessam, não seria a hora da mídia não estimular tamanha besteira?! Será que vende mais porque é crocante ou é crocante porque vende mais?

Dilma e o bloco dos sujos (Texto - Ruth de Aquino)


RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)

Chantagear a presidente e impedir votações importantes não ajuda nem o Senado nem o país

Algo me diz que, se Renan Calheiros, Romero Jucá e Blairo Maggi estão possessos com Dilma, a presidente está certa. Não reconheço em nenhum dos três senadores acima condições morais para exigir cargos de liderança ou ministérios.
Se os parlamentares, em vez de se esconder em Brasília, quisessem escutar a voz do povo, que paga seus salários e privilégios absurdos em troca de nada, saberiam que Dilma está bem melhor no filme do que eles. Chantagear a presidente e impedir votações importantes no Congresso não ajuda os senadores. A base real, o eleitorado, enxerga o Congresso como venal e fisiologista, atuando em benefício próprio e contra o interesse público.
Vou me abster de enfileirar aqui escândalos de que Calheiros, Jucá e Maggi foram acusados, que envolvem superfaturamento, desvio de dinheiro, abuso de poder, fraudes, compra de votos, uso de laranjas e doleiros. Uma página não seria suficiente. Mas estão todos aí, vivinhos da silva, pintados de guerra e bravatas, graças ao toma lá dá cá tropicalista.
Estão aí também porque, à maneira do ex-presidente Lula, são camaleões, mudam convicções e ideias – se é que as têm – ao sabor de quem manda. Pode ser PT, PMDB, PSDB, não importa. Jucá foi presidente da Funai no governo Sarney em 1986. Aprendeu a se fazer cacique e atravessou governos incólume.
O que importa para os políticos “com traquejo” é manter a boquinha. E se tornar eterno. O presidente vitalício do Senado, José Sarney, uma vez mandou carta a esta coluna reclamando do adjetivo “vitalício”. Achou injusto.
O que importa para o Senado é aumentar de 25 para 55 o número de cargos comissionados por parlamentar. O gasto anual subiu 157%, de R$ 7,4 milhões para R$ 19 milhões, se contarmos apenas o vale-refeição. Os “comissionados” são servidores contratados com nosso dinheiro, sem concurso público, pelos senadores. O guia do parlamentar diz que cada gabinete pode contratar 12 servidores. A Fundação Getulio Vargas, em estudo de 2009, definia como teto 25 funcionários de confiança por senador. Por causa de uma “brecha” (chamo isso de outra coisa), esses 25 se tornaram 55. Quantos fantasmas, alguém arrisca uma estimativa dos que nem aparecem para trabalhar? Muitos senadores liberaram seus fantasmas da exigência de ponto. São coerentes nisso. Como exigir ponto de invisíveis?
O campeão dos comissionados é Ivo Cassol, do PP de Rondônia, que contratou 67. Repetindo: Rondônia. Mas nosso inesquecível Fernando Collor, do PTB de Alagoas, não faz feio no ranking: tem 54 pajens. Collor “aconselhou” Dilma a não peitar o Congresso, porque ele teria sofrido impeachment por ser impetuoso demais. Falta memória ou desconfiômetro? É por essas e outras que os programas de humor na televisão têm reforçado suas equipes no Congresso. A OAB diz que os fantasmas são imorais – até o Facebook está pensando em censurá-los. Estão pelados, pelados, nus com a mão no bolso.
E daí? Alguém vai fazer algo ou a pauta do Congresso, fora da “zona de conforto”, é a queda de braço com Dilma e o boicote a temas reais?
Que injustiça, não vamos generalizar. Existe um tema real, candente, tão importante que une todos os partidos. Da base aliada, da base oposicionista, da base mascarada. Não é o Código Florestal. Dezoito partidos pediram ao Tribunal Superior Eleitoral que libere os candidatos com “conta suja”. Políticos com gastos de campanha reprovados deveriam disputar eleição, como sempre foi. Por que mudar a regra?
Dá para entender o rebuliço. Só em três Estados, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, as contas de 1.756 políticos foram reprovadas, e eles não poderiam concorrer. No país inteiro, é um blocão de sujos, e cada vez aumenta mais. Resista, TSE.
Dilma enfrentou das viúvas do Lula nos últimos dias uma saraivada de críticas a seu estilo. Foi comparada ao lutador Anderson Silva, do vale-tudo. Cientistas políticos dizem que ela mexeu numa casa de marimbondos. Devem ter se referido aos marimbondos de fogo. É ruim isso? Ela não teria traquejo, nem gosto para a política, uma presidente isolada, sem amigos. Que amigos? Os que compõem dinastias, oligarquias e são donos de capitanias hereditárias? Quando Lula distribuía afagos e benesses, era acusado de lotear o Estado. Agora, Dilma é acusada de intempestiva, virulenta e de colocar um turrão e um durão no Senado e na Câmara.
A frase da semana é do presidente do PR e ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, deposto por suspeitas de irregularidades em julho do ano passado. Ele saiu em defesa da bancada vira-casaca do PR. Ameaçou o governo: “Acabou, chega! Ninguém aqui é moleque”. É. Pode ser. Afinal, os senadores se tratam por Vossa Excelência. Os moleques devemos ser nós, os 190 milhões que vêm sendo tratados como trouxas. 

Duscha (texto)

Filhotes são sempre divertidos, sejam eles elefantes, cachorros, macacos. Ontem, à noite, chegou Duscha, uma gatinha siamesa de 45 dias. Meio ressabiada, queria apenas ficar escondida. Bastava eu me aproximar para ela entrar na estante, embaixo da escrivaninha, atrás do sofá.
Mesmo assim a sua curiosidade não a deixava quieta. Ela entrou e saiu de todos os lugares possíveis para um gato, eu me distraía com a leitura de uma trabalho e lá estava ela pulando algum obstáculo, subindo ou descendo de uma cadeira, brincando com uma bolinha improvisada.
Difícil mesmo foi levantar às 2h45 para dar atenção à nova moradora. Eu estava dormindo quando os miados me acordaram. Fiquei com pena da recém-chegada estar assustada e até às 4h15 estive subordinado a ela. Como uma criança, Duscha não sossegou um instante, me mordeu, arranhou o sofá, cheirou e lambeu tudo. Me fez rir muito com os saltos e cambalhotas enquanto brincava com a bolinha de papel.
Dormia apenas no meu colo, mas se eu a colocava na sua almofada, ela despertava e queria brincar outra vez. Eu podre de sono. Finalmente ela dormiu ao meu lado. Aproveitei a deixa, apaguei a luz e fui para o meu quarto com medo que ela acordasse novamente (e a novela recomeçasse). Dormiu o resto da noite e um pouquinho da manhã, acordou apenas comigo.
Tomara que ela se adapte logo à nova casa, eu já me sinto dono de uma gata.

sábado, 17 de março de 2012

Pra que serve uma relação? (Texto ) - Drauzio Varela

Uma relação tem que servir para tornar a vida dos dois mais fácil.
Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto é bom, e merece ser desenvolvido.  
Algumas pessoas mantém relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à frustração. Uma armadilha.
Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo, enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio, sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada uma pessoa bonita a seu modo.
Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro, quando o cobertor cair.  
Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

Obs.: Olha, tenho a sorte de ter uma relação assim.

Meus, nossos, anos 80 (texto)

Ando com saudades de quase tudo e de quase todos. Hoje, à noite, fiquei por aqui ouvindo músicas dos anos 80 e me lembrando de amigos e situações que vivi faz tempo.
Não é um saudosismo que me deixe triste, mas não posso negar que haja uma doce melancolia em torno dessas lembranças (meio repetitivo: saudosimo, melancolia, lembranças).
Os anos 80 foram, pra mim, anos alegres, de uma forma geral. Não era fácil, por um lado, me descobrir, mas quando não estava muito preocupado com isso, eu me divertia muito com grandes amigos: Vera, Robson, Cátia, Maga, MônicaNika, Nanci e tantos outros.
Os finais de semana no KuKunKa quando a gente se divertia muito. Às vezes a pista vazia e a gente cheio de energia esperando aquela música tocar: The Cure, The Smith, um pouco antes, Santa Esmeralda. Como era divertido!
Um pouco depois, no Loma´s, Orlando me deixava vezinquando nas pickups. Claro que enquanto a boate não estava bombando. De qualquer forma, as noites de sexta e sábado eram boas na Praia da Brisa: Roberto, Sandro, Marquinhos, Dórian, Sebastian, Rafael, Cristina e outros dos quais me lembro apenas dos rostos e das risadas.
Estudávamos durante a semana, mas ir à escola não era um sacrifício. Bem ao contrário, por lá, tb nos divertíamos, ou melhor, nos divertíamos muito por lá: Rômulo, Zequinha, Márcia, Bárbara, Simão, Glauco, Pitão, Gerson, Suzana, Chiquinho, Gorete, Irene, Rosana, Aparecida, Beto, Stanley, Adriano, Luiz e muito mais. E tantos amigos...
Não posso me esquecer, não devo, porque todos eles "abrem-se em meus sorrisos, mesmo quando, eu, deslembrado deles, estiver sorrindo a outras coisas". Salve, Quintana!!!
 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Jovem inglesa fala sobre experiência de mudança de sexo do pai (texto)



Tash e John são muito mais felizes agora



Tash Ozimek tinha 16 anos quando o pai a chamou para conversar e perguntou qual seria a coisa mais vergonhosa que ele poderia fazer com ela. Depois de pensar por alguns minutos, a adolescente respondeu que ficaria com muita vergonha se ele se vestisse de mulher na frente dos amigos dela. A resposta foi seguida de algum tempo de silêncio, até que o pai disse que era exatamente o que ele pretendia fazer.
John Ozimek, de 54 anos, contou para a filha que sempre se sentiu uma mulher, que estava muito infeliz como homem e pretendia mudar de sexo. Tash caiu em lágrimas e continuou a chorar por alguns dias.
- Meu pai queria conversar comigo sobre o assunto, mas eu não queria falar sobre isso. É a última coisa que você espera ouvir do seu pai - relembrou a jovem, agora com 18 anos.
Segundo Tash, que vive na cidade de Suffolk, na Inglaterra, o pai tinha o jeito bem masculino e ela nem desconfiava dos sentimentos dele. John, consultor de tecnologia graduado na conceituada Universidade de Oxford, costumava vestir calça jeans e não se importava muito com a aparência. Às vezes até paquerava as amigas da filha.
A conversa entre os dois aconteceu há dois anos. Em julho do ano passado, John se submeteu a uma cirurgia de mudança de sexo e passou a viver como Jane Fae. E confessa que estava aterrorizado com a reação que a filha poderia ter.

Antes, como John, e agora vivendo como Jane
(Antes, como John, e agora vivendo como Jane Foto: Reprodução / Mail Online)

- Eu acho que toda pessoa envolvida com alguém em processo de transição de gêneros tem uma sensação de perda. Eu me sinto responsável pela minha decisão, tanto pelo lado bom quanto pelo mau. Isso me incomoda, mas ter permanecido homem seria ainda pior para mim - contou a agora Jane.
Antes de tomar a decisão, John vivia com Tash, a mulher Andrea Fletcher, o filho deles de sete anos e a filha dela, de 18 anos. Agora, vivendo como Jane, a relação com Andrea está “progredindo”. Mas os filhos enfrentam os maiores desafios.
- Eu ainda o chamo de pai, porque a palavra representa um papel para nós, e não um gênero. Jane não é minha mãe e eu não vou inventar uma nova palavra só porque perdi meu pai - explica ela em entrevista ao jornal “Daily Mail”.
O mesmo não acontece com Ralfe, que no ano passado comprou um cartão de Dia das Mães para Jane.
- Nós dissemos para ele que alguns pais gostam de vestir saias e que o nosso pai gostaria de ser uma grande dama. E desde então Ralf chama papai de Jane - disse Tash.
Apesar das difíceis mudanças, a jovem diz que não gostaria de ter John de volta como antigamente.
- Agora eu não consigo imaginar o meu pai de outro jeito. Quando você vê alguém que ama tanto feliz, realmente não importa o que ele está fazendo para conseguir tanta felicidade - concluiu Tash.

Quem procura acha (texto)

Mensagens de celular, redes sociais, bolsos, carteiras, emails, todos esses "lugares" deveriam ser proibidos para quem está em um relacionamento, digamos, "sério". 
Eles deviam ter um aviso, uma mensagem de alerta que nos desencorajassem de prosseguir, porque a gente tem 100% de chance de encontrar aquela pulga e aquela orelha.
Eu evito passar por perto ainda que às vezes a minha curiosidade fale mais alto. Não quero saber quantos foram adicionados recentemente, quem são esses novo amiguinhos, quem enviou aquela mensagem ou quem mandou o sms tão engraçado.
Não quero saber nada sobre os emails, bolsos e carteiras não existem pra mim, porque não quero dar chance ao Deus da Curiosidade. Sei de histórias seríssimas que surgiram de uma olhadinha despretensiosa no Facebook e no Orkut. Não, tô fora e não volto pro jantar.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Na minha época (vídeo e texto)

Sempre fui um aluno agitado, ou seja, gostava de conversar, estava sempre metido em diversas atividades promovidas pela escola. Participava do teatro, dos centros acadêmicos, das comissões para organização de festas, das festas, normalmente era o representante de turma e por aí vai...pulava o muro da minha escola para lanchar em uma escola pública que fornecia lanche para os alunos, procurava no lixo da escola as matrizes usadas para a reprodução das provas etc. Mas NUN-CA, em hipótese alguma desrespeitei algum funcionário da escola ou professor.
Em casa, jamais chegou advertência por malcriação, brigas ou qualquer coisa desse nível. 
O professor podia qualquer coisa em sala de aula, incluive chamar a nossa atenção por não ter feito algum exercício quando devia, por não estar prestando atenção à explicação, por não saber uma resposta, e mesmo assim não havia nenhuma resistência ao que o professor dizia.
Hoje, no G1, me deparei com um vídeo de uma aluna que bateu duas vezes no rosto da professora, em sala de aula, porque esta retirou de sua mão um bilhete que aquela passava para uma amiga (ou alguma coisa desse tipo).
Não apenas fiquei como ainda estou indignado com a atitude da aluna, mas sei, com alguma precisão, entender o por quê dessa atitude violenta contra o professor. Em primeiro lugar, a desvalorização pela qual passa o magistério, ou seja, o professor não tem valor algum para o Estado e muito menos para pais e alunos. Depois, a qualidade da educação que se dá aos filhos em casa: um tapa no rosto de alguém, um empurrão, um chute, uma cuspida etc. virou lugar comum. Todo mundo pode qualquer coisa e não há mais aquele sentido de hierarquia, em termos de respeitar autoridades. E ainda, a figura do professor foi banalizada de tal forma que não se vê ali alguém a que se deva respeitar (até porque autoridades não existem mais quando se trata de adolescentes, em termos gerais).
Li, dia desses, uma frase que vem me incomodando ultimamente: Todo mundo pensa em deixar um planeta melhor para nossos filhos.Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?  


domingo, 11 de março de 2012

Ato falho de Serra reflete a mentalidade tucana (Maurício Calero)

Em um samba composto em parceria com Maurício Tapajós, o grande letrista Aldir Blanc contrapõe o Brasil – território lúdico-mítico de “Sertões, Guimarães, bachianas” e de “Jobim, sabiá, bem-te-vi” - ao Brazil – projeção ditatorial de um país subalterno e ignorante, condenado a imitar os modismos, a estética e o consumismo norte-americanos. Gravada magnificamente por Elis Regina, “Querelas do Brasil” tornou-se, se não um sucesso, um objeto de culto nacional.
Que me perdoe Aldir (cujas crônicas boêmias e malandras eu cultuo como a objetos de arte feitos do mais genuíno humor), mas a lembrança da música foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao ver José Serra chamando o país que sonhou um dia governar de Estados Unidos do Brasil.
Para além do aspecto cômico da fala e do que revela de desconhecimento histórico básico, trata-se de uma troca de palavras significativa, que explicita – como o clássico ato falho freudiano que é - a visão de mundo do político peessedebista e evoca a dinâmica da relação entre o nacional e o internacional em um passado não muito distante.
Nunca fomos tão vira-latas
Refiro-me, é claro, aos oito anos em que Fernando Henrique Cardoso esteve no poder, um período durante o qual o deslumbre com o que fosse estrangeiro atingiu um tal nível de transbordamento que só pode ser equiparado à vergonha de ser brasileiro exibida pelo tucanato e por seus eternos apoiadores na mídia – e por estes bombardeada noite e dia à população.
Não que a baixa auto-estima nacional fosse uma novidade trazida pelo tucanato. Nelson Rodrigues, antes da Copa de 1958, afirmava que o “complexo de vira-latas” - por ele definido como "a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo" - era o principal adversário do "escrete canarinho". Mais importante: toda uma reflexão sobre o país, dominante por quase duas décadas a partir de fins dos anos 50 - e que seria tematizada de forma recorrente pela produção cultural do período - identificava no atraso estrutural da nação e em sua condição de subdesenvolvimento a chave para compreender seus problemas e superá-los.
Razões de fundo
A novidade trazida por Collor e aprofundada pelos tucanos foi que o complexo de inferioridade do brasileiro deixou de se apresentar apenas como um sintoma (a ser, portanto, mitigado à medida que a defasagem estrutural fosse sendo superada) para se tornar objeto de culto, a ser estimulado e agravado - tarefa da qual se incumbiram com deleite jornais, revistas e programas televisivos (cujo exemplo acabado é o anacrônico Méanrratan Conéquichion). 
Em uma época em que globalização e neoliberalismo ainda eram largamente compreendidos como termos obrigatoriamente indissociáveis - como se pode aferir pela leitura de alguns dos principais textos teóricos da primeira metade dos anos 90 -, tal operação se deu, sobretudo, devido a um imperativo ditado pelo receituário do Consenso de Washington, adotado como princípio orientador das políticas de Estado: a necessidade de predispor ideologicamente o público a se convencer,  primeiro, de estarmos condenados a ser uma nação atrasada e subalterna ante a superioridade insuperável do "primeiro mundo". Em segundo lugar, de que a única solução para nossa redenção seria acatar os pressupostos da "nova ordem econômica mundial" ditada pelos EUA e, enxugando ao máximo o tamanho e as funções do Estado brasileiro, em torno de tal país orbitar, abrindo mão de nossa identidade como nação e aceitando passivamente a incapacidade de comandar nosso destino. O objetivo final a coroar tal empreitada seria a adesão à ALCA, o tratado de "livre-comércio" engendrado por Washington e que - como o exemplo mexicano o demonstra de forma cabal - fatalmente levaria o Brasil a um penoso retrocesso econômico e social.
É dentro dessa lógica que se insere o fato de que o príncipe – digo, o presidente – de turno, no seu chilique mais aloprado, tenha reagido à pressão popular contrária às medidas recessivas que tomara afirmando que “os aposentados são vagabundos e os brasileiros, caipiras”. O adjetivo “caipira”, nesse contexto, é não só utilizado no intuito claro de desqualificar, mas de atingir seus alvos com uma grave acusação de ignorância e desconhecimento do que seja o mundo. O caipira, para FHC, não diz respeito ao ser social, inserido em uma cultura telúrica e historicamente premido por um processo de "persistências" e "alterações", de que nos fala Antonio Candido - mas a um emblema estático da brasilidade como traço negativo. Daí resulta um paradoxo: para o outrora celebrado sociólogo, todos os brasileiros são caipiras, e o problema de ser caipira é justamente ser brasileiro.
Por outro lado (mas em lógica análoga), dizer que algo é “de Primeiro Mundo”, embora fosse uma expressão antiga, tornou-se, nos anos FHC, moeda corrente, a expressão valorativa por excelência. Enquanto a população sofria com os baques que a economia do país sofria à mínima crise internacional (fosse ela russa, mexicana ou dos "tigres asiáticos), o desprezo ao que fosse nacional e o ódio ao que fosse estatal eram incentivados pelo tucanato no poder e pela mídia corporativa (que apoiou o governo FHC com uma subserviência deslumbrada e acrítica indigna de ser chamada de jornalismo). Foi nessa toada - e exibindo o salário do mais abonado magistrado como se fosse a regra entre o funcionalismo - que se convenceu parte da população de que as privatizações modernizariam o país e acabariam com os "barnabés" (a gíria pejorativa com que 9,9 de cada dez colunistas - esses mesmos que aí estão - se referiam aos trabalhadores empregados pelo Estado)
Cenário em mutação
O pós-11 de setembro, com a diminuição do poder norte-americano, a ascensão dos BRICs e a chegada ao poder – na América Latina, sobretudo – de governantes de centro-esquerda, trouxe, aos poucos, uma mudança de cenário, a qual, somada às possibilidades interativas da web 2.0 e ao grande acréscimo na inclusão digital mundial, permitiu vislumbrar que o fenômeno globalizante e a ideologia neoliberal não eram, sempre e necessariamente, indissociáveis. Havia, percebeu-se, aspectos da globalização - como um maior volume de interação transnacional, a ação comunicacional e político-social a partir da internet ou a troca gratuita de arquivos de áudio e vídeo - que permitiam, na verdade, contra-atacar pontualmente e questionar o neoliberalismo. 
É no âmbito desse novo cenário que o governo Lula, a partir de sua política externa - caracterizada por prioridade às relações Sul-Sul e aos BRICs, parcerias e auxílio aos países mais pobres da América do Sul, África e Oriente Médio e ímpeto de representar países em desenvolvimento em fóruns internacionais, recusa à Alca e tentativa de diminuição do poder de influência dos EUA no país - e de sua atuação cultural interna - em que se destacam a valorização da cultura nacional, a pulverização das verbas para além do eixo Rio-SP, e a inclusão sócio-cultural via Pontos de Cultura -, paulatinamente insere uma nova dinâmica no imaginário acerca do locus do Brasil e do brasileiro no contexto de um mundo globalizado. 
Um aspecto muito importante a ressaltar em relação a esse processo é constatar que a redenção de um complexo de inferioridade secular, ainda que se dê, atualmente, de modo parcial e para parcelas da população, não foi substituída, via de regra, por um nacionalismo tacanho nem por um patriotismo fanático. 
Provincianismo em crise
Há de se considerar, como pontos polêmicos a discutir, a presença do exército brasileiro no Haiti e o temor crescente, entre alguns de nossos vizinhos sul-americanos, de que o Brasil esteja se tornando imperialista (acusação que não é nova: trabalhando como jornalista na Bolívia, em 2001, fui fisicamente agredido por skinheads que demonstravam ódio ao “imperialismo brasileiro”). 

Mas é preciso ser obtuso ou desonesto para negar que a melhora da economia real verificada na última década, com decréscimo substancial das taxas de desemprego e aumento do poder de compra, a ascensão de uma nova e volumosa classe média, bem como o acesso - ou o incremento do acesso - a bens de consumo durável, lazer, acesso digital e viagens aéreas acabaram por modificar para melhor a auto-imagem de parcela revelante da população - um fenômeno que tende a se tornar ainda mais evidente ante a contraposição da atual situação brasileira à grave crise econômica que ora aflige, infelizmente, a população dos EUA e de vários países europeus a amargar uma penosa débâcle social. 
Além disso, não obstante os muitos desafios postos ao Brasil em termos de redução da desigualdade, saúde, educação e demais itens da pauta dos direitos humanos avançados, tanto o grau quanto o perfil axiológico da visibilidade do país no exterior são hoje maiores e mais positivos do que nunca. "A crítica permanente ao Brasil está fundada em excesso de provincianismo", observou o sociólogo Alberto Carlos Almeida, em artigo no Valor Econômico. E com um número cada vez maior de brasileiros viajando ao exterior, cada vez mais gente descobre que a oposição simplista entre um país incompetente e fadado ao fracasso e um "primeiro-mundo" perfeito e irretocável não passa de uma falácia. -  o que, evidentemente, também reverte em acréscimo da auto-estima nacional.


A volta do atraso
Tudo isso faz com que o discurso negativista sobre o país, só enxergando suas mazelas, além de alimentar provincianos convictos, tenha se tornado uma das principais bandeiras dos setores conservadores, mais um componente a se juntar ao discurso moralista que se tornou praticamente a única estratégia discursiva de uma oposição que não tem projeto para o país e que há mais de uma década combate o governo de turno valendo-se tão-somente de ataques neoudenistas. 
Ora, é a essa mesma oposição a que José Serra pertence. E não é preciso nenhum esforço para enxergar no ora pré-candidato a prefeito de São Paulo a mesma empáfia, a mesma arrogância, o mesmo desprezo pelo Brasil e pelo povo brasileiro que o presidente a que serviu como ministro da Saúde e do Planejamento ostentou por oito anos - os quais só foram dourados na boca e na pena dos colunistas a serviço do mercado, pois para a maioria da população foram de penúria, desemprego e carestia. 
Mais do que um lapso eventual, a menção aos "Estados Unidos ao Brasil", feita por Serra, é a expressão do desejo de regresso a um estado de coisas em que as elites brasileiras traficavam a riqueza do país em troca das migalhas que se lhes atirava o grande capital internacional, enquanto o povo chafurdava no subemprego e na miséria.
http://cinemaeoutrasartes.blogspot.com/

quinta-feira, 8 de março de 2012

De mulheres sobretudo (Marina Colasanti)

Hoje, no Dia Internacional das Mulheres compartilho 12 frases de mulheres que estão no livro (de frases femininas) feito por Marina Colasanti: "De mulheres sobretudo"(Ed.Ediouro):

1. Algumas de nós estão se tornando o homem com quem go
stariam de se casar. (Gloria Steinen).

2. Toda vez que liberamos uma mulher, liberamos um homem. (Margareth Mead).

3. Há uma verdadeira maçonaria entre os homens. Eles estão sempre dispostos a empurrar as mulheres para posições secundárias. (Simone de Beauvoir).

4. Os homens sao treinados para se desculparem por suas fraquezas. As mulheres por sua força. (Lois Wyse).

5. Estou furiosa com as feministas. Elas ficam subindo num caixote e proclamando que as mulheres são mais inteligentes que os homens. É verdade, mas deveria ser mantido em segredo para não estragar a brincadeira. (Anita Loos).

6. O homem que descobre uma mulher será sempre o primeiro a ver a aurora. (Bruna Lombardi).

7. A natureza nos dá o rosto que temos aos vinte anos; cabe a nós merecer o rosto que teremos aos cinquenta. (Coco Chanel).

8. É triste envelhecer, mas é bom amadurecer. (Brigitte Bardot).

9. Nós mulheres, não somos tão faceis de conhecer. Há padres que, tendo-as confessado muitos anos, espantam-se de as terem compreendido tão pouco. (Santa Teresa Davila).

10. Nao é o sexo que dá prazer, é o amante. (Marge Piercy).

11. Raramente sexo e só sexo. (Shirley McLaine).

12. As vezes penso que a natureza da mulher é como uma grande casa da muitos cômodos: existe o hall, através do qual qualquer um passa em suas idas e vindas; a sala de visitas, onde se recebe formalmente; a sala de estar, que os membros da familia frequentam quando estão à vontade; mas além disto, muito além, existem outros cômodos, as fechaduras de portas que jamais são abertas; ninguém sabe o caminho para estas, ninguém sabe aonde elas levam; e no cômodo mais íntimo, no mais sagrado, o espírito está sozinho e espera ouvir passos que jamais virão. (Edith Wharton).

quarta-feira, 7 de março de 2012

8 de março, dia Internacional da Mulher

A história do Dia Internacional das Mulheres começa com a inserção das mulheres no mercado de trabalho após a Revolução Industrial. As mulheres saíram dos lares, mas não conseguiram os mesmos direitos que os homens. Até hoje as pesquisas revelam que as mulheres ganham menos ocupando o mesmo cargo. Mas já foi bem pior.
Em 8 de março de 1857 em Nova York as mulheres protestavam contra as más condições de trabalho e salários menores do que os dos homens. Situação que ainda permanece. O incêndio da fábrica da Triangle Shirtwaist, também em Nova York, não aconteceu em 8 de março como se supõe e nem ocorreu devido aos protestos femininos. O boato sugere que durante o protesto as mulheres teriam sido trancadas e queimadas vivas totalizando 129 trabalhadoras queimadas vivas. No verdadeiro incêndio, o pior da cidade de Nova York, morreram 146 trabalhadoras. O incêndio de Triangle Shirtwaist ocorreu em 25 de Março de 1911.
Os protestos por melhores condições de trabalho se seguiram nos anos seguintes. Em 1908, 15 mil mulheres exigiam nas ruas de Nova York redução de horário de trabalho, melhores salários e o direito ao voto. A primeira comemoração do Dia Internacional da Mulher foi realizada em 28 de Fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, motivada pelo Partido Socialista da América. Em 19 de março de 1909 ocorreram protestos na Alemanha para relembrar as promessas não cumpridas pelo rei da Prússia aos direitos das mulheres.
Em 1910, na primeira conferência internacional sobre a mulher, realizado na Dinamarca, o dia 8 de março foi declarado Dia Internacional da Mulher. No ano seguinte um milhão de pessoas celebraram a data em alguns países da Europa. O Dia Internacional da Mulher de 1917 foi uma importante data para a Revolução Bolchevique na Rússia. Cansadas da guerra e opressão as mulheres aproveitaram a data para forçar a retirada das tropas russas da Primeira Guerra Mundial através de uma greve geral. Quatro dias depois o tsar Nicolau II foi deposto do cargo. O Governo Provisório garantiu às mulheres o direito de votar. O Dia Internacional da Mulher se tornou oficial graças aos esforços da feminista Alexandra Kollontai para relembrar a luta das mulheres por melhores condições de trabalho e direitos políticos.
Em Moçambique, o Dia da Mulher Moçambicana é comemorado em 7 de abril, data da morte de Josina Machel, esposa do primeiro presidente de Moçambique. Assim que o país conquistou a sua independência de Portugal em 1975 a data foi oficializada como feriado nacional. Josina Machel integrou a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) quando jovem, casou-se com o futuro presidente. Josina Machel morreu vítima de doença em 7 de abril de 1971.
Uma das frases do Dia Internacional da Mulher que mais me chamou a atenção foi que a mulher não precisa de datas, talvez esta seja a melhor frase do Dia Internacional da Mulher e mais verdadeira do que inúmeras frases românticas procuradas pelos homens ou mulheres para agradar outras mulheres. Os artigos e textos que li sobre o dia das mulheres me deixaram convencido que as mulheres dão menos bola do que os homens para esta data. Talvez seja a síndrome do conquistador. O cara dá uma de gente fina, de respeitador às mulheres com o objetivo de consumi-las. No dia 9, ele esqueceu as flores com o belo texto sobre o Dia das Mulheres. A maioria dos belos versos e frases em homenagem às mulheres será logo esquecida. Aquelas frases inteligentes retiradas de reportagens sobre o Dia Internacional da Mulher serão apagadas pelos gestos cotidianos. Apesar de tudo alguns realmente levam a sério que todos os dias são os dias das mulheres, e que todos os dias são os dias dos homens, seja lá qual for a sua opção sexual.
Parabéns às mulheres ao dia 8 de março. Hoje é o seu dia. Amanhã e depois também.

Artigo de Daniel Silva.

Yoshitomo Nara (artista Japonês)

Yoshitomo Nara (奈良 美智 Nara Yoshitomo, nascido em 4 de janeiro de 1959 em Hirosaki, Japão) é um artista pop japonês contemporâneo. Ele atualmente mora e trabalha em Tókio, embora seu trabalho seja exposto no mundo todo.
Nara se tornou conhecido no mundo da arte durante o movimento da Arte pop dos anos 1990, no Japão. Suas esculturas e pinturas são aparentemente simples, a maioria dos trabalhos parecem, à primeira vista, ingênuos: geralmente crianças e animais em tons pasteis que lembram cartoons, com poucos elementos ou nada no fundo. Mas essas crianças que parecem belas e vulneráveis, às vezes têm braços que parecem facas e cerrotes. Seus olhos arregalados demonstram o que pode ser apenas irritação por terem sido acordadas ou manisfetação de raiva mesmo.
Nara, entretanto, não vê seus facas e cerrotes com sentido de agressão.




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Rio, cidade do samba (vídeo)

O vídeo é lindo e a filmagem maravilhosa.

Queimando ou agredindo moradores de rua (texto)

No último sábado, dia 25, dois moradores de rua foram queimados em Santa Maria, cidade satélite de Brasília. Um deles está internado com 30% do corpo queimado, o outro não resistou à violência e morreu no domingo, dia 26.
Por que isso acontece com certa frequência? Minha hipótese é a certeza da impunidade. Ou será que estou enganado? Veja reportagem abaixo sobre os jovens de classe média que queimaram vivo o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos.

Assassinos do índio Galdino estão em liberdade
Dez anos depois de assassinarem o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, em Brasília (DF), os cinco jovens condenados pelo crime, incluindo um menor de idade na época, estão soltos. Na ocasião, os jovens de classe média colocaram fogo no índio enquanto ele dormia em um ponto de ônibus. Em 2001, foram condenados a 14 anos de prisão, mas desde 2004 estão em liberdade. Eles teriam que cumprir cerca de nove anos de reclusão sob regime fechado, porém, com medidas judiciais, conseguiram ficar em regime semi-aberto ? em que o detento só vai dormir na prisão.
A promotora Maria José Miranda, uma das responsáveis pela denúncia contra os jovens, conta os privilégios que eles tiveram desde o início do processo.
Durante o curso do processo, eles teriam que ficar presos preventivamente. Então para não ficar em cela comum foi desocupada uma biblioteca para eles. Eles tinham a chave, tinha cortinas nas janelas, banho quente, vaso sanitário. Ou seja, tinham tudo o que os outros prisioneiros não tinham?.
Em regime semi-aberto foram flagrados diversas vezes em festas e bares da cidade. Para a promotora, esta impunidade pode aumentar a criminalidade no país.
Eu sei que outras pessoas comuns não conseguem estes benefícios. É a mesma justiça interpretando diferentemente a mesma lei. Entre todos os fatores de criminalidade, não resta dúvida que a impunidade é o maior incentivo, maior estímulo ao crime. Muito mais grave é que no caso de pessoas abastadas ou pessoas importantes ela é 100% garantida?.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denuncia que desde a morte de Galdino em 1997 mais de 250 indígenas foram assassinados em todo o país.

De Brasília, da Radioagência NP, Gisele Barbieri

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O espírito da folia carioca (Ruth de Aquino)

O espírito da folia carioca

RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA) Não havia nem uma moeda na bolsinha de crochê com chave, celular e filtro solar. “Moço, estou com um problema”, eu disse, constrangida, ao senhor que trabalha no quiosque da Praia do Arpoador, depois de beber com um amigo a água doce e fresca de dois cocos verdes. “Estou sem dinheiro nenhum, esqueci em casa.” “Mas que problema”, perguntou Jósa, sorrindo, gentil, com o facão na mão, “os cocos não estavam bons?” “Ótimos”, respondi. “Então não tem nenhum problema”, ele disse, “uma boa praia para vocês.”
Eu fiquei de pagar depois. Não nos conhecíamos. Eu me divertia, ele trabalhava, num canto da orla carioca de onde avistamos o Morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea ao fim da curva de mar, areia e barracas coloridas.
Pensei. Em Paris, Londres ou Nova York, essa cena de cordialidade não existiria. Os vendedores de lá cobram com rigor cada “centime”, cada “penny”, cada “cent”, jamais arredondam um preço para baixo – e não há a menor chance de que eles retribuam com um sorriso generoso uma falta de dinheiro imprevista.
“Princesa, que horas são?”, pergunta o banhista de sunga. Não tem “bonjour” nem “merci”, não tem “hi” e “thanks”, é uma consulta direta, sem um pingo de cortesia formal, mas sedutora na medida da carioquice. Pode ser o sol, os blocos de rua, a determinação de ser feliz em fevereiro. O carioca anda mais extrovertido e simpático do que já é.
Não importa o resto. Ele parou de acompanhar o julgamento do Lindemberg, a ficha suja dos políticos, o careca do mensalão, a greve que se desmilinguiu em confete, os bueiros explosivos, a gasolina mais cara, os fantasmas do Senado e os taxistas falsos que desonram a fantasia de pirata nos aeroportos. Por um tempo, só importa se vai dar praia, se o banho de mar está liberado, se a cerveja está gelada e se cabem mais seis no boteco lotado, mesmo em pé do lado de fora.
Esse Rio pré-carnavalesco atrai, hoje, 800 mil turistas. Deles, 250 mil são estrangeiros, os mais apaixonados pela beleza da cidade. Não há como andar sem ouvir francês, inglês, italiano, espanhol e outros idiomas egressos da neve. Dos turistas de outros Estados, paulistas e mineiros são os campeões. O mais curioso é que passou a ter muito carioca no Carnaval do Rio. Porque os blocos de rua foram ressuscitados. Em vez de ir pular no Nordeste, o folião carioca agora fica nas quebradas de sua cidade.
Cenas de cordialidade como as que existem no Rio de Janeiro não se veem em Paris, Londres ou Nova York 
São 425 blocos, de janeiro até o domingo depois do Carnaval, quando o Monobloco arrasta 400 mil na Avenida Rio Branco. Os nomes são poéticos, como o Simpatia é Quase Amor. Irreverentes, como o Suvaco do Cristo, Spanta Neném, Desliga da Justiça. Picantes, como Vem ni Mim que Sou Facinha, Fogo na Cueca e Só o Cume Interessa. No som, há uma mistura até blasfema, de tão democrática. Tem brega, rock, sertanejo e MPB. Sempre em ritmo de samba. Preta Gil levou 250 mil foliões para o centro do Rio e fez a multidão rezar um padre-nosso pelas vítimas dos desabamentos recentes.
Por um bom (ou mau) tempo, o Carnaval carioca se resumiu ao desfile das escolas de samba, a rua tinha dançado. “Quando eu era jovem, ou alguém me arrumava um ingresso para a Sapucaí ou eu ia para Salvador, Angra, Petrópolis”, diz o prefeito Eduardo Paes, de 48 anos. “Em vez de ignorar, resolvemos abraçar os blocos, organizar, dialogar. E estamos evoluindo ano a ano.” O que não vai ter nunca, diz Paes, é cordinha, camarote ou corredor para os blocos. Têm de se concentrar nos bairros de origem e ser ampliados nos subúrbios.
Claro que o trânsito complica. Mas a comunicação e o esquema funcionaram melhor, e os engarrafamentos foram menores. No último fim de semana, 700 mil pessoas desfilaram em paz em 111 blocos no Rio, com muita azaração e criatividade. E menos lixo, menos vândalos e menos mijões que nos anos anteriores. Há mais banheiros disponíveis. Canteiros foram protegidos por redes na orla da Zona Sul para não ser pisoteados.
Em Santa Teresa, bairro ferido de morte pelos desastres com bondinhos, o primeiro destaque do sábado de carnaval será o Céu na Terra. O homenageado será o bondinho. O Cordão da Bola Preta irá da Candelária à Cinelândia. A Banda de Ipanema obrigará os ipanemenses a deixar o carro em casa. No Bloco do Barbas, em Botafogo, o carro-pipa deve refrescar os foliões. O Empolga às 9 sairá em Copacabana, na Avenida Atlântica. De bônus, temos as musas dos blocos, essas moças de gingado carioca sem anabolizante.
Alienação? Transtorno? Pode ser, se você torce o nariz para esse delírio popular. Para quem festeja a volta da folia de rua após tantos anos de Carnaval exportação, é hora de curtir, não no Facebook ou na televisão, mas na vida real. Ao ar livre, com cantoria, suor e beijos. Deixe o samba correr.

Amanhã tudo volta ao normal (fotos)

Mas é Carnaval!
Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar,
Deixa o barco correr.
(Noite dos Mascarados - Chico Buarque)


Amanhã tudo volta ao normal. Foram 4 dias de festa, me surpreendendo com a criatividade dos foliões. Hoje, em frente ao meu prédio, a concentração do Bloco das Quengas, muita diversão e fantasia. Mas como tudo tem um fim, o carnaval acabou. Fica a sensação de muita alegria e a vontade de voltar no próximo ano.







sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

80 anos da conquista do voto feminino


Arte pra quem, arte pra quê?


O Museu é de Arte Moderna, a exposição da Nan Goldin, mas a cabeça da atendente/caixa era da Idade Média.
Fomos, três amigos e eu, hoje ao MAM assistir a exposição da fotógrafa americana Nan Goldin. Na chegada, compraríamos 3 ingressos inteiros e uma meia entrada para estudante; um dos meus amigos faz mestrado em letras na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Cascavel.
Ele portava a carteira de estudante (sem data de validade) e a declaração de matrícula do ano passado (consta nessa declaração “1º semestre de 2011”). Ela nos barrou dizendo que deveríamos apresentar uma declaração deste ano. Explicamos que o tal curso é anual e que ele ainda estava em férias. Explicamos também que a matrícula do mestrado apenas aconteceria a partir do dia 17 de março de 2012 e que, por isso, não poderíamos apresentar uma declaração deste ano, mas a funcionária foi categórica: argumentou que a Lei estava ali para quem quisesse ler e que ela era bem clara. Contra-argurmentei que uma Lei não pode ser interpretada apenas de uma maneira já que a situação não poderia ser generalizada, haja vista que a instituição na qual o meu amigo estuda funciona de outra maneira. Mas ela não entendeu que não se pode colocar no mesmo quadrado todas as situações, ainda que “trabalhe” com arte moderna.
Pedimos para falar com o gerente. Depois de algum tempo, veio um funcionário se dizendo gerente (e mais tarde se desdizendo porque este estaria em férias...), reforçando que estava bem claro o que se dizia na Lei.
Tornamos a lhe explicar todos os detalhes, em vão. Além desses dois funcionários, uma terceira, que trabalha no balcão, nos disse ser aluna de uma universidade federal cuja matrícula já havia ocorrido em sua instituição. Eu lhe disse que ele, o que era e deixou de ser gerente, estava duvidando do que estávamos falando, mas ele nos disse que eu estava colocando palavras em sua boca, já que em momento algum, segundo ele, havia dito que era mentira o fato de meu amigo estar matriculado num curso que não havia ainda realizado a matrícula de 2012. Enfim, acabamos tendo de pagar a entrada inteira.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fazia muito tempo que eu não passava o carnaval no Rio de Janeiro, mais ou menos uns 6 anos. E, por isso, acredito, havia me esquecido da delícia que é o nosso carnaval de rua. Milhões de pessoas fantasiadas de tudo o que a imaginação possa permitir (e um pouco mais) e nenhuma violência, nenhum desrespeito, nenhum tumulto fora os normais, ou seja, multidão de pessoas nas ruas, blocos por todos os lados, e a gente ali sem poder atravessar uma rua. Fora isso, apenas riso e surpresas.
Hoje me diverti de montão, saí de peruca verde e voltei de branca de neve (pena não ter uma foto para socializar tanta coragem, afinal sou um professor sério). Acabei de chegar em casa depois de um longo dia atrás de blocos, encontros com amigos e uma passada no cinema (a caráter) para assistir A Dama de Ferro. Dia longo, mas nada que uma bom descanso merecido não me coloque em dia para o domingo de carnaval. Bom carnaval para quem gosta de festa!!!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Quem não gosta de samba bom sujeito não é (texto)

Está aberta, oficialmente, a temporada de blocos de carnaval no Rio de Janeiro. A cidade respira carnaval. E é bom demais!! Um clima bem divertido e descontraído. 
No Face(book), dia desses, vi algumas manifestações de alguns paranaenses sobre quem gosta de carnaval ser vagabundo e fiquei pensando, naqueles dias, sobre o que faz alguém achar que gostar de festa faz de alguém um desocupado. Mas aquele pensamento logo se dissipou ao me lembrar do Porco no Rolete, do Boi no Rolete, da Oktoberfest, das Festas do Seminário (costelaço), da Festa das Nações, dos bailões sertanejos, da Mega Fantasy, das cervejadas, dos Encontros de blocos, das festas de cada curso de graduação e achei melhor nem comentar.
Continuo achando que quem não gosta de festa bom sujeito não é. Ou é ruim da cabeça ou doente do pé. Ou é doente do pé e ruim da cabeça. Um bom feriado de carnaval para todos.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Carnaval sem preconceito - Rio 2012


Os filhos da época (poema)

Somos os filhos da época,
e a época é política.
Todas as coisas - minhas, tuas, nossas,
coisas de cada dia, de cada noite
são coisas políticas.
Queiras ou não queiras, teus genes têm um passado político,
tua pele, um matiz político,
teus olhos, um brilho p...olítico.
O que dizes tem ressonância,
o que calas tem peso
de uma forma ou outra - político.
Mesmo caminhando contra o vento
dos passos políticos
sobre solo político.
Poemas apolíticos também são políticos,
e lá em cima a lua já não dá luar.
Ser ou não ser: eis a questão.
Oh, querida, que questão mal parida.
A questão política.
Não precisas nem ser gente
para teres importância política.
Basta ser petróleo, ração,
qualquer derivado, ou até
uma mesa de conferência cuja forma
vem sendo discutida meses a fio.
Enquanto isso, os homens se matam,
os animais são massacrados,
as casas queimadas,
os campos se tornam agrestes
como nas épocas passadas
e menos políticas.

(Poema de Wisława Szymborska, traduzido por Ana Cristina César)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O insustentável preconceito do ser (texto)

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.

Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:
- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!
-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.
-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.
-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?
-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.
-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.
-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar....

De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.

Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.

Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.

Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:
-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:
 
"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, quero o teu amor".
 
"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.

A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constragimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.
O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:

"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:
'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).

Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".
Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?

A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos" , mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:

- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !
E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?

Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:
- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!
Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:
-Só podia ser loira!
Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:
- Só podia ser judeu!

A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...
Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem". Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.

A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável. O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorancia e alimenta o monstro da maldade.

Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcóolatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:
-Só podia ser mendigo!
No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:
-Só podia ser bandido!

Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.

PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos.

Rosana Jatobá - jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo.

Acredite em sonhos (Vídeo)


Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo

Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um...