domingo, 31 de janeiro de 2016

Templo é dinheiro

Tenho pensando ultimamente, por conta de um texto que estou escrevendo e de uma tese de doutorado que estou lendo, no crescimento das igrejas Pentecostais, no Brasil, a partir da década de 1990. 
O que primeiro chama a atenção, é a forma como essas igrejas conseguem, num curto espaço de tempo, se erguer nas, sobretudo, comunidades mais carentes: qualquer espaço, por menor que seja, pode ser um lugar de culto. 
Além disso, não precisa ser um espaço muito bem acabado, pode ser uma sala de chão batido, um cômodo com telhado de zinco, uma calçada com algumas cadeiras, uma varanda de uma casa, uma sala em construção etc. 
Não há qualquer empecilho para que uma igreja Pentecostal se instale, em se tratando de espaço. Não há qualquer exigência de luxo. Este pode vir depois.
A questão do acesso aos lugares de maior prestígio, na congregação, também é um fator importante. Diferentemente da Igreja Católica, que tem uma figura maior nessa hierarquia, nessas igrejas, ao contrário, qualquer um pode fazer parte do grupo de dirigentes. E se qualquer um pode fazer parte, "eu também posso!".
Isso, sem dúvida, aproxima o pastor da sua comunidade. 
O pastor, normalmente, faz parte da comunidade. E isso produz outra vez aquele efeito de que se ele pode, eu tb posso. O acesso é muito diferente de outras religiões: não há santidade nessa hierarquia. Ao contrário, quanto mais humano/mundano o pastor tenha sido, mas ele pode galgar um lugar nessa hierarquia, mais verossímil é a sua presença, a sua história de suce$$o.
Não há, portanto, aquele distanciamento próprio de uma Igreja cujo líder se encontra encastelado, seja no Vaticano, seja no além. O Papa, por exemplo, além de estar quase sempre distante, é um pop star, é escolhido através do Espírito Santo, o que lhe confere um lugar de divindade inacessível. Poucos têm acesso a ele. Salvo raríssimas exceções!
Outra coisa, é a comunicação fácil, nessas igrejas. Os pastores sabem como falar com a sua comunidade. Sabem, porque fazem parte dela. Eles sabem quais os seus anseios. O que falta. Ou o que precisa ser feito.
E por falar em comunicação, a forma como essas igrejas se vendem, é uma estratégia eficaz: a promessa de uma vida mais próspera: colocar em prática o "é dando que se recebe", faz diferença.
Além disso, os testemunhos daqueles que dando conseguiram ser mais prósperos. A vida próspera dos pastores e de alguns dos membros da comunidade. Tudo isso reforça a ideia do suce$$o financeiro.
A falta de pudor para se falar nas contribuições, mais do que necessárias dos membros, justamente porque elas serão convertidas em ganhos pessoais, é uma outra forma de comunicação que dá certo. Quanto mais se doa, mas se ganha. Quanto se mais paga, mais recebe.
Essa relação próxima com o capital faz dessa igreja, ao contrário da promessa de uma vida melhor depois, um lugar do aqui e agora, mesmo que o agora seja um pouquinho mais tarde. 
E se o agora não acontece, quase sempre o problema está na "falta de fé", na "pouca contribuição", ou seja, está no indivíduo e não em qualquer outro lugar.
É uma espécie de acordo, mediado pelo pastor, que se estabelece entre a comunidade e o Deus.

A casa está à meia luz e isso não significa um encontro romântico.


Sabemos todos, ou pelo menos, todos nós aqui da AD que as palavras adquirem seu sentido a partir do lugar que o sujeito que a produz ocupa. Portanto, não há sentido antes dela ser proferida. Até aí, Inês é morta.
Acordei cedo, claro que sem me programar, claro que sem vontade, claro que com algum sono ainda para colocar em dia. Sempre tenho muito sono pela manhã. 
Desde sempre foi assim. Ainda que eu frequentasse a escola pela manhã quase toda a minha vida e trabalhado também durante o dia, com raríssimas exceções. Parêntese importante apenas para situar o texto e a situação de acordar assim sem precisar (hoje é domingo).
Pego o meu celular para saber das horas. Assim que eu o ligo, aparece uma página para eu reconfigurar o TP_LINK que distribui o sinal da internet em casa. Tento fazer isso algumas vezes sem sucesso, o sono vai embora, e nada acontece. A internet não funciona.
Bem, como o sono se foi, melhor me levantar, fazer um café, e me sentar para continuar a leitura de uma tese cuja defesa será na quinta-feira, próxima.
Descubro imediatamente, porque parece um dia de inverno e a casa está escura, que a luz está meio estranha. Meio estranha significa que tem luz numa parte de casa e noutra não. Num outro ambiente, tem luz numa lâmpada e noutra não. Começo a ficar preocupado com os sons que ouço (aqueles sinais eletrônicos dos aparelhos de casa) e aí percebo que a geladeira ora funciona ora não funciona e isso acontece com todos os outros eletrodomésticos. Sem exceção.
Bem, o que fazer quando a sua casa está parte com luz e parte sem? Não sei! Isso nunca aconteceu comigo em qualquer lugar e em momento algum dessa vida ou de outra, que eu me lembre.
Ligo pra companhia responsável pela distribuição de energia no meu Estado, COPEL. Sou logo atendido, o que já me deixa desconfiado. Normalmente, ficamos ouvindo Für Elise até não aguentar mais ou a paciência implodir. Esta da paciência implodir, não demora muito com aquele aparelho colado ao meu ouvido escutando essa música chatéssima (porque conseguiram estragá-la em virtude de estar associada à espera de  alguma coisa: atendimento via telefone, principalmente. Havia também o caminhão do gás.) ou com aquelas falas sobre ser atendido em não sei quanto tempo, ou ainda com aqueles anúncios de algum produto da companhia.
A senhora que me atende, muito educado e solícita, me diz que a COPEL vem até o meu endereço “Com urgência”. Ela disse “Com urgência”?!.
3 horas depois, estou aqui escrevendo este texto e nada de alguém aparecer. Nem ninguém, nem COPEL, nem o espírito santo. A casa continua na mesma. Qual é mesmo o sentido da palavra Urgência?
Torno a ligar uma hora depois, ainda pacientemente, e explico que o "Com urgência" deve estar com algum problema. Aproveito para perguntar o que devo fazer já que a geladeira, principalmente, liga e desliga sem parar. Sou instruído a tirar “tudo” das tomadas. E ouço, outra vez, que a COPEL “com urgência” vem até o meu apartamento porque, muito provavelmente, se trata de um problema interno já que nenhum vizinho ligou para reclamar.
Aquilo que era preocupação com a falta de luz em cômodos diferentes da casa apenas aumenta porque se é um problema interno, isso pode demorar a ser solucionado e pode significar um curto em algum lugar da casa.
Espero mais meia hora e torno a ligar. Outra vez a mesma agilidade no atendimento. Isso é muito estranho! No entanto, aquela paciência já foi embora faz uns 20 minutos. Estou sozinho agora comigo mesmo. E ao ser atendido já parto para os questionamento sobre a Urgência da situação! Tudo continua o mesmo. Não aparece ninguém para nenhum reparo.  A casa está a meia luz e isso não significa um encontro romântico. O que a COPEL vai fazer diante disso e depois de 3 horas de espera? 
Bem, aí o que era um bom atendimento passa a ser uma repetição sem precedentes. Todas as respostas não me dizem nada. Tudo o que me é explicado não faz qualquer sentido e diante disso, não há o que fazer porque sou refém desse atendimento e dessa companhia.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Transcidadania: projeto de inclusão da prefeitura de SP.


Da Série: Contos Mínimos

Consigo perceber agora como era angustiante acordar todas as manhãs. Uma tristeza profunda me consumia. Um pensamento fixo e,  naturalmente, negativo me torturava durante todo o tempo. Não se sai sozinho desse lugar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Da Série: Contos Mínimos

O carro novo, as chaves de casa, aquela ideia para o novo artigo, o livro com as bordas escritas, a camisa azul, o CD novo e pouco ouvido. Tudo ficou a sua espera. Para sempre.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A mentira espreita

Uma boa parte das pessoas, pelo menos aquelas com as quais convivo/convivi com certa aproximação, vão metendo os pés pelas mãos sem pensar nas consequências de suas atitudes tanto para com os outros quanto para si próprias: fazem e pronto e só depois vão medir as consequências do que fizeram. Ou não. Às vezes nem estão aí para os seus comportamentos. Bem, é uma opção de vida. E cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, já dizia Caetano.
Bem, por que estou falando sobre isso? Vou me explicar. Tenho um aplicativo no meu celular que possibilita conhecer pessoas. Ali tem, naturalmente, todo o tipo de gente: solteiros, em sua grande maioria, mas também casais que andam a procura de outros parceiros, e, além disso, uma infinidade de status sociais que não dariam para descrever aqui sem me ocupar exclusivamente disso. E, por hora, não é este o caso.
Normalmente, não envio mensagens para ninguém, salvo raríssimas exceções. Hoje, pela manhã, recebo uma mensagem de um rapaz de aproximadamente 23 anos. Um parêntese: gostaria de entender essa fixação de pessoas mais novas por pessoas muito mais velhas. Eu não era assim. Nunca fui. E talvez por nunca ter sido assim, eu não compreenda esse comportamento. Bem, esta postagem também não é sobre isso. Parece até que estou dando voltas. Não é este o caso.
Conversa vai, conversa vem. O rapaz me diz que está se mudando da sua cidade para Cascavel, nos próximos dias, porque vem estudar por aqui. Que está animado com a mudança. Feliz com a graduação que vai fazer etc etc etc.
Continuamos a nossa conversa... perguntas vão, perguntas vêm e ele me diz, numa certa altura, depois de eu dizer que estou solteiro há algum tempo, que está "enrolado". Estar enrolado, para quem não sabe, significa ter alguém, ter um namorado ou alguém com quem se tem alguma relação, seja lá o que isso possa significar. Não é o mesmo de estar sozinho e muito menos de não ter nada com alguém. Estar enrolado é ter alguma coisa, do contrário não se estaria enrolado. Ponto.
Bem, o cara tem alguém e está num aplicativo? As pistas estão sempre nas nossas caras: naturalmente, o perfil dele não tem nenhuma foto, identificação, localização. Ou seja, próprio de quem tem alguma coisa a esconder.
Outra coisa, não estou aqui reclamando ou julgando o comportamento dele. Não tenho e não terei qualquer envolvimento afetivo com esse rapaz. 
Além disso, a gente faz o que quer, o que pode, o que o nosso caráter permite etc e tal. O que me incomoda é o fato de você fazer essas coisas sem sequer pensar que pode estar envolvendo alguém e, o mais grave, magoando uma outra pessoa. Por que não resolver antes? Por que deixar tudo mal explicado? Por que não jogar limpo? Resolver uma relação e depois partir para uma outra história pode não ser o mais fácil, mas é o mais honesto: consigo e com o outro, né não? 
Pode não ser o menos dolorido, mas quem disse que a verdade e a vida não doem? A verdade dói e, normalmente, é terrível, mas, diferente da mentira, a gente supera. A mentira, nunca! A mentira deixa marca. A mentira deixa pista do seu caráter e não sei se é possível um dia apagar a sua presença: a mentira ronda pra sempre. A mentira é sempre o que eu me lembro primeiro. Ela deixa seus rastros.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O Rio é a minha cidade

Indo embora. Estas férias foram muito melhores do que imaginei e planejei. Me diverti, conheci gente bacana, fui à praia, ao cinema, a shows. Consegui deixar o ap. arrumado, limpo, pintado e volto com saudades da minha casa, no Paraná.
Fazia tempo que eu não tinha dias tão gostosos quanto estes: em geral, eu ficava ansioso para fazer muita coisa e acabava não me divertindo com a quantidade. Desta vez, coloquei ordem na casa e fiz exatamente o que dava pra fazer, sem pressa, sem ficar chateado com o tempo que passava. Fiz o que eu queria fazer sem aceitar os convites neuróticos de alguns amigos pra fazer tudo: gosto de tranquilidade, muita agitação me deixa tenso, muita informação me estressa, muita falação me cansa.
Também descansei, assisti a filmes em casa, vi TV, ouvi muita música e passeei pela cidade. Gosto de andar pelo Rio, olhar e fotografar.
Vou embora feliz. Vou embora com a sensação de que a cidade me pertence outra vez. Com a impressão de que o Rio é diversão, mas é também memória, é onde alguns grandes amigos moram e estão disponíveis pra mim.
Vou embora com saudade: do seu Alencar, de Kátia, de Vera, de Robson, de Nanci, do Erik, do Alessandro e do Jean-Phillippe. Vou mas volto porque o Rio é a minha cidade.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...