sábado, 16 de maio de 2009

17 de MAIO - Dia Internacional contra a Homofobia (texto)

O Dia 17 de Maio é o Dia Internacional contra a Homofobia. A data foi escolhida porque neste dia, em 1990, a Homosexualidade deixou a lista de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nesta data tb se luta pelo direito à indiferença, ou seja, para que a orientação sexual não seja critério para a discriminação de qualquer ordem: que a homossexualidade passe sem ser notada. Os homossexuais querem ser reconhecidos pelo seu caráter e não pelo seu desejo sexual.
Luta-se tb, porque há muito ainda para se fazer, contra a violência motivada pela orientação sexual.
É muito importante que todas as pessoas compreendam que ser homossexual ou heterossexual é apenas um detalhe e que há muito mais semelhanças nessa diferença. Da mesma forma que a cor da pela não diz nada além da cor que se tem, a orientação sexual não diz nada além do desejo que cada um carrega.
Um mundo melhor e mais justo passa pela compreensão, convivência, respeito e a tolerância (sem se considerar mais normal) em relação ao outro.
Ponha em prática para que o mundo se humanize um pouco mais.

Em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas

o outro
que há em mim
é você
você
e você

assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós

Contranarciso - Leminski

A cultura da futilidade (texto)

É claro que sou a favor da diversidade. Total e irrestrita. Sem exceção. Sou pela possibilidade da existência e convivência de qualquer que seja a vertente. E mais do que isso, tenho procurado, porque isso é um aprendizado e não acontece da noite para o dia, respeitar as verdades, todas elas. Sem hierarquias. Sempre que posso faço o meu papel como educador para que meus alunos, em algum momento, pensem sobre as diferenças, e mais, procuro mostrar que não espero pelo dia em que todos os homens concordem, apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final. Mas a cultura da futilidade de uma parcela da comunidade gay é insuportável. Não consigo ficar indiferente diante da ostentação como se ela fosse produto de primeira necessidade, cesta-básica.
Sei que não devia, mas fico ofendido diante da seriedade com a qual se fala sobre nada e coisa nenhuma como se fossem muito importantes. Pior, como se fossem importantes para todas as pessoas.
Sei tb que essas afetações não são próprias da cultura gay, mas elas me tocam de maneira diferente quando surgem da boca de parcela dessa comunidade.
Há muito mais para ser mostrado do que alimentar os porcos com pérolas. Mesmo porque isso afasta e a proposta não é com-viver? Não é integração? Não é respeito? Não é o outro e eu também? Pois é ... falta ouvir o que se fala. Tarefa difícil, eu sei (e sei bem), mas investir nisso deveria ser básico.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

Que me perdoe se eu insisto neste tema (texto)

Curitiba é uma bela capital. Claro que não me refiro a toda cidade, porque seria o mesmo que dizer que o Rio de Janeiro é lindo ou que é uma Cidade Maravilhosa. Não mesmo. A periferia do Rio é feia, abandonada, desarborizada, suja. Bonitas são partes das zonas sul e central, apenas. Hoje faz um dia lindo por aqui. Faz frio, Céu de Brigadeiro, um ventinho agradável que bate no rosto. As pessoas nas ruas estão elegantemente vestidas. Nessa meia estação ainda é agradável andar pelas ruas. No inverno não. Frio demais é incômodo (pelo menos pra mim).
Gosto dos cafés, das ruas movimentadas e da possibilidade de encontrar o que quero nas livrarias e lojas de CD's. Hoje ouvi o penúltimo CD da Mônica Salmaso "Nem 1 ai", não o comprei mas ele está na minha lista dos próximos a serem adquiridos. A faixa "Saudades dos aviões da Panair (conversando no Bar)" é linda. Os músicos que tocam são de primeira, assim como o seu repertório.
Vi tb livros que me engordaram os olhos, mas como o CD, ficaram para uma próxima vez. Estou sem grana e ainda é dia 15, metado do mês pela frente. Preciso ser menos impulsivo. De qualquer forma, andar por Curitiba faz um bem danado. Respirei um pouco de outro ar e já me sinto mais animado.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Nanci (texto)

Nanci não é um nome muito comum, né não? Pelo menos não entre os meus conhecidos. E olha que conheço gente pra burro. Cada vez menos, é verdade, mas ainda assim, muita gente. E por incrível que pareça tenho duas amigas com esse nome. Não estou falando de colegas, dessas que a gente fala um "oi" vezinquando ou encontra esporadicamente para um almoço. Não! Estou falando de duas amigas especiais, dessas que, além de encontrar para um almoço sempre que podemos, agradeço os dias que as tenho por perto. Eles têm um quê semelhante, apesar de nem serem amigas, as duas olham para o "outro" com uma humanidade muito grande e isso faz com elas sejam para mim (e para muitas outras pessoas - eu sei) importantes. Quase nunca digo a elas o quanto são especiais para mim, mas sei que sabem disso. Amo muito vocês. Muito mesmo. E sempre que estamos juntos é tudo muito bom.

Divã (filme)

"Embrulha o teto para presente!" Pode parecer estranha essa frase aí com a qual inicio o texto sobre o filme Divã, mas fará sentido assim que vc puder ver o filme.
Só não escrevo aqui que ri durante toda a projeção porque estaria exagerando, mas posso adiantar que 90% do filme é engraçado. E a graça não é burra, bem ao contrário, é diversão inteligente e em algum momento ele fala sobre cada um de nós (sem ser auto-ajuda): amizade, sexo, amor, casamento (não necessariamente nesta ordem). Enfim, o filme fala daquele intervalo entre o nascimento e a morte no qual namoramos, escolhemos (ou não) uma profissão, casamos, temos filhos, estudamos, rimos, choramos etc.
Lília Cabral é Mercedes, uma mulher de meia idade (mais ou menos 40 anos) que resolve a traição do marido com certa racionalidade. Quer mais? Vá ao cinema! Vale à pena demais ver o filme. Fui e volto assim que puder.

13 de Maio (texto)

O Movimento Negro instituiu o dia 20 de novembro como a data oficial de Afirmação do Negro justamente porque nessa data comemora-se o dia de Zumbi, heroi que representa a luta do negro contra qualquer tipo de dominação. E reafirma, assim, não história que se tem contato sobre os negros (na mídia, nos livros didáticos, nos compêndios de história, nas escolas, nas universidades etc.), mas a história dos negros sobre os negros.
Poderia aqui escrever um tanto sobre o que representa o dia 20 de novembro para o Movimento dos Negros em nossa sociedade (em detrimento do dia 13 de Maio), mas achei mais interessante postar uma poesia de Solano Trindade que conta muito bem essa outra perspectiva da história:

SOU NEGRO
À Dione Silva

Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh'alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs

Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.

Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou

Na minh'alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Mais um contágio - Bélgica (Vídeo)


Para quem acha que apenas a Gripe A é contagiante ... aí vai um recado importante ...você está enganado!!! "Há muito mais entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia" (Shakespeare).

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sou funcionário público e posso tudo porque não tenho chefe mesmo!!! (texto)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, minimizou nesta segunda-feira, 11, dados de levantamento publicado ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo que mostram que, das 24 vezes em que a Corte se reuniu em sessão plenária este ano, em apenas seis oportunidades todos os 11 ministros estavam presentes. De acordo com o site do STF, Mendes disse que a falta a sessões não significa que os ministros deixaram de trabalhar. "É um trabalho que se faz diuturnamente, sábado, domingo e feriados, nas turmas e também nos gabinetes e em casa. Então, não podemos medir a atividade do Tribunal apenas pela presença nas sessões", avaliou.
Parece-me que esta prática é recorrente nas repartições públicas no país (Lá no STF e aqui). Ninguém se acha no dever de cumprir as suas obrigações: participar de reuniões (por mais chatas que sejam), chegar no horário (porque assim vc está respeitando o outro), ficar até o fim (porque não apenas o que te interessa é o mais importante naquele encontro); justificar as suas ausências; assumir as suas faltas.
Não é mais do que a obrigação de quaisquer funcionários. Numa empresa particular, no mínimo, o "funcionário" seria punido, mas o funcionário público SABE (por experiência), porque tem por prática enconbrir esses deslizes, que nada vai acontecer com ele. É mais fácil chamar quem levanta essas questões de "chato", mas, acredito, que pior do que ser chato é ser conhecido por incompetente. Vergonhoso!

Qual o passo seguinte? (texto)

Recebi o texto de um amiga e gostei tanto que estou postando aqui. Espero que gostem tb.

"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"

domingo, 10 de maio de 2009

Longe dos olhos, perto do coração (texto)

Todo amor
Todo amor dorme
Numa caixa, numa gaveta, numa sala escura
Que às vezes visito
Como hoje num sonho
Como Deneuve entre os pombos
A abençoar seus queridos
E o tempo, senhor dos enganos
Apaga os momentos sofridos
E aqui te traz vez por outra
A passar umas horas comigo
Ficamos nós dois entre sonhos
De amores novos e antigos
Te beijo no escuro silêncio da sala
Que às vezes visito
(Herbert Vianna)

Depois de ler o seguinte comentário "Também estive com minha mãe, e não foi pessoalmente e não foi por e-mail e não foi por carta e não foi pelo skipe ou pelo msn. Foi pelo pensamento.... pelo coração" que me tocou profundamente, a ponto de me deixar atônito enquanto eu preparava a minha aula de segunda-feira, fiquei absorto em pensamentos sobre as distâncias físicas e espirituais com as quais convivemos.
A escolha entre o trabalho (em outra cidade, estado ou país) e a conviência mais próxima com amigos e familiares é determinante nesse processo. Somos, por força da necessidade, "obrigados", de certa forma, a deixar para trás (não apenas metaforicamente e com perdão do tracadilho) o passado. E por lá ficam amizades, convivências, amores, encontros que não acontecem mais, mas que estarão (como mencionado naquela poesia de Quintana "Uma Alegria para Sempre" postada aqui neste blog) de algum jeito, em nós, ainda que não se possa conscientemente compreendê-los.
Tenho estado, pelo pensamento e pelo coração, muito próximo de muita gente que anda muito longe: seja pela geografia, seja pela condição de vida e morte. E hoje depois do comentário da minha amiga me encontro perdido nessas lembranças.
Não tive tempo razoável para pensar sobre essas questões, fui escrevendo à medida que as ideias vinham a cabeça e talvez mais tarde eu precise refazer alguns pontos. Sei que a distância entre nós e os amigos de infância e adolescência é natural por diversos fatores. Mudamos muito e essas mudanças nos levam para outros interesses, mas onde ficam guardadas as lembranças esquecidas desses velhos tempos? Em que bolsos, em quais gavetas e armários perdidos elas se encontram? Gracinha, Juarez, Eliane, D. Nenén, Marquinhos e Tia Elba, Tia Élia, Sebastian, Gina, Cátia, Bárbara, Suzana, Zequinha, Rômulo, Chiquinho, Vó Daysa, Vó Carolina, Tia Maria, Gilvan, Teresa, Suely, Iracema, Lucimara e tantos outros.

sábado, 9 de maio de 2009

Quem conta um conto (texto)

O conto abaixo de Caio Fernando Abreu foi um descoberta importante faz alguns anos. Ele me toca profundamente, a ponto de não conseguir ler sem me emocionar. Sei que é uma postagem longa e que foge ao padrão aqui do DO AVESSO, mas certamente que vai valer à pena ler. Aposto! Boa leitura.

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...