quinta-feira, 30 de abril de 2009

ZII E ZIE - TRANSAMBAS (Caetano) - (CD)

Trabalhar em casa tem lá suas vantagens. Hoje, por exemplo, comecei o dia ouvindo "A foreing sound" (aquele CD com músicas em inglês) e na sequência "Zii e Zie - Transambas" o mais recente CD do Caetano Veloso. Tudo parece tão no lugar que nem as guitarras me incomodam. Não sou fã de guitarras, mas a voz do cantor/compositor e, sobretudo, as letras harmoniosamente cantadas são impressionantes.
São 13 faixas que vão do Rio de Janeiro a Cuba, de Portugal à Bahia: e eu destacaria "A base de Guantánamo" pelo conjunto letra e música: "O fato de os americanos/desrespeitarem os direitos humanos/ em solo cubano é por demais forte/ simbolicamente para eu não me/ abalar. A Base de Guantánamo/ a base da bahia de Guantánamo/ Guantánamo."
Só se chega ao humor das palavras quem conhece muito bem o que faz. E acho que ele faz isso como ninguém.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Jorge Babu(rro) - (Texto)

Jorge Babu (por favor, anotem o nome desse asno) foi expulso do PT em janeiro. Atualmente está sem partido. E eu que acreditava que estupidez não tinha nome nem sobrenome, acabo de me enganar, com-ple-ta-men-te. Calma, já vou me fazer entender.
O lustre (é isso mesmo, LUSTRE) deputado protocolou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro um Projeto de Lei - 2204/2009 -, que pretende fazer com que a Secretaria de Saúde do Estado publique uma lista na internet com o nome, número da identidade e CPF dos portadores do vírus HIV que moram no Estado do Rio de Janeiro.
Ele justifica o projeto, alegando que os profissionais de saúde têm direito de saber que estão tratando de pacientes soropositivos. Acho que o deputado-imbecil não sabe que os profissionais de saúde são (não apenas por direito, mas por dever) obrigados (é um princípio) a tomar todo e qualquer cuidado ao lidar com quaisquer que sejam os pacientes, estejam ou não infectados pelo vírus da AIDS.
Preciso fazer uma pergunta antes do ataque fulminante que vai me abater: como é que um Deputado desconhece "o princípio da confidencialidade, que garante o sigilo sobre a enfermidade de um paciente"?
Não! Preciso fazer mais uma pergunta: Se levarmos esse senhor para um passeio ao zoológico será que ele sai?
Só mais uma, prometo!
Quem é que se responsabiliza pela eleição de um animal como esse aí?

terça-feira, 28 de abril de 2009

A Arte de Saber Ouvir (texto)

Sou muito impaciente. Um dos meus tantos defeitos. Para se ter uma ideia, odeio atrasos de 5 minutos. Fico nervoso com impontualidade no cumprimento de uma obrigação ou compromisso. E muito me deixa irritado quando preciso estar com pessoas que são enroladas para tomar decisões. No entanto, nada me deixa mais tenso do que conviver com quem não sabe ouvir. Saber ouvir é uma arte. Além, é claro, de ser prima-irmã da Educação.
Sei, por experiência, que muitas vezes a gente não precisa dizer nada ao outro, basta estar ali e ser todo ouvido (como se diz por aí) para que aquele que falou se sinta aliviado. Falar e ouvir precisam caminhar juntos. Se preciso falar, preciso ter alguém que possa me ouvir (e vice-versa).
No geral, sem querer colocar todo mundo no mesmo saco (e já colocando), faltam, no mercado, pessoas que saibam escutar o que o outro tem a dizer sem qualquer reação: se vc faz uma pergunta, ouça a resposta, mas escute verdadeiramente, ou não pergunte nada.
É muita falta de educação falar pelos cotovelos: acho que por isso temos dois ouvidos e apenas uma boca.

A Gripe Suína (texto)

A Gripe Suína é uma doença causada por uma variante do vírus H1N1. Ele pode ser transmitido a partir do contato com o animal ou objetos infectados, mas esta variante do vírus, a que já matou, pelo menos, 152 pessoas no México, pode ser transmitida de pessoa para pessoa. Por lá, cerca 1600 pessoas estão sob a suspeita de contaminação pelo vírus. A OMS (Organização Mundial de Saúde) está em alerta e elevou, numa escala que vai de 1 a 6, para nível 4 a situação pela qual o México passa.
Há casos da doença em diversos países: Estados Unidos, Espanha, Suíca, Escócia, Canadá e Israel, mas há por aqui tb suspeitas de casos da Gripe. Oficialmente, temos 11 casos sendo observados (sobretudo de pessoas que chegaram de viagem de um daqueles países).
Os sintomas são: febre, cansaço, fadiga, dores pelo corpo, tosse e além disso (como se fosse pouco) diarréia ou vômito.
Por enquanto NÃO HÁ RAZÃO PARA PÂNICO, segundo o Ministério da Saúde. Mas segundo o Ministério qualquer suspeita deve ser comunicada às autoridades de sua região.

domingo, 26 de abril de 2009

O gosto homofóbico de Doritos (texto)


Quatro jovens num automóvel. Enquanto o carro segue o seu destino, os dois rapazes no banco de trás dividem um pacote de Doritos. No banco de passageiro, um adoslescente (da mesma faixa etária dos outros três) observa a paisagem. Enquanto isso, no rádio do carro, toca o hit "Y.M.C.A.", do Village People. Este jovem, o do banco de passageiro, inicia então a coreografia dos passinhos clássicos do refrão (claro que por estar sentado, os movimentoss são apenas os das mãos).
Os outros integrantes da cena começam a olhar o menino que dança com certa desconfiança, trocando olhares duvidosos entre si. A imagem é congelada e uma embalagem de Doritos aparece e esconde a cara do rapaz que dança. Enquanto uma voz em off proclama: "Quer divivir alguma coisa com os amigos? Divida Doritos!"
A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais), coordenada por Tony Reis, entrou com um pedido no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) para retirar o anúncio do ar por compreender que ele veicula preconceito contra os homossexuais, em virtude de vários indícios na tal propaganda publicitária: 1) Por ser tratar de um hit gay produzido no final dos anos 1970; 2) Porque a relação entre a música e o público gay é notória (O Villagem People era um grupo homossexual asumido); 3) Porque o fato de tocar a música e os "amigos" olharem o rapaz que dança com desconfiança produz um sentido de "estranhamento" no comportamento do rapaz; 4) E, finalmente, porque produz efeito de sentido ao usar o slogan "Quer dividir alguma coisa com os amigos?", no todo do anúncio, um estímulo ao "enrustimento", porque parece que seria o mesmo que dizer "Fique no armário, não compartilhe a sua orientação sexual com os seus amigos."
O CONAR deciciu suspender na última quinta-feira, 16 de abril, a campanha do salgadinho Doritos, da Elma Chips, após avaliar as reclamações de consumidores e da ABGLT, que acusavam a campanha de discriminar os homossexuais.

sábado, 25 de abril de 2009

Bad Boys não viram gatinhos (texto)

Se meninos maus não vão para o céu, para onde vão esses meninos? A nossa história é repleta de personagens mal comportados: jogadores de futebol ocupam uma grande fatia desse bolo e nem precisamos de uma memória muito eficiente para lembrar de alguns desses nomes (além disso, quase todos os dias, um novo nome entre para engordar essa lista); outros bastante presentes como recheio do bolo são alguns jovens atraentes dubleres de atores. Presenças constantes nos escândalos sexuais e/ou nas páginas policiais.
Mas o que mais acho interessante é a maneira como a mídia e os próprios bad boys se redimem de seus passados: apresentam novas namoradas, moças de família; resolvem ficar noivos com uma data quase marcada para o casamento; e até descobrem que vão ser papais. Como se isso comprovasse uma mudança de personalidade e de comportamento e, finalmente, devessem ser vistos como bons meninos.
Suas mães aparecem felizes com as novidades até que numa racaída esbofeteiam suas futuras esposas ou surgem novos escândalos envolvendo os pobres meninos. Mas tudo por força de uma explosão sem muito sentido que logo logo terá uma explicação satisfatória. É só esperar! rs.


sexta-feira, 24 de abril de 2009

Tecnologia (texto)

Tenho um celular com comando de voz. Isso significa que ao apertar um botão vc pode, através da sua voz, fazer com que o aparelho faça uma ligação, mande mensagens etc. Facil, né? Claro que não! É muito mais complicado do que o anunciado. Fiquei hoje durante alguns minutos (30 para ser mais preciso) tentando me fazer entender.
O celular com voz de mulher perguntava qual era o comando e eu dizia: "Ligar." A voz retornava: "Mandar uma mensagem?" Eu tentei várias vezes. Muitas vezes. Centenhas de vezes e em nenhuma delas consegui fazer com que o comando funcionasse. Quando ele compreendia (o celular) que era uma ligação e depois perguntava o nome ou o número a ser discado e eu dizia, o comando não acertava.
- Helô (eu falava).
- Nanci Casa? retornava a voz do celular.
- Helô. (insisti mais uma vez.)
- Zaíra?
Cansei. Muito mais fácil vc abrir a agenda e fazer a ligação.

Mulheres e frutas (texto)

É claro que não sou nenhum bastião da moralidade. Longe de mim (longe mesmo) parecer que ando querendo organizar a maneira como as pessoas (neste caso particular, as mulheres) se mostram ou devem se comportar, mas tenho achando deprimente essa onda de mulher-fruta: melão, melancia, moranguinho, jaca e maçã. Não consigo achar nenhuma graça nisso. Na verdade nem tentei. É que, nessas horas e em outras tb, me lembro da Rita Lee e da Zelia Duncan quando, na letra da música Pagu, escrevem que "Nem toda brasileira é bunda" efetivando um outro sentido para as mulheres, bem longe dos estereótipos de mulher-objeto e porque não mulher-fruta.
Mas o que eleva o "ibope" nem sempre é o menos degradante. Depois a gente reclama do país do carnaval, da maneira como somos levados à sério, da sexualidade precoce. Quanto moralismo!!!!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cia. de Ballet de Niterói (texto)

A Companhia de Ballet de Niterói apresentou hoje em Cascavel um espetáculo chamado Valsas e Chorinhos com músicas de Pixinguinha.
O Cenário composto apenas por 5 persianas produziu um grande efeito na elaboração do balé: ora funcionavam como limitadoras de espaço entre o palco e a coxia, ora como janelas e permitiam que os bailarinos olhassem o que estava acontecendo no palco e tb fossem observados pela plateia.
A Dança Moderna exige do bailarino um controle muito grande do seu corpo. Os passos às vezes não parecem próprios da dança. Por milésimos de segundos temos a impressão de que ali não cabe aquele movimento, mas ele está em completa harmonia com o todo da apresentação.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pagando bem que mal tem? (filme)

Acabei de sair da sessão do filme "Pagando bem que mal tem?" (2009), cujo elenco é formado por Seth Rogen, Elizabeth Banks, Jason Mewes, Katie Morgan, Craig Robinson, Traci Lords, Brandon Routh e Justin Long, ou seja, nenhuma carinha conhecida por aqui. A direção é de Kevin Smith. E o filme gira em torno da vida que não anda nada fácil para Zack (Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks), amigos de longa data que dividem um apartamento e uma montanha de dívidas. Depois de terem a água e a luz cortadas, eles têm a ideia de fazer um filme pornô caseiro para ganhar dinheiro rápido. Mas, quando as gravações começam, o que era um negócio entre amigos se torna algo muito maior.
Rita Lee escreveu que "Amor é bossa nova, sexo é carnaval" (Amor e sexo) e foi exatamente essa impressão que fiquei ao longo do filme, porque tudo vai muito bem até que o amor acontece e a história que era divertida perde o senso de humor. O verso da Rita bem que podia ser "Amor é mal-humor e sexo é diversão". Não estou com isso querendo dizer que o filme é ruim. Não é ruim. É um bom filme, mas ele perde aquele tom de comédia rasgada e filme criativo porque vira uma comédia romântica e tem um final, digamos (in)feliz para o meu gosto. Que pena!

Jogo entre ladrões (filme)

Gosto muito de Morgan Freeman, mas não gosto do Antonio Banderas, por isso não fui muito satisfeito assistir ao filme Jogo entre ladrões (título original: The Code, 2008 - Direção: Mimi Leder; Roteiro: Ted Humphrey).
Estava achando tudo muito clichê, mas como sei que a minha má vontade devia estar influenciando a minha impaciência com o filme, insisti. Não adiantou: clichê do clichê. Certa altura eu já sabia todo o enredo, tudo o que iria acontecer, todas as reviravoltas (im)possíveis da trama. Até que nos últimos 15 minutos de filme houve surpresas. Não tantas, porque na altura do campeonato, o estádio já estava vazio tal o desânimo com a partida.
Não gostei, não volto e não indico.
Filmes policiais são bons (na minha opinião) se a trama te surpreende: quando o roteiro é inteligente e te pega acreditando numa possibilidade, mas o improvável (sem ser absurdo ou sobrenatural) constrói a teia na trama.
Meu parâmetro é Plano Perfeito, dirigido por Spike Lee, surpreendentemente sensacional!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Susan Boyle - "Sou feia mas estou na moda" (texto)

Quase sempre as pessoas que não estão dentro dos padrões de beleza estabelecidos (em todos os sentidos: idade, cor, peso, altura) são subjugadas. O valor do outro está na sua aparência e, como somos cruéis, usamos do cinismo para delimitar a distância que existe entre nós e o outro.
Susan Boyle é uma escocesa gorda, feia, de 47 anos e ousou participar de um desses programas de talentos da TV que lançam cantores, em geral, jovens, bonitos e talentosos ao redor do mundo.
Ao chegar e dizer que seu sonho era ser como Ellen Page (famosa cantora britânica) recebeu, da plateia e dos "artistas" de plantão, apenas deboche em forma de riso. Mas bastou abrir a boca e soltar a voz em "I Dreamed A Dream" para o público perceber que quem riu por último riu melhor (bem melhor). Deu um show de interpretação e tem uma voz linda.
Nem sempre ser feio é sinônimo de incompetência.
http://www.youtube.com/watch?v=j15caPf1FRk (youtube.com)

Plumas & Paetês (texto)

A começar pelo título, Caras & Bocas bem que podia ser Transas & Caretas. Total falta de imaginação! Se não bastasse, a historia é medíocre. E, como se não fosse suficiente, tem uma mocinha rica (Flávia Alessandra tá muito ruim, mas é bonita - bem melhor quando interpreta uma femme fatale) e um mocinho pobre (que história!) que não sabe que tem uma filha.
O que é preciso para ser autor de novela?!.
Até o chimpanzé-pintor-ator faria melhor. Tenho quase certeza.
Não tenho mais o que escrever sobre a "nova" novela das dezenove horas.
Ah, tenho sim, Íngridi Guimaraes. Por Deus! Tire essa moça da trama! Faça com que um quadro daqueles bem pesados ou uma escultura despenque sobre a sua cabeça e ela desapareça! (É a mesma pesonagem de "Sob nova direção"?!)
Ia publicando o post, mas me lembrei da família da namorada do mocinho pobre. O núcleo cômico da novela. É o que salva o capítulo!

domingo, 19 de abril de 2009

Todo dia era dia de índio (texto)

Andei procurando hoje (19 de abril) nos jornais matérias (fotografias ou ilustrações) sobre o Dia do Índio para ler de que maneira esses meios de comunicação estão pensando/construindo/mostrando a imagem dos primeiros habitantes das terras brasileiras. Encontrei, não para minha surpresa, bem poucos textos sobre o assunto. Fotografias? Apenas duas.
Na Folha de São Paulo, por exemplo, tem um anúncio pago pela Caixa Econômica (na página A9) , ocupando meia página e é uma "Homenagem da Caixa aos seus 500 empregados de origem indígena e a todos os índios do Brasil", fora isso, apenas a coluna do José Simão faz referência ao dia do Índio: "Índio agora não quer mais apito. Índio quer iPod, mochila e tênis! Para fazer a dança da chuva com iPod!"
O anúncio da Caixa tb traz um pequeno texto ("Somos filhos da terra cor de urucum. Dos sons do igarapé e da força do jatobá. Das águas do Araguaia, do Tapajós, do Iguaçu. Somos filhos do sol de Kuaray, da lua de Jaci...") e dois indiozinhos, o maior deles abraça o menor (como se o protegesse). São duas crianças e talvez essa escolha produza um efeito de que a nação indígena não esteja se extinguindo, mas crescendo, inclusive (e talvez, principalmente) com o apoio do Governo Federal.
Os comentários/brincadeiras do José Simão além da frase pronta de que "Índio quer apito", (parafraseada a exaustão e presente no imaginário em torno da cultura indígena, reforçando a ideia de que eles querem música e dança, apenas) escreve tb que "Tem mais índio no Sambódromo que na selva amazônica." É bem verdade, que índio virou, e não é novidade, fantasia de carnaval de tão caricata e exótica a forma como são mostrados.
No Rio de Janeiro ou em São Paulo, são quase lendas.
A Gazeta do Paraná traz, em sua primeira página, uma foto colorida (única em cores) de alguns índios, sendo que um deles usa um celular (como não consegui copiar a tal fotografia, fotografei-a). E a manchete: "Índios: culturas que resistem à realidade dos tempos modernos". Forma tb bastante comum, nos meios de comunicação, dos índios serem representados. Ela pode produzir efeito de que a sua cultura está sendo contaminada pela cultura do "homem-branco" e, por isso, eles estão deixando de ser índio.
Sem falar que essa representação muitas vezes é usada para comprovar que se já não são mais índios, devem ser tratados de outra maneira (principalmente no que diz respeito aos direitos de terras etc.)
Na página 7, sob o título "Comemoração pela 'lembrança' de uma cultura" eles são tratados como vítimas. E mesmo quando a voz do índio surge, (re)produz esse sentido. Em vários momentos da matéria são repetidas as ideias de que "sem ter o que comer e onde morar, índios ficam como 'moradores de rua'".
Nos últimos meses e anos, tenho percebido que as imagens produzem ora que são violentos (e são fotografados com armas em punho) ora vítimas do abandono (e perambulam pelas cidades) ou ainda que estão perdendo para cultura do branco (e usam computadores, celulares etc.).
Na maior parte das vezes são silenciados porque sua cultura primitiva não "merece" a nossa atenção, a dos civilizados. Se falam, falam-se do lugar do discurso oficial para (re)produzir os sentidos "hegemônicos"(desses meios de comunicação) sobre si.

sábado, 18 de abril de 2009

Rotavírus (texto)

Não sei o que é um rotavírus. Não faço ideia da sua forma, sua aparêncie muito menos onde/quando/por que a gente se esbarra com ele e o nosso dia vira essa infelicidade. Desde sexta-feira estou com dores de barriga, febre, tontura (não aquela do dia a dia), náuseas, falta de apetite e um desânimo daqueles. O pior é ter que trabalhar se sentindo mal e à beira de uma crise intestinal (a rima sempre é péssima na prosa, mas não vou apagá-la).
Pensei na possibilidade de não dar aula hoje pela manhã, mas como se os alunos me esperavam e se essas aulas estão contadas? Fui. Encarei a moto e o frio da manhã, encarei tb um multimídia que não funcionava no meu computador, mas como pior não podia ficar, tudo correu (ou melhor, não correu) bem.
Espero mesmo não passar esse feriado de cama: ou da cama para o banheiro porque ninguém merece isso.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Público e a Privada II (texto)

A forma como a Câmara dos Deputados e o Senado resolvem a farra das passagens aéreas distribuídas por nossos representantes é no mínimo grotesca: a verba destinada às passagens será cortada em 20% na Câmara e 25% no Senado. E isso, é claro, resolve e põe fim ao celeuma envolvendo os políticos em Brasília.
Fico aqui imaginando como vai ser esse corte. Vinte por cento provavelmente nos bilhetes emitidos pelas empresas:
A conversa de um Deputado em Brasília com uma atendente:
-"Veja bem, será que a senhorita poderia cortar essa pontinha aqui? Será que essa pontinha corresponde a 20% do bilhete? Precisamos economizar, moralizar é a palavra de ordem. Se não corresponder, pode tirar mais uma pontinha. Ih, acho que vc exagerou, cortou mais do que devia. Mas tudo bem, se é para cortar, vamos dar o exemplo.", diz o deputado.
-?!$%???!!@&, responde a atendente.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Público e a Privada (texto)

Estou com uma grande dúvida, quem poderia me auxiliar? Se eu gasto indevidamente um dinheiro público (dinheiro que não é meu, ou melhor, o "dinheiro é meu", mas o seu gasto deve ser feito apenas e exclusivamente com fins públicos), ainda que fosse por "engano," e esse gasto fosse "descoberto", divulgado pela imprensa, caído na boca do povo e eu "arrependido" devolvesse todo o valor gasto indevidamente aos cofres públicos? Eu teria feito algo errado? Aquele meu primeiro ato ainda teria sido, mesmo depois da devolução, digamos assim, roubo? Qual crime foi cometido por mim? Se eu roubo dinheiro de alguém e o roubo é descoberto e então eu me "arrependo" (afirmo que a Culpa é dos assessores! Culpa dos assessores!) e devolvo a grana, não sou mais ladrão, não é?
Ah, se nada é descoberto, nem houve crime, naturalmente.

A carência de cada um (texto)

Deu no Globo.com. Que somos todos carentes, que preenchemos os nossos vazios das formas mais desesperadoras possíveis tb não é nenhuma novidade, mas certamente que manter um tamanduá como bicho de estimação para mim é total falta de noção. E como se não bastasse, vesti-lo com roupinhas de todas as estações.
Angela Goodwin, de Oregon, divide sua casa e sua vida com um tamanduá fêmea chamada Pua, que é cercada de mimos – entre eles, um suéter para que ela fique aquecida no clima frio da região.
“Eu comecei a vestir Pua e ela pareceu não se incomodar. Agora, ela tem seu próprio guarda-roupa”, diz Ângela, que cria o animal há três anos, desde que ele chegou da Guiana, onde nasceu - e onde a espécie está ameaçada. Tamanduás são conhecidos por serem inteligentes e, segundo a norte-americana, são extremamente amorosos com seres humanos. Angela e Pua são tão próximas que dividem a mesma cama. “Ela costuma dormir abraçando a minha mão”, diz.

sábado, 11 de abril de 2009

Simplesmente Feliz (filme)

Poppy (Sally Hawkins) é uma mulher de 30 anos que sempre sorri. Tem uma maneira muito especial de encarar a vida: procura entender o que acontece (e muitas coisas acontecem) com uma naturalidade particular. Sua inocência acaba nos contagiando e até mesmo nos surpreendendo. Ela procura compreender o outro ainda que o preço a ser pago não seja pequeno. É um filme que fala sobre o olhar sensível de uma mulher e de sua leveza. E, principalmente, de como a humanidade pode mover os nossos atos. Um pouco de bom humor não faz mal a ninguém. Vi hoje e vejo outras vezes. Gostei demais.

Canção do exílio - aos 40 e poucos anos (texto)

Ter 40 anos (e mesmo mais do que isso) no Rio de Janeiro não tem o mesmo peso nem valor dos mesmos 40 anos em Cascavel. Cada uma dessas cidades produz efeitos diferentes em relação à idade que se tem. A possibilidade de aqui no Rio ter 40 (e poucos anos) e encontrar pessoas nesta faixa etária com estilo de vida semelhante ao seu é muito mais comum de acontecer do que em Cascavel, por exemplo (a comparação aqui é entre uma cidade do interior - e acredito que isso deve ser comum a grande maioria delas - e uma capital litorânea).
Ser solteiro, sem filhos, ser livre e isso não significar, por exemplo, que vc já se aposentou (em quase todos os sentidos) é tão corriqueiro que não é uma questão para quem está nos 40 (e poucos) e mora numa Capital como o Rio de Janeiro em que, a cada esquina, vc se esbarra com tantas outras pessoas nesta mesma condição (nos cinemas, livrarias, praias, boates, bares, rua). Em Cascavel, por sua vez, esta situação é quase uma exceção: aos 40 (e tantos) se vc não está casado, com filhos, quase aposentado (em quase todos os sentidos), circulando com um grupo de amigos tb casados, com filhos etc. etc. etc., produz um efeito de algo "fora da normalidade". O tempo pesa mais no interior onde as cristalizações são mais marcadas.
Aqui o céu tem mais estrelas, mas elas se evidenciam mais por . Aqui se tem Palmeiras mas não se tem Sabiá, mas as aves que aqui gorgeiam, (definitivamente) não gorgeiam como .


sexta-feira, 10 de abril de 2009

Cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é (texto)

Adriano declarou hoje na TV que não se sente bem e que precisa, portanto, pensar sobre jogar futebol, que necessita parar para saber o que quer fazer (ou o que não quer), que não tem mais certeza se a vida que anda levando é a vida que ele desejou ter. E que, acima de tudo, não está feliz.
Especula-se (sempre) que o declarado não corresponde ao que anda acontecendo com o jogador (há rumores de envolvimento com drogas, álcool), mas supondo que ele diz o que sente, penso:
Quantos de nós não tem esta mesma vontade?
Quem nunca se perguntou se ocupa o lugar que deseja, mas sem condições de escolha, segue em frente ou, simplesmente, não dá muita bola para a infelicidade?
Pelé disse que a decisão de Adriano desmotiva as novas gerações. Desmotivar seria ganhar dinheiro a qualquer custo. Que custo alto, jogar bola sem vontade! A felicidade não está, definitivamente, no mesmo lugar para todas as pessoas. Ter opção sempre é melhor. Sorte a dele, seja lá o que o motivou (e torço para que seja a dúvida), ter condições de poder, com a idade que tem, com a grana que ganhou, escolher.
Nem é casamento, como acredita o Zagallo, que torna alguém mais feliz. Ou filhos que preenchem o vazio que se sente. O dinheiro tb não compra tudo. Ele quer "estar mais próximo dos amigos e da família" e acredita que dessa forma escontrará uma resposta, afirmou O Imperador.
Como admirador do seu futebol, sinto por sua ausência. Ele tem o direito de não querer o que querem que ele queira.

Música (texto)



O sorriso do gato de Alice se se visse não seria menos ou mais intocável que o teu véu. (Errática - Caetano)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Revendo amigos (texto)

Passo muito tempo longe dos velhos amigos. Moro em Cascavel, oeste do Paraná, e eles estão, em sua maioria, ou Rio de Janeiro ou em Curitiba. Mas basta um reencontro para que aquela sensação de distância diminua. Mantenho, na medida do possível, contato virtual e vezinquando, ainda que não seja o meu forte, falo através do telefone. O bom dos grandes amigos é a falta de cobrança em relação a uma presença física (cito outra vez as questões geográficas como a maior vilã desses desencontros). Aproveitamos muito o pouco tempo que temos para ficarmos juntos. Viajo com maior frequência para Curitiba (nem preciso explicar o motivo), mas essa frequencia, em virtude do trabalho, tb não tem sido como eu gostaria. Ao Rio venho bem pouco: nas férias do final do ano (emendando o recesso de natal-ano novo e as férias de janeiro) ou se, por um acaso, aparecer algum trabalho. Depender de cidade turística (no caso de Foz do Iguaçu) para sair do Paraná inflaciona muito o preço das passagens. E mais, não vou para qualquer destido, de lá parto para o Rio de Janeiro (outro ponto de concetração turística). Valores sempre em alta!
Como o tempo é normalmente curto, acabo me encontrando uma única vez com a maioria deles, mas estou completamente nesses encontros: colocamos as histórias em dia, rimos muito, beijos e abraços, almoços ou jantares, praia ou cinema e pronto porque a volta sempre é um fantasma à espreita. Sempre é um logo em seguida. Tudo bem, conto sempre com a possibilidade do devir.
Hoje almocei com Vanise e Thaís, sempre boas companhias. Agora à noite, jantei com Lulu e Elis, além da boa comida, sempre uma boa conversa.


terça-feira, 7 de abril de 2009

FOZ DO IGUAÇU-MACAPÁ (TEXTO)

A forma como a Gol (linhas aéreas) se vende é se autodenominando Linhas Aéreas Inteligentes. Talvez porque ela tenha mudado, de certa forma, o mercado interno de transporte aéreo em termos de preço, de agilidade para a relização do check-in etc. No entanto para ser uma empresa inteligente ainda há um longo caminho para ser percorrido.
Voamos de Foz do Iguaçu em direção ao Rio de Janeiro com uma escala em São Paulo. Assim que o avião decolou iniciou-se o serviço de bordo. Um parêntese: se a empresa é mesmo inteligente deveria chamar de uma outra forma o que chama de Serviço de Bordo. Nos serviram um biscoito com recheio de chocolate e meio copo de suco de laranja de caixinha. Chegamos, depois de quase hora e meia, a São Paulo, trocamos de aeronave e tudo (re)iniciou-se da mesma maneira como se estivéssemos pela primeira vez no voo da Gol. Nos serviram o mesmo suco com duas pedras de gelo, só que dessa vez, sem o biscoito. Pra quê? Mais cinquenta minutos até o Rio. Fiquei pensando, depois de me livrar desse serviço inteligente, como seriam tratados os passageiros com destino a Macapá. Será que a cada decolagem o mesmo suco ora acompanhado de um biscoito ora sozinho seria servido aos passageiros até o destino final do voo 1997, como se eles estivessem voando a primeira vez? Será que não passa pela cabeça que ninguém aguenta o mesmo suco durante horas de viagem com uma bolacha doce? É claro que sei que um avião não pode ser um restaurante de cinco estrelas, que não há condições para que exista uma cozinha funcionando na aeronave, mas, sejamos honestos, o preço que se paga para voar pela empresa é o mesmo que se pagaria em outra, mas o (des)serviço de bordo faz diferença. A intelligentsia das Linhas Aéreas.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Vale do Paraíba (texto)

Respondo aos amigos quando me perguntam se tudo está bem, que está sim, mas que poderia ficar melhor. Alguns me dizem, tb brincando, que eu deveria me conformar com o fato de "já estar bem" porque, em geral, as coisas semprem podem piorar. Aí recebi de uma amiga essa notinha ai à direita com uma resposta de um vestibulando sobre a Importância do Vale do Paraíba. Cliquem na imagem para que ela aumente de tamanho e leiam o conteúdo, vejam se esses meus amigos não têm razão quando afirmam que TUDO PODE FICAR BEM PIOR DO QUE ESTÁ.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Transexual é impedida de dirigir ambulância em Itu (texto)

Logo em Itu?! Cidade conhecida pelo tamanho exagerado de todas as coisas? Em Itu tudo é grande: o telefone público, o lápis, a borracha, o poste, o chapeu, e, pelo visto, tb o preconceito. Nilce, nasceu Nilson, e se sente mulher. Para mim isso seria o bastante. Eu me sinto assim ou assado e pronto, ninguém tem o direito de achar que deveria ser de outra maneira. Nilce é motorista concursada da prefeitura de ITU há 13 anos: responsável por dirigir a ambulâmbia da cidade, mas desde que resolveu assumir a sua transexualidade tem sido impedida de exercer a sua profissão. Passa as nove horas sentada numa poltrona na sala dos motoristas, ainda que outros colegas estejam sobrecarregados de trabalho.
Ela só quer ser quem realmente é (isso é muito?) e poder levar os pacientes para os seus destinos. Não me parece muito. Me parece até pouco! Nilce quer ser livre: poder ir e vir da forma como se sente bem. Segundo ela “O problema é que você vê às vezes os motoristas no sufoco, pinta uma emergência, um acidente, não tem um motorista ali e você sentada porque não pode pegar a ambulância para socorrer aquela pessoa.”
A prefeitura de Itu alegou que não há discriminação. De acordo com a chefia do setor, a motorista não tem sido escalada para viagens porque a ambulância que dirige sofreu avaria mecânica e está na oficina.
Estranha coincidência: a sua ambulância sofreu avaria e continua na oficina justamente quando Nilce resolveu ser quem ela sempre foi.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Para o 1 de abril (texto)

Reza a lenda que o fato do dia 1 de abril ser (re)conhecido em muitos países como o dia internacional da mintchura (só para não esquecer Neuzinha Brizola) reporta à Mitologia Nórdica: dia consagrado ao deus Loki, deus do fogo, das travessuras, das trapaças, do sexo e dos ladrões, culto que teria posteriormente gerado o Dia da Mentira.
Para comemorar esse dia eu poderia muito bem inventar alguma história qui, como por exemplo, eu ter acordado com uma juba hercúlea, mas creio que essa farsa seria tão escandalosa que nem os mais ingênuos cairiam nesta pegadinha. Pensei, então, numa outra estratégia, relembrar um grande mentiroso presente em minha memória: Pantaleão, um dos tantos personagem do humorista Chico Anysio, surgido no programa humorístico Chico City de 1973, era um típico contador de histórias do interior. Ao contar seus "causos", o personagem buscava cumplicidade na esposa, Terta, quando pedia que ela confirmasse as histórias ao perguntar: "É mentira, Terta?" E ela prontamente respondia: "Verdade". Ainda que fosse o mais dos absurdos relatos.
Saudades do Pantaleão!
Proponho a quem quiser (e puder) que poste (como comentário) qual a maior mentira já contada nos últimos tempos?

Da séria: Contos mínimos

A conversa era narcísica. Ele me dizia o que eu queria ouvir porque amava ser amado. Havia um time de futebol apaixonado por ele e havia goz...