sábado, 26 de fevereiro de 2011

Alegre (para Caio Fernando Abreu)

Ontem, soube, através de uma mensagem pessoal no Messenger de um amigo de Porto Alegre, que fazia 15 anos da morte de Caio Fernando Abreu, autor  (contos, romances) que fez a minha cabeça nos anos 80/90 e continua fazendo a cada vez que releio algum escrito seu. 
E agora ouvindo um CD da Vânia Bastos, Belas e Feras (1999), no qual grava músicas compostas por mulheres, encontrei a música  Alegre de Adriana Calcanhotto que homenageia o escritor gaúcho.
E como forma tb de relembrar o Caio, posto a letra aqui (pena eu não ter encontrado a música na web.):

Alegre
Hoje tem uma alegria em mim
Hoje eu acordei alegre
Nem nada mudou tanto assim
mas qualquer coisa em mim
urge
arde em febre
Hoje serei enfim
quem você quiser de mim, me leve
que eu hoje vou dizer: sim
ao que quer que me espere
me espere
(Adriana Calcanhotto)

Da Série Contos Mínimos

Não havia antalhos entre nós. Ele estava no início da sua vida e eu no final da minha.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Gritos ecoaram de um distante continente: líbios, egípcios, argelinos, tunisianos, jordanianos, iraquianos e lemenitas sacudiram as bandeiras, invadiram as praças.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Entre um encontro e a postagem (texto)

Nesse fim de semana reencontrei dois grandes amigos. Bastante tempo sem contato. Um deles eu ainda "encontrava", vezinquando,  via orkut o outro já contavam 12 anos sem uma única notícia.
Eu os conheci em Curitiba quando do meu mestrado. Éramos bem próximos, mas o trabalho, a vida pessoal, a família, os novos  projetos, a nossa casa, tudo isso vai mudando um pouco a nossa rotina e quando a gente se dá conta (se se dá) estamos vivendo outra vida.
Mas essas mesmas ondas que vão nos levando para outras direções tb nos trazem de volta até a beira da praia. E se estamos com sorte, assim como estávamos, nos (re)encontramos. Colocamos quase tudo em dia. Foi muito bom!
Não é exatamente sobre esse reencontro o motivo desse post, ainda que ele me tenha inspirado, de alguma maneira. Mesmo que possa não parecer que tenha alguma relação entre o encontro e o que vou escrever.
Fiquei hoje o dia inteiro lendo textos de alunos (orientandos), textos da pós-graduação e relatórios de iniciação científica. Nos intervalos dessas leituras e observações que eu fazia nesse material (a parada para um chá, o telefone que tocava, a hora do almoço, a instalação de um novo computador, a configuração da nova impressora) eu me pegava com um pensamente recorrente: a alegria de não parecer a idade que se tem.
Não consegui me lembrar de onde surgiu essa ideia insistente, mas, creio, agora aqui pensando sobre esse pensamento, que ele tenha aparecido por conta dessa percepção in loco do tempo que se foi.
Por que tenho tanto medo de envelhecer? Talvez porque a velhice seja (é claro que estou pensando numa vida que ultrapasse todas as  suas fases canônicas) a última etapa de nossas vidas e pensar que se morre sem saber verdadeiramente o que acontece depois não é nada tranquilo, pelo menos pra mim.
Talvez (sempre há muitas possibilidades, e na ausência do Paulo Fernando para me ajudar aqui com essas preocupações, tenho que me virar sozinho mesmo) porque envelhecer seja perder algumas coisas e não lido muito bem com isso (alguém lida?) Perde-se (é esse o verbo, deixar de ter alguma coisa que se tinha, de certa forma, importante, porque se assim não o fosse, não se perdia) a juventude num mundo em que ela é extremamente valorizada. E por mais que se diga não se afetar pelo senso comum...estou eu aqui pensando que ter 40e muitos e não aparentar é um privilégio.
E fiquei pensando ainda nos recorrentes reforços dessa juventude eterna: num espírito jovem, na boa aparência, naquela alegria juvenil como se fosse uma obrigação ter 50, 60, 70 e poucos anos, mas manter-se inatingível pelo tempo.
Não tenho mais trinta. E como é difícil atravessar essa barreira. Queria muito me ver como eu sou e poder ser quem sou sem me preocupar mais do que eu devia (tá aí outro problema, a medida da preocupação) com o que eu não devia me preocupar. Não quero ter espírito jovem nenhum, quero ter o espírito que me cabe com o que eu sou e fui acumulando durante esses anos todos.
Não quero e nem preciso ser um senhor moderno daqueles que ninguém é capaz de dizer a idade que tem porque virou um intervalo entre os 30 e os 60. Quero ser um senhor_senhor que saiba aonde possa ir, o que vestir, ter uma boa saúde a medida do possível sem as obrigações de ser eternamente jovem. Não terei nunca mais 30, nem 40, nem 45 pra sempre, assim como não terei 50, 60  por um período maior do que 365 dias. E viva a idade que se tem!!!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O primeiro dia de aula (texto)

Hoje meu primeiro dia em sala de aula com os calouros/2011 do curso de LeTRaS. Gostei da rapaziada (língua preconceiotuosa essa, rs, tem muito mais meninas que meninos e eu os chamando de rapaziada, melhor refazer), ops, gostei da moçada (que já tem outra conotação: jovens de ambos os sexos).
A aula um pouco nervosa, eu fico tenso sempre na primeira semana ou na primeira aula, além da tensão fico gago, surdo e falo tão rápido que preciso me policiar ou ser policiado (mais fácil assim).
De qualquer forma, a aula foi boa, no que diz respeito a primeira impressão. Gostei mesmo do jeitinho dos novos alunos(as). Tomara que seja uma turma turma e não um amontoado de gente que divide o mesmo espaço.
Tomara tb que gostem (muito) de ler e tenham (muito) interesse pela escrita, pela disciplina.
Sejam bem-vindos!!!

Fiquei me lembrando do meu primeiro dia de aula, não na universidade, mas no primeiro ano do ensino fundamental. E vai tempo...
Nunca estranhei a escola. Eu fui criado, praticamente, dentro de escolas. Minha mãe foi professora primária durante muitos anos. E em quase todos os seus anos de magistério eu a acompanhava, vezinquando, porque não havia com quem ficar.
Minha diversão era usar a máquina de escrever. Não me lembro bem a impressão que tinha a respeito dessa máquina, mas acho que devia ser o mesmo fascínio que o computador desperta nas crianças, hoje em dia.
Eu não pensava em ser professor. Quando me peguntavam o que eu seria quando  crescesse, tinha a resposta na ponta-da-língua: médico. Acho que todos os meninos da minha geração queriam ser médicos (é possível que não fosse assim). Sorte da medicina eu ter mudade de opção. Até seringa me arrepia, e veja bem, não estou falando de agulhas.
Lembro-me bem desse primeiro dia, Tia Terezinha, nome da primeira professora. Ela era um amor comigo. E eu ali, fantasiado de aluno de escola pública: tênis preto, calça azul marinho e camisa branca. E aí a Tia Terezinha perguntou quem queria ler um texto. Meu braço já devia estar levantado bem antes de ela pensar em escolher alguém.
Eu já sabia ler, na verdade eu achava que sabia ler.  Pra ser sincero, eu conhecia as letras e as juntava acreditando que faziam algum sentido.
Eu gostava mesmo de aparecer. Nem sei como me transformei numa cara tão tímido. Queria fazer tudo. Sabe aquele tipo de aluno que não dá nem tempo para um outro se oferecer? Era eu. Insuportável isso.
É claro que o mais divertido era a hora do recreio. Fiquei apenas um ano nessa escola (escola em que minha mãe trabalhava). No ano seguinte fui para uma escola mais próxima de onde morávamos.
Uma pequena lembrança desse início rumo à academia. Depois disso, nunca mais deixei de estudar.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Doar palavras (Campanha)

Vejam só que projeto bacana e que depende apenas de um minutinho nosso: O Hospital Mário Penna, em Belo Horizonte, que cuida de doentes de câncer, lançou um projeto que se chama "Doe Palavras". Fácil, rápido e todos podem doar um pouquinho.
Você acessa o site, escreve uma mensagem de otimismo, curta (como no twitter) e ela aparece no telão para os  pacientes que estão fazendo o tratamento – na sala de quimioterapia. 
Não é incrível? Podemos ajudar milhões de pessoas enquanto elas passam pelo tratamento como nossas mensagens, essa ajuda acontece de muitas formas: apoio, reconforto, distração (ocupam o tempo que ali passam recebendo a quimio), reprogramação mental, otimismo, e muitas outras, algumas bem subliminar, mas muito efetiva. Dizem que é linda a reação de esperança e a fé dos pacientes.
Participem, não apenas hoje mas, todos os dias. Deem um pouquinho das suas palavras e de seus pensamentos. Nos custa quase nada (só um pouco de tempo) e pode realmente trazer grandes benefícios aos que sofrem dessa doença que tem tratamento de efeitos colaterais terríveis, e podem ou não promover a cura. Porém apoio e mensagens de otimismo são um tratamento delicioso sem efeitos colaterais negativos e ajudam muito na cura e/ou no processo de apoio – é uma carícia positiva.
Então? Não economizem palavras: use-as nesse projeto maravilhoso.
Divulguem!!!! 

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Radar Gay ou Gaydar (texto)

Aplicativos destinados ao público gay para iPhone, iPad e iPod touch já contam com mais ou menos 1,3 milhões de perfis cadastrados em aproximadamente 180 países (fonte: revista Época edição 665 de 14 de fev. de 2011). Esses aplicativos são uma espécie de GPS gay, ou seja, basta que um perfil seja cadastrado para que o sistema de geoposicionamento via satélite ajude a localizar os gays,  bissexuais, simpatizantes ou curiosos que estão nas redondezas.
As redes dão informações básicas dos usuários, tais como idade, cor, peso, altura e uma breve descrição pessoal. Uma vez que o usuário faz o seu cadastro, o seu celular fornece, em tempo real, os dados sobre a sua localização para outros membros da rede.
É um facebook, orkut ou quaisquer que sejam outras redes  sociais semelhantes, com o acréscimo da informação da distância entre os usuários. A organização se dá pela distância: do mais próximo ao mais distante.
É possível trocar fotos, bater papo em salas específicas.
Dentre os mais populares estão o Grindr, o boyahoy, o Purpll e o Qrushr este com uma versão para as lésbicas.
Podem ser baixados gratuitamente, embora alguns tenham uma versão paga.
No Brasil, pouco mais de 13 mil usuários estão cadastrados. Um alcance relativamente baixo, não se levarmos em conta o preço dos aparelhos.
Dizem que o público gay masculino ainda domina os aplicativos, "talvez porque os homens são mais abertos a conhecer parceiros via on-line e sempre foram os que primeiro abraçaram as oportunidades que as novas tecnologias trazem na busca de relacionamento," afirma o criador de um dos aplicativos.
No entanto, o criador do Grindr afirma que versões para o público heterossexual está sendo desenvolvida. É baixar e fazer um teste. Quem sabe aquele amigo(a), amor ou a aventura sexual não esteja bem ao seu lado.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Múmia deixa o Egito (texto)

Mubarak renuncia no Egito e entrega poder ao Exército, diz vice-presidente. Presidente tinha ido para balneário no Mar Vermelho, segundo seu partido. Povo, que pedia saída imediata havia 18 dias, celebra nas ruas do Cairo.

Olha quem chegou pro carnaval!!!

Hoje nasceu a filha de uma grande amiga, Marta. Faz tempo que a gente não se vê. Ela agora no Rio e eu em Cascavel, antes eu no Rio e ela em Lima. Parece a história do Chico Buarque: "O nosso amor é tão bom, O horário é que nunca combina, Eu sou funcionário, Ela é dançarina, Quando pego o ponto, Ela termina" (Ela é dançarina).
Saúde e felicidade pra toda família. Muitos beijos e muita saudades. Dia desses a gente se encontra prum bolo de laranja (se é que vc me entende).

Múmia Egípcia (texto)

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, foi para o balneário de Sharm el Sheij, no Mar Vermelho, a 400 km do Cairo, informou nesta sexta-feira (11) Mohammed Abdellah, porta-voz de seu partido, o Nacional Democrático.
Mubarak, que tem uma residência no balneário, deixou a capital em meio a mais um dia de grandes protestos de rua pedindo sua saída imediata do governo. Testemunhas viram dois helicópteros decolando do palácio pouco depois do anúncio do porta-voz.
A TV estatal anunciou que a Presidência do Egito faria um comunicado "importante e urgente" em breve, mas não adiantou o teor.
Pouco antes, o Exército soltou nota prometendo  levantar o estado de emergência sob o qual o país vive desde 1981, "assim que as circunstâncias atuais terminarem".
Os militares também prometeram garantir uma eleição presidencial "livre e justa" em setembro, além de mudanças na Constituição e da proteção da nação, que vive há 18 dias uma crise política sem precedentes, com fortes manifestações de rua pedindo a renúncia imediata do presidente, de 82 anos e há 30 no poder.
No comunicado, que foi interpretado como uma demonstração de apoio a Mubarak, o Exército disse que não vai perseguir os "honrados cidadãos que rechaçaram a corrupção e pediram as reformas".
O comunicado do Exército deixa claro que os militares querem que a população encerre os protestos de rua e volte para casa.

Clima tenso
O clima seguia tenso no Cairo, onde manifestantes antigoverno tomavam mais uma vez as ruas, um dia após o líder ter transmitido os poderes "de fato" para Suleiman. A France Presse avaliou que ao menos um milhão de pessoas participavam dos protestos.
Insatisfeitos com o discurso de Mubarak na véspera, egípcios se reuniam na frente do palácio presidencial para pedir sua saída imediata do poder e ameaçavam invadir o prédio. O Exército, que guarda o palácio, observava, mas não tentava impedir os manifestantes.
Os protestos se intensificaram depois das tradicionais orações do meio dia da sexta-feira (8h de Brasília).
Na Praça Tahrir, foco das manifestações, três soldados egípcios abandonaram os uniformes e as armas e se uniram aos manifestantes contra o regime, afirmaram testemunhas.
"Eles se uniram à multidão sorrindo e gritaram frases a favor da queda do regime", declarou à France Presse uma das testemunhas, o estudante Omar Gamal.

Discurso
Na véspera, Mubarak frustrou os manifestantes que esperavam sua renúncia imediata e confirmou, em discurso na TV, que pretende continuar no governo até setembro, à frente da transição de poder. Ele também disse que iria transferir poderes ao seu vice.
Sameh Shoukr, embaixador do Egito nos EUA, explicou que Mubarak transferiu todos os poderes da presidência para seu vice, mas permanece do chefe de Estado "de jure" (de direito).
O embaixador disse que esta versão lhe foi contada pelo próprio Suleiman.
A decisão de Mubarak de ficar durante a transição irritou ainda mais a população local. Milhares de pessoas passaram a noite na praça Tahrir.
Em um discurso de tom patriótico, Mubarak afirmou que a transição no Egito em crise vai ocorrer "dia após dia"  até as eleições presidenciais marcadas para setembro. Ele prometeu proteger a Constituição durante todo o processo.
Mubarak disse que propôs emendas aos artigos 76, 77, 88, 93 e 189, e cancelou o 179, que dava poderes extras ao governo em caso de combate ao terrorismo.
O presidente afirmou que iria transferir poderes a Suleiman, segundo a Constituição, mas não esclareceu quando, até que ponto ou de que maneira isso ocorreria.
Em discurso posterior ao de Mubarak, Suleiman, -que já vinha liderando as negociações com a oposição- se comprometeu a tentar fazer "uma transição pacífica de poder" e pediu que os manifestantes acampados no Cairo voltem para casa.
A transferência de poder ao vice, segundo o ex-general, seria uma demonstração de que as reivindicações dos manifestantes estavam sendo respondidas pelo diálogo, e que as conversas com a oposição levaram a um "consenso preliminar" para resolver a crise.
O presidente também pediu desculpas pela repressão aos protestos de rua dos últimos dias, disse que sentia muito pelas vítimas e prometeu punir os responsáveis.
Ele afirmou que compreendia e estava de acordo com as reivindicações dos jovens e também disse que "não aceitaria ordem externas", em uma referência aos constantes pedidos de líderes internacionais pela democratização do país.
Mubarak também disse que as mudanças pretendem criar condições para anunciar o fim do estado de emergência, sob o qual governa desde o início, em 1981.
Ele já havia prometido acabar com a medida, mas sem estabelecer data.
O presidente disse que o Egito permanecerá "acima dos interesses individuais" e que não deixará o país.

Oposição
O líder oposicionista Muhamed ElBaradei disse que o Egito "vai explodir", após o discurso de Mubarak. Ele pediu ao Exército que "salve o país". Já a Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor, assumiu uma postura mais cautelosa e elogiou a transferência de poder.
Desde o início das negociações, no último domingo (6), a oposição reclama de "falta de clareza" do governo ao anunciar concessões, que vem emperrando o diálogo.

Possível renúncia
O discurso de Mubarak ocorreu após um dia marcado por vários relatos, muitos deles contraditórios, de que ele iria renunciar imediatamente.
Pelo menos 300 pessoas morreram e 5.000 ficaram feridas na repressão das forças de segurança aos protestos, segundo a ONU.
O clima era antecipadamente de festa no país à medida que anoitecia, mas o discurso televisionado foi recebido negativamente nas ruas.
Os manifestantes continuaram pedindo a saída imediata do presidente, sem entender exatamente o significado concreto da sua fala.

Repercussão internacional
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que esperava que o Egito rume no caminho de uma democracia e não de uma nova ditadura. Ele foi o primeiro líder mundial a falar após o discurso de Mubarak.
A primeira reação da Casa Branca à crise foi pedir uma "transição imediata", o que significava a renúncia de Mubarak, antes aliado americano. Mas depois o governo americano atenuou seu discurso e passou a defender apenas uma transição.

Israel
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse na ONU que cabe ao povo do Egito "encontrar seu caminho", de acordo com a Constituição do país.
A crise política no Egito preocupa Israel, que considera o Cairo um fator de estabilidade na conturbada região do Oriente Médio.
O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, celebrou as revoltas populares na Tunísia e no Egito e afirmou que o Oriente Médio vai se livrar dos EUA e de Israel.

'Saída honrosa'
O deputado trabalhista israelense Benjamin Ben Eliezer afirmou nesta sexta que  Mubarak comentou com ele, em uma conversa por telefone na noite de quinta-feira, pouco antes de seu discurso à nação, que está buscando uma "saída honrosa".
"Ele sabe que acabou, que é o fim do caminho. Só me disse uma coisa pouco antes de seu discurso, que procurava uma saída", afirmou Ben Eliezer à rádio militar.
Ben Eliezer, que até recentemente foi ministro do Comércio e da Indústria, é considerado o dirigente israelense mais próximo de Mubarak, a quem visitou em várias ocasiões.

Fonte: http://g1.globo.com/crise-no-egito/noticia/2011/02/em-meio-protestos-presidente-do-egito-deixa-o-cairo.html

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Top 100

Depois de uma passadinha pelo blog Ele não, Ela sim, da Ana Carolina e do João e de ler o texto sobre a trilha sonoro de nossas vidas (Top five), fiquei aqui pensando que músicas seriam as escolhidas para compor essa tal trilha sonora. 
Diferentemente do casal, eu não conseguiria escolher apenas as cinco mais. De jeito nenhum. Talvez porque eu tenha mais do que o dobro da idade de cada um deles, ou ainda por não saber viver sem música. Se estou em casa, no trabalho, de férias, no banho, tem sempre uma musiquinha me acompanhando. Em casa, na infância e adolescência, minha mãe ouvia música e cantava o tempo todo. E é claro que isso me influenciou.
Tenho quase certeza de que não consiguiria fechar nunca essa seleção, mas posso até arriscar um top 100.
Aqui não há uma hierarquia, mas uma seleção de acordo com o  que a memória vai fornecendo. Ah, essa seleção é de uma música e de um intérprete:
1. True - Spandau Ballet
2. Fullgás - Marina Lima
3. It Doesn´t Really Matter - George Michael
4. Deixa o verão - Los Hermanos
5. Tão Bem - Lulu Santos
6. Certas Coisas - Lulu Santos
7. Um certo alguém - Lulu Santos
8. Álibi - Maria Bethania
9. Esse Cara - Maria Bethania
10.  A História de Lilly Braun - Gal Costa
11.  Casa pré-fabricada - Maria Rita
12. Desta vida, desta arte - Marina Lima
13. Este Ano - Marina Lima
14. Essas coisas que eu mal sei - Marina Lima
15. Grávida - Marina Lima
16. Acontecimentos - Marina Lima
17. O meu sim - Marina Lima
18. Não sei dançar - Marina Lima
19.  Virgem - Marina Lima
20. Charme do mundo - Marina Lima
21. It´s Not Enough - Marina Lima
22.  Deixa Estar - Marina Lima
23. Para um amor no Recife - Paulinho da Viola
24.  No escuro - Marina Lima
25. Carinhoso - Marisa Monte e Paulinho da Viola
26. Diariamente - Marisa Monte
27. Morro velho - Elis Regina
28. Atrás da Porta - Elis Regina
29. Alô, Alô, taí Carmem Miranda - Elis Regina
30. Estrela, Estrela - Gal Costa
31. Nem pensar - Kleiton e Kledir
32. Gente humilde - Ângela Maria
33. Anos dourados - Maria Bethania
34. Todo sentimento - Elizeth Cardoso
35. Faxineira das canções - Elizeth Cardoso
36. Doce de coco - Elizeth Cardoso
37. Violão - Elizeth Cardoso
38. Saudades dos aviões da Panair - Elis Regina
39. Joana Francesa - Ângela Ro Ro
40. Só nos resta viver - Ângela Ro Ro
41. Mora na filosofia - Mônica Salmaso
42. Canto de Ossanha - Elis Regina
43. Estopim - Ná Ozzetti
44. O Samba e o Tango - Carmem Miranda
45. Mil perdões - Ney Matogrosso
46. A banda - Nara Leão
47. Brasil Pandeiro - Novos baianos
48. Acabou chorare - Novos baianos
49. Sem você - Paula Morelenbaum
50. Lança Perfume - Rita Lee
51. Baila Comigo - Rita Lee
52. Shangrilla - Rita Lee
53. Caso Sério - Rita Lee
54. Além do Horizonte - Nara Leão
55. As curvas da Estrada de Santos - Elis Regina
56. Detalhes - Roberto Carlos
57. Por isso eu corro demais - Roberto Carlos
58. The Englishman In New York - Sting
59. Roxanne - Sting
60. Say It Isn´t So - Billie Holiday
61. Reconte-Moi - Stacey Kent
62.  I Still Haven´t Found What I´m Looking For - U2
63. Me deixa em Paz - Alaíde Costa
64. Tendo a lua - Paralamas do Sucesso
65. Esse brilho em seu olhar - Léo Jaime
66. Preciso dizer que eu te amo - Marina Lima
67. Outono - Djavan
68. Sete mil vezes - Caetano
69. Tola foi você - Ângela Ro Ro
70. Love is stronger than pride - Sade Adu
71. O segundo sol - Cássia Eller
72. Luz dos olhos - Cássia Eller
73. Relicário - Cássia Eller
74. Paladar - Fátima Guedes
75. Condenados - Fátima Guedes
76. Tanto que aprendi de amor - Fátima Guedes
77. Desacostumei de carinho - Fátima Guedes
78. Poema - Ney Matogrosso
79. Smoken Gets in Your Eyes - The Platters
80. Cry me a river - Ella Fitzgerald
81. Blue Skies - Wilie Nelson
82. Aracaju - Vinícius Cantuária
83. Na baixa do Sapateiro - Caetano
84. Saigon - Emílio Santiago
85. Dias de Lua - Emílio Santiago
86. Perfume Siamês - Emílio Santiago
87. Lembra de mim - Ivan Lins
88. Peter Gast - Vânia Bastos
89. Louco por você - Vânia Bastos
90. Vai saber - Marisa Monte
91. Beija eu - Marisa Monte
92. Vambora - Adriana Calcanhotto
93. Metade - Adriana Calcanhotto
94. Inverno - Adriana Calcanhotto
95. Monsieur Binot - Joyce
96. Essa Mulher - Elis Regina
97. Bolero de Satã - Elis Regina e Cauby Peixoto
98. Canção da América - Elis Regina
99. Redescobri - Elis Regina
100. Feminina - Joyce

Bonus track
1. Aprendendo a joga - Elis Regina
2. O trem azul - Elis Regina
3. Um girassol da cor do seu cabelo - Diana Pequeno
4. Se eu quiser falar com Deus - Elis Regina
5. O bêbado e a equilibrista - Elis Regina
6. Eu hein Rosa - Elis Regina
7. As aparências enganam -Elis Regina
8. Basta Um dia - Clara Nunes
9. Camarim - Elizeth Cardoso
10. Refém da solidão - Elizeth Cardoso
11. Prá rua me levar - Ana Carolina 
12. Meu vício é você - Alcione

E a lista não ia terminar nunca mais. As cem foram com muita tranquilidade. E nem consultei os meus CD´s. Vou acrescentar no bonus mais algumas depois de uma rápida consulta.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ítaca - Constantino Kavafis (poesia)

Postei aqui neste blog no dia 3 de janeiro de 2010 o poema Ítaca do poeta Constantino Kavafis. E apesar de considerá-lo, o poema, incrível ele ficou nesse recente passado.
No entanto, recebi ontem um comentário, em forma de poema, de alguém que deu uma passadinha por aqui e aí recuperou essa memória que nunca eu deveria ter esquesido. Aí vai, outra vez, Ítaca

Se partires um dia rumo à Ítaca
Faz votos de que o caminho seja longo
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem lestrigões, nem ciclopes,
nem o colérico Posidon te intimidem!
Eles no teu caminho jamais encontrarás
Se altivo for teu pensamento
Se sutil emoção o teu corpo e o teu espírito tocar
Nem lestrigões, nem ciclopes
Nem o bravio Posidon hás de ver
Se tu mesmo não os levares dentro da alma
Se tua alma não os puser dentro de ti.
Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
Nas quais com que prazer, com que alegria
Tu hás de entrar pela primeira vez um porto
Para correr as lojas dos fenícios
e belas mercadorias adquirir.
Madrepérolas, corais, âmbares, ébanos
E perfumes sensuais de toda espécie
Quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrinas
Para aprender, para aprender dos doutos.
Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas, não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
E fundeares na ilha velho enfim.
Rico de quanto ganhaste no caminho
Sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu
Se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência.
E, agora, sabes o que significam Ítacas.

Constantino Kabvafis (1863-1933)
in: O Quarteto de Alexandria - trad. José Paulo Paz.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Ficava ali parada sem reconhecer ninguém. Calada num mundo que era feito, sobretudo, de silêncio.

Biutiful e o que a gente tem com tudo isso?

Uma amiga postou no Facebook um pequeno comentário sobre o filme Biltiful de Alejandro González Iñárritu (o mesmo diretor de Babel, Amores brutos), segundo ela, o filme era um chute no estômago.
Eu me prometi não fazer mais nenhum comentário sobre filmes, porque, como eu já disse e digo sempre quando não cumpro a promessa, tem sites especializados aos montes para isso aqui na net.
Biltiful não é só um chute bem dado no boca do estômago (como ela escreveu), é muito mais do que isso (apesar de que uma pancada bem dada nessa região nos deixa mesmo sem ar, com muita dor, mas passa). Biutiful é uma dor que não passa, porque somos golpeados durante 147 min, sem dó.
Saímos do cinema (Sil, Nanci e eu) meio atordoados e, claro em uníssono, pensando em como essa nossa vidinha classe média-burguesinha-consumista é fútil. 
Não que não soubéssemos disso: preocupação com o número de fios do lençol de algodão egípcio ou a viagenzinha à Europa nas férias de final de ano.
O filme não trata da futilidade das nossas vidas, por outro lado, mostra o quanto é insuportável (o adjetivo ainda não é esse) a vida de muitas outras pessoas enquanto outras tantas não estão nem aí. Não se dão conta, na melhor das hipóteses.
Javier Bardem incrível, mas Blanca Portillo deu um show de interpretação. Não deixou nada a desejar em se tratando de atuação. Interpretações cruas, no melhor dos sentidos.
Vale à pena rever o filme e quando os cinemas aqui em Cascavel deixarem de passar apenas o mesmo, o já visto, corro para uma das salas.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A cura do envelhecimento (texto)

Acabei de passar por um banca de revistas e de ler essa texto da capa, aí ao lado, da Revista Galileu
Fiquei pensando aqui com os meus botões*: desde quando envelhecimento é uma doença que precisa ser curada? 
Quando eu era criança a velhice ainda não era uma doença. Não se falava em vida eterna (digo, com a conotação de beleza for ever) e nem mesmo em ser jovem aos 60 e poucos anos.
Não havia, pelo menos que eu me lembre, essa ditadura da juventude. A minha avó já era uma senhora com comportamento, vida e pele de uma senhora, sem que isso fosse infelicidade, desgraça, coisa ruim.
Todo mundo precisa estar inteiro, não por saúde, mas porque é necessário, porque o mercado exige, porque a gente se exige e sofre quando não consegue, e não se consegue, naturalmente, atingir o padrão de beleza e juventude estampados em todas os lugares. 
Basta ser jovem para ser feliz! Compramos essa ideia e acho que é tarde para envelhecer, naturalmente.

*pensar com os botões não é nada jovem.

Da Série Contos Mínimos

Como um velho disco de vinil arranhado, pulando sempre na mesma faixa e na mesma frase: repetindo, repetindo, repetindo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Não faz parte do meu show (comentário)

Não sou um consumidor de livros espíritas, ou seja, não costumo comprar nem mesmo ler livros psicografados por médiuns. O máximo de intimidade que tive com uma obra espírita foi com O Evangelho segundo Allan Kardec que pertenceu a minha avó. Li algumas páginas, depois reli alguns capítulos.
No entanto, ontem à tarde uma amiga comprou o livro Faz parte do meu show, psicografado pelo médium Robson Pinheiro Santos e aí antes de dormir peguei emprestado o tal livro e o li.
Primeiro por curiosidade, depois para saber até onde ia o mal gosto do autor do romance. Fiquei impressionado com a falta de seriedade (desculpem-me os que gostaram ou os que acreditam que seja mesmo a vida-após-a-morte do cantor Cazuza descrita naquelas páginas) com a qual é tratada uma questão tão cara para o Kardecismo: a vida após a morte.
De cara, o que mais me impressionou negativamente foi a forma como os artistas (as pessoas públicas) são apresentados pelo autor depois de mortos. Continuam sendo tratados como celebridades independentemente da vida que levaram por aqui. 
Não estou de forma nenhuma produzindo juízo de valor sobre a vida de quem quer que seja, mas, sejamos honestos, o fato de alguém ser ator, poeta, apresentador, cantor, ex-BBB, modelo ou manequim não seria suficiente para ser tratado de forma diferenciada no plano espiritual, acho que isso iria de encontro com a doutrina espírita. E  mais, seria um desrespeito com os demais desencarnados.
Além disso, no decorrer do livro o cantor encontra-se com várias figuras conhecidas, como se elas continuassem sendo exatamente o que foram aqui entre nós.
O encontro com Chacrinha realmente me fez prosseguir com a leitura. Este continuava, além de usar o bordão Teresinha, apresentando um programa de música com a participação de Elis Regina, Clara Nunes etc. E a explicação dada pelo autor seria a importância dessas "pessoas" no acolhimento de espíritos desencarnados com alguma dificuldade para compreender essa nova etapa de sua vida.
A primeira figura pública com a qual o cantor esbarra é o poeta Drummond e o diálogo entre eles, e na sequência, a forma com o este poeta descreve o seu encontro com um mentor espiritual é de péssimo gosto literário.
Sem falar no vocabulário usado pelo cantor durante toda a obra. Para ressaltar que Cazuza fora um rebelde ou para reforçar essa imagem o autor o tempo todo faz uso de palavras de uma juventude fora do tempo. Seria como se o tipo assim fosse o bordão do Fiuk desencarnado.
Não vou dizer que perdi meu tempo, porque a explicação sobre desejos sexuais de encarnados e desencarnados foi interessante. Ponto.
Não recomendo. Mas gostaria muito de ler aqui outros comentários a respeito do livro, sobretudo positivos para que eu não ficasse com tamanha má impressão.

Da Série Contos Mínimos

Ela devia ter aproximadamente 3 anos. Eu conhecia apenas a sua voz que invadia o meu quarto nos finais de semana. Brincava quase todo o tempo. Cantava, contava histórias. Teimava com a mãe que lhe ameaça bater. Pedia doces, quebrava seus brinquedos. Corria. Sua vida era (para mim) uma diversão.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Todo trabalhado no embromation (texto)

Estar em Cascavel tem tb as suas desvantagens (quais são as vantagens mesmo? devem estar no post anterior). A maior delas é não ter o que fazer sem o trabalho. Digo, sem aquele trabalho que cumpre horas na universidade e que durante o expediente sempre aparecem muitas coisas por fazer (sobretudo se vc tem como chefes o João, a Cida e a Sanimar. Gente, não é muito cacique pra pouco índio?).
Acabei de ler a dissertação de uma aluna. Fiz meu plano de ensino. Preparei as primeiras aulas e ainda me resta muito tempo pela frente. Não dá pra fazer mais sem conhecer os alunos que estão chegando.
Fui ao cinema ver O turista por falta de opção, mesmo.  Não fiquei afim de pagar pra ver. O filme não é bom, ainda que Angelina Jolie esteja (mesmo magérrima) linda e apareça quase sempre numa superprodução, ainda que o filme se passe numa Veneza impecável...
Almocei com uma amiga durante esses dias. Rimos bastante, mas acabo ficando sozinho a maior parte do tempo inventando o inventável. Pena que não exista ainda um teletransporte, daqueles que vc entra (sem uma mosca, é claro) e ressurja num lugar qualquer por alguns dias ou horas. Isso seria uma mão na roda, ainda que mão na roda não combine muito com teletransportes.
Eu iria encontrar a Aline, na Escócia, para um almoço. Depois o João em Londres para o jantar ou um pub. Na sequência dormiria em NY e encontraria o Pedro. E tomaria o caminha da roça.
Tá vendo a vida bem mais fácil. Fico indignado com essa tecnologia de ipad, iphone. Besteiras que não servem pra quase nada.
Esse texto tb não serve para quase nada, mas é o que tenho pra hoje. Fico me perguntando, como é que se consegue escrever tanto sobre coisa alguma? Tô todo trabalhado na enrolação no Embromation.
Obs.: mas tenho certeza de que não sou o único.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Estou de volta (texto)

Ainda tenho alguns dias de férias, elas acabam dia 03, mas já voltei pra casa (TRIP - viagem nota 10!). Hoje acordei às 11h, sem culpa, sem compromisso, sem ter o que fazer além de colocar em ordem a vida que ficou parada aqui em Cascavel (ah, e ler a dissertação da Ju).
É claro que estar no Rio sempre é bom: cinema, samba, praia, amigos, paqueras, Lapa, Circo Voador, Preta Gil , TV Bar (não nessa ordem, é claro). Por outro lado, aquele calor insuportável da Cidade Maravilhosa e eu num ventilador assassino. Sem falar no Juscelino que é silencioso como um filhote de labrador (rs).
Aqui, Seu Jorge não para de cantar. Vai ver meus vizinhos querem  minha cabeça, mas não consigo parar de ouvir Burguesinha.
Ah, Nanci, te amo muito! Como é bom estar por aí. Na próxima quero vir como vc, só que homem, é claro; Vanise, se comporte! Vera, é na esquina da Santa Lusia que vc trabalha (eu apontando para a papelaria)?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Vagou durante dias de biquini pelas ruas do centro da cidade: Avenida Mén de Sá, Largo da Carioca, Praça da República, Central do Brasil. 
Percebia-se, a primeira vista, que era uma jovem senhora de fina o trato, nos seus 50 anos, pelas intervenções no corpo: silicone, plásticas, botox, peeling. Um corpo balzaquiano. No entanto, notava-se também que havia muita confusão mental. Supúnhamos, diante de todo esse quadro, que se tratava de uma velha senhora num corpo que há muito não mais lhe pertencia.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

A motivação tinha sido uma frase lida no dia anteior. Nem mesmo a urgência de sanidade foi suficiente para mantê-lo centrado. Porcos voando em rasante sobre sua cabeça. Moscas irônicas puxavam conversa. A avó morta preparava o café. Ele acreditava em um possível equilíbrio.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Seus mortos chegaram para uma visita: avós, mãe e tios. Nada lhe disseram. Apenas observavam diante de uma grande mesa. Ele sabia (porque sabia) do pouco tempo  que restava.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Apenas uma das duas cadeiras era ocupada na antiga varanda da casa. Tudo ou quase tudo era recordação: o relógio marcava sempre a mesma hora, o calendário a mesma data (poderia ser diferente?), no entanto, o mais evidente era a impressão do tempo vazando.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Se por um lado o dia do seu aniversário era comemorável, por outro, pouco se importava com a data. Às vezes não se dava conta de mais um ano de vida ou não entendia muito bem como se contava esse pequeno espaço de tempo. Sabia apenas que estava mais velho e que no final de todas as contas trabalharia até às 19h.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

É aí que mora o perigo (texto)

Ontem, enquanto eu estava de carona com uma grande amiga/irmã (de uma feijoada na casa dos pais de um outro amigo/irmão), ela me perguntou sobre o meu trabalho na universidade. Falei um pouco sobre a Análise de Discuso (AD), sobre os trabalhos sobre mídia, sexualidade, gênero e etnia que ando pensando e desenvolvendo nesses últimos 9 anos.
Não era uma conversa acadêmica, mas uma apresentação rápida sobre o que me interessa na academia. No entanto, é aí que mora o perigo, não me senti confortável enquanto falava disso, foi me dando uma aflição enorme só de pensar que dia 03 de fevereiro estarei outra vez me apresentando no trabalho.
Fiquei pensando nas reuniões, nas pesquisas, no vestibular, nos concursos que organizamos durante o ano, nos eventos que terei que participar apresentando resultados de pesquisa, num livro que insiste não sair, nas orientações, nos novos alunos do mestrado e graduação, enfim.
Acho que ainda não estou com saudades do trabalho. Normalmente final de janeiro, tudo bem que ainda temos uns quinze dias pela frente (e espero de verdade que a minha impressão mude), já estou com vontade de dar aula.
Estranho mesmo me sentir daquele jeito. Quase sempre me sinto bem ao falar do meu trabalho, sobretudo de pesquisa e da AD francesa...vai ver que ando mais esgotado do que eu imaginava.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

Ano após ano as chuvas castigavam parte do Estado. A elas eram atribuídas todas as mazelas: pobreza, moradia precária, baixo índice de escolaridade, falta de mão de obra especializada, aumento do corte de cabelo. As chuvas ocuparam os ministérios.

Da Série Contos Mínimos

Não existia nada: casa, rua, bairro, uma cidade inteira. Sua vida revirada na vida dos outros. Bastavam dois metros para se encontrar espalhado por todos os cantos.

Da Série Contos Mínimos

Eram perdas para todos os lados: casa, amigos, todas as suas coisas. No meio dos escombros uma Esperança agonizava.

Da Série Contos Mínimos

Pensava na inutilidade de sua vida: trabalho, vizinhos, amigos. Só se salvava disso tudo porque lia poesia.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Foto Oficial (texto)

A foto oficial da presidenta Dilma Rousseff, de autoria do fotógrafo da Presidência da República, Roberto Stuckert Filho, foi apresentada nesta sexta-feira (14) no Palácio Planalto.
Vestida com um blaser de cor "off white" e usando batom cereja, sombra clara e brincos de pérolas, Dilma foi fotografada no último domingo (9), no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.

Dilma ainda se mudará para o Alvorada, de onde nesta semana saíram os últimos caminhões com pertences do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao fundo, a foto oficial mostra os arcos do palácio.

A imagem foi feita pelo fotógrafo oficial da Presidência que passou cerca de uma semana estudando a luz e o cenário ideais.

Segundo o Planalto, o cabelereiro Celso Kamura, que mora em São Paulo, foi a Brasília especialmente para preparar o cabelo da presidente para a foto oficial.

A sessão de fotos durou uma hora e meia, e a própria presidente escolheu a imagem final, que será afixada em prédios e salas da administração federal.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Guinada na Educação - Marco Lucchesi

Em seu discurso de posse no Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff afirmou categoricamente que "só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens".
Independentemente do que venha a realizar o governo Dilma, não é mau saber que a representante máxima da nação considere o professor em seu devido lugar, na qualidade de protagonista das mudanças que se esperam na educação, quinze dias depois do resultado inquietante do Pisa (programa internacional da avaliação de alunos), no qual o Brasil aparece em 53º lugar no ranking de 65 países.
Espera-se um pacto nacional em torno da educação. E que se traduza com a presença afirmativa das diversas esferas de governo voltadas ao aporte de recursos, ao redesenho de um piso salarial digno, dentro de um plano de carreira consistente. Aqui termina a tarefa do estado e começa a esfera não tutelável de programas e conteúdos, processos de capacitação e aperfeiçoamento dos educadores.
O essencial é que o magistério não seja terceirizado pela miopia tecnocrática. Se antes o professor foi quase refém da política local, hoje tende a ser visto pelos gestores como um apêndice da administração, braço vagaroso das secretarias, reserva técnica, lotado na área de recursos humanos, para bem distingui-lo dos recursos de data-show, navegação on-line e do fascínio de outras mídias, reverenciadas em si mesmas como se fossem o Messias da nova formação.
Trata-se de velha postura, ingênua e arrogante, dos que apostam exclusivamente nos meios técnicos, como se nas infovias tudo corresse melhor, produzindo estímulos contra a monotonia das aulas, diante de um mundo novo, hipertextual, cheio de atrações, de que a escola conseguiria, quando muito, traduzir sua imagem vivaz apenas em preto e branco. E sem legendas. O professor seria o relojoeiro do processo, última parte de uma engrenagem emperrada.
De acordo com esse modelo, o gestor iluminado é a causa eficaz da otimização do ensino, cabendo aos professores o papel de estação repetidora - o conteúdo poroso, em segundo plano. A aula seria regida por um maestro de dinâmica de grupo, um simples condutor de pautas irrealizáveis. Nesse quadro deplorável, a ética deverá abrir espaço para uma práxis, de rasa superfície, do politicamente correto, cada qual assumindo o vocabulário medíocre, o jargão da boa etiqueta ideológica e burocrática.
E, contudo, os livros de Anísio Teixeira e Paulo Freire - que não perderam a centelha da urgência com que foram escritos - insistem na delicadeza do diálogo e na cumplicidade intelectual e afetiva das partes integrantes da escola. Se quisermos avançar no debate, será preciso voltar àquelas páginas inaugurais, onde tudo repousa na abertura para o outro.
Quando secretarias e ministérios passarem da escola "objeto da tecnocracia" para a escola "agente de mudança", os políticos terão de ouvir forçosamente os professores, retomando um diálogo interrompido há décadas, vilipendiado, no mau uso dos recursos públicos, na propaganda lastimável, na constituição de metas que arrasaram a formação e a estima dos professores. Há de se buscar uma educação responsável, como prática da invenção e da liberdade.
Esperamos do Brasil uma guinada nesse processo e que os professores apareçam como protagonistas, segundo o discurso pronunciado no Congresso Nacional. Mas é importante lembrar que o professor não aparece como ungido, profeta da transformação, depositário exclusivo de esperança. O professor responderá como trâmite do diálogo, meio sensível da alteridade. Fundamento da democracia, veículo de promoção dos sonhos e projetos das crianças e dos jovens.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Como se fosse a primeira vez (texto)

Faz exatamente um ano que postei aqui no blogue este texto do Veríssimo: Como se fosse a primeira vez. Ontem fiquei mais uma vez horrorizado com as imagens das chuvas em São Paulo e mais incrédulo ainda com as declarações dos responsáveis pelo Estado e Cidade.
A impressão que tenho é que estão, governo e prefeitura, esperando apenas uma desgraça maior acontecer (13 vítimas deve ser pouco) para que medidas sejam tomadas. Não para que não chova, mas para que que essas águas que caem não matem mais. Vamos ao texto:
Chove desde que o mundo é mundo, mas a chuva sempre nos pega desprevenidos. Não falo na chuva catastrófica como a que tem nos flagelado, mas na chuva comum. Na chuva que deveria fazer parte das expectativas normais de qualquer um que não vive num deserto. Que não deveria exigir qualquer alteração no seu cotidiano fora a necessidade de usar guarda-chuvas e o cuidado de evitar goteiras e poças. E, no entanto, todas as vezes que chove nossas vidas são transtornadas como se fosse a primeira vez. Meu Deus, o que é isso? Água caindo do céu?! Com chuva todo o mundo se confunde, como se não houvesse precedentes. Com chuva o caos do trânsito vira um pavor, embora só seja o caos de sempre com água em cima.
O descaso que causa as tragédias quando a chuva é catastrófica é um corolário dessa surpresa sempre repetida. A imprevidência dos que constroem em áreas de risco ou a negligência dos que permitem a construção em áreas de risco vem da mesma recusa de ver o óbvio. A chuva é uma obviedade, não é uma novidade. A chuva anômala, catastrófica, também, pois temos uma longa história de tragédias como as destes dias. Mas a reação é sempre de incredulidade, nunca se reconhece o óbvio.
O problema do Brasil não é que as coisas não tenham precedentes. Há precedentes para tudo que nos aflige. O problema é que os precedentes não nos ensinam nada. Assim continuaremos reclamando que os esgotos pluviais não dão conta das grandes chuvaradas e precisam ser refeitos, até a inundação regredir e não se falar mais nisso. Continuaremos protestando contra construções em áreas perigosas até os deslizamentos pararem e o tempo melhorar, e esquecermos. E cada tragédia, como cada dia de chuva, será sempre como se fosse a primeira vez.

REPARAÇÃO
Alguém com tempo e curiosidade suficientes poderia calcular de quanto seria o montante se cada família de vítimas da imprevidência e da negligência dos governos – do esgoto não refeito, da encosta não adequadamente escorada, da estrada não duplicada ou não construída – responsabilizasse judicialmente Estados e União e exigisse reparação. Não precisaria nem ser as vítimas de todos os tempos, só de um ano bastaria. O custo seria maior do que o necessário para fazer as obras.
(Luis Fernando Veríssimo)

(Foto: Cristina Helga Potter/VC no G1).

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Da Série Contos Mínimos

O encontro aconteceu na sala de embarque, mas seus destinos eram diferentes. Trocaram olhares. Acenaram com a cabeça. Não se falaram. Voos atrasados. Quase natal. Cada qual em seu portão, cada um uma história. Chamada para o embarque voo 1556, portão 8. Última chamada embarque voo 1556. Embarque encerrado.
Quem sabe nos céus os destinos se cruzariam.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Martinália (texto)

Ontem fui ao show da Martinália no Circo Voador (aqui na Lapa - RJ). Não preciso dizer que ela é um show e tanto: primeiro pela descontração, pela maneira como canta, pelo repertório e tb pelos músicos que a acompanham. Esses, um espetácula à parte.
Foram quase duas horas de música: samba, sobretudo. De repente um casal da plateia, convidado por ela (naturalmente), deu uma pequena/grande demonstração do que é sambar. Enquanto a dona da casa cantava (sentanda) oferecendo o espaço para a dupla.
Fiquei ali pensando que podia até parecer fácil tantos passos, tantas acrobacias, tanto swingue.
Fácil não é, definitivamente, a vida do artista. Martinália estava com algum problema na perna direita (perceptível quando ela caminhava de um lado para o outro no palco do Circo), mas não deixou em momento algum o samba fora do compasso, a festa terminar antes do tempo, a noite perde o tom.
Cada um dos integrantes da sua banda, a medida em que eram apresentados, mostrava um pouco mais do que sabia. Uma das backing vocals sambou com uma elegância impressionante. Outra, além do piano, cantou magistralmente. Os meninos da percursão e das cordas deram aula do que é nascer na Vila.
Um noite e meia.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Da série Contos Mínimos

Ná era econômica e direta. Ou um beijo ou um abraço. Sim ou não. Dizia poucas e boas, curtas e grossas. Não titubiava. Nada de exageros ou prolixidades.
Ela era monossilábica. Não fazia rodeios e nem andava ziguezagueando por aí. Com ela sempre a certeza do que acreditava. Não era mulher de dúvidas, se ou talvez.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Da série Contos Mínimos

Sentia-se vazio. Oco. Sem nenhuma novidade. Como uma caixa sem conteúdo. Era como abrir-se num presente e não encontrar absolutamente nada. Dias que passam em branco.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

É Fantástico! (texto)

Ontem enquanto eu jantava, imagens do Fantástico na TV do restaurante me chamaram a atenção, eu meio distante da tela não compreendia exatamente sobre o que tratavam. Sabia mais ou menos, pelo que via, bandeira de São Paulo tatuada nas costas, frases retiradas da internet sobre nordestinos que o assunto era o recorrente preconceito de parcela da população paulista, mas ao mesmo tempo passavam imagens da árvode de natal da Lagoa (Rodrigo de Freitas, aqui do Rio) que não faziam muito sentido (naquele momento).
Agora ao ler no site da Globo.com descobri que realmente o assunto era o velho preconceito de alguns paulistas contra os nordestinos e, para minha surpresa (não que eu não soubesse, mas ainda não havia lido  manifestação por escrito), de moradores da zona sul do Rio em relação aos moradores de outras regiões.
Primeiro, gostaria de dizer que tanto uma quanto outra manifestações não são novidades. Há muito tempo ouço, aqui no Rio, a desqualificação de quem mora depois (sic) do Túnel (Túnel do Pasmado ou Túnel Novo). Observação: e como a referência é a zona sul, depois define O Lugar.
Em seguida, (nem vou me deter ao preconceito sobre os nordestinos porque já postei aqui, logo depois da vitória de Dilma, sobre esse assunto) preciso escrever que toda manifestação nesse sentido é de uma ignorância tão grande, mais tão grande, ENORME que fico sem palavras para qualificar quem as (re)produz.
Os argumentos são tão pequenos e provavelmente refletem o tamanho da capacidade de raciocínio do morador da Lagoa que o escreveu. Achar que pessoas são melhores ou piores porque nascem (ou vivem) em regiões diferentes é tão sem força que me faltam mesmos contragurmentos e, sobretudo, vontade de combatê-los. O que dizer de alguém que escreve isso? Família, escola, amigos, em algum momento (infelizmente), tb produzem (será?) esse pensamento.
Mas vamos ao que interessa: o que acontece de fato com as pessoas que fazem esse tipo de declaração? Até onde sei, na-da. O que aconteceu de fato com a estudante de direito que definiu os nordestinos como raça inferior (etc.) depois da derrota de José Serra nas eleições para presidente da república? É ou não crime passível de penalização?
E com esses dois jovens, o que vai acontecer? O carioca João Marcos Aguiar Gondim Crespo é estudante de direito formado por qual universidade (realmente isso me interessa)? Como é que um cara desses pode advogar? O que a OAB faz quando casos como esses acontecem? Tantas perguntas...
Não seria o caso de penalização para (não acabar com o preconceito, porque ele não acaba com as leis) inibir esse tipo de comportamento? Se ficarmos apenas na divulgação...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Trabalho sujo (filme)

É claro que não vou indicar nenhum filme. Não faço mais isso. Tem sites, blogues especializados, profissionais espalhados em todos os meios de comunicação disponíveis que fazem disso um trabalho. Não é o meu caso. Tb não vou resenhá-lo aqui (refiro-me ao filme Trabalho sujo), há resenhas em quaisquer jornais, revistas, etc & tal.
No entanto, a partir do que vi e do que conversei com a minha companhia preferida, preciso dizer que às vezes estamos numa merda e tanto, atolados até o pescoço e ainda cavando o nosso próprio buraco (seja por conta de alguém que não nos quer, por conta de alguém que morreu, por conta de um trabalho que não nos dá prazer algum, por falta de grana, por uma doença ou seja lá o que nos faça sentir péssimos. Motivos não nos faltam!), a auto-estima no pé, sem perspectiva etc. etc. etc.
Tudo isso seria suficiente para atirar na própria cabeça e por fim a tudo o que nos incomoda. Mas, podemos tb, por outro lado com o que nos é possível naquele momento fazer dessa meda toda (que é a vida real, aquela lá fora que sente fome, dor, solidão, tristeza etc.) dizer: ok, tá tudo ruim e o que faço com isso tudo? Me entrego a essa bosta totalmente ou desse limão faço uma caipiroska?
Dessa vez opto pela bebida.

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a comp...